Aguiar-Branco critica excesso de regulação na comunicação social e defende Maria João Avillez

  • Lusa
  • 3 Dezembro 2024

O presidente da Assembleia da República defendeu ainda que "é pouco provável que do parlamento saiam soluções definitivas para o futuro da imprensa".

O presidente da Assembleia da República criticou esta terça-feira excessos de regulação, subsidiação e intervenção no setor da comunicação social e deu como exemplo negativo a controvérsia em torno da recente entrevista de Maria João Avillez ao primeiro-ministro.

Esta posição foi defendida por José Pedro Aguiar-Branco na abertura de uma conferência promovida pela Entidade Reguladora da Comunicação Social (ERC), na Sala do Senado, na Assembleia da República, que tem como tema “Informação como Bem Público: Regulação Mediática e Políticas Públicas”.

Na sua intervenção, o antigo ministro social-democrata sustentou a tese de que “na sociedade livre há um papel para o legislador e para o regulador” no sentido de “impedir os excessos, fazer cumprir a lei, impedir a difamação e a devassa”, protegendo “sempre a liberdade de informar e de ser informado”.

Porém, de acordo com José Pedro Aguiar-Branco, “as opções fundamentais para o futuro do jornalismo dependem pouco do regulador ou do legislador”, estando antes “nas mãos dos órgãos de comunicação social e dos jornalistas apresentar projetos editoriais convincentes e robustos para vencer os desafios de um mundo em mudança”.

Nós, legisladores e reguladores, temos de resistir à tentação do excesso de intervenção de subsidiação de regulação. Não quero viver num país em que se duvida que alguém com o percurso e as qualidades de Maria João Avillez possa entrevistar o primeiro-ministro [Luís Montenegro], ou que ache que uma entidade pública deve ter opinião sobre as perguntas que um jornalista faz numa entrevista”, frisou.

O presidente da Assembleia da República equiparou depois a regulação ao sal: “Nem de mais, nem de menos, apenas na medida justa para fazer sobressair os sabores que a sociedade já tem”.

“Reitero, por isso, o que sempre tenho dito: Liberdade de informar, sempre; liberdade de ser informado, absolutamente; regulação, sim, mas na medida justa. E responsabilização perante os cidadãos, que têm maturidade para escolherem por si mesmos“, completou.

O presidente da Assembleia da República baseou a defesa da sua posição na História do jornalismo, dizendo que “já ninguém sabe qual foi o primeiro jornal a noticiar a captura de Adolf Eichmann”, mas todos se recordam das “reportagens de Hannah Arendt sobre o seu julgamento”.

“Já não nos lembramos de qual foi a primeira rádio a reportar a batalha de Guadalajara, mas todos conhecemos os trabalhos jornalísticos de Hemingway, ou de George Orwell, sobre a Guerra Civil de Espanha. A História não recorda os furos, as notícias de última hora, as parangonas bombásticas. O que fica, o que marca, é o jornalismo editorial, o jornalismo que faz a diferença”, advogou.

José Pedro Aguiar-Branco disse que poderia estender os seus exemplos a personalidades como José Saramago, Artur Baptista Bastos, Miguel Portas, Marcelo Rebelo de Sousa, Francisco Pinto Balsemão, Maria Teresa Horta, Rúben de Carvalho e Paulo Portas.

“Alguns dos nossos maiores encontraram nas páginas dos jornais um instrumento para mudar o mundo. A História do jornalismo confunde-se com a História da democracia. E o que seria do trabalho destes homens e mulheres se tivessem de enfrentar alguma da regulação que, às vezes, se discute? Que tesouros teríamos nós perdido”, acrescentou.

No início da sua intervenção, o Presidente da Assembleia da República afirmou que “é pouco provável que do parlamento saiam soluções definitivas para o futuro da imprensa” e referiu que, com o advento da digitalização, do jornalismo cidadão e da Inteligência Artificial (IA) “nada será como de antes”.

Há procura por jornalismo diferenciado e de qualidade que não se limita a reportar factos” mas que “os saiba pensar e interpretar“, acentuou.

