Novo recibo de vencimento de sete empresas mostra carga fiscal
Sete grandes empresas alteraram os recibos para indicar peso das contribuições e impostos. Iniciativa visa alertar para a necessidade de "aliviar o elevado nível de encargos sobre o trabalho".
Altice, BA Glass, EDP, Grupo Sousa, José de Mello, Salvador Caetano e Sugal. São as sete empresas que já alteraram o modelo dos recibos de vencimento para indicar o peso dos impostos e contribuições no salário bruto dos trabalhadores. A Associação Business Roundtable Portugal (BRP), que lançou a iniciativa, espera a adesão de mais empresas, associadas e não associadas.
A BRP explica que a iniciativa visa “clarificar os custos associados à remuneração e alertar para as mudanças necessárias para aliviar o elevado nível de encargos sobre o trabalho“, dando “visibilidade aos encargos totais das empresas com os salários dos seus colaboradores”.
A associação remeteu, a título de exemplo, os modelos de recibo da Salvador Caetano e Grupo José de Mello, com diferentes remunerações. Em ambos é visível que os impostos e contribuições levam uma grande fatia do valor bruto.
A BRP tem vindo a chamar à atenção para o peso que os impostos e contribuições sociais têm nos rendimentos do trabalho, o chamado tax wedge. Segundo contas da associação, em 2023, o tax wedge suportado pela empresa para um trabalhador solteiro e sem filhos, com salário médio, era de 42,3%, enquanto a média da OCDE se situava em 34,8%. No caso de famílias com filhos, “é ainda mais gravoso quando comparado com a OCDE, estando Portugal na 6ª posição da lista de países com maiores encargos (38,1% vs 29,5% da média da OCDE)”, assinala em comunicado.
Este nível de transparência é essencial para corrigir a perceção pública de que as empresas pagam mal, quando, na realidade, uma enorme parte do custo do trabalho é entregue ao Estado e não ao colaborador.
“Esta iniciativa permitirá que as empresas comuniquem mensalmente o impacto do tax wedge no vencimento, proporcionando aos colaboradores uma visão clara dos custos pagos pela empresa com a sua remuneração. Este nível de transparência é essencial para corrigir a perceção pública de que as empresas pagam mal, quando, na realidade, uma enorme parte do custo do trabalho é entregue ao Estado e não ao colaborador”, esclarece Carlos Moreira da Silva, presidente da Associação BRP, citado no comunicado.
A associação, que junta 43 empresas de grande dimensão em Portugal, considera que “o sistema fiscal português penaliza o sucesso, é caro e complexo, limitando o potencial dos trabalhadores e travando o crescimento das empresas e do país”. Um empregador que ofereça um aumento de 150 euros a um trabalhador com salário mínimo (820 euros) terá de suportar uma despesa adicional de 186 euros, enquanto o trabalhador receberá apenas 65 euros líquidos, com o restante valor (121 euros) a ser absorvido por impostos e contribuições sociais, exemplifica.
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