Há empresas que já admitem manter semana de quatro dias após fim do projeto-piloto

Piloto português da semana de quatro dias arrancou a 5 de junho e estende-se até ao final deste mês. ECO falou com cinco das empresas que estão a testar semana mais curta e há quem já admita mantê-la.

Semana sim, semana não, não se trabalha à sexta-feira na Onya Health. Esta agência de comunicação especializada na área da saúde é uma das 39 empresas que estão a testar em Portugal desde junho uma semana de trabalho mais curta. E os resultados, adianta a diretora-geral ao ECO, são muito positivos.

Hoje os trabalhadores têm maior qualidade de vida, mas também, ao sentirem-se mais satisfeitos, “lidam melhor com o trabalho“. O sucesso é tal que, ainda a algumas semanas do fim do projeto-piloto, Vânia Lima já garante que fará todo o sentido manter a semana de trabalho reduzida. Podem, claro, ser feitas adaptações ao modelo atual, mas uma coisa é certa: o regresso à semana de 40 horas está mesmo fora do baralho, assegura.

Este não é caso único. Entre as empresas ouvidas pelo ECO, o balanço geral destes cinco meses de teste é positivo e em nenhum caso a continuação da semana de trabalho mais curta está, por agora, descartada, isto é, há quem já tenha decidido — como a Onya Health — que o modelo inovador é para manter, mas também, por outro lado, quem admita fazê-lo, mas sublinhe que, primeiro, é preciso avaliar todos os resultados deste projeto-piloto, que está a ser promovido pelo Ministério do Trabalho e coordenado pelo professor Pedro Gomes e professora Rita Fontinha.

Voltemos à Onya Health. Localizada na Maia, no distrito do Porto, esta agência de comunicação “em rápido crescimento” escolheu testar a semana de 36 horas. A cada duas semanas, os trabalhadores cumprem 32 horas, em vez das tradicionais 40 horas, sem cortes salariais. No total, ao longo dos seis meses do projeto-piloto, aos trabalhadores da Onya Health foram prometidos 11 dias livres que, de outro modo, não teriam.

Mas para garantir que essa experiência não prejudica a produtividade, esta empresa teve de mudar a forma como trabalhava. “Optamos, entre outras coisas, por melhorar a comunicação entre as equipas e implementar estratégias para um trabalho com mais foco“, explica Vânia Lima.

Por exemplo, as reuniões passaram a ter o tempo ideal de 30 minutos e máximo de 45 minutos, além de ser mais bem preparadas. Mais, foram definidos bloco no horário de cada trabalhador nos quais não deve haver interrupções desnecessárias, para que a produtividade não seja quebrada.

A produtividade da nossa equipa aumentou. Essa eficiência aconteceu devido a vários fatores, nomeadamente a otimização das ferramentas internas de trabalho, assim como na quantidade, duração e qualidade das reuniões diárias. Além disso, a produtividade também tem sido maior devido à própria motivação e ao bem-estar de todos os trabalhadores.

Vânia Lima

Diretora-geral da Onya Health

Volvidos agora os primeiros cinco dos seis meses deste projeto-piloto, a diretora-geral já adianta que a produtividade da equipa aumentou. Isto em resultado, por um lado, da otimização das ferramentas de comunicação interna e das reuniões, mas também, por outro lado, da maior motivação e bem-estar dos trabalhadores, identifica Vânia Lima.

“Tendo mais tempo para descansar e para investir em atividades que os estimulem, acabam por encarar a semana de trabalho com mais ânimo. Estando o nosso trabalho diretamente ligado à criatividade, o equilíbrio e o bem-estar emocional são pilares que prezamos muito e a semana de quatro dias tem-nos ajudado a alcançar conceitos melhores e em menos tempo”, assinala a responsável.

Estes resultados não deixam, portanto, dúvidas: “fará todo o sentido manter a semana mais curta após o fim do piloto“, revela a diretora-geral da Onya Health.

Do Porto para Lisboa, da área da comunicação para o cuidado infantil, Inês Poeiras, diretora executiva da creche Caminhos da Infância, faz declarações semelhantes: “Admitimos, sim, manter a semana mais curta após o piloto. Já em dezembro. Parece-nos que é o que todos os trabalhadores querem e precisam“.

Neste caso, o modelo que está a ser testado passa por semanas de quatro dias todas as semanas, sem cortes salariais. Tal implicou, adianta a diretora executiva, a revisão do esquema de turnos para garantir o rácio entre adultos e crianças.

“Temos a mais-valia de já termos auxiliares polivalentes, que substituem diretamente os funcionários em caso de falta). Mas apostamos na contratação de mais uma auxiliar de infância a tempo e inteiro, e outra a part-time“, conta Inês Poeiras. Além disso, a Caminhos da Infância tratou de otimizar os seus recursos, nomeadamente no que diz respeito ao modelo das reuniões praticado e criando momentos de concentração no trabalho de secretária.

“Fazemos um balanço bastante positivo. A maior vantagem é claro que é o bem-estar dos trabalhadores. Vê-se nas suas caras. Têm mais tempo para lazer e para tratar de assuntos pessoais. Para a empresa, isto reflete-se no bem-estar das crianças, que é, muito provavelmente, a nossa métrica mais fidedigna“, sublinha a responsável.

Esta creche ainda está a fechar as contas deste ano, mas garante que, se conseguir cobrir os custos, irá manter a semana mais curta. “A equipa apresentou uma grande maturidade. Trabalhou-se verdadeiramente em equipa, e não como somatório de ações individuais“, realça Inês Poeiras.

Mais tempo para avaliar

Em contraste com a Onya Health e com a Caminhos da Infância, na Cooperativa António Sérgio para a Economia Social (CASES), apesar dos sinais positivos, entende-se por agora que é preciso alargar o “período de experimentação, por forma a dar solidez às conclusões já obtidas e contribuir para decisões mais fundamentadas“, afirma a coordenadora-geral, Ana Luísa Pereira.

“A vigência deste programa-piloto durante um período mais alargado permitirá não só dar continuidade ao processo de adaptação das equipas às novas dinâmicas de trabalho, mas também uma avaliação mais precisa do impacto da semana de quatro dias nas mudanças do desempenho, da satisfação dos trabalhadores e da execução do Plano de Atividades da CASES”, pormenoriza a responsável.

Apesar de ainda não ter a certeza em relação à continuidade da semana mais curta, Ana Luísa Pereira admite que os resultados têm sido “bastante positivos”: trabalhadores estão mais motivados e com maior capacidade de organizar as tarefas no tempo disponível, e, em paralelo, a qualidade dos serviços prestados não sofreu com a redução das horas trabalhadas.

Também em fase de avaliação está a Crioestaminal. Este banco de células estaminais e laboratório de terapias celulares avançadas localizado em Coimbra adotou o modelo da semana de trabalho de 36 horas (quatro dias a cada duas semanas) e “a experiência tem sido altamente positiva“, observa a diretora de recursos humanos, Alexandra Mendes.

