Especialistas defendem que Portugal precisa de mais imigrantes para “elevar crescimento”
Portugal precisa de imigração, se quiser crescer mais de 3% ao ano. Novo estudo da FEP acaba também com o mito de que imigrantes "atiram" residentes para fora do mercado de trabalho.
Para que Portugal cresça 3% ou mais ao ano e entre, assim, no grupo dos países europeus mais ricos, precisa de atrair e reter por cá mais imigrantes, que compensem o envelhecimento da população nacional. O alerta consta de um novo estudo do Gabinete de Estudos Económicos, Empresariais e de Política Públicas da Faculdade de Economia da Universidade do Porto, que contraria também “o mito de que os imigrantes ‘empurram’ os nacionais para fora do mercado de trabalho“.
“Se Portugal crescer 3% ao ano via reforma estruturais — o mínimo para atingir a metade de países mais ricos da União Europeia em 2033, — a subida da taxa de imigração média para 1,321% permite compensar o saldo natural negativo e estabilizar a população”, sublinham os especialistas.
Deixam, porém, uma nota: essa taxa de imigração seria mais elevada do que o valor mais alto alguma vez registado no país (1,13% em 2022). Ou seja, para o conseguir, seria preciso fortalecer a capacidade de atração e retenção de imigrantes, o que poderia implicar, nomeadamente, o reforço da Agência para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA), sugerem os peritos.
Além disso, de acordo com este novo estudo, os imigrantes tendem a permanecer mais tempo — “sensivelmente, o dobro, em termos médios” — em países com um nível de vida relativo de partida elevado.
Em reação a este cenário, Óscar Afonso, diretor da Faculdade de Economia da Universidade do Porto, defende que Portugal precisa de aproveitar as fases de maior crescimento, como a atual (“impulsionada por fatores temporários como o Plano de Recuperação e Resiliência e o boom do turismo”), para reter os imigrantes.
Por outro lado, no que diz respeito à dinâmica entre os estrangeiros e os nacionais, este novo estudo vem pôr fim ao mito de que os primeiros empurram os segundos para fora do mercado de trabalho ou até mesmo para a emigração. Antes, a integração de imigrantes tende a alargar de forma sustentada o mercado interno, reforçando as oportunidades de investimento e emprego “para todos“, realçam os peritos.
Além disso, os estrangeiros têm um contributo positivo para a Segurança Social, como frisou várias vezes o Governo anterior, avançando que as contribuições por estes trabalhadores estavam em máximos históricos.
Quanto à emigração, este estudo indica que a saída de residentes por razões económicas “ocorre sobretudo em países com baixo crescimento económico e nível de vida inicial, além do efeito tradicional, de menor expressão, de saída para países vizinhos de nível de vida similar (alto ou baixo) e crescimento económico associado”.
Sobre este ponto, Óscar Afonso argumenta: em Portugal, “o fraco crescimento económico e o baixo nível de vida inicial explicam a emigração de um terço dos nossos jovens”.
Estas conclusões são especialmente pertinentes numa altura em que a imigração se tem tornado um dos temas quentes da arena política. Da parte do Governo, as medidas lançadas têm visado regularizar os estrangeiros que estão em Portugal e adequar as entradas às necessidades do país e das empresas que por cá operam.
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