Nos aposta no recrutamento inclusivo. Está à procura de trabalhadores autistas
Nos junta-se ao programa de neurodiversidade e está a recrutar pessoas com perturbações do espetro do autismo. Já está a preparar adaptação dos "processos e formas de trabalho" a novos trabalhadores.
Pela primeira vez, a Nos está a recrutar especificamente trabalhadores neurodiversos, isto é, profissionais com perturbações do espetro de autismo. Em declarações exclusivas ao ECO, a diretora de pessoas da empresa de telecomunicações, Isabel Borgas, reconhece que ainda existem barreiras no recrutamento tradicional, acreditando que este programa direcionado vai ajudar a superar essas dificuldades.
“Já recrutámos pessoas neurodiversas, mas esta será a primeira vez que as ‘targetizamos’, através de um processo de recrutamento e acompanhamento posterior específico. Com este programa pretendemos superar as barreiras que frequentemente existem num recrutamento tradicional, mesmo que muitas das vezes de forma inconsciente”, sublinha a responsável.
Este recrutamento de trabalhadores autistas está a ser dinamizado no âmbito do programa de neurodiversidade, que já vinha sendo promovido (esta será a quarta edição) pela tecnológica Critical Software, pela Critical Techworks e pela Specialisterne, nas quais também há vagas à disposição, neste momento.
As candidaturas, que devem ser feitas online, estão abertas até 19 de julho, sendo que há vagas nas áreas de teste e desenvolvimento de software, não só em Lisboa e no Porto, mas também em Coimbra, Vila Real, Tomar e Viseu.
Questionada pelo ECO, Isabel Borgas não revela para já quantos lugares estão disponíveis — “uma vez que é a primeira edição, ainda não temos fechado o número final de pessoas que vamos recrutar”, sinaliza –, mas adianta que está confiante que este será “um passo crucial para normalizar o recrutamento inclusivo, abrindo as portas não apenas aos indivíduos neurodivergentes, mas também a outros talentos, que possam enriquecer as nossas equipas, independentemente da sua condição”.
Considerados altamente produtivos e hiperfocados, segundo o neurocientista Miguel Castelo-Branco, os profissionais neurodiversos exigem, contudo, que sejam feitas certas adaptações às dinâmicas de trabalho.
Ao ECO, a diretora de pessoas da Nos adianta que já estão a ser organizadas “ações de consciencialização, sensibilização e formação às equipas, que visam dar resposta aos desafios e receios associados ao recrutamento e integração de pessoas com estas características, bem como de adaptação de processos e formas de trabalho, que permitam uma boa integração dos candidatos nas nossas equipas”.
“Esta preparação é essencial para o sucesso, não só desta iniciativa, mas também do nosso caminho para o futuro. Temos de pensar que não se trata apenas de preparar o acolhimento destas pessoas, mas de garantir as condições necessárias para desenvolverem, na Nos, uma carreira o mais bem-sucedida possível“, observa Isabel Borgas.
E ainda que este seja o primeiro ano em que a Nos dinamiza este tipo de recrutamento, a responsável indica que o objetivo é tomar esta experiência como uma referência para os próximos anos. Não se compromete, assim, com uma próxima edição do programa de neurodiversidade, mas garante que a empresa está apostada na inclusão.
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