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Com Alemanha e França em crise, Montenegro vende Portugal como “destino seguro de investimento”

Primeiro-ministro destaca estabilidade política, orçamental e social em Portugal, em contraponto com a agitação no resto da Europa. Insiste no tema da segurança e coresponsabiliza oposição por OE2025.

Luís Montenegro admitiu esta terça-feira que “as incertezas que estão no horizonte” na Alemanha e em França podem “condicionar o futuro próximo”, lembrando a instabilidade política e financeira que atravessam as duas maiores economias europeias. No entanto, o primeiro-ministro recusa “lamuriar-se” e assume mesmo que Portugal pode nesta fase “impor-se” no contexto internacional, aproveitando as debilidades nos outros países do Velho Continente.

“Nunca tirámos da equação sermos também parte das políticas europeias, não devemos encará-las como uma coisa externa e devemos participar nas políticas europeias. Mas do ponto de vista do nosso interesse nacional, podemos assumir-nos na Europa – e a partir da Europa também no mundo – como um destino seguro de investimento e de aproveitamento do capital humano e empresarial, para podermos ser mais produtivos, eficientes na criação de riqueza e, com isso, colocar em marcha o nosso objetivo de crescimento e dar durabilidade à nossa trajetória [económica]”, refere Montenegro.

Numa intervenção durante a 7.ª edição da Fábrica 2030, uma conferência organizada pelo ECO na Alfândega do Porto, o chefe do Executivo insistiu que Portugal beneficia atualmente de uma imagem forte no exterior, posicionando-se como um dos países na Europa com melhores condições para atrair investimentos na região. Para Luís Montenegro, esta credibilidade externa, conquistada nos últimos anos à custa de medidas de controlo orçamental e de contas públicas certas, poderia ser deitada por terra num cenário de instabilidade política em Portugal.

Com o Orçamento do Estado para 2025 aprovado com a ajuda do PS, o primeiro-ministro salientou o cenário de estabilidade política no país, salvaguardando a “imagem forte” que Portugal transmite no exterior. “Podíamos não ter investido tanto nessa aprovação e dar ao país outra saída para resolver esse impasse” no Parlamento, mas “do ponto de vista da nossa credibilidade internacional, esta aprovação do Orçamento tinha essa importância”, argumentou.

É que, completou o primeiro-ministro, se houvesse “instabilidade política interna em Portugal íamos desbaratar a credibilidade externa que temos” e que é preciso “saber aproveitar”. Por outro lado, em contraponto com a alternativa de convocar eleições antecipados, era necessário garantir que “não [se perderia] a capacidade do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR)”. “Não podemos mesmo ficar para trás”, reforçou o governante durante a mesma intervenção.

Em relação ao tema das contas certas, o primeiro-ministro notou não ser apologista de “contas públicas equilibradas à custa de tudo”, mas reconheceu a importância que tiveram para construir esta imagem do país junto dos investidores estrangeiros. “Se olharmos hoje para Portugal, Espanha, Itália, mesmo Alemanha, Grécia, talvez nós e os gregos sejamos os que têm melhores condições para atrair maiores investimentos”, acrescentou.

Ainda a propósito do Orçamento do Estado para 2025, referiu que o documento “é do Governo porque tem na base a implementação de políticas decididas” pelo Executivo. No entanto, responsabiliza igualmente os partidos da oposição pelo documento, uma vez que “por opção deles, legítima, voluntária e intencional, várias normas foram aprovadas por eles, incluindo contra a vontade do Governo”.

sobre a credibilidade das ambiciosas projeções de crescimento para a economia portuguesa até ao final da legislatura, Montenegro respondeu que “a variável fundamental é o investimento” e, por isso, o país tem de ser “especialmente atrativo do ponto de vista fiscal, da carga burocrática, na atração do talento e em potenciar clusters de atividade para incrementar boas cadeias de valor e planos de negócio”. E particularizou a importância da redução do IRC por “dar aos que estão a observar e decidir a localização de investimentos o impulso que estão à espera de receber”.

Montenegro insiste na segurança. “Vejam Suécia, Holanda ou Bélgica”

Além da estabilidade política e económica, Luís Montenegro apontou a segurança como outro “aspeto crucial para a vida económica e para a captação de investimento” para o país. “Somos mesmo um dos países mais seguros do mundo. Tenho mesmo muita convicção no que digo: somos objetivamente um dos países mais seguros do mundo”, repete.

No entanto, salienta o primeiro-ministro, “os portugueses exigem que isto não seja apenas uma proclamação, e que depois nos podemos sentar à espera da sua manutenção eterna”. “É preciso, obviamente, travar qualquer fenómeno de aumento de criminalidade que possa pôr em causa este valor em si. Porque há países que há alguns anos eram tão seguros como nós e hoje não são. Vejam a Suécia, a Holanda ou a Bélgica. Este elemento não está garantido por si mesmo. E dizer isto não aumenta o sentimento de insegurança, aumenta o sentimento de segurança e de estabilização”, resume.

Apesar de insistir no tema da ameaça sobre um aumento da criminalidade no país, o primeiro-ministro defende que Portugal “é um país que sabe acolher e integrar imigrantes – e precisa deles em todos os segmentos, dos mais indiferenciados aos mais qualificados”. Por outro lado, reclama que o país tem atualmente “políticas de retenção do talento” que não tinha há oito meses. Não só ao nível do acesso ao mercado de trabalho, como na componente fiscal, sublinhando o caso do IRS Jovem. “Os jovens que vêm trabalhar para Portugal têm o retorno do seu esforço de trabalho e isto é fundamental para atrair e reter talento”, frisa Montenegro, garantindo que “[tem] sido abordado por colegas europeus para abordar este mecanismo, com interesse em inspirar-se” nele para que seja aplicado, com adaptações, nos seus próprios países.

A retenção do talento na administração pública foi outro dos pontos destacados pelo chefe do Governo, dramatizando a importância de ter “capacidade para responder rápido e bem às solicitações” dos agentes económicos. Para isso, diz que é preciso ter “bons mecanismos de gestão”, frisando que o Executivo está a “tentar aliviar os processos de licenciamento”. “A administração pública precisa de bons recursos humanos e precisa de ser atrativa – coisa que deixou de ser na última década – para os que são potencialmente mais bem preparados para atingir bons resultados. Para isso é preciso ter boas carreiras e bons instrumentos de trabalho”, remata Montenegro.

Campeões europeus “desde que não estejam todos na França e Alemanha”

No plano internacional, questionado pelo diretor do ECO sobre se a França pode ser a nova Grécia, do ponto de vista da instabilidade financeira e do arrastamento da Zona Euro, o primeiro-ministro recusou assumir esse cenário, mas admitiu que “é uma situação que preocupa, por juntar instabilidade política e financeira”. “É preciso estancar as duas: que haja estabilidade política para depois haver um caminho de recuperação financeira, que não seja suscetível de contaminar a Zona Euro”, sublinhou.

E no que toca à perspetiva de o Banco Central Europeu continuar a descer as taxas de juro diretoras, Luís Montenegro disse apenas que será “vantajoso que continuemos a ter uma política de taxas de juro que possa assegurar a estabilização da inflação e para que o financiamento da economia seja atrativo para os investidores terem na Europa instrumentos para desenvolverem as suas capacidades”.

Ainda no plano europeu, o relatório Draghi propôs a criação de uma espécie de campeões europeus para competir com os EUA e a China. Montenegro diz que é “defensor dessa lógica, desde que não estejam todos localizados na França e na Alemanha”, precisando a Europa de ter “instrumentos para deslocalizar investimentos e aproveitar o potencial de cada região e Estado-membro”.

“Como defendo que em Portugal tenhamos cada vez mais grandes empresas, acho que a Europa deve ter gigantes comerciais e industriais, desde que a estratégia que visa a sua constituição e desenvolvimento não esteja refém apenas do interesse da França e da Alemanha – e agora