Companhia aérea de Neeleman tenta evitar falência

A brasileira Azul está a estudar opções para fugir a um pedido de proteção de credores, incluindo uma reestruturação da dívida. Companhia aérea é credora da TAP SGPS.

A Azul, companhia fundada por David Neeleman, antigo acionista da TAP, está a avaliar opções para fazer face ao pagamento da dívida e evitar um pedido de proteção de credores, incluindo uma fusão com a Gol. Ações desvalorizam 70% desde o início do ano.

Entre as hipóteses que estão a ser consideradas pela empresa, está uma emissão equivalente a 800 milhões de dólares garantida pela unidade de transporte de carga aérea, segundo avançou na quarta-feira a agência Bloomberg. O plano poderá também passar pela conversão em capital de uma dívida de 600 milhões de euros a seis empresas de leasing de aeronaves ou uma fusão com a brasileira Gol, também em dificuldades, tendo contratado o City para avaliar uma operação.

Ainda de acordo com a agência, outra possibilidade seria avançar para um pedido de proteção de credores, que a gestão rejeita, no entanto, estar em cima da mesa. O CEO, John Rodgerson, afirmou em entrevista à Reuters que a companhia está financeiramente saudável e em “negociações amigáveis” com os seus credores.

A notícia da Bloomberg fez despenhar a cotação das ações da Azul. As perdas de 24% elevaram para cerca de 70% a desvalorização dos títulos desde o início do ano, que não recuperaram da queda mesmo depois das declarações de Rodgerson.

A companhia fundada em 2008 pelo empresário David Neeleman, que tem a maioria das ações mas apenas 4,49% dos direitos económicos, está a ser fortemente penalizada pela queda de cerca de 14% do real contra o dólar este ano. As perdas cambiais contribuíram para que a Azul registasse um prejuízo de 3.865 milhões de reais no segundo trimestre de 2024, o equivalente a 624 milhões de euros. A empresa atribuiu ainda o resultado ao impacto das enchentes no Rio Grande do Sul e à redução temporária da capacidade internacional.

Os caminhos da Azul e da TAP cruzaram-se no final de 2015 quando David Neeleman comprou, através da Atlantic Gateway, 61% do capital da companhia aérea portuguesa no processo de privatização. De forma a reforçar o capital, a Azul subscreveu 90 milhões de euros em obrigações convertíveis em ações da TAP, com maturidade em 2026 e uma taxa de juro de 7,5%. Como os juros só serão pagos no momento do reembolso, a fatura aumenta de ano para ano. O Observador noticiou este mês que a “conta” já ia em 160 milhões de euros no final de 2023. A Parpública também subscreveu 30 milhões de euros dos mesmos títulos.

A dívida é uma responsabilidade da TAP SGPS, que é atualmente detida a 100% pelo Estado, e deixou de ter qualquer participação acionista na companhia aérea. Os seus ativos são a Portugália, a participação de 49,9% na SPdH, mais conhecida como Groundforce, a participação de 51% na Cateringor e a Manutenção & Engenharia Brasil, que se encontra em processo de insolvência. Ativos que não geram recursos para saldar a fatura.

Nos últimos anos várias companhias aéreas brasileiras entraram em dificuldades. Em janeiro, a Gol pediu proteção de credores nos EUA. Antes disso e na sequência da pandemia da covid-19, também entraram em falência a Avianca e a Latam Airlines.

Neil Glynn, diretor da Air Control Tower, aponta numa nota de research que as responsabilidades futuras da Azul totalizam 33,3 mil milhões de reais (equivalente a 5,37 mil euros de euros), o equivalente a 6 vezes o EBITDA. Como termo de comparação, a TAP tem um rácio de 2,1 vezes.

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