Conselho Geral da EDP pede mais diversidade de género e idade e menos membros

Especialistas em governança apontaram ao ECO algumas das mais valias do Conselho Geral e de Supervisão que deverá assumir funções na EDP em abril, mas também pontos de melhoria.

Já são conhecidas as propostas que vão estar em cima da mesa na próxima Assembleia Geral de Acionistas de EDP, que se realiza em abril. Entre elas consta aquela que se espera ser a nova composição do Conselho Geral e de Supervisão da elétrica. Os especialistas em governança consultados pelo ECO/Capital Verde fazem uma avaliação positiva em termos das competências dos membros, mas apontam alguns pontos passíveis de melhoria, nomeadamente a proporção de mulheres e o número elevado de elementos.

“Os novos membros propostos trazem um elevado conhecimento e experiência nas áreas de energia e sustentabilidade, o que parece estar alinhado com o compromisso da EDP, nomeadamente na agenda de ESG [ambiental, social e de governança]”, afere Maria João Guedes, professora de Governança no Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG).

Um ponto positivo do conselho é a diversidade que os membros apresentam na sua origem geográfica e a experiência em diferentes pontos do globo, algo que é destacado tanto por Maria João Guedes como por Duarte Pitta Ferraz, professor de Governança na Educação Executiva da Nova School of Business and Economics (Nova SBE Executive Education).

Os conselhos de administração das empresas deveriam estar mais atentos à visão e expectativas das gerações mais novas que poderão trazer mudanças aos atuais modelos negócio.

Maria João Guedes

Professora de Governança no ISEG

No entanto, ressalva Maria João Guedes, “a ênfase está claramente no “E” e não nos pilares “S” e “G”, pois não existem mudanças de relevo noutros aspetos, por exemplo, em relação ao equilíbrio de género e de idades”. No que diz respeito à idade, defende a mesma docente, “os conselhos de administração das empresas deveriam estar mais atentos à visão e expectativas das gerações mais novas que poderão trazer mudanças aos atuais modelos negócio”.

Já quanto à diversidade de género, Duarte Pitta Ferraz indica que “seria expectável que a constituição do CGS tendesse para a paridade de género, que é a melhor prática, em vez de cumprir apenas com a lei das quotas“, avalia.

De momento, cinco elementos de um total de 16 são mulheres, sendo que faltam apurar as identidades dos representantes da China Three Gorges (cinco) e da Draursa (um). No anterior mandato, a CTG nomeou uma mulher, Hui Zhang, como representante da CTG Brasil.

Em paralelo, a dimensão do Conselho Geral e de Supervisão também é um aspeto que, na opinião de Duarte Pitta Ferraz, poderia ser alvo de melhoria. “O CGS tem uma dimensão excessiva quando comparado com os seus pares“, indica.

O CGS da EDP tem um total de 16 elementos, sete dos quais indicados pelos dois maiores acionistas da empresa, o que implica um número elevado de administradores independentes, para equilibrar. Além dos membros deste conselho, contam-se cinco membros no conselho de administração executivo, e faz também parte da administração o presidente da Assembleia Geral. No total de 22 administradores executivos e não executivos, um número significativamente mais elevado que os pares.

A italiana Enel, por exemplo, conta um total de nove membros no respetivo conselho de administração, enquanto a francesa Engie soma 14. Na espanhola Endesa contam-se 12 elementos.

O próprio presidente cessante do CGS, João Talone, terá proposto uma redução da dimensão deste órgão alegando que essa diminuição iria ao encontro das melhores práticas de gestão, mas viu essa pretensão ser rejeitada pelos acionistas, o que o terá levado a abandonar a liderança deste conselho, relatou o Jornal de Negócios.

Em oposição, salienta o professor da Nova SBE, a atual dimensão do Conselho de Administração Executivo da empresa, cinco elementos, “está em linha com as boas práticas para uma empresa com a complexidade da EDP”.

Presidente com nota positiva

António Lobo Xavier deverá ser o substituto de João Talone, tomando as rédeas do CGS. O novo presidente destaca-se, na ótica dos professores consultados pelo ECO/Capital Verde, pela experiência alargada.

Maria João Guedes acredita que a passagem pela política, ensino, mundo do futebol, artes, banca, comunicações e construção confere ao novo presidente do CGS uma útil “visão da economia, das empresas e do panorama político”. “Os vários cargos que acumulou no seu percurso profissional concedem-lhe o respeito e a credibilidade necessários à função para a qual foi proposto“, considera.

O board parece apresentar um perfil de competências adequado, incluindo o presidente.

Duarte Pitta Ferraz

Professor de Governança na Nova SBE Executive Education e sócio da consultora Ivens Advisors

Duarte Pitta Ferraz concorda que “o board parece apresentar um perfil de competências adequado, incluindo o presidente“. O mesmo entende que o conhecimento do mundo da política e geopolítica que Lobo Xavier possui é “muito relevante” para uma empresa com operações em várias geografias. Em paralelo, a experiência no mundo financeiro é bem-vinda, tendo em conta que a EDP é uma empresa cotada. Por fim, dado o “grande apetite aquisitivo” que a EDP possui, a experiência em direito societário e fusões e aquisições é uma mais valia.

Por outro lado, “a acumulação de diversos cargos de destaque e de elevada responsabilidade em diversas empresas e organizações, trazem o desafio de conciliação de tempo, disponibilidade e agenda, um desafio que certamente estará no escrutínio das diversas partes interessadas”, comenta Maria João Guedes. Em oposição, Duarte Pitta Ferraz vê este desdobramento como positivo. “Aporta uma diversidade de experiência que é relevante para o processo de tomada de decisão”, considera.

 

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