“Transição na BA Glass vai ser supertranquila. Não há a mínima hipótese de haver problemas”, garante CEO
De saída da BA Glass após dez anos como CEO, como ficou acordado quando foi nomeada, Sandra Santos diz que Tiago Moreira da Silva está “superpreparado” para liderar o grupo que fatura 1,5 mil milhões.
A CEO da BA Glass, que se prepara para ceder o lugar a Tiago Moreira da Silva depois da assembleia geral agendada para 22 de fevereiro, garante ao ECO que o sucessor está “superpreparado” para exercer o cargo e assegura que “não há a mínima hipótese de haver qualquer tipo de problema” na passagem de testemunho nesta histórica produtora de embalagens de vidro.
O processo de sucessão na gigante sediada em Vila Nova de Gaia, que fechou 2023 com vendas superiores a 1,5 mil milhões de euros, “era algo que estava a ser preparado há muito tempo”. Tal como acontecera na última troca na liderança executiva, num período inicial “estavam a ser preparadas também outras pessoas” e “havia mais do que uma opção”. “A decisão final foi tomada há menos de um ano”, relata Sandra Santos.
Tiago Moreira da Silva, um dos três filhos de Carlos Moreira da Silva — o 16º mais rico em Portugal, listado pela Forbes, detém a empresa em conjunto com a família Silva Domingues – é licenciado em Engenharia Mecânica pela Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) e tem um MBA na Tepper School of Business da Universidade Carnegie Mellon (EUA). Começou a carreira na Bosch como gestor de qualidade e produção, trabalhou no marketing e vendas da LifeScan (Johnson & Johnson) e foi como gestor de contas da área alimentar que ingressou na BA em 2008.
Dentro da área comercial, demora oito anos a entrar na comissão executiva, como Chief Marketing Officer (CMO). Entretanto, comandou as operações na Península Ibérica, onde o grupo é dono de cinco fábricas (Avintes, Marinha Grande, Venda Nova, León e Villafranca de los Barros) e duas unidades de reciclagem de vidro; e foi igualmente managing director da Europa Central, região que engloba uma unidade industrial na Alemanha (Gardelegen) e três na Polónia (Sieraków, Jedlice e Oszesze), onde acaba de comprar o negócio das embalagens de vidro da gigante Canpack.
A multinacional de origem portuguesa produz mais de 30 milhões de embalagens por dia e, após a incorporação das últimas aquisições feitas também no México e no Reino Unido, vai passar a ter perto de 5.500 trabalhadores. Na semana passada, quando anunciou a mudança de CEO na rede social LinkedIn, este que é o quarto maior operador deste setor a nível mundial disse confiar que Tiago Moreira da Silva vai “[conduzir] a empresa a uma nova e inovadora etapa de crescimento e transformação”.
A partir do próximo mês, a comissão executiva vai também ser reforçada com dois novos elementos, descritos como “dois jovens líderes enérgicos, que também construíram uma carreira notável na BA”, o português Marco Marques, que vai liderar a região Southeast Europe (Bulgária, Roménia e Grécia); e a polaca Sylwia Mistrzak, que vai ficar a tomar conta das operações na Polónia e na Alemanha. “Vamos reforçar a equipa porque este crescimento para outro continente [americano, com a compra fechada no México em novembro] também nos obriga a ter mais disponibilidade”, justifica a atual CEO.
A partir de agora com um total de dez elementos, vão manter o assento neste órgão a líder das operações na Península Ibérica, Iva Rodrigues; o administrador financeiro (CFO) Luís Mendes; o Chief Innovation & Technical Officer Reinaldo Coelho, que liderou a integração da Polónia aquando da primeira aquisição; Javier Teniente, que se prepara para ceder a Marco Marques a gestão do Southest Europe; o também espanhol Abelardo López, que é o head de M&A (fusões e aquisições); Sofia Alves, que se mantém como responsável de marketing (CMO); e Isabel Monteiro, Chief People Officer (recursos humanos e desenvolvimento de carreiras).
“Vou fazer outras coisas noutras empresas”
Na presidência executiva desde fevereiro de 2014, altura em que a então CFO sucedeu a Jorge Alexandre Ferreira, Sandra Santos prepara-se para abandonar o cargo no próximo mês. “Era um caminho [que estava acertado previamente]. Quando fui nomeada, (…) acordámos que ficava, no máximo, dez anos. Já chega e sobra [risos]. Fico como não executiva e vou fazer outras coisas noutras empresas, fora do grupo”, conta a gestora.
O que vai fazer no futuro? “Não sei ainda. Estou a tratar disso. A minha intenção é manter funções executivas. Não sei se vai ser possível fazê-lo em Portugal. Se não for possível, faço fora de Portugal. O mundo é pequenino”, responde, em entrevista ao ECO. Trabalhou quatro anos no Banco Espírito Santo (BES), parou para fazer um MBA e em 1999 entrou como controller na BA, que nessa altura faturava perto de 110 milhões de euros e completava a primeira aquisição em Espanha. Pelo meio, foi diretora da fábrica de Avintes e exerceu funções na área financeira, de recursos humanos e supply chain.
A minha intenção é manter funções executivas. Não sei se vai ser possível fazê-lo em Portugal. Se não for possível, faço fora de Portugal. O mundo é pequenino.
“Chegou a data. Há uma coisa magnífica: se não se marcam datas no calendário, não acontece. Porque há sempre boas razões [para continuar]. O Jorge [Alexandre Ferreira] também fez dez anos, saiu de CEO com 52 anos, e tínhamos acabado de comprar a primeira operação fora da Ibéria [na Polónia] e até havia boas razões para ele não sair. Agora acabámos de fazer uma série de compras e também haveria boas razões para estender [o mandato]. Então, quando há uma data marcada é muito melhor, porque assim acontece”, contextualiza Sandra Santos.
Nesta década em que o volume de negócios passou de 500 milhões para mais de 1,5 mil milhões de euros, como destacou nas redes sociais, o grupo frisa que Sandra Santos “conduziu com sucesso a BA Glass através de uma forte transformação e crescimento”. “A sua liderança, inspiração, perseverança e paixão por novos desafios marcaram o seu mandato (…). O conselho de administração ficou extremamente impressionado com a habilidade de Sandra em liderar a empresa em todos os momentos, mas, em particular, durante a pandemia e a crise energética que se seguiu”, acrescentou na mesma publicação.
A multinacional nortenha fundada em 1912 como Barbosa e Almeida, que desde 2020 tem Paulo Azevedo (Sonae) no papel de chairman, é controlada desde 2004 e em partes iguais pelas famílias Silva Domingues e de Carlos Moreira da Silva, uma divisão que aconteceu na sequência de um MBO (Management Buy Out) ao capital da empresa que pertencia ao universo Sonae. A estrutura acionista está estável ou há planos para alienar essas participações? “De vez em quando perguntamos se eles querem que nós vendamos a empresa e a resposta é sempre não. [risos] O nosso mandato e o mandato do próximo CEO é continuar a crescer”, conclui Sandra Santos.
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