Estamos atualmente a avaliar a possibilidade de manter a semana de trabalho mais curta, após o período piloto. É muito importante para nós que os colaboradores percebam este benefício como um investimento da empresa no seu bem-estar

Alexandra Mendes

Diretora de recursos humanos da Crioestaminal

Além do bem-estar dos trabalhadores ter melhorado, a produtividade parece não ter sido prejudicada, mas ainda é preciso consultar os trabalhadores e lideranças antes de dizer um “sim” à continuação do modelo inovador. “Estamos atualmente a avaliar a possibilidade de manter a semana de trabalho mais curta, após o período piloto. Este mês, vamos consultar os colaboradores e as lideranças para obter mais informações e tomar uma decisão informada. É muito importante para nós que os colaboradores percebam este benefício como um investimento da empresa no seu bem-estar“, salienta Alexandra Mendes.

Na mesma linha, Inês Luís, diretora-geral da Evolve, empresa de recursos humanos, avança que a continuação da semana mais curta “sempre foi considerada“, mas antes de tal ser confirmado há que fazer um balanço final do projeto-piloto, que só termina no final deste mês.

Ainda assim, por agora, o balanço é positivo, sem que tenha havido alterações à produtividade, apesar da redução das horas trabalhadas. “As equipas consideram que a semana de quatro dias é um benefício corporativo que veio melhorar a sua qualidade de vida pessoal“, atira a responsável.

Empresas britânicas também não quiserem regressar às 40 horas

Pedro Gomes é um dos coordenadores do projeto-piloto português, que arrancou a 5 de junho.

Também o Reino Unido testou recentemente a semana de trabalho mais curta e o sucesso foi estrondoso. O piloto envolveu 61 empresas e aproximadamente 2.900 trabalhadores. Dessas seis dezenas, 56 decidiram continuar a “testar” o modelo inovador e 18 deram-no logo como permanente. Já do lado dos trabalhadores, 90% afirmaram taxativamente que o seu desejo é continuar com a semana de quatro dias.

A ideia de uma semana de trabalho mais curta não é nova. Já no século XVIII, o norte-americano Benjamin Franklin — um dos “pais fundadores” dos Estados Unidos — antecipava que quatro dias de trabalho por semana seriam, eventualmente, suficientes para garantir todas as “necessidades e confortos”, conta o historiador holandês Rutger Bergman, no livro “Utopia para Realistas”. A ideia de uma semana de trabalho mais magra ressurgiu, mais tarde, também com Karl Marx, com Stuart Mill e com John Maynard Keynes.

Mais recentemente, a pandemia e os desenvolvimentos tecnológicos vieram dar um novo fôlego à semana de quatro dias. Em Portugal, o argumento contra o teste passava há muito pelos baixos níveis de produtividade, mas Pedro Gomes, coordenador do piloto em curso e autor do livro “Sexta-feira é o novo sábado”, argumenta que a redução das horas trabalhadas pode até dar um contributo para a resolução desse problema da economia nacional.

Além de Portugal, mais recentemente também o Brasil começou a preparar o teste à semana de quatro dias, conforme escreveu o ECO. À semelhança do teste luso, o brasileiro será guiado pela 4-Day Week Global. Essa consultora foi fundada pelo empresário e filantropo Andrew Barnes, que acredita que apoiar a semana de quatro dias é mesmo estar “do lado certo da história”.

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Aedas Homes, Dia, Soltec e Indra, as empresas cotadas que mais avançam na melhoria da informação aos seus acionistas

  • Servimedia
  • 10 Novembro 2023

Aedas Homes, Soltec, Grupo Dia e Indra são as empresas que mais melhoraram a informação que oferecem aos seus acionistas no último ano, de acordo com o Relatório Reporta.

Este é o estudo que, há mais de uma década, avalia a qualidade dos relatórios e memorandos que as empresas que fazem parte do Índice Geral da Bolsa de Madrid disponibilizam aos seus acionistas e partes interessadas.

Nesta edição de 2023, foram analisadas um total de 108 empresas e a pontuação média fica em 50 pontos, dois pontos acima do ano anterior, atingindo um novo recorde histórico em pontuação e crescimento, destaca o próprio relatório.

Destacam-se nesse sentido a ascensão de posições que Aedas Homes, Dia, Soltec e Indra experimentaram em um cenário regulatório onde a agenda 2030 e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) desempenham um papel “fundamental”, conforme enfatizado no documento.

Assim, a empresa imobiliária Aedas Homes é a que obteve o maior avanço: sobe 21 posições até chegar à posição 52, com um total de 54,3 pontos. Em seguida, o segundo maior avanço foi protagonizado pela Dia, que alcança a posição 71 na classificação, após subir 13 posições e somar 40,3 pontos.

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Grupo Nors põe à venda negócio de automóveis da Auto Sueco. Tem seis concessionários e 190 trabalhadores

Outras mãos vão conduzir o mais antigo concessionário da Volvo, que representa ainda Mazda, Honda, Jaguar e Land Rover. Grupo “foca” na mobilidade pesada e nos equipamentos de construção e agrícolas.

A Nors colocou à venda a operação da Auto Sueco Automóveis, a empresa do grupo que atua no mercado de retalho de automóveis ligeiros de passageiros em Portugal. Esta operação representa atualmente 2,5% do volume de negócios da multinacional com sede no Porto, que no ano passado ascendeu a 2.700 milhões de euros em termos agregados.

Em declarações ao ECO, o grupo liderado por Tomás Jervell, que fechou o último exercício com lucros de 115,5 milhões de euros, confirma que “decidiu focar a sua atividade nos setores da mobilidade pesada (camiões e autocarros), dos equipamentos de construção e dos equipamentos agrícolas, definidos como estratégicos para os próximos anos”.

Com cerca de 190 funcionários em Portugal, a operação da Auto Sueco Automóveis engloba neste momento seis concessionários localizados de norte a sul do país – está em Braga, Guimarães, Porto, Vila Nova de Gaia, Queluz e Almada -, representando as marcas Volvo, Mazda, Honda, Jaguar e Land Rover.

Decidimos focar a atividade nos setores da mobilidade pesada (camiões e autocarros), dos equipamentos de construção e dos equipamentos agrícolas, definidos como estratégicos para os próximos anos.

Fonte oficial do grupo Nors

Neste ramo de atividade, além de Portugal, o grupo conta apenas com uma operação em Angola, que “decidiu manter”, esclarece a Nors. Através de fonte oficial, o histórico grupo nortenho salienta que este processo de alienação “encontra-se ainda numa fase inicial” e que não tem “datas confirmadas para a sua conclusão”.

Tomás Jervell, CEO do grupo Nors, em entrevista ao ECO - 22SET23
Tomás Jervell, CEO do grupo Nors, em entrevista ao ECORicardo Castelo/ECO

Fundada em 1933 pelo avô de Tomás Jervell, que em 2009 trocou o cargo de administrador financeiro pela liderança máxima do grupo, em substituição do pai, a antiga Auto Sueco – a designação do grupo mudou para Nors em 2013 – é a mais antiga concessionária da Volvo no país.

Aliás, a empresa portuguesa foi mesmo a primeira importadora privada da Volvo no mundo, quando esta marca só levava sete anos no mercado. E foi a pedido do grupo de origem sueca que em 1989 deu o primeiro passo na internacionalização, ficando nessa altura com o comércio de automóveis e camiões em Angola.

