Estagnação da Alemanha coloca economistas sob alarme

  • Lusa
  • 13 Agosto 2023

A estagnação da economia alemã, em contraste com o regresso ao crescimento de outros países, levou os economistas a pedir medidas estruturais para uma saída da crise.

A estagnação da economia alemã, em contraste com o regresso ao crescimento de outros países, levou os economistas a pedir medidas estruturais para uma saída da crise.

“Numa fase de baixo crescimento ou mesmo de desaceleração da economia, as pessoas têm de contar com tempos difíceis”, disse Veronica Grimm, do Conselho Consultivo de Economistas do Governo alemão, aos meios de comunicação do grupo Funke, no fim de semana, citados pela Efe.

Grimm diz que é irrelevante estar um pouco acima ou um pouco abaixo do crescimento zero. O que é decisivo é o facto de a situação implicar sacrifícios reais. “É importante que os decisores políticos falem claramente e digam que a transformação da economia também terá custos para o cidadão comum”, afirmou.

Os números têm mesmo levado alguns meios de comunicação social a falar da Alemanha novamente como o “homem doente da Europa”, uma expressão que foi utilizada no início deste século, antes das reformas estruturais da chamada Agenda 2010 do último governo de Gerhard Schröder.

No último trimestre de 2022 e no primeiro trimestre de 2023, o Produto Interno Bruto (PIB) da Alemanha contraiu-se e o país entrou numa recessão técnica. No segundo trimestre do ano, registou-se uma estagnação.

O FMI, por sua vez, estima uma contração de 0,3% este ano e o alemão Bundesbank também prevê uma queda do PIB, enquanto Berlim espera um crescimento de 0,4% e o Conselho Consultivo de Economistas aponta um aumento de 0,2%.

Há várias razões para a estagnação, sendo que as empresas se queixam dos elevados custos da energia, da burocracia e da falta de mão-de-obra qualificada. O índice de clima empresarial do IFO, um dos primeiros indicadores de referência, voltou a cair em julho.

Por outro lado, a inflação está a afetar o consumo e, embora o pico de 8,7% em termos anuais pareça ter sido ultrapassado, o nível de 6,2% ainda está longe do objetivo do BCE de 2,0%, e os economistas dizem que a redução não será rápida.

“A inflação tem sido mais persistente do que se esperava. Temos os custos energéticos mais elevados, os impostos mais elevados e os custos laborais mais elevados”, queixou-se o presidente da associação patronal alemã, Rainer Dulger.

“Além disso, temos uma infraestrutura decadente. A estes problemas juntam-se a falta de mão-de-obra qualificada e o atraso na digitalização e descarbonização”, acrescentou.

Há quem apele – tanto do lado dos empregadores como do lado dos sindicatos — a um apoio a curto prazo por parte do Governo. No entanto, Marcel Fratzscher, presidente do Instituto de Estudos Económicos de Berlim, defende que um chamado pacote económico com reduções de impostos e subsídios não resolveria os problemas e poderia até ser contraproducente.

A Alemanha não tem um problema conjuntural, mas sim um problema estrutural. Por isso, não deve lançar um pacote de ajuda a curto prazo, mas sim um programa de transformação a longo prazo”, afirmou Fratzscher numa declaração publicada no sítio Web do DIW.

O programa de transformação, segundo o economista, deve conter uma ofensiva de investimento, um plano de redução da burocracia e um reforço dos sistemas de segurança social.

Fratzscher diz ainda que o Governo deve ultrapassar a sua “obsessão míope” em cumprir o chamado travão da dívida, que exige um défice não superior a 0,25% do PIB, apesar da atual crise, e libertar recursos para a ofensiva de investimento.

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