Bancos portugueses vão pagar dividendos apesar dos avisos do FMI

FMI recomendou prudência na distribuição dos dividendos. Maiores bancos portugueses dizem que estão bem capitalizados e com força para pagar dividendos aos acionistas.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) recomendou aos bancos europeus, incluindo os portugueses, que “se abstenham” de pagar todo o acréscimo dos lucros em dividendos e usem esse dinheiro para reforçarem as suas almofadas. Os banqueiros portugueses tomaram nota do aviso, mas dizem que estão bem capitalizados e adiantam que vão pagar dividendos.

“Compreendo que as situações que vivemos hoje em dia levem a alguma preocupação e nós devemos levar a sério todas as chamadas de atenção. (…) Pagaremos os dividendos ao acionista de acordo com as regras que são impostas pelo supervisor”, disse o CEO do BPI, João Pedro Oliveira e Costa, na conferência Money Conference, organizada pela TSF/DN. O BPI teve lucros de 390 milhões entre janeiro e setembro.

Caixa Geral de Depósitos (CGD), BCP e Santander Totta adiantaram que irão fazer o mesmo.

“A Caixa já anunciou nas contas semestrais que irá pagar dividendo e já demonstrou que tem um objetivo claro de até 2025 pagar a totalidade da capitalização pública que foi feita. Os dividendos da Caixa são para os portugueses”, adiantou Paulo Macedo, que amanhã anunciará, segundo próprio, “resultados expressivos” do banco público relativos aos primeiros nove meses.

“Acho que é legítimo e um dever remunerar os acionistas, senão eles não têm qualquer interesse em continuar a suportar as empresas”, acrescentou o líder da Caixa.

No BCP, que soma lucros de 650,7 milhões até setembro, o CEO Miguel Maya declarou que “seguramente” o banco vai distribuir dividendos. “Seguramente que o vamos fazer com a prudência adequada àquilo que é a leitura que fazemos do contexto que estamos a fazer e dos desafios que estamos pela frente”, afirmou, lembrando que só por duas vezes remunerou os acionistas nos últimos dez anos.

Sobre o aviso do FMI, considerou que “cada um faz o seu papel e cada um ouve o que quer ouvir dos seus recados”. “O setor da banca tem sido francamente prudente. Se olharmos para a prática da última década tem estado claramente alinhado com a defesa da economia”, disse.

Para o Santander Totta, que “tem lucros desde 2000 até 2023, paga impostos e distribui dividendos”, a política não vai mudar. “A não ser que aconteça uma situação qualquer”, afirmou Pedro Castro e Almeida, assegurando que o banco está “bem capitalizado” e que a recomendação do FMI não se aplica à realidade da instituição que lidera.

“Acredito que haja noutras geografias bancos menos capitalizados e que têm de ter atenção a essa distribuição”, acrescentou o responsável. O Santander teve lucros de 622 milhões ate setembro.

Já o CEO do Banco Montepio, que apresenta resultados na próxima semana, disse que “cautela e caldos de galinha nunca fizeram mal a ninguém”, mas considera “que o caldo de galinha se aplica à banca portuguesa neste momento”.

“O regulador diz que os níveis de capitalização e solvabilidade estão sólidos depois de uma recuperação fantástica feita nos últimos anos”, disse Pedro Leitão.

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