Das máquinas para construção às aquisições agrícolas

Detida pelas famílias Jervell (maioritária) e Jensen, o grupo Nors tinha no final do ano passado um total de 4.227 trabalhadores, dos quais mais de mil em Portugal. Está presente em 17 países: Portugal, Espanha, Áustria, República Checa, Eslováquia, Roménia, Hungria, Croácia, Brasil, Turquia, Angola, Moçambique, Botswana, Namíbia, México, EUA e Canadá.

O mercado mais valioso é o Brasil, no qual explora as três principais áreas de negócio (camiões, máquinas para a construção e equipamentos agrícolas). A seguir surge o Canadá, apesar de operar ali apenas na área da construção e de ser o mais recente no portefólio. No início de 2020, a poucas semanas do início da pandemia, pagou 132 milhões de euros pela cotada StrongCo Corporation.

O negócio dos equipamentos de construção (desde retroescavadoras e pás carregadoras a camiões articulados para as minas) é o que mais pesa no total (65%). Uma área em que começou a operar em 1970, em Portugal, através da participada Ascendum, tendo agora a distribuição das máquinas para a construção da marca Volvo em 11 países, incluindo nos EUA.

Em termos de categorias, seguem-se os camiões (35%). No entanto, como o ECO avançou em outubro, é na área dos equipamentos agrícolas que o grupo Nors está a negociar a aquisição de duas empresas na Alemanha e nos Estados Unidos, esperando concluir estes “investimentos significativos, de várias dezenas de milhoes de euros” até ao final de 2024.

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Validade do Orçamento do Estado arrisca expirar no segundo semestre

OE para 2024 tem aprovação garantida, mas dissolução do Parlamento e eleições a 10 de março podem fazer alterar medidas como a descida do IRS ou fazer cair o aumento do IUC com um novo Governo.

O Orçamento do Estado para 2024 vai avançar mesmo com um Governo demissionário, mas arrisca perder a validade no segundo semestre do próximo ano diante de umas eleições antecipadas marcadas para 10 de março, isto é, para daqui a quatro meses.

Se o novo elenco governativo, que sair das urnas, não tiver uma maioria absoluta socialista ou se for de maioria de direita, o documento certamente será sujeito a um retificativo no segundo semestre de 2024. Medidas emblemáticas como a descida do IRS ou a polémica subida do IUC para carros anteriores a julho de 2007 arriscam, por isso, ficar a meio do caminho. Aliás, o presidente do PSD, Luís Montenegro, já disse que, se ganhasse o sufrágio, iria apresentar um Orçamento retificativo.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, vai mesmo dissolver o Parlamento e convocar eleições antecipadas, anunciou esta quinta-feira à noite, na sequência da demissão do primeiro-ministro, António Costa, depois das buscas a gabinetes do Governo no âmbito da Operação Influencer do Ministério Público que está a investigar suspeitas de corrupção em negócios ligados ao lítio, hidrogénio verde e o data center em Sines.

Mas, antes, o Chefe do Estado quer segurar o Orçamento do Estado (OE) para 2024. Para isso, só irá publicar, em Diário da República, o decreto presidencial que formaliza a aceitação da demissão do primeiro-ministro em dezembro, isto é, após 29 de novembro, data da votação final global do OE, que tem a aprovação garantida com a maioria absoluta socialista dos deputados da Assembleia da República.

“Quero deixar a garantia da indispensável estabilidade económica e social, que é dada pela prévia votação do Orçamento do Estado, antes mesmo de ser formalizada a exoneração em inícios de dezembro”, afirmou esta quinta-feira o Presidente da República.

Dissolução do Parlamento a 15 de janeiro e eleições a 10 de março

a dissolução do Parlamento deverá arrastar-se para 15 de janeiro de 2024, data a partir da qual perfazem os 60 dias máximos para a realização das eleições antecipadas que Marcelo convocou para 10 de março, de acordo com a Constituição da República.

Desde a ida às urnas, a 10 de março, até à tomada de posse de um novo Executivo, é necessário contar mais cerca de dois meses. Ou seja, só teríamos um Governo em funções em maio. Dependendo se estamos perante uma nova maioria absoluta socialista ou não, os cenários seguintes podem variar. De salientar que, até à tomada de posse do novo Executivo, o atual elenco governativo liderado por António Costa mantém-se em funções, ainda que em modo de gestão desde o início de dezembro, altura em que será publicado o decreto presidencial da demissão.

Orçamento retificativo no segundo semestre

Na improbabilidade de o PS repetir a maioria dos deputados no Parlamento, o processo poderá ser mais simples, caso o novo Executivo socialista deixe o OE correr até ao final do ano sem alterações. Este é o cenário mais pacífico e rápido e aquele que manteria as atuais medidas que já constam no OE como a descida do IRS em 1.327 milhões de euros com a atualização dos escalões em 3%, em linha com a inflação esperada de 2,9%, e a redução entre 1,25 pontos percentuais e os 3,5 ponto das taxas até ao quinto patamar de rendimentos.

Do mesmo modo, o mínimo de existência do IRS manteria a atualização para 11.480 euros, o valor do salário mínimo de 2024 a 14 meses, que vai aumentar para 820 euros brutos mensais, para assegurar que a retribuição mínima continua isenta do imposto. De salientar que esta medida assim como a descida das taxas de IRS e a atualização dos escalões só terá efeito em 2025, na altura da liquidação do imposto.

Por outro lado, decisões mais polémicas, e com efeito impacto direito já em 2024, não sofrem mexidas, como o agravamento do Imposto Único de Circulação (IUC) para três milhões de carros e 500 mil motociclos anteriores a julho de 2007, sendo que aumento máximo anual do imposto não pode ultrapassar os 25 euros por veículo.

Mas um novo primeiro-ministro do PS também poderá apresentar um Orçamento retificativo ou suplementar em junho, um mês depois da tomada de posse, estando a aprovação final fechada em julho.

Noutras circunstâncias, em que os socialistas vencem mas sem maioria absoluta e precisam de acordos de incidência parlamentar para governar, como no tempo da geringonça – formada por PS, PCP, BE e à qual se juntou depois o PAN –, ou se o PSD conseguir voltar ao poder com ou sem coligações ou acordos, o atual OE deverá mesmo perder a validade a meio do ano ou mais tarde, com a apresentação de um retificativo, consoante a celeridade que o novo Governo quiser imprimir ao processo orçamental. Assim, pode ser alterada a descida do IRS, tal como está desenhada, ou eliminado o aumento do IUC para carros anteriores a julho de 2007.

O presidente do PSD, Luís Montenegro, já admitiu apresentar um Orçamento retificativo caso o seu partido ganhe as eleições antecipadas. E o aumento do IUC para veículos anteriores a julho de 2007 seria uma das medidas que iriam cair. Aliás, o PSD já submeteu uma proposta de alteração à atual proposta orçamental que elimina essa penalização.

Por mais rápido que o partido vencedor queira ser, é provável que um OE retificativo ou suplementar só esteja pronto em junho, atirando a entrada em vigor do documento para o segundo semestre do ano, para lá de julho de 2024.

