Seguradoras avançam com “evangelização” nos seguros de caução para aproveitar “oportunidade gigante”

Especialistas do setor reconhecem que há muito clientes em Portugal que ainda não conhecem os seguros de caução, apesar de considerarem que esta é "uma oportunidade gigante para as seguradoras".

Os seguros de caução estão a afirmar-se como alternativa às garantias bancárias. No ano passado, cerca de 1.900 empresas recorreram a eles, garantindo 921 milhões de euros de compromissos e pagando por essa cobertura cerca de 7,8 milhões de euros em prémios de seguros. A utilização destas coberturas está a crescer, mas ainda “há um profundo desconhecimento nos seguros de caução”, afirmou André Granado, administrador executivo responsável pelos departamentos comercial, de marketing e de comunicação Allianz Trade.

Durante o 3.º Fórum Nacional de Seguros, uma organização do ECOseguros e da Zest que terminou esta quarta-feira na cidade Invicta, Lucas Pereira Durand da Silva, territorial de Portugal da Sammy Free, concordou que “há clientes que ainda não conhecem os seguros de caução”. Apesar do desconhecimento, Granado considerou que as “exigências de capital dos bancos começam a ser tão grandes que esta é uma oportunidade gigante para as seguradoras ocuparem um nicho de mercado que vai ficar por cobrir”.

Luis Malcato, diretor-geral Portugal da Azuaga Seguros, anteriormente conhecida como Abarca Seguros, confirma igualmente que “há espaço para este tipo de produtos”. Questionado sobre se o preço é um obstáculo, o líder da seguradora especializada neste produto para o mercado português, com escritórios em Lisboa, Sevilha e Madrid, recusa essa hipótese, falando antes num trabalho de “evangelização”. “O nosso principal concorrente é a banca, que provavelmente faz preços mais altos que nós. Não será pelo preço”, notou o gestor, acrescentando que “o preço tem que ser ajustado ao risco”.

André Granado (administrador executivo responsável pelos departamentos comercial, de marketing e de comunicação Allianz Trade), Lucas Pereira Durand da Silva (territorial de Portugal da Sammy Free), Luis Malcato (diretor-geral Portugal da Azuaga) e João Silva (diretor seguros de caução e crédito na Specialty Risks)

A Azuaga assegura que já assinou mais de 9.000 contratos de seguro de caução com cerca de 5.000 clientes e reclama o estatuto de “pioneira na divulgação e implementação do seguro de caução em Portugal, bem como na implementação de processos de acompanhamento e de inspeção técnica aos projetos segurados”.

João Silva, diretor de seguros de caução e crédito na Specialty Risks, realçou que a “gestão do risco no seguro de caução é muito mais do que uma análise financeira (…) e a análise de risco é muito mais profunda do que aquilo que é o seguro de crédito”.

Por outro lado, Luís Malcato, diretor geral Portugal da Azuaga, falou nas desvantagens em termos fiscais e recordou que os seguros são alvos do selo de garantia e selo da apólice, enquanto na banca só existe o selo de garantia. “É mais uma desvantagem em termos fiscais e, através da associação representativa do setor [Associação Portuguesa de Seguradores] temos de tentar passar estas preocupações e melhorar as condições de acesso aos seguros de caução”.

Os seguros de crédito e caução protegem empresas, e também particulares, de riscos financeiros associados às suas atividades. Em relação aos seguros de crédito, uma forma de proteger a instituição financeira de um eventual incumprimento por parte do devedor, André Granado contabilizou que “existem 600 mil empresas elegíveis para ter seguros de crédito”.

“A penetração real em Portugal é 0,05%. As oportunidades são nas pequenas e médias empresas, onde existe um mar para explorar. Na caução, o cenário é ainda pior”, frisou o mesmo responsável, durante a conferência realizada no Porto.

O administrador executivo responsável pelos departamentos comercial, de marketing e de comunicação da Allianz Trade realçou que “em média, um dia de atraso de pagamento às empresas no espaço europeu representa necessidades de financiamento, no mínimo, de 91 mil milhões de euros”.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Comentários ({{ total }})

Seguradoras avançam com “evangelização” nos seguros de caução para aproveitar “oportunidade gigante”

Respostas a {{ screenParentAuthor }} ({{ totalReplies }})

{{ noCommentsLabel }}

Ainda ninguém comentou este artigo.

Promova a discussão dando a sua opinião