Amundi deixa “megacap” de fora. Japão, Europa e EUA têm oportunidades nas ações
Os bancos centrais vão prosseguir a normalização das taxas de juro, reduzindo a taxa diretora na Zona Euro para 2,25% e nos EUA para 3,5%, antecipa a Amundi, que prevê uma maior fragmentação em 2025.
Um ambiente económico “benigno”, marcado pela descida de taxas de juro tanto nos EUA como na Europa, deverá continuar a favorecer o investimento em ações, no próximo ano. A Amundi identifica oportunidades no Japão, na Europa e nos EUA, deixando de fora as mega capitalizações bolsistas norte-americanas, devido aos preços “excessivos” a que transacionam atualmente em bolsa.
“Identificamos oportunidades nas ações no S&P 500 [EUA], e no Japão e na Zona Euro“, refere Vincent Mortier, chief investment officer da Amundi, numa conferência onde a gestora de ativos apresentou as suas perspetivas para 2025. O responsável destacou que o segredo está na “diversificação”, recomendando uma diversificação dos EUA para Japão, Europa e até Reino Unido.
Já em relação às chamadas megacap, os especialistas da gestora francesa apontam “avaliações excessivas”, após anos de sucessivos recordes, que têm levado as capitalizações destas empresas para a casa do bilião de dólares.
As previsões da gestora de ativos apontam para ganhos de um dígito do índice bolsista S&P 500, antecipando maiores potenciais de valorização para o índice sem as sete magníficas (Alphabet, Amazon, Apple, Meta Platforms, Microsoft, Nvidia e Tesla).
Entre os emergentes, a Amundi mantém uma perspetiva positiva para a Ásia, destacando países como a Indonésia e a Índia, devido à reduzida exposição a economias como os EUA e à elevada interligação com outros países na região.
Já quanto à dívida, Monica Defend, responsável pelo Amundi Investment Institute, que identifica oportunidades no crédito, argumenta que “as obrigações vão voltar ser um fator de diversificação“, sendo certo que o próximo ano será marcado por uma maior volatilidade no mercado cambial e da dívida, face, sobretudo, ao que poderão ser as políticas de Donald Trump após regressar à Casa Branca.
A Amundi identifica oportunidades nas ações no Japão, Europa e EUA. Entre os emergentes, a preferência vai para a Ásia. Já as megacap apresentam preços “excessivos”.
As projeções da Amundi para o euro face ao dólar colocam a moeda única nos 1,16 dólares, no final do próximo ano, acima dos 1,08 dólares projetados para a divisa no final de 2024.
Juros a descer, mas longe dos mínimos
A política monetária vai continuar a ser um elemento determinante para os mercados em 2025. À semelhança de outros grandes bancos, a gestora de ativos está a antecipar uma continuação do ciclo de descidas de juros.
“Todos os grandes bancos centrais estão a dizer que a atual política é restritiva e dependente da evolução de dados económicos”, explica Monica Defend, notando que até agora entidades como a Reserva Federal dos EUA, Banco Central Europeu e Banco de Inglaterra têm mantido a sua política monetária alinhada. No entanto, o próximo ano poderá afastar EUA e Europa, com a gestora a prever que o BCE vai continuar a baixar taxas até atingir uma taxa neutra em torno dos 2,25%, enquanto a Fed se deverá ficar pelos 3,5%, antecipando um novo corte na reunião de dezembro.
Monica Defend destaca que, “os bancos centrais até agora conseguiram gerir bem as taxas de juro e evitar uma recessão”. Com a inflação a baixar em direção ao target de 2% dos bancos centrais, as autoridades monetárias vão prosseguir a normalização de taxas.
Os especialistas, que veem a economia dos EUA a crescer perto de 2% em 2025 e a Europa 1%, ajudada pela política do BCE, falam numa maior fragmentação, com a futura administração republicana a adotar uma estratégia mais competitiva e a fixar tarifas às importações que chegam ao país, enquanto a Europa se foca em alcançar uma autonomia estratégica, procurando reduzir a exposição aos EUA.
Donald Trump e o seu programa são apontados como um dos maiores riscos para 2025. Vincent Mortier reconhece que as tarifas “vão ter impacto” nas empresas europeias, com a Alemanha a ser a região mais penalizada.
Monica Defend calcula que a imposição de tarifas pelos EUA teria um impacto negativo de -0,2% nas estimativas da instituição para o PIB da Zona Euro, em 2025.
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