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5 coisas que vão marcar o dia

CGD e REN vão apresentar resultados dos primeiros nove meses do ano, enquanto o INE divulga dados sobre o setor da construção.

No dia de rescaldo após as declarações do Presidente da República sobre a crise política, há reunião da Conferência de Líderes para discutir repercussões. É também dia de apresentação de resultados, por parte da CGD e da REN, bem como da divulgação de estatísticas sobre a construção. Serão também retomados os trabalhos no julgamento de Pinho e Salgado no caso EDP.

Conferência de Líderes discute decisão de Marcelo

Esta sexta-feira está marcada uma reunião da Conferência de Líderes, convocada por Augusto Santos Silva, sobre “eventuais consequências para os trabalhos parlamentares decorrentes da decisão do Presidente da República” – após a demissão do primeiro-ministro. Os líderes parlamentares vão discutir como proceder neste novo quadro político.

CGD apresenta resultados

A Caixa Geral de Depósitos vai apresentar os resultados dos primeiros noves meses de 2023 nesta sexta-feira, após o fecho de mercado. No primeiro semestre, o lucro da Caixa subiu 25% para 608 milhões, naquele que foi o melhor resultado em mais de 15 anos. A subida das taxas de juro ajudou negócio apesar de ter menos depósitos e crédito.

INE publica dados sobre a construção

O Instituto Nacional de Estatística vai divulgar um conjunto de dados sobre o setor da construção em setembro. Por um lado, publica os Índices de Produção, Emprego, Remunerações na Construção referentes ao nono mês do ano, enquanto dá também a conhecer o Índice de Custos de Construção de Habitação Nova para o mesmo período.

REN revela contas até setembro

A REN – Redes Elétricas Nacionais vai divulgar as contas do terceiro trimestre de 2023, após o fecho do mercado. Os lucros da REN subiram 37,5% no primeiro semestre do ano, face ao período homólogo, para 63 milhões de euros, num período em que o EBITDA cresceu para 264,9 milhões potenciado pela atividade doméstica e internacional.

Retoma o julgamento de Pinho e Salgado no caso EDP

Os trabalhos no julgamento de Manuel Pinho, Ricardo Salgado e Alexandra Pinho, no âmbito do caso EDP, vão ser retomados esta sexta-feira, tendo a presidente do coletivo de juízes decidido repetir as audições das testemunhas ouvidas nas últimas três sessões. O julgamento tem de estar finalizado até fevereiro e o acórdão tem de sair até final de março de 2024.

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Carros elétricos: as suas compras no Continente valem mais tempo de carga

  • Conteúdo Patrocinado
  • 10 Novembro 2023

Agora já pode carregar o seu carro elétrico em mais 230 pontos de carregamento a nível nacional. E o melhor é que quanto mais compras fizer, mais tempo gratuito de carregamento terá disponível.

É fácil, é barato e dá descontos. E agora já pode carregar o seu carro elétrico em mais 230 pontos de carregamento a nível nacional. O Continente Plug&Charge, o primeiro serviço de carregamento de viaturas elétricas 100% digital, lançado pela MC já em 2020, garante descontos no carregamento do seu carro elétrico enquanto faz comodamente as suas compras.

Integrado no ecossistema Cartão Continente, quantas mais vezes fizer compras em lojas Continente, mais tempo gratuito de carregamento terá disponível. Por exemplo, se fizer uma compra superior a 30 euros em loja, pode obter um desconto até 30 minutos de carregamento em Cartão – aproximadamente 30 quilómetros.

A boa notícia é que já existem mais de 230 pontos de carregamento em território nacional e a utilização do serviço é tão simples, quanto cómoda. Basta instalar a aplicação Continente Plug&Charge (e a app Cartão Continente). Em apenas uma hora, é possível carregar até 200 quilómetros de autonomia, a partir de 0,01€/minuto, sendo que os preços do serviço são iguais em todas as lojas.

Uma experiência 100% digital e “mais amiga” do ambiente

Com uma proposta de valor simples e diferenciadora, esta é uma experiência 100% digital e desmaterializada, que já conquistou mais de 22 mil clientes.

O acesso a esta Rede Privada de Carregamento está reservado a clientes que descarreguem a app Continente Plug&Charge e a app Cartão Continente, e permite carregar veículos elétricos com a tarifa fixa em tempo, nos carregadores rápidos, enquanto nos carregadores normais dependerá da potência média utilizada pelo carregador interno de cada veículo, sendo o cálculo do custo estabelecido a partir de escalões previamente definidos.

Esta é umas das iniciativas de um projeto global da empresa, com vista à melhoria de eficiência de consumo e sustentabilidade ambiental, que contribuirá para o compromisso da redução da pegada carbónica assumido na assinatura do Acordo de Paris.

Democratizar a mobilidade elétrica em Portugal

Ainda que o progresso seja assinalável, e muito embora a arquitetura do regime da mobilidade elétrica em Portugal seja uma realidade que remonta já ao ano de 2010, o modelo nacional atual “não se coaduna com o crescimento de uma rede com os pontos de carregamentos necessários”, adverte Carlos Sampaio, responsável pela Área da Energia da MC.

"É, por isso, importante criar um ecossistema democrático na área da mobilidade elétrica que fomente a inovação, a competitividade, a eficiência e seja acessível a todos os parceiros. Consideramos que a nossa solução ‘Plug&Charge’ é uma mais-valia e tem um papel preponderante neste desafio.”

Carlos Sampaio, responsável pela Área da Energia da MC

A atual legislação, reforça Carlos Sampaio, assenta “em princípios não concorrenciais, afetando negativamente tanto os consumidores, como o desenvolvimento do mercado”. Além disso, a arquitetura é complexa e de preço elevado, o que potencia o risco de cobrança, há um elevado número de intervenientes, o que torna o sistema ineficiente, fazendo com que o carregamento possa custar duas ou três vezes mais, quando comparado com o carregamento doméstico. Também limita o desenvolvimento de serviços integrados e não estimula a inovação, impossibilitando a adoção eficiente de tecnologia vital para o alcance da neutralidade carbónica, como o autoconsumo, V2G ou flexibilidade de consumos dentro de um edifício.

Mas já há “luz ao fundo do túnel”. Com a recente publicação do Regulamento Europeu AFIR (Alternative Fuels Infrastructure Regulation), poderão estar finalmente criadas as condições para evoluir para um sistema integrado, que promova a eficiência.

Este Regulamento pretende harmonizar, ao nível dos diferentes Estados-Membros, as regras relativas à criação de uma infraestrutura para combustíveis alternativos, designadamente no que respeita à mobilidade elétrica, estabelecendo as bases que permitam fomentar a transparência e a interoperabilidade da ligação.

Como consequência, deverá ser criado um número adequado de postos de carregamento em linha com os níveis de ambição em matéria de descarbonização. Deverá ainda ser criado um ecossistema ágil orientado para a inovação, tendo por base a prestação de serviços integrados.

Esta publicação permitirá ainda eliminar a descontinuidade transfronteiriça que, no contexto nacional, assume grande relevância, uma vez que Portugal funciona como uma ilha em relação ao resto da Europa, inviabilizando a entrada de alguns operadores no sistema nacional.

