Baixar dívida pública? É altura de pôr mais dinheiro no bolso dos portugueses, diz Horta Osório
António Horta Osório argumenta que Portugal deve usar o excedente orçamental atual em medidas para cortar custos e impostos para as empresas e, assim, melhorar salários.
Pela primeira vez em 50 anos, Portugal tem as “contas certas”. Para António Horta Osório, o banqueiro português e atual chairman da Bial, o país deveria usar esta margem orçamental e usar o excedente ao nível das contas públicas para baixar custos e impostos para as empresas e, assim, promover a competitividade e melhorar salários.
“Portugal alcançou uma situação extraordinária” nos últimos anos, com a dívida sobre o Produto Interno Bruto a baixar os 100% e a contrariar aquela que tem sido a evolução de países como Espanha e França, destacou António Horta Osório, na conferência organizada pela ocasião do centenário da Bial, que decorre esta terça-feira no Porto e que conta com a presença do ministro da Economia, Pedro Reis, e do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que aproveitou a ocasião para condecorar a Bial com a Ordem de São Tiago de Espada, pelo seu papel na transformação cultural e papel na ciência e inovação para transformar Portugal.
Para o atual chairman da farmacêutica centenária, mantendo a tendência dos últimos anos “chegaremos a 2029 com cerca de 80% de dívida sobre PIB, o que seria muito abaixo de Espanha e de França, com a dívida a aproximar-se de 130% do PIB”. Apesar de reconhecer a importância das contas certas, o ex-CEO do Lloyds Bank defende que “agora” que o país tem “contas públicas equilibradas, é altura para melhorar qualidade de vida dos portugueses e salários”.
Para Horta Osório é preciso “olhar para os vários cenários macroeconómicos e pensar qual o ritmo que a descida da dívida deve ter“, alinhando as contas certas com reformas estruturais com um “efeito multiplicador positivo” para o país.
Portugal devia “usar o excedente para baixar os custos e os impostos sobre as empresas”, defendeu o banqueiro, salvaguardando a necessidade de “considerar-se medidas reformistas para baixar o IRC e a taxa social única para as empresas”, para desta forma aumentar a competitividade e permitir que empresas possam exportar mais, com “um efeito multiplicador positivo, que pela primeira vez em 50 anos temos oportunidade de usar.”
“Temos não só as finanças públicas equilibradas, mas sustentadas e estamos muito melhor que a França, que é a âncora da UE”, reforçou, destacando que é necessário traçar uma meta ao nível do ritmo de descida da dívida e, a partir daí, definir o excedente que pode aplicar-se na economia.
“Queremos ir para 75% a 80% do PIB, quando os outros querem ir para 100%, ou ficar pelos 85% a 90%? O Governo devia ver para onde quer ir”, sintetizou. Para o banqueiro, “o dinheiro é melhor utilizado no bolso dos portugueses e das empresas e tem efeito multiplicador e é melhor usado do que ser o Estado a gastar”.
Já Luís Portela, presidente da Fundação Bial, destacou a necessidade de falar na criação de riqueza. “Habituamo-nos a ouvir falar de apoios, subsídios. Mas para distribuir é preciso criar riqueza”, destacou.
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