Exclusivo BCP vende carteira de 80 milhões em malparado e imóveis

Miguel Maya continua processo de “normalização” com mais vendas de carteiras de malparado. Banco já duplicou de valor em bolsa em 2023 refletindo bom momento.

Em ano de normalização, o BCP BCP 0,00% prossegue o seu esforço de limpeza do balanço e acabou de colocar no mercado uma nova carteira de ativos problemáticos com o valor contabilístico de 80 milhões de euros, segundo adiantaram duas fontes do mercado ao ECO.

O chamado “Projeto Grace” inclui cerca de 64 milhões de euros em crédito em incumprimento com garantia (secured) e ainda outra parcela de 15 milhões de euros de ativos imobiliários (REO), revelou uma das fontes.

Oficialmente, o BCP não comenta, mas o banco liderado por Miguel Maya tem sido um dos mais ativos no mercado de malparado este ano. Ainda recentemente, como adiantou o ECO em setembro, pôs à venda 65 milhões de euros de NPL (non performing loans) no âmbito do “Projeto Light”, depois de ter vendido no verão a sua posição no Fundo de Reestruturação Empresarial, que gere as exposições avaliadas em cerca de 70 milhões da banca à fabricante de cabos elétricos Cabelte e ao grupo de cerâmica Carlos Cardoso da Mota.

Estas vendas visam limpar o balanço de ativos problemáticos e que pesam bastante no capital do banco. O BCP chegou ao final de setembro com cerca de 790 milhões de euros em NPL e outros 1,23 mil milhões em ativos não produtivos (NPE), uma redução de quase 400 milhões de euros em relação ao mesmo período do ano passado e que reflete a venda dos fundos de reestruturação ECS, no final de 2022. O rácio de NPE baixou neste período de 3,7% para 3%, já abaixo do previsto no plano estratégico do banco.

Por outro lado, mantém-se este esforço quando surgem alertas em relação a um aumento de incumprimento tendo em conta a escalada das taxas de juro que está a deixar mais famílias e empresas em dificuldades e as perspetivas que criam incerteza sobre o cenário económico.

Para já, Miguel Maya tem afastado “um problema no seu todo, com dimensão sistémica, que possa antever um aumento do incumprimento com impacto significativo”, segundo disse na conferência de resultados dos primeiros nove meses do ano, apesar de admitir que “há muitos casos em que os clientes precisam de apoio”. “Se olharmos para a floresta, não há nenhum motivo que nos diga que vamos ter aqui um problema generalizado”, frisou.

Valor em bolsa duplica em ano de normalização

A redução do malparado faz parte do plano de normalização do banco e 2023 será mesmo o ano de viragem. O BCP vai a caminho de um resultado histórico. Até setembro, obteve lucros de 651 milhões de euros. O ROE também já superou a meta prevista. O reforço significativo dos rácios de capital abre a porta à distribuição de dividendos, que nem a nova almofada exigida pelo Banco de Portugal para uma crise nos preços das casas vai travar.

Refletindo o bom momento que o banco atravessa, e quando os problemas da Polónia parecem pesar menos, as ações já duplicaram de valor em 2023. Fecharam a sessão desta terça-feira a valer 0,2937 euros, acumulando um ganho de 100,61% desde o início do ano – contra uma valorização de 10% da bolsa. O BCP apresenta atualmente um market cap de 4,4 mil milhões de euros.

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