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Direção do PS vai propor eleições diretas a 15 e 16 de dezembro. Congresso será em janeiro

  • Lusa
  • 9 Novembro 2023

Partido não vai realizar eleições primárias para a escolha do novo secretário-geral. Diretas realizam-se em meados de dezembro e congresso em janeiro.

A direção do PS vai propor hoje à Comissão Política que o Congresso do partido se realize a 06 e 07 de janeiro em Lisboa e as eleições diretas para o cargo de secretário-geral em 15 e 16 de dezembro.

Este calendário foi avançado à agência Lusa por fonte do secretariado nacional do partido, ao adiantar que a eleição dos delegados ao Congresso realiza-se também a 15 e 16 do próximo mês.

Com a opção pela marcação de eleições diretas para o cargo de secretário-geral dos socialistas fica afastada a ideia do ex-ministro Pedro Nuno Santos de realização de eleições primárias abertas também a simpatizantes para a escolha do sucessor de António Costa.

O primeiro-ministro, António Costa, pediu na terça-feira a demissão do cargo ao Presidente da República, que a aceitou.

António Costa é alvo de uma investigação do Ministério Público no Supremo Tribunal de Justiça, após suspeitos num processo relacionado com negócios sobre o lítio, o hidrogénio verde e o ‘data center’ de Sines terem invocado o seu nome como tendo intervindo para desbloquear procedimentos.

No dia da demissão, António Costa recusou a prática “de qualquer ato ilícito ou censurável” e manifestou total disponibilidade para colaborar com a justiça.

O Presidente da República anunciou hoje que vai dissolver o parlamento e marcar eleições legislativas antecipadas para 10 de março.

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As cinco razões para Marcelo dissolver o Parlamento e convocar eleições antecipadas

  • Ana Petronilho
  • 9 Novembro 2023

O Presidente da República voltou a sublinhar que a maioria absoluta foi dada a Costa e que novo primeiro-ministro com a mesma maioria ficaria em situação de "fraqueza". Deixou ainda farpas ao MP.

Dois dias depois de António Costa ter pedido a demissão do cargo de primeiro-ministro, o Presidente da República anunciou que convoca o país para ir às urnas a 10 de março para eleições legislativas antecipadas, exonerando o líder do Executivo no início de dezembro e, posteriormente, dissolvendo a Assembleia da República. Desta forma, será aprovado o Orçamento do Estado para 2024.

Um caminho que o chefe de Estado diz não ter colhido o consenso dos membros do Conselho de Estado mas que foi uma “decisão própria” para a qual Marcelo Rebelo de Sousa – aproveitou para deixar um forte recado ao Ministério Público – elencou cinco razões:

  • Desde logo, “a natureza do voto” nas eleições de 2022. O chefe de Estado voltou a vincar que o resultado das últimas legislativas, que deram maioria ao PS, foi “personalizado no primeiro-ministro com base na sua própria liderança, campanha eleitoral e esmagadora vitoria”, voltando a evocar o seu discurso na tomada de posse do Executivo. Este é “o preço das grandes vitórias inevitavelmente pessoais e intencionalmente personalizadas”, voltou agora a sublinhar o Presidente da República.
  • Além disso, o chefe de Estado pesou “a fraqueza de formação de novo governo com a mesma maioria mas com qualquer outro primeiro-ministro” considerando que não ficaria “legitimado politica e pessoalmente pelo voto popular”.
  • Se seguisse este caminho haveria “o risco já verificado no passado” de essa “fraqueza redundar num mero adiar da dissolução para um pior momento com situação mais critica e desfecho mais imprevisível”. Sendo que até lá este seria um “governo presidencial, isto é, suportado pelo Presidente da República e o Presidente da República como um inspirador partidário” que iria em “tudo enfraquecer o papel presidencial num período sensível em que deve ser, sobretudo, um referência interna e externa”
  • Sobre a data de dissolução da Assembleia da República, no início de dezembro, o chefe de Estado diz que, desta forma, fica garantida a “indispensável estabilidade económica e social que é dada pela prévia votação do Orçamento do Estado para 2024” que vai “ao encontro das expectativas de muitos portugueses, e acompanhar a execução do PRR”, que, em jeito de recado à equipa governativa, avisa que “não pára, nem pode parar” mesmo em Governo de gestão com a dissolução da Assembleia da República. Além disso, o Presidente da República diz que tentou “encurtar o mais possível” a dissolução e convocação das eleições. “E se não foi possível torná-lo mais breve, isso tem a ver com o processo de substituição na liderança no partido do Governo, como aconteceu no passado”, diz.
  • Em último lugar, o chefe de Estado diz que esta foi a decisão que permite uma “maior clareza e mais vigoroso rumo para superar um vazio inesperado” com a demissão do primeiro-ministro “devolvendo a palavra ao povo, sem dramatizações nem temores”.

Além das cinco razões apontadas para esta decisão, Marcelo Rebelo de Sousa aproveitou para deixar farpas ao Ministério Público, frisando que espera “que o tempo, mais depressa do que devagar, permita esclarecer o sucedido, no respeito da presunção da inocência, da salvaguarda do bom nome, da afirmação da Justiça e do reforço do Estado de direito democrático”.

E apesar da tensão que existia nos últimos meses com António Costa, teceu elogios ao primeiro ministro sublinhando a “elevação” da sua demissão e do “serviço à causa pública durante décadas”, em particular “nos longos e exigentíssimos anos de saída do défice excessivo, saneamento da banca, pandemia e guerras na Ucrânia e no Médio Oriente”, durante os dois governos que liderou.

No espaço de dois anos esta é a segunda vez que o chefe de Estado dissolve a Assembleia da República e convoca eleições legislativas antecipadas. Depois de o Parlamento ter chumbado o Orçamento do Estado para 2022 a 27 de outubro de 2021, o Presidente da República falou ao país a 4 de novembro para anunciar que ia marcar eleições legislativas antecipadas a 30 de janeiro de 2022. O PS teve maioria absoluta e o Governo tomou posse a 30 de março, dois meses depois da ida às urnas.

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Leia aqui o discurso de Marcelo Rebelo de Sousa

  • ECO
  • 9 Novembro 2023

Marcelo Rebelo de Sousa decidiu, pela segunda vez no mandato, dissolver a Assembleia da República e convocar novas eleições antecipadas. Leia aqui o discurso.

O Presidente da República decidiu esta quinta-feira dissolver a Assembleia da República e marcar eleições antecipadas para 10 de março. Ao mesmo tempo, Marcelo Rebelo de Sousa salvou o Orçamento do Estado para 2024 ao garantir a sua aprovação na fixação do seu calendário político.

Leia abaixo, na íntegra, o discurso do Presidente em Belém:

Portugueses,

Pela primeira vez em Democracia, um Primeiro-Ministro em funções ficou a saber, no âmbito de diligências relativas a investigação em curso, respeitante a terceiros, uns seus colaboradores, outros não, que ia ser objeto de processo autónomo, a correr sob a jurisdição do Supremo Tribunal de Justiça.

De imediato, apresentou a sua exoneração, invocando razões de dignidade indispensável à continuidade do mandato em curso.

Antes do mais, quero sublinhar a elevação do gesto e da respetiva comunicação aos Portugueses.

