#18 Diogo Costa e Martínez, “o belo e o monstro”
O ECO estabeleceu uma parceria com o jornal desportivo online Bola na Rede, para o acompanhamento do Euro 2024. O jornalista Diogo Reis é Enviado Especial à Alemanha e escreve uma crónica diária.
Se Portugal continuar a jogar assim, esqueçam Berlim. Esqueçam a repetição de 2016 e sobretudo esqueçam a felicidade. Foi mais uma noite de sofrimento, em que a Seleção Nacional voltou a não corresponder a todo o seu potencial. É verdade que a Eslovénia apresentou uma forte e compacta organização defensiva, procurando eliminar qualquer espaço interior e no último terço, porém Portugal tem mais que argumentos para se impor. Valeu o salvamento histórico de Diogo Costa e há agora uma segunda oportunidade. Vem a França, que leva um percurso ainda menos famoso, após eliminar a Bélgica. A partida entre Portugal e a França vai decorrer no dia 5 de julho, em Hamburgo.
Os 4 Cantos do Dia
Roberto Martínez, qual é a ideia?
O plano de Roberto Martínez falhou redondamente. Não era segredo nenhum as características da Eslovénia e como iriam jogar (bloco mais baixo) e Portugal, sabendo das suas limitações atuais contra equipas deste estilo, tinha como principal missão encontrar uma solução. Não encontrou. Continuou uma construção muito lateralizada (objetivo de abrir espaços) e cruzamentos num jogo mecanizado e previsível, faltando uma maior aposta pelo espaço frontal (difícil, mas necessário), circulação mais rápida, rasgos individuais e outro tipo de movimentos que ajudasse a desbloquear a estrutura adversária. Faltou maior criatividade e por isso, numa altura em que o jogo estava empatado e pedia isso, tirar Vitinha e Rafael Leão foi inconcebível. O mesmo pensamento para a colocação de Francisco Conceição à esquerda (no final da segunda parte, pois foi para a direita no prolongamento), em vez de conciliar com Rafael Leão na procura de rasgos. Há muito a pensar e trabalhar.
O Super-Homem Português
Diogo Costa deve ser o homem mais feliz do mundo nesta noite. Salvou Portugal de uma eliminação desastrosa (com todo o respeito pela Eslovénia) e fez história, ao tornar-se o primeiro guarda-redes de sempre a defender três penáltis num desempate de grandes penalidades num Campeonato da Europa. Além disso, convém mencionar a defesa que fez contra Benjamin Sesko aos 116 minutos, recordando Emiliano Martínez na final do Mundial. Quase que dá para dizer que não foi Portugal que passou aos quartos-de-final, foi Diogo Costa. Monstruoso.
Opinião sobre Cristiano Ronaldo
“Ou se morre como herói ou se vive o suficiente para se tornar o vilão” é uma frase de um filme de Christopher Nolan. Cristiano Ronaldo é o melhor jogador português da história e um dos melhores de sempre no geral. No entanto, por conta da idade, já não é o que era e parece ter dificuldades a aceitar isso. Continua a marcar muitos golos na Arábia Saudita (campeonato muito menos competitivo) e a ser o Cristiano Ronaldo (um jogador que a qualquer momento pode resolver), mas nota-se o declínio e o mais correto seria uma gestão adequada e não o colocar como estatuto de titular indiscutível e intocável, tendo como objetivo principal o melhor coletivo e tirar o melhor proveito possível de CR7. Penáltis todos falham, não é tanto por aí. É uma visão mais ampla e sempre com muito respeito pelo que já deu à Seleção Nacional.
História sorri a Portugal nos penáltis
Portugal decidiu a eliminatória através de grandes penalidades em cinco vezes e apenas perdeu uma: Espanha no Euro 2012. Neste aspeto, a história tem sorrido a Portugal, que venceu a Inglaterra (Euro 2004 e Mundial 2006), Polónia (Euro 2016) e agora Eslovénia (Euro 2024), registando esta última noite a primeira vez que não sofre golos (3-0). Mencionar também que a última vez que Portugal foi a prolongamento também terminou com um bom desfecho (final do Euro 2016, frente à França, onde a Seleção Nacional conquistou a prova).
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