#29 O final perfeito e a crueldade. Foi um prazer, Euro 2024
O ECO estabeleceu uma parceria com o jornal desportivo online Bola na Rede, para o acompanhamento do Euro 2024. O jornalista Diogo Reis é Enviado Especial à Alemanha e escreve uma crónica diária.
A Espanha ganhou o Euro 2024 e dizem que o futebol venceu. E venceu, depois de um Lamine Yamal e Nico Williams abençoarem os relvados alemães com pura magia. Venceu depois de Rodri, Fabián Ruiz e Dani Olmo dominarem o meio-campo. Venceu por Pedri e Gavi, que deram tanto e lesionaram-se. Venceu por Marc Cucurella, de criticado e patinho feio a amado pelos adeptos. Venceu pelo atrativo e ofensivo estilo de jogo de Luis de la Fuente. Contudo, também foi cruel, como sempre tem sido para Harry Kane e Inglaterra. Quase que parece um grito do universo: o futebol não vai para “casa”, porque o futebol é de todos.
Os quatro cantos da final
Do económica à primeira classe
É comum, numa final, haver uma entrada mais cautelosa, pois ninguém quer dar um pé em falso. A primeira parte foi assim: pouco futebol, poucas oportunidades e um ritmo mais baixo (favorável à Inglaterra). A Inglaterra esteve sólida a nível defensivo e a controlar o jogo sem bola (John Stones em bom plano), condicionando o meio-campo da Espanha (Foden atento a Rodri) e o seu processo ofensivo. A resposta espanhola passava porventura por uma maior iniciativa dos defesas-centrais na construção (Laporte em condução) e recuo de Morata para dar superioridade e apoiar os colegas.
A segunda parte começou ligada à corrente – golo de Nico Williams e assistência de Lamine Yamal. Viu-se uma Espanha melhor, apostando na capacidade dos extremos (Yamal a aparecer por dentro) e houve mais oportunidades. Foi um melhor jogo de futebol e comprova-se pelos últimos minutos. Cole Palmer entrou e fez um grande golo (deu sinais de vida à Inglaterra), mas Mikel Oyorzabal foi herói e ofereceu a vitória à Espanha. Puro cinema.
Prémio de melhor jogador do torneio para Rodri? Não
Rodri é o melhor médio defensivo do mundo e, no geral, um dos melhores jogadores da atualidade. Nesta caminhada do Euro 2024, mostrou muita qualidade e teve um papel fundamental no meio-campo da Espanha, mas não foi (opinião) o melhor jogador do torneio. Aliás, já teve melhores rendimentos noutras fases, por exemplo no ano passado em que o Manchester City venceu a Champions League. Lamine Yamal, Fabián Ruiz e Dani Olmo tiveram mais influência na conquista e acredito que teria sido mais justo; nota também para o excelente Europeu de Nico Williams. Ainda assim, Rodri é um grandíssimo jogador e merece destaque pelas suas exibições. Simplesmente não tanto neste torneio.
Lamine Yamal é louco
Lamine Yamal tem 17 anos e está a apenas quatro assistências de igualar o recorde do jogador (Cristiano Ronaldo, 8) com mais assistências da história de Campeonatos da Europa. Ao servir Nico Williams na final contra a Inglaterra, Yamal igualou também o máximo de assistências numa edição do Europa (4), partilhando com Steven Zuber (Suíça, 2021), Aaron Ramsay (País de Gales, 2016), Eden Hazard (Bélgica, 2016), Karel Poborsky (Chéquia, 2004) e Ljubinko Drulovic (Sérvia, 2000). E claro é o mais novo campeão de uma grande competição de seleções. Se havia quem não conhecesse Lamine Yamal, agora depois deste Euro 2024 é impossível.
Final Perfeito
Como já se sabe, a Espanha venceu todos os jogos pela frente, incluindo Itália, Alemanha, França e Inglaterra, através de um futebol ofensivo e cativante. Além disso, quebraram o recorde de golos numa edição de um Campeonato da Europa: marcaram 15 golos e superaram a França de 1984, que tinha sido a única seleção a terminar um Europeu totalmente invicta. Agora já não. E como se não bastasse, a Espanha tornou-se na seleção com mais Europeus de toda a história (4). Já a Inglaterra é a primeira equipa a perder finais consecutivas nesta competição, continuando sem nunca ter ganho…. Segue também a maldição de Harry Kane. O futebol é bonito para uns e cruel para outros.
Foi um prazer, Euro 2024.
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