Quero, também, testemunhar o serviço à causa pública, durante décadas, em particular nos longos e exigentíssimos anos de saída do défice excessivo, saneamento da banca, pandemia e guerras na Ucrânia e no Médio Oriente, na chefia do Governo de Portugal.

Agradeço, ainda, a disponibilidade para assegurar as funções, até à substituição, nos termos constitucionais.

Espero que o tempo, mais depressa do que devagar, permita esclarecer o sucedido, no respeito da presunção da inocência, da salvaguarda do bom nome, da afirmação da Justiça e do reforço do Estado de Direito Democrático.

Portugueses,

Chamado a decidir sobre o cenário criado pela demissão do Governo, consequência da exoneração do Primeiro-Ministro, optei pela dissolução da Assembleia da República e a marcação de eleições em 10 de março de 2024.

Fi-lo, depois de ouvir os partidos com assento parlamentar, e o Conselho de Estado, como impunha a constituição. Os primeiros, claramente favoráveis, o segundo com empate, e, portanto, não favorável à dissolução. Situação, aliás, que já ocorrera no passado com outros Chefes de Estado.

Fi-lo, portanto, por decisão própria no exercício de um poder conferido pela Constituição da República Portuguesa.

E fi-lo, por inúmeras razões.

A primeira – a natureza do voto nas eleições de 2022, personalizado no Primeiro-Ministro, com base na sua própria liderança, candidatura, campanha eleitoral, e esmagadora vitória.

Assim o disse, logo em 30 de março do ano passado, no discurso de posse do Governo, ao falar em eventual substituição a meio do caminho. Sublinhando o preço das grandes vitórias inevitavelmente pessoais e intencionalmente personalizadas.

Segunda – a fraqueza da formação de novo Governo com a mesma maioria, mas com qualquer outro Primeiro-Ministro, para tanto não legitimado política e pessoalmente pelo voto popular.

Terceira – o risco, já verificado no passado, de essa fraqueza redundar num mero adiamento da dissolução para pior momento, com situação mais crítica e desfecho mais imprevisível. Vivendo o Governo até lá como um Governo presidencial, isto é, suportado pelo Presidente da República e o Presidente da República como um inspirador partidário. Tudo enfraquecendo o papel presidencial, num período sensível em que ele deve ser, sobretudo, uma referência interna e externa.

Quartaa garantia da indispensável estabilidade económica e social que é dada pela prévia votação do Orçamento do Estado para 2024, antes mesmo de ser formalizada a exoneração do atual Primeiro-Ministro, em inícios de dezembro. A aprovação do Orçamento permitirá ir ao encontro das expetativas de muitos Portugueses, e acompanhar a execução do PRR, que não pára, nem pode parar, com a passagem de Governo a Governo de gestão, ou mais tarde com a dissolução da Assembleia da República.

Quinta – maior clareza e mais vigoroso rumo para superar um vazio inesperado, que surpreendeu e perturbou tantos Portugueses, afeiçoados, que se encontravam, aos oito anos de liderança governativa ininterrupta. Devolvendo assim a palavra ao Povo. Sem dramatizações nem temores.

É essa a força da Democracia. Não ter medo do Povo.

Portugueses,

Tentei encurtar o mais possível o tempo desta decisão. Tal como o da dissolução e convocação das eleições. E se não foi possível torná-lo mais breve, isso tem a ver com o processo de substituição na liderança no Partido do Governo, como aconteceu no passado.

Agora, do que se trata é de olhar em frente, estugar o passo, escolher os representantes do Povo e o Governo que resultará das eleições.

Um Governo que procure assegurar a estabilidade e o progresso económico, social e cultural, em liberdade, pluralismo e Democracia.

Um Governo com visão de futuro, tomando o já feito, acabando o que importa fazer, inovando no que ficou por alcançar.

Como sempre, Portugueses, confio em Vós, no Vosso Patriotismo, no Vosso espírito democrático, na Vossa experiência, no Vosso bom-senso, na Vossa liberdade. Como sempre, sois Vós – e só Vós – a certeza decisiva do futuro do nosso Portugal.

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Costa revela que propôs Mário Centeno como primeiro-ministro interino a Marcelo

  • Ana Petronilho
  • 9 Novembro 2023

"O país não merecia ser chamado a eleições", disse Costa, depois de revelar que avançou com o nome do governador do Banco de Portugal para lhe suceder. Galamba pode ser ainda demitido.

O primeiro-ministro demissionário revelou que tinha proposto ao Presidente da República o nome do governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, para o suceder em São Bento. “O país não merecia ser chamado a eleições”, disse António Costa, esta quinta-feira, aos jornalistas na chegada à sede do PS, no Largo do Rato, acompanhado pela sua mulher Fernanda Tadeu, para participar na reunião da comissão política do partido.

Num contexto em que há ainda uma guerra violentíssima na Ucrânia, com um conflito novo no Médio Oriente, a economia à escala global a retrair e em recessão, aquilo que precisávamos era de ter um Orçamento aprovado e aproveitar a estabilidade que existe e mudando o primeiro-ministro, aproveitar renovar o Governo, dar nova energia e nova alma”, defendeu Costa. “Estou certo que Centeno teria todas as qualidades para o poder fazer”, poupando “o país a meses de paralisação” sendo “uma personalidade que merece a confiança, o crédito e a admiração dos portugueses”, acrescentou.

No entanto, “essa proposta não foi aceite pelo Presidente, que optou por outra solução”. Recorde-se que Mário Centeno, antigo ministro das Finanças de governos socialistas, não é militante do PS nem foi eleito deputado.

Questionado pelos jornalista se sabia que o seu chefe de gabinete, Vítor Escária, tinha cerca de 76 mil euros na residência oficial de São Bento, Costa foi perentório e frisou: “É evidente que não sabia e, assim que soube, fiz o que obviamente se impunha, que foi demiti-lo”. O primeiro-ministro exonerou esta quinta-feira Vítor Escária – constituído arguido – das funções de chefe de gabinete e nomeou para o lugar o major general Tiago Vasconcelos, até agora assessor militar de António Costa.

Além disso, admite ainda demitir João Galamba, dizendo que “ficou de falar” com o Presidente da República sobre esse assunto. O ministro das Infraestruturas foi também constituído arguido no âmbito da ‘Operação Influencer’, que precipitou a demissão de António Costa como primeiro-ministro.

As declarações de Costa foram feitas minutos depois de o Presidente da República ter anunciado que ia dissolver a Assembleia da República no início de dezembro, depois da aprovação do Orçamento do Estado para 2024, e convocar eleições legislativas antecipadas para 10 de março de 2024.

O primeiro-ministro aproveitou ainda a ocasião para agradecer os elogios de Marcelo e fez saber que não tem “ansiedade nenhuma” para sair do cargo e que “cá está” para se “manter nas funções até ao final”.

Sobre o seu processo-crime concreto, Costa repete que só tem sabido de informações através da comunicação social e que nada lhe “pesa na consciência sobre ter praticado qualquer ato ilícito ou até qualquer ato censurável”, acrescentando que “se a justiça entende que há alguma suspeita a meu respeito, o dever que tem é de investigar e devemos deixar o sistema de justiça funcionar”.

António Costa prestou declarações aos jornalistas à porta da sede do PS antes da reunião da comissão política sendo que a direção do partido vai propor que o congresso do partido se realize a 6 e 7 de janeiro, em Lisboa, e que as eleições diretas para o cargo de secretário-geral se realizem a 15 e 16 de dezembro.

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Joana Moniz explica como a nova Allianz Commercial quer conquistar empresas

A seguradora alemã vai mudar profundamente a sua abordagem às empresas em Portugal. A lisboeta Joana Moniz voltou a Lisboa depois de 20 anos na Allianz Munique e explica a estratégia.

Joana Moniz, CUO Commercial & SME da Allianz Portugal, em entrevista ao ECO Seguros - 30OUT23
Joana Moniz vai liderar a Allianz Commercial, área da Allianz Portugal que tomará conta do negócio empresas. De todas as dimensões.Hugo Amaral/ECO

A Allianz Portugal está a mudar a sua atitude para com as empresas. Há dois meses foi criada a direção comercial empresas em Portugal para lançar o novo conceito Allianz Commercial, marca que vai acompanhar os segurados empresa qualquer seja a porta por onde entram na seguradora. A convite de Teresa Brantuas, CEO da Allianz Portugal, a lisboeta Joana Moniz regressou a Portugal depois de 20 anos na Allianz Munique, para lançar a nova área que vai reunir todos as forças existentes na companhia, incluindo agentes e corretores, para dar resposta a crescer quota de mercado e fazê-lo através de clientes empresa.

No momento em que prepara o plano para 2024, Joana Moniz foi entrevistada por ECOseguros.

O que vai mudar com a Allianz Commercial?

Allianz Commercial é um nome comercial, não uma empresa. Nós temos uma empresa chamada AGCS (Allianz Global Corporate & Specialty) totalmente focada no que é o negócio corporate, ou seja, as que realmente consideramos empresas de grande dimensão, com faturação a partir dos 500 milhões euros. São empresas de âmbito muito internacional, estão espalhadas por todo o mundo. Depois temos, em cada país, uma Allianz local que faz tudo o que é retalho, PME e MidCorp um segmento que vai exatamente até aos 500 milhões de faturação. Percebemos, dentro do grupo Allianz que, que tínhamos ali aquele segmento de MidCorp, entre 100 e 500 milhões de faturação que estava muito pouco explorado.

Como escapou esse segmento?

É um negócio pequeno para a AGCS, mas um negócio muito grande para uma Allianz local. Tínhamos uma equipa da AGCS que falava com determinados corretores e com determinados de clientes, e uma equipa da Allianz local, que se dedicava a outro tipo de corretores e a outro tipo de clientes. Imagine-se a situação de um corretor internacional ter dois pontos de contacto dentro da mesma seguradora. Não fazia sentido. Por isso estamos a criar uma equipa que faz o ponto de entrada. Qualquer que seja o cliente, seja uma empresa pequena, seja uma empresa grande, temos uma equipa da Allianz Commercial que é o porta de entrada na companhia.

Em Portugal existe esse problema?

Portugal é diferente, não temos uma AGCS, temos em Espanha e França, por exemplo, mas não temos aqui. Queremos, a partir de agora, que a Allianz Portugal seja o ponto de entrada para empresas grandes que não são muitas em Portugal. Mas também para pequenas e médias empresas o ponto de entrada será a Allianz Portugal. A partir daí, teremos acesso a uma expertise enorme dentro do grupo. Se em Portugal não tivermos as capacidades ou oferta, por exemplo, em determinados tipos de produtos mais complexos, mais speciality, temos a expertise dentro do grupo e podemos disponibilizá-la aos nossos clientes.

Então, todas as empresas…

…são tratadas pela Allianz commercial. Essa é a mensagem. Não há uma AGCS e depois uma Allianz local, há uma Allianz Commercial. Portanto, qualquer que seja a solução, qualquer que seja o tipo de empresa, desde as muito grandes até às mais pequenas, nós temos uma solução. No background estamos a assegurar que temos um apetite de risco alinhado entre o que é uma Allianz Portugal e uma AGCS Espanha.

E como se vão arrumar corretores e agentes?

A rede nacional das agentes continua a ser extremamente importante para nós. A Allianz Portugal continua a ser todo para o espectro empresarial, sejam pequenas, médias ou grandes empresas. A nível de distribuição é banca, agentes e corretores e não só corretores internacionais. O espectro de distribuidores está incluído na Allianz Commercial.

Há mudanças de relacionamento com os distribuidores?

Criámos a nova direção de clientes empresa, que não existia até agora, e juntámos a área de distribuição de Corretores à área de subscrição relacionada com esta orientação de negócio. Temos tudo o que é uma parte de portfolio management, de resseguro e da área de produto. Depois temos a área de distribuidores. Isso não significa que, no nosso caso, vamos focar meramente nos corretores. Significa que nos queremos aproximar. É muito importante termos uma equipa de subscrição que está muito perto e muito presente no que são as conversas com a área de distribuição. Esta ideia estende-se também aos agentes, queremos muito ter uma equipa de subscrição presente quando estão em reuniões com clientes.

Como para explicar o vosso apetite de risco?

Acho que nós somos muito bons a comunicar o que é o nosso apetite de risco, mas pode haver falhas. Por exemplo a ideia de nós gostarmos ou não gostarmos de empresas de vidro ou não gostarmos de empresas têxteis. No fundo, a análise de risco é fundamental, muito mais neste negócio de médias e grandes empresas. Ou seja, há muita preocupação de ter uma equipa de subscrição e ter analistas de risco que fazem análise de risco e que não é por ser uma empresa de vidros que não vamos subscrever. Por isto, voltamos a querer a subscrição muito presente, muito perto da área de distribuição.

Qual a importância do BPI nesta nova fase?

A área do BPI e da banca é uma área que tem muito potencial e que nós queremos explorar. Está nas nossas prioridades para 2024 saber qual o potencial exato de crescimento nessa área.

Porquê o regresso às empresas agora?

A Allianz Commercial é uma iniciativa a nível do grupo Allianz mundial, portanto, dirigida a todos os países. Vai nos dar um empurrão nesta direção de cliente empresas em Portugal. A Allianz Portugal é neste momento uma empresa muito estável a nível financeiro. Fizemos em tempos um trabalho de remediação em portfolios, como, por exemplo, no portfolio de acidentes de trabalho. Neste momento está tudo remediado. É uma empresa muito estável, mas precisamos de ganhar escala em determinados segmentos, como seja o segmento de empresas locais. Notámos que o timing era o timing certo para fazer este investimento na área de empresas.

Quais os ramos em que será mais fácil crescer?

Vai ser uma estratégia muito segmentada. Voltando aos canais de distribuição, perceber quando estou a falar com o corretor, qual é a estratégia de crescimento desse corretor e qual o seu portfólio. Ou qual é a estrutura da carteira deste corretor versus a minha. E depois perceber como e quais são os ramos que eu posso fazer crescer. Acho que o ramo de responsabilidade civil, o ramo de patrimoniais, o ramo de engenharias são ramos em que temos imenso potencial e que não temos explorado até agora. Depois será caso a caso. Dentro de cada segmento para que estamos a olhar, vermos se é grandes empresas ou o segmento pequenas empresas. Se é este ou aquele corretor ou este ou aquele agente. Vamos ter uma estratégia geral e depois estratégias muito específicas, dependendo de quem é o parceiro e como podemos alavancar o crescimento.

Quais os objetivos quantitativos e qualitativos para 2024?

Estamos exatamente agora a fechar o plano para 2024. O nosso objetivo principal é crescer quota de mercado. Queremos também tornar a Allianz Portugal muito mais presente dentro do Grupo Allianz. Temos um leque de ferramentas de expertise dentro do grupo, tanto a nível de análise de risco como de riscos mais especializados, como as linhas financeiras ou o Entertainment, Aviation, multinacionais, segmentos que não têm sido explorado pela Allianz Portugal até agora. Um objetivo fundamental para 2024, é criar e pôr a máquina a andar, trazer essa expertise para dentro da Allianz Portugal para termos uma oferta muito diferente do que tínhamos até agora.

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“Inevitável”, “bizarro”, “crise de regime”. Partidos reagem a eleições antecipadas

  • ECO e Lusa
  • 9 Novembro 2023

Montenegro foi o primeiro a reagir à convocação de eleições antecipadas. "É urgente restabelecer o prestígio, credibilidade e confiança das pessoas", disse. CH, PCP e BE preferiam eleições mais cedo.

Minutos depois ser conhecida a decisão do Presidente da República, de dissolver a Assembleia da República e convocar eleições para 10 de março, o PSD foi o primeiro partido a reagir com Luís Montenegro a considerar “inevitável que a palavra fosse devolvida ao povo português”. Já o Chega, tal como PCP e o Bloco de Esquerda, preferia que as eleições fossem mais cedo e classifica de “bizarro” a aprovação deste orçamento.

Montenegro promete apresentar-se em março com “humildade”

O líder social-democrata lembrou, na sede nacional do partido, que este era o “terceiro pântano político” do Partido Socialista em 22 anos e que, por isso, era “preciso cortar o mal pela raiz”. O presidente do PSD manifestou “respeito e concordância” com a decisão do Presidente da República em convocar eleições antecipadas.

Luís Montenegro defendeu ainda que “é urgente restabelecer o prestígio, credibilidade e confiança das pessoas nas instituições democráticas”. Nas legislativas marcadas para o início de março, prometeu apresentar-se “com humildade” e “sem teimosias ideológicas”.

Chega preferia eleições mais cedo

Já André Ventura criticou a opção do Presidente de esperar pela aprovação do Orçamento do Estado para 2024. “Um cenário bizarro, de estarmos a discutir um orçamento que o novo Governo vai querer retificar”, disse o presidente do Chega na Assembleia da República.

Ainda assim, o Chega tem cerca de 200 propostas de alteração a apresentar na discussão da especialidade mesmo “reconhecendo que o PS não estará aberto a nenhuma delas”.

O terceiro maior partido preferia que as eleições fossem marcadas para o final de fevereiro. “O que vai acontecer é que o primeiro semestre vai estar, do ponto de vista económico, totalmente ocupado por este OE. Em rigor, o novo governo só vai começar a governar por altura do verão e isso é negativo para Portugal”, disse.

IL acusa PS de “atrasar o país” e diz que país precisa de outro orçamento

O presidente da Iniciativa Liberal acusou, no Parlamento, o PS de “atrasar o país”, considerando que “havia condições” para as eleições se realizarem antes de 10 de março, e defendeu que “não é este” o orçamento de que o país precisa.

Na opinião do liberal, “havia condições” para as eleições se realizarem numa “data mais próxima” e considerou que “é mais uma vez o PS a atrasar o país”, dado que os socialistas vão ter de escolher um novo secretário-geral. Rui Rocha apontou também que as próximas legislativas representam “uma enorme oportunidade”, possibilitando “encerrar o livro socialista”.

Questionado sobre uma possível coligação com o PSD, o presidente da IL rejeitou, indicando que o partido vai apresentar-se a eleições com listas e candidatos próprios, bem como com a sua “visão de país”. “Era perfeitamente possível que o PS agilizasse esta decisão sobre a sua liderança e não pusesse o país em suspenso durante tanto tempo”, defendeu Rui Rocha, afirmando esperar que “seja a última vez que isso aconteça”.

O líder da IL referiu também que António Costa vai continuar a liderar o atual Governo “durante quatro meses”, mesmo estando “ferido na sua credibilidade”.

Quanto ao Orçamento do Estado, Rui Rocha criticou a decisão do Presidente da República de permitir a entrada em vigor: “Não me peçam para ter qualquer tipo de entusiasmo com a decisão de que este orçamento entrará em vigor. O Orçamento do Estado que o país precisa não é este”.

PCP também critica data das eleições

A líder parlamentar do PCP, Paula Santos, também considera que as “as eleições deviam ser realizadas mais cedo”, até porque este OE2024 “não dá resposta aos problemas prementes dos trabalhadores, povo e país”.

Paula Santos acredita ainda que “eleições podem, com o reforço do PCP, constituir uma oportunidade para a mudança de política”.

Eleições eram a “única solução” para Bloco

O Bloco de Esquerda foi o terceiro partido da noite a criticar a data das eleições antecipadas. Pedro Filipe Soares disse, na Assembleia da República, que preferia que a ida às urnas “fosse mais cedo”, ainda que a decisão do Presidente era a “única solução” e “saída pela democracia”.

“Todos gostaríamos que fosse mais cedo, mas acho que em democracia também impera este valor de todos estarem capacitados para concorrer às eleições sem qualquer tipo de problemas”, disse.

Em relação ao OE2024, o deputado bloquista disse que a decisão “não muda a a qualidade” do documento. “Votámos contra ele e votaremos contra ele novamente. É tão mau que agora até está a ser abraçado pelos partidos de direita”, disse.

PAN espera que Operação Influencer não afaste as pessoas

Inês Sousa Real apelou aos portugueses para participarem nas eleições e espera que os casos de justiça, como a ‘Operação Influencer’, “não afastem as pessoas”.

Quanto ao Orçamento do Estado, a líder do PAN “não atira a toalha ao chão” e garante vai apresentar propostas de alteração para que “o PS saia da bolha da maioria absoluta”. O partido absteve-se na votação na generalidade do documento.

Livre diz que Portugal enfrenta “crise de regime”

O deputado único do Livre avisou que Portugal enfrenta uma “crise de regime” e não apenas uma crise política que se resolve com eleições, considerando que o “processo orçamental está esvaziado”.

“Não há como dourar a pílula: o que temos à nossa frente, quem dera que fosse apenas uma crise política que se resolvesse com eleições. É mais sério do que isso, é uma crise de regime que todos nós temos de contribuir para debelar”, afirmou Rui Tavares numa primeira reação à decisão do Presidente. Para o deputado único do Livre, “é preciso mudar a prática política em Portugal” e também “mudar a cultura de poder”.

O deputado do Livre respeita o calendário político do Presidente para o OE2024 porque “há argumentos ponderosos a favor de fechar este orçamento e tê-lo aprovado”.

 

 

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