Pausa do BCE não trava prestação da casa: sobe até 136 euros em novembro

BCE fez pausa nas suas taxas, mas não impede que a prestação da casa sofra novo agravamento no próximo mês. Famílias podem pedir “congelamento” a partir de dia 2.

O Banco Central Europeu (BCE) fez uma pausa na subida das taxas de juro. Mas isso não vai impedir que a prestação da casa sofra um novo agravamento em novembro, com subidas que poderão ir até aos 136 euros, segundo as simulações realizadas pelo ECO. Para se proteger deste aumento poderá pedir ao banco, já a partir de dia 2, um “congelamento” da mensalidade associada ao empréstimo.

As famílias que vão ver os seus contratos do crédito à habitação revistos no próximo mês devem preparar-se para um novo aperto nos seus orçamentos, pois vão pagar mais pela prestação em consequência do aumento das taxas Euribor durante o mês de outubro. Estas taxas são usadas como indexante nos empréstimos da casa com taxa variável, que representam 90% do total dos contratos em Portugal.

A boa notícia é que estaremos mais perto do pico. Pelo menos, o BCE anunciou na passada quinta-feira uma pausa nos aumentos das suas taxas, que servem de guia para todo o mercado, incluindo do crédito da casa, mas não excluiu mais subidas no futuro.

Esta novidade terá, ainda assim, um impacto muito limitado na evolução da prestação da casa no próximo mês. Contas feitas a um financiamento de 150 mil euros a 30 anos indexado à Euribor a 12 meses e com um spread (margem comercial do banco) de 1% mostram que a prestação vai agravar-se em 20% nos contratos que forem atualizados em novembro. Embora seja um agravamento considerável da prestação, sobretudo tendo em conta que as famílias também estão a assistir a uma subida do custo de vida, fica longe dos aumentos de mais de 60% que tiveram nos meses de fevereiro, março, abril e maio deste ano.

Para um mesmo crédito, mas indexado à Euribor a três meses e a seis meses, os agravamentos da prestação da casa serão de 3,5% e 7%, respetivamente, os menores aumentos em mais de um ano. Em dezembro, por exemplo, as subidas foram bem mais expressivas, rondando os 20% e 40%.

Quanto é que a minha prestação vai subir em novembro?

Eis o cenário com que as famílias podem contar em outubro, utilizando o mesmo empréstimo de 150 mil euros a 30 anos e um spread de 1%:

  • Euribor a três meses: a prestação que vai pagar nos próximos três meses irá subir para cerca de 802,2 euros, mais 27 euros (+3,5%) relativamente à prestação que pagava desde agosto;
  • Euribor a seis meses: a prestação que vai pagar nos próximos seis meses rondará os 816 euros, um aumento de cerca de 54,45 euros (+7,15%) em relação à prestação que pagava desde maio;
  • Euribor a 12 meses: a prestação que vai pagar nos próximos 12 meses irá subir para 820,4 euros, mais 136,3 euros (+20%) face à prestação que pagou no último ano.

O impacto da subida das Euribor no aumento da prestação da casa será tanto maior ou menor consoante o valor do capital que ainda está em dívida. Para o ajudar a calcular a prestação do seu crédito à habitação, o ECO preparou um simulador. Faça as contas para o seu caso e caso o seu contrato seja revisto em agora, saiba quando irá pagar a mais.

Tenho um crédito à habitação no valor de euros, contratualizado por um prazo de anos, indexado à Euribor a 12 meses (que há um ano estava nos % ), com um spread de %. A prestação da casa que pago atualmente é de 308 euros, mas caso a Euribor a 12 meses passe para %, a prestação passa para 432 euros. (Mude os campos sublinhados para descobrir os números mais próximos da sua previsão.)

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Atenção: moratória chega na quinta

Mas… espere. A partir da próxima quinta-feira, dia 2 de outubro, já poderá deslocar-se ao seu banco para ter um “desconto” na sua prestação por via da moratória que o Governo anunciou há cerca de um mês.

O mecanismo tem por base a aplicação de 70% da Euribor a seis meses nos contratos da casa, independentemente do indexante em causa. Isto traduzir-se-á numa baixa imediata da prestação entre 95 euros e 115 euros para um financiamento de 150 mil euros a 30 anos com um spread de 1%.

Importa ter em atenção que nem todos os empréstimos da casa são elegíveis. O “desconto” aplica-se a todos os contratos de habitação própria e permanente com taxa de juro variável ou mista, desde que tenham sido celebrados antes de 15 de março. Passados os dois anos, o contrato volta ao regime em que se encontrava antes, sendo que os valores diferidos neste período começam a ser reembolsados quatro anos depois, entre 2029 e 2030.

Veja aqui o descodificador que o ECO preparou sobre este tema.

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