Interessados na TAP vão ‘play it cool’, mas querem a compra ‘like hell’, diz presidente da Emirates
O presidente da Emirates diz que companhia aérea dos emirados não está na corrida pela TAP, mas vê grupos europeus a entrarem numa "guerra de ofertas". Governo tem de proteger hub de Lisboa, alerta.
Nem em consórcio a Emirates está interessada na iminente privatização da TAP, disse esta quarta-feira Tim Clark, presidente da companhia dos emirados, explicando que a estratégia é de crescimento orgânico. Adiantou, no entanto, que os interessados europeus têm mais interesse na compra do que até irão demonstrar e que Portugal vai ganhar com a venda, mas tem de pensar bem na questão do hub.
“Nós assistimos, desculpem o trocadilho, das asas”, afirmou aos jornalistas numa mesa redonda no World Aviation Festival, que está a decorrer esta semana na Feira Internacional de Lisboa. “Temos uma relação comercial muito boa com a TAP, que está a alimentar o negócio de ambas as companhias aéreas e aconteça o que acontecer, esperamos que isso não mude, mas a vida é assim”.
Fundada em 1985, a Emirates opera para Portugal desde 2012 e é a única companhia aérea a fornecer voos regulares diretos entre o território nacional e os Emirados Árabes Unidos, um total de 14 todas as semanas. Tem também ofertas para destinos nos Estados Unidos em codesharing com a TAP.
O Governo vai aprovar na quinta-feira o decreto-lei de reprivatização da TAP, optando pelo modelo de “venda direta”, como noticiou o ECO. A percentagem excederá sempre os 50%. Dentro do Governo aponta-se para um intervalo entre os 70% e 80%, mas pode chegar aos 100%, como deixou claro a semana passada o primeiro-ministro. O processo deverá demorar, pelo menos, um ano até estar concluído, incluindo autorizações regulatórias.
Questionado sobre o interesse de grupos europeus como o IAG, a aliança AirFrance/KLM ou da alemã Lufthansa, Tim Clark disse que é elevado por várias razões.
“É claro que todos dirão que é apenas algo com que estão a lidar, mas é claro que eles querem isso muito [a expressão em inglês foi ‘like hell’] e por isso vão entrar numa guerra de ofertas”, sublinhou. “Todos eles vai dizer, hmmm, hmmm, não estamos realmente interessados, mas vejam o que vai acontecer, eles vão jogar cool“.
Tim Clark adiantou que Lisboa é um hub no sudoeste europeu “muito bom para esses grandes players, tem acesso a rotas internacionais que têm muito interesse, sejam elas em África ou na América do Sul”. Explicou ainda que a TAP possui uma rede europeia muito boa, que se consolida com as dos interessados.
“Em terceiro lugar, eles realmente não querem que as companhias low cost estejam aqui mais do que já estão, pois veem isso como uma destruição de valor”, vincou.
Questionado sobre as vantagens relativas da TAP para cada grupo interessado, especialmente em relação ao hub de Lisboa, Clark respondeu com um exemplo. “Não vou dizer que eles podem fazer uma coisa ou outra, mas dou um exemplo, o da Austrian Airlines. A aquisição da Austrian pela Lufthansa e a mudança do negócio de Viena para Frankfurt“.
“Pode-se correr o risco de diluir o potencial do seu hub através da extração dos principais players para seus hubs primários, isso é algo que o Governo precisa de analisar”, alertou. “Vão agregar valor ou não, vão diminuir valor ao fazer isso?”, questionou, adiantando que o Governo tem de analisar a questão de “colocar o negócio nas mãos de outros, que podem ter agendas contraditórias”
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