Para os seguradores o Líbano já está em guerra

  • ECO Seguros
  • 23 Outubro 2023

Só agora, com tensão na fronteira sul com Israel, as seguradoras libanesas pararam de aceitar riscos de guerra nas novas apólices. Saiba quais os passos que a indústria está a dar para se defender.

Para as seguradoras, o Líbano já não é um país de risco, “é um país em guerra” afirma Assaad Mirza, presidente da ACAL, associação das companhias de seguros libanesas que explicou ao jornal local LÓrient – Le Jour os passos que um país nesta situação pode dar.

Assaad Mirza, presidente da ACAL, associação das companhias de seguros libanesas, diz que são os resseguradores alemães, franceses e ingleses que decidem o que se pode ou não segurar no Líbano.

 

Para começar os riscos de guerra já não são cobertos nas apólices novas, mas serão respeitados esses termos nos contratos em vigor, caso tenham essas cláusulas.

De facto a análise de risco dos seguradores libaneses depende da mesma análise realizada pelos resseguradores alemães, franceses e ingleses que acabam por decidir a cada momento os limites do que se pode ou não fazer, diz Mirza.

O Fundo árabe de seguros contra os riscos de guerra (Awris), com sede no Bahrein, informou as companhias de seguros, há 10 dias, que o Líbano fazia parte dos países de alto risco, tendo em consideração a tensão na fronteira sul, com Israel, e que passava a considerar o país em estado de “Hold Over”. Este estado significa que o Awris vai avaliar caso a caso a cobertura de navios que transportam mercadorias para o Líbano. Também aqui não há efeitos retroativos para os contratos assinados até 13 de outubro que permanecem válidos. O Awris funciona como ressegurador de riscos de guerra no mundo árabe, tendo relações com as grandes resseguradoras mundiais, e visa proteger os negócios seguradores árabes e regionais.

Outros caso exemplar deu-se com a companhia aérea Middle East Airlines (MEA), que reduziu o número de voos para metade na sequência de as companhias de seguros passarem apenas a segurar 20% do valor estimado de cada avião em caso de sinistro ligado à situação de guerra.

Finalmente, também se abriu mercado para sobreprémios, tentando as seguradoras libanesas dar resposta à procura interna tardia por coberturas em seguros de edifícios. Há uma linha de resseguro em Londres que está a cobrar prémios por cobertura desse risco e essa oferta está a ser exposta aos segurados no Líbano.

O Líbano conta com 46 seguradoras ativas e em 2021 os prémios totais emitidos foram de cerca de 1,8 mil milhões de dólares. O mercado está pulverizado sendo líder a seguradora Bankers com 10,5% de quota de mercado, seguida da MedGulf e da Allianz com cerca de 7,6% cada uma.

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