Operadoras apostam nos alarmes para recuperarem as suas margens
Setor de alarmes cresce em Portugal e empresas de telecomunicações seguem tendência mundial e diversificam oferta para tentar maior rentabilidade face à guerra de preços do setor telefónico.
O mercado dos alarmes está a crescer na Europa e a despertar o interesse de empresas de outros setores. O mesmo acontece em Portugal, onde a Securitas Direct lidera um mercado a que estão a aceder novos “players” de outros setores. O objetivo passa por expandir a sua linha de negócio e diversificar e melhorar a sua rentabilidade, num momento em que as empresas de telecomunicações se encontram numa guerra de preços constante e necessitam de encontrar novas formas de financiamento. Este é o caso da NOS, empresa de telecomunicações, que entrou neste mercado através da sua aliança com a Securitas, empresa de segurança (distinta da anteriormente mencionada Securitas Direct).
Embora o setor dos alarmes seja atrativo devido à sua rentabilidade e às suas possibilidades de crescimento e se enquadre bem no modelo de negócios das empresas de telecomunicações, por funcionar com base em assinaturas, a entrada destas empresas em novos mercados não é sinónimo de bons resultados. Em Espanha existem exemplos disso: a compra de empresas como a Terra ou a Tuenti pela Telefónica, que levaram posteriormente ao encerramento destas empresas. Mais recentemente, a Telefónica teve a sua entrada no setor dos alarmes através de uma joint venture com a Prosegur, que não cumpriu as expectativas estabelecidas. A Orange através da Tyco (ADT) ou a Yoigo (Más Móvil) através da Home Go + Sicor (do El Corte Inglés), são outros exemplos concretos de casos que não tiveram o sucesso esperado.
A nível internacional, a aposta das empresas de telecomunicações no mercado dos alarmes é já uma realidade com a criação de parcerias comerciais ou de joint ventures. A SFR em França, a TDC na Dinamarca e a Tele2 na Holanda são apenas alguns exemplos. Contudo, a experiência não tem sido a melhor.
Quais os motivos para as empresas de telecomunicações falharem no setor dos alarmes?
As dificuldades das empresas de telecomunicações em triunfarem num setor como o dos alarmes pode explicar-se pela constante necessidade de inovação que o setor implica. Sendo um serviço delicado, é necessário oferecer soluções constantemente inovadoras a preços acessíveis para contrariar as novas técnicas utilizadas pelos assaltantes. Ainda que as empresas de telecomunicações possam oferecer preços atrativos com a sua entrada, negligenciam a qualidade do serviço prestado, num setor que exige resposta ao cliente no momento exata da sua necessidade.
Além disso, o que muitas vezes fazem estas empresas, habituadas a uma luta constante de preços entre si, é deteriorar o valor do serviço. A estratégia de diversificação agressiva leva-as a entrar em novos setores, que acabam por destruir pouco a pouco por não os compreenderem e obrigarem a seguirem as suas regras, com baixas de preços, sem inovar ou valorizar os clientes, que acabam por ser as maiores vítimas.
Em Portugal, o número de alarmes domésticos é ainda baixo, já que o país continua a ser visto como um dos mais seguros do mundo, sobretudo nas ruas e nos apartamentos. Contudo, nas casas isoladas e geminadas ou nas segundas habitações e pequenos negócios, o cenário é um pouco diferente. Trata-se de segmentos que exigem alarmes e maior segurança em geral pelas necessidades particulares que apresentam.
Os clientes continuam a dar preferência às marcas já conhecidas dentro do setor e a optar por ofertas mais completas e ajustadas a todas as necessidades. Além disso, o setor dos alarmes é um mercado no qual a vida média dos clientes é longa e as transições não são uma constante, algo necessário para que as novas entradas no mercado possam ter o sucesso desejado.
Além disso, a incursão noutros setores leva a uma menor atenção à sua própria atividade, o que facilita a entrada de novos operadores no setor das telecomunicações. No caso português, um exemplo desta situação pode ser o recente anúncio dos planos da DIGI de expansão para o mercado português.
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