PS mais conservador do que AD. Economia cresce 1,8% em 2027

Montenegro projeta uma variação de 3,4% em 2028. Medina e Mendonça Mendes estão a preparar o cenário macro de Pedro Nuno Santos com base no programa de estabilidade do Governo.

O cenário macroeconómico que está a ser construído pelo PS de Pedro Nuno Santos para as legislativas de 10 de março projeta um crescimento da economia de 1,8% no final de 2027, que poderá rondar os 2% no termo da legislatura, em 2028, sabe o ECO. Trata-se de uma estimativa bem mais conservadora do que a de Luís Montenegro, líder da Aliança Democrática (AD), coligação que une PSD, CDS e PPM, que atira para uma variação do PIB de 3%, em 2027, e de 3,5%, no ano seguinte.

O ponto de partida do PS é o programa de estabilidade (PE) 2023-2027 do Governo de António Costa, apresentado em abril do ano passado, com as atualizações que constam no Orçamento do Estado para 2024, sabe o ECO. Ou seja, o objetivo é o da continuidade, pelo menos nesta legislatura.

Programa de estabilidade 2023-2027

 

Apesar de ser conotado com a ala mais à esquerda do PS, o líder do partido, Pedro Nuno Santos, está a preparar o programa económico com a prudência dos moderados e das contas certas. Na equipa, conta com o ainda ministro das Finanças, Fernando Medina, e do secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro, António Mendonça Mendes, que foi secretário de Estado dos Assuntos Fiscais de Mário Centeno e de João Leão. Também vai dar contributos Ricardo Mourinho Félix, ex-secretário de Estado Adjunto e das Finanças, que é quadro do Banco de Portugal (BdP) e saiu recentemente da vice-presidência do Banco Europeu de Investimento (BEI).

Assim, a partir do Orçamento do Estado para 2024, Pedro Nuno Santos espera um impulso de 1,5% para este ano, uma revisão em baixa face ao que foi projetado no PE, de 2%. Já a AD, de Luís Montenegro, acredita que é possível crescer mais uma décima, para 1,6%, sobretudo à boleia das exportações e do investimento público.

Em 2027, o PE aponta para uma variação do PIB de 1,8%, enquanto a AD antecipa um crescimento de 3%, valores que poderão rondar, em 2028, os 2%, nas contas dos socialistas, e os 3,5%, nas estimativas da equipa de Montenegro.

O cenário macro que está a ser elaborada pelo PS assenta, para já, no horizontal temporal projetado pelo PE, ou seja, até 2027. Até porque, em abril, logo a seguir às eleições de 10 de março, haverá um novo programa para o intervalo 2024-2028 que irá atualizar os dados. Pedro Nuno Santos não tenciona, por isso, apresentar estimativas até ao final da legislatura, 2028, ficando-se pelas projeções do programa de estabilidade 2023-2027.

Em relação à trajetória da dívida pública, o Orçamento do Estado para 2024 estima que o rácio em relação ao PIB se irá reduzir de 103%, em 2023, para 98,9%, em 2024. Mas é possível que a meta de deixar o rácio da dívida abaixo dos 100% tenha sido já atingida no ano passado.

Orçamento do Estado para 2024

Daí para a frente, o programa de estabilidade 2023-2027 estima que a dívida baixe para 92% do PIB, em 2027. O Fundo Monetário Internacional (FMI) já tem dados para 2028 e aponta para um rácio de 89,7% do PIB. A AD aponta igualmente para uma dívida inferior a 90% no final da legislatura.

Quanto ao défice, o programa económico de Luís Montenegro é omisso. Já o PS inscreve excedentes de 0,8% para 2023 e de 0,2% para 2024, como prevê o Orçamento do Estado, ficando, assim, acima das estimativas do programa de estabilidade, que apontavam para défices de 0,4% e 0,2% para estes dois anos. E projeta uma diminuição do saldo que deverá ficar em 0,1%, em 2027, ficando na linha da água no final da legislatura, em cerca de 0%.

Programa de estabilidade 2023-2027

 

A taxa de desemprego deverá manter-se em torno dos 6%, atingindo os 5,8% em 2027, enquanto a AD é mais ambiciosa e espera alcançar 5% no final da legislatura. Em 2028, o FMI projeta uma taxa e desemprego de 6,2%.

Programa de estabilidade 2023-2027

 

Quanto à inflação, o programa económico de Pedro Nuno Santos repete as estimativas do programa de estabilidade, elaborado pelo ainda ministro das Finanças, Fernando Medina. Espera-se que o Índice Harmonizado de Preços no Consumidor (IHPC), que é o indicador usado na comparação entre países da União Europeia, recue de 5,3%, em 2023, e de 3,3%, em 2024, para 2%, em 2027, valor idêntico ao projetado pela AD.

O PS ainda está fechado a elaborar o cenário macro que deverá ser apresentado a 11 de fevereiro, mas, este sábado, promove o Fórum Portugal Inteiro, na Alfândega do Porto, no âmbito da preparação e discussão de ideias para o programa eleitoral, onde poderá apresentar algumas linhas orientadoras do seu plano de governação, caso ganhe as eleições.

O evento conta, na sessão de abertura, com as intervenções do presidente da Câmara de Vila Nova de Gaia, Eduardo Vítor Rodrigues, do antigo ministro da Defesa, António Vitorino, e da coordenadora do programa eleitoral do PS e ex-ministra da Administração Pública, Alexandra Leitão.

Seguem-se cinco painéis temáticos, que irão decorrer em simultâneo, dedicados à transformação da economia, ciência e inovação; estado social; território, ambiente e energia; assuntos europeus e relações internacionais; e qualidade da democracia, justiça e segurança interna.

O secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, intervém na sessão de encerramento, além de Alexandra Leitão, que encabeça a lista de deputados por Santarém, e Francisco Assis, que lidera o círculo pelo Porto.

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