Lucro líquido da Fidelidade cai 5% até setembro, mas negócio segurador melhora
A subida da rentabilidade técnica dos seguros foi afetada pela queda nos investimentos registados nos primeiros nove meses do ano, em termos homólogos.
A Fidelidade registou resultados líquidos de 152 milhões de euros nos primeiros nove meses do ano, uma queda de 4,9% face ao mesmo período no ano passado, empurrados pelos resultados menos animadores dos investimentos, indica a seguradora líder no mercado português no último relatório financeiro.
Os resultados líquidos das seguradoras dependem dos resultados técnicos, que se referem à venda de seguros, e dos resultados dos investimentos que fazem. Neste caso, foram os últimos que guiaram os lucros da Fidelidade para o ‘vermelho’.
Nesse sentido, a subida de 36,5% para 321 milhões de euros dos lucros técnicos nos primeiros nove meses do ano face aos registados no período homólogo, não foram suficientes para colocar os lucros no ‘verde’, devido aos resultados dos investimentos que caíram 57,4% para 54 milhões de euros em termos homólogos. A companhia justifica a queda dos investimentos com a desvalorização do valor de imóveis que detém e pelos juros técnicos pagos aos detentores de produtos de capitalização financeira.
Não obstante, a rentabilidade na produção de seguros traduziu-se num melhoria de 1,6 p.p (pontos percentuais) no rácio combinado para 90,2% ao longo dos primeiros nove meses do ano, “impulsionada por campanhas comerciais de sucesso de produtos financeiros de Vida em bancasseguros, no rápido crescimento da aplicação MyFidelidade e nos canais tradicionais da rede de agentes durante o 3.º trimestre de 2024″, refere no relatório.
Importa referir que o rácio combinado demonstra se a seguradora está a lucrar com a subscrição de seguros: quando o rácio é superior a 100% significa que está a pagar mais dinheiro pelos sinistros e despesas do que recebe de prémios, e a situação a inversa, por isso positiva, quando o rácio é inferior a 100%.
Rogério Campos Henriques, CEO da Fidelidade, assinala que a subida do ‘rating‘ de longo prazo da seguradora de A para A+ pela agência Fitch e a emissão em maio de RT1 (obrigações perpétuas subordinadas ‘Restricted Tier 1’) alinham-se com as três prioridades estratégicas da companhia para reforçar retorno sobre capital próprio (conhecido por return on equity, ROE): “otimizar o capital e melhorar a solvência, reforçar a rentabilidade e ajustar a alocação de ativos da nossa carteira de investimento”.
Segundo o responsável, relacionam-se com a estratégia da Fidelidade uma vez que “a justificação da Fitch para a melhoria da classificação destacou os avanços na alocação estratégica de ativos da Fidelidade e o aumento da solvência – impulsionado pela emissão de RT1″. Assim como, “a melhoria contribui para o desenvolvimento de um ciclo virtuoso de reforço da rentabilidade. Por exemplo, reforça os esforços da Fidelidade para se tornar um interveniente-chave no mercado de poupanças e reformas e permite a otimização dos programas de resseguro dos nossos negócios internacionais“, refere o responsável.
Prémios emitidos sobem empurrados pelas operações em Portugal
Já os prémios brutos emitidos nos primeiros 9 meses do ano subiram 15,8% em termos homólogos, ou seja, 4.345 milhões de euros, sustentado pelas operações totais em Portugal que subiram 20% e pelas operações internacionais do segmento Vida, que valorizam 15,2% em termos homólogos.
No ramo Vida, a seguradora emitiu 1.958 milhões de euros em prémios, ou seja, mais 25% de seguros do que no ano passado, “apoiado pelo crescimento tanto nas operações em Portugal como internacionais”, lê-se no relatório.
Enquanto a valorização do ramo vida no estrangeiro foi impulsionada pelo crescimento do negócio unit-linked da The Prosperity Company e a expansão de dois dígitos do negócio vida risco. Em Portugal, os prémios do ramo vida valorizaram 30%, “resultado do sucesso das campanhas comerciais do ramo Vida Finanças em bancassurance, no rápido crescimento da aplicação MyFidelidade, e dos canais tradicionais da rede de agentes durante o terceiro trimestre de 2024″.
No ramo Não Vida, foram emitidos 2.386 milhões de euros em prémios até setembro, mais 9,2% em termos homólogos. Subida “suportada por um aumento de 12,9% da atividade em Portugal, cujos quatro ramos principais, Acidentes de Trabalho, Saúde, Automóvel e Incêndio e Outros Danos, registaram crescimentos significativos de repricing e do crescimento orgânico do mercado”. Lá fora, o crescimento da emissão dos prémios Não Vida foi de 1,6%.
Importa referir que a Fidelidade mantém a liderança nos primeiros nove meses do ano no mercado português, com uma quota de mercado de 29,2%, segundo resultados agregados pelo Ecoseguros.
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