António Costa assume Conselho Europeu com “enorme sentido de missão”

  • ECO e Lusa
  • 28 Junho 2024

António Costa diz estar “totalmente empenhado em promover a unidade entre os 27 Estados-membros”. Montenegro diz que experiência do antigo governante para criar consensos é “a essência” das funções.

António Costa, que acaba de ser eleito presidente do Conselho Europeu, afirma que assumirá o cargo com “enorme sentido de missão”, empenhado em promover a unidade entre os 27 Estados-membros e a Agenda Estratégica para os próximos cinco anos.

Esta posição foi transmitida pelo ex-primeiro-ministro português na sua conta na rede social X (antigo Twitter), depois de ter sido noticiada a sua eleição pelos chefes de Estado e de Governo da União Europeia para o cargo de presidente do Conselho Europeu, com um mandato de dois anos e meio.

“É com um enorme sentido de missão que assumirei a responsabilidade de ser o próximo presidente do Conselho Europeu. Agradeço aos membros do Conselho Europeu pela confiança que em mim depositaram ao me elegerem, bem como ao Partido Socialista Europeu (PSE) e ao Governo de Portugal pelo seu apoio nesta decisão”, escreveu António Costa.

O anterior primeiro-ministro português acrescentou que, como presidente do Conselho Europeu, a partir de 1 de dezembro, estará “totalmente empenhado em promover a unidade entre os 27 Estados-membros e focado em implementar a Agenda Estratégica, hoje aprovada e que orientará a União Europeia nos próximos cinco anos”.

Já em videoconferência após a cimeira europeia, o agora eleito presidente do Conselho Europeu afirmou que a sua principal prioridade para o cargo é “construir unidade” entre os países da União Europeia (UE), perante “momentos difíceis”.

“A Europa e todos nós estamos a enfrentar momentos difíceis, sim, mas a União Europeia demonstrou a sua resiliência no passado, encontrando sempre força na unidade e, por isso, construir unidade entre os Estados-membros será a minha principal prioridade quando assumir o meu cargo em dezembro”, declarou António Costa.

Esta sexta-feira, António Costa vai estar em Bruxelas para se encontrar com Ursula von der Leyen e também com a primeira-ministra da Estónia, Kaja Kallas, que foi nomeada Alta-Representante da União Europeia (UE) para os Negócios Estrangeiros e Política de Segurança, disse à Lusa fonte diplomática.

Também o primeiro-ministro, Luís Montenegro, recorreu à rede social X para felicitar António Costa “em nome do Governo de Portugal”, afirmando esperar uma União Europeia (UE) “mais coesa e capaz de construir pontes”.

“A Europa enfrenta grandes desafios e contaremos com todos para defender uma União Europeia mais coesa, capaz de construir pontes para que os Estados possam dar às pessoas as respostas de que elas precisam”, adiantou Luís Montenegro na mensagem.

O socialista António Costa foi eleito pelos chefes de Estado e de Governo da UE como presidente do Conselho Europeu para um mandato de dois anos e meio a partir de 1 dezembro de 2024.

De acordo com fontes diplomáticas, a decisão foi adotada numa reunião do Conselho Europeu, em Bruxelas, na qual os líderes da UE propuseram também o nome de Ursula von der Leyen para um segundo mandato à frente da Comissão Europeia, que depende porém do aval final do Parlamento Europeu, e nomearam a primeira-ministra da Estónia, Kaja Kallas, para Alta Representante da UE para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, sujeita à eleição pelos eurodeputados de todo o colégio de comissários.

Após a demissão na sequência de investigações judiciais, o ex-primeiro-ministro português António Costa foi escolhido para suceder ao belga Charles Michel (no cargo desde 2019) na liderança do Conselho Europeu, a instituição da UE que junta os chefes de Governo e de Estado do bloco europeu, numa nomeação feita por maioria qualificada (55% dos 27 Estados-membros, que representem 65% da população total).

Experiência de Costa é “essência” das funções

Entretanto, em conferência de imprensa em Bruxelas, Luís Montenegro reafirmou que a escolha de António Costa é “particularmente feliz para a Europa” e defendeu que a experiência do antigo governante português para criar consensos é “a essência” das funções que vai desempenhar.

António Costa reúne a experiência, a capacidade de diálogo, de concertação, de construção de pontes, que é a base, a essência, o fulcro do exercício da função de presidente do Conselho Europeu.

Luís Montenegro

Primeiro-ministro

No final de uma reunião do Conselho Europeu, o primeiro-ministro sustentou que a eleição do ex-primeiro-ministro socialista é um “grande regozijo e satisfação”. “Não apenas porque é português, mas, sobretudo, porque na configuração das personalidades indicadas pelas várias famílias políticas […], António Costa reúne a experiência, a capacidade de diálogo, de concertação, de construção de pontes, que é a base, a essência, o fulcro do exercício da função de presidente do Conselho Europeu”.

Questionado sobre a oposição da homóloga italiana, Georgia Meloni, ao nome de António Costa, Luís Montenegro recusou comentar o sentido de voto dos outros chefes de Estado e de Governo, remetendo qualquer explicação para o ainda presidente do Conselho Europeu, Charles Michel.

Mas reconheceu que o apoio ao ex-chefe do Governo socialista “foi esmagadora”. “É verdade que sobre todos os candidatos, não apenas sobre António Costa, houve algumas dúvidas, necessidade de aprofundamento daquilo que são os objetivos estratégicos. Em concreto, sobre António Costa aquilo que posso assegurar é que nenhuma das suas posições políticas […], no contexto europeu, foram poucas as vezes que divergimos”, completou.

Luís Montenegro felicitou também Ursula von der Leyen – que fazer parte da sua família política europeia, o Partido Popular Europeu – pela nomeação para um segundo mandato como presidente da Comissão Europeia e a primeira-ministra da Estónia, Kaja Kallas, para chefe da diplomacia europeia.

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