Carga fiscal é “mochila terrível para empresas e trabalhadores portugueses”, aponta vice-presidente da CIP
Rafael Campos Pereira, vice-presidente da Confederação Empresarial de Portugal (CIP), defende que "há uma cultura de enorme desconfiança por parte da máquina pública relativamente às empresas".
As empresas portuguesas têm “menos apoios que os concorrentes espanhóis e italianos”, enquanto carregam também uma “mochila terrível”: a carga fiscal, defende Rafael Campos Pereira, vice-presidente da Confederação Empresarial de Portugal (CIP), numa intervenção durante a 6.ª edição da Fábrica 2030, uma conferência organizada pelo ECO na Super Bock Arena – Pavilhão Rosa Mota, no Porto. O responsável considera que os fundos europeus não são uma “maldição” mas têm de ser bem aplicados, nomeadamente com políticas que o facilitem.
“Concorremos com empresas de outros países da União Europeia que têm o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e fundos estruturais muito mais direcionados para as empresas”, num painel sobre os fundos europeus. Para o vice-presidente da CIP, as empresas têm menos facilidade em aceder em apoios, tendo também dificuldade em “criar escala”.
Rafael Campos Pereira lamenta que existe “dificuldade em criar escala” entre as empresas, sendo que por um lado há um “individualismo que impede”, mas também “há empresários que não querem porque as grandes empresas são hostilizadas“. O responsável nota que quase não temos tido fusões ao longo dos últimos 100 anos, nomeadamente pela forma como é tratada a “injeção de capitais próprios”. “As empresas têm coletes-de-forças permanentes“, atira, criticando as políticas que “não estimulam produtividade e não nos tornam competitivos”.
No que diz respeito à burocracia e à fiscalização dos apoios, o responsável aponta ainda que “há uma cultura de enorme desconfiança por parte da máquina pública relativamente às empresas”.
Isabel Furtado, CEO da TMG Automotive, também presente neste painel, defende igualmente que “em Portugal é quase proibido criar riqueza“. “Temos de sair de uma economia focada no custo e preço para uma economia de valor”, reitera, salientando que tal “só se faz com aposta grande no conhecimento, que tem de ser transformado em inovação”.
Para a empresária, “há um desalinhamento grande em que se transforme conhecimento em inovação e valor tangível”, nomeadamente tendo em conta que “só temos 10% dos doutorados a trabalhar nas empresas e o resto da Europa tem 30%”.
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