Grandes gestoras de ativos admitem nova subida de juros pelo BCE
Taxas de juro na Zona Euro podem ainda não ter atingido o pico. Responsáveis da Vanguard, Legal & General Investment Management e Robeco admitem nova subida.
O BCE realiza na próxima quinta-feira mais uma reunião de política monetária e o mercado espera que o banco central deixe as taxas de referência inalteradas. Responsáveis de três grandes gestoras de ativos admitem, no entanto, à Bloomberg que a entidade liderada por Christine Lagarde pode ter de voltar a aumentar o preço do dinheiro.
A autoridade monetária do euro aumentou em setembro a taxa dos depósitos para um recorde de 4% e a taxa principal de operações de refinanciamento para os 4,5%. Na altura, Christine Lagarde sinalizou o fim do ciclo de subidas, embora dizendo que o BCE iria continuar a olhar atentamente para a evolução dos dados económicos.
Os contratos swap no mercado dão como garantida uma pausa na reunião deste mês e uma probabilidade de apenas 10% na seguinte. Mas a guerra entre Israel e o Hamas pode alterar o cenário nos próximos meses, sobretudo se o conflito se alargar ao Líbano, onde está a base do Hezbollah, que é apoiado pelo Irão. Nessa eventualidade, os preços da energia subiriam ainda mais, sobretudo na Europa que é mais dependente do fornecimento externo, agravando a inflação.
“A Europa é mais vulnerável [à crise no Médio Oriente] do que qualquer outro bloco dos mercados desenvolvidos”, afirmou Christopher Jeffrey, responsável da Legal & General Investment Management, que tem 1,3 biliões de libras em ativos sob gestão. “O BCE é o banco central que pode sentir necessidade de ultrapassar os limites”, acrescentou em declarações à Bloomberg.
Ales Koutny, da Vanguard, que tem 1,8 biliões em ativos de taxa fixa sob gestão, considera que os investidores estão a ser muito complacentes com a possibilidade de um novo aperto monetário. “O mercado está a subestimar a possibilidade de outro aumento por parte do BCE”, afirmou Koutny à agência.
Colin Graham, diretor de estratégias multi-ativos da Robeco, que gere 181 mil milhões de euros em ativos, concorda: “Pensamos definitivamente que o BCE deveria aumentar mais as taxas. A inflação ainda não está sob controlo”.
A inflação na Zona Euro travou para 4,3% em setembro, recuando 0,9 pontos percentuais face a agosto. A taxa subjacente, que exclui energia e alimentos, fixou-se em 4,5%, o nível mais baixo desde agosto. Nas projeções avançadas em setembro, o BCE previa que a inflação se situe nos 3,2% em 2024, aproximando-se do objetivo de 2% apenas em 2025.
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