Problema do choque fiscal é o “irrealismo da proposta”, admite Pedro Nuno Santos

Pedro Nuno Santos defende que a redução do IRC não é a "solução milagrosa" para a economia e diz que quer a AICEP na tutela da Economia. Banco do Fomento "não funciona".

Pedro Nuno Santos voltou a defender esta quinta-feira que cortar os impostos não é a fórmula milagrosa para resolver os problemas da economia, adiantando que o choque fiscal é “irrealista”, recusando-se a entrar em aventuras e correr “o risco de depois, mais à frente, aplicar mais austeridade“.

O problema do choque fiscal é o irrealismo da proposta. É propor aos portugueses o que não é possível“, atirou o candidato socialista, numa intervenção durante a 6.ª edição da Fábrica 2030, uma conferência organizada pelo ECO na Super Bock Arena – Pavilhão Rosa Mota, no Porto.

Pedro Nuno Santos, secretário-geral do PS, durante a conferência Fábrica 2030, organizada pelo ECO

Num discurso marcado pelas críticas às propostas do PSD, adiantando que a “solução que têm é mais uma vez um choque fiscal”, Pedro Nuno Santos considera que se trata de “um programa de grande irresponsabilidade fiscal” e defende que o pior que pode fazer-se é entrar em aventuras e “corremos o risco de depois mais à frente aplicar mais austeridade”.

“Quem ao longo do tempo foi contactando com investidores estrangeiros sabe que não é o IRC a primeira pergunta que nos fazem“, rejeitando que baixar os impostos para empresas seja “a solução milagrosa para a economia”.

De acordo com o candidato socialista, “45% da receita é paga por 0,2% das empresas em Portugal”, o que significa que esta medida apenas iria “beneficiar algumas empresas: banca e seguros, grande distribuição e imobiliário”. Por outro lado, destaca que o sistema de IRC em Portugal “tem a possibilidade de deduzir lucros quando eles interessam à comunidade”.

Questionado sobre a sua política económica, Pedro Nuno Santos adiantou que prefere uma postura mais conservadora e diz que vai apoiar a internacionalização das empresas. Para isso quer contar com “um ministro da Economia com força. Quero a AICEP no Ministério da Economia. É o homem ou mulher com quem temos de lidar para atração de investimento estrangeiro ou internacionalização da nossa economia”, defende.

“Banco de Fomento não funciona”

Pedro Nuno Santos adiantou ainda que o “Banco de Fomento não funciona” e “não podemos continuar a fazer de conta [que funciona]. A intenção é boa, o objetivo é bom e quando olhamos para resto da Europa vemos exemplos de grande sucesso”, reconhece.

Feita a mea culpa, o candidato socialista destaca que “o Banco do Fomento pode ajudar” as empresas, mas é preciso fazer uma avaliação para perceber o que não está a funcionar. “Em Portugal vamos arrastamos, temos dificuldade em decidir, em fechar”, destaca o socialista, que acrescenta que “o erro faz parte da decisão e quem tem medo do erro, da crítica não vai decidir nada”.

Pedro Nuno Santos, secretário-geral do PS, durante a conferência Fábrica 2030, organizada pelo ECO

Para Pedro Nuno Santos, o melhor exemplo da ausência de decisão tem que ver com o aeroporto. “São 50 anos para se decidir. Os primeiros estudos são de 1972, estudaram-se cerca de 17 localizações”, realça. E acrescenta: “Não existe a localização perfeita. Se ficarmos à espera da localização perfeita daqui a 50 anos continuamos sem aeroporto“.

Questionado sobre se irá tomar uma decisão sobre o novo aeroporto caso seja eleito primeiro-ministro, Pedro Nuno Santos garante que não vai “esperar nem mais um dia” para decidir, lamentando apenas o tempo que ainda vai ter que se esperar pela construção do novo aeroporto, com um custo de milhares de milhões de euros para o país.

“A CTI (Comissão Técnica Independente) diz que são 10 anos para ter Alcochete completo. Vamos ter a confiança que só são mais dez anos a perder dinheiro”, concluiu o secretário-geral socialista.

(Notícia atualizada às 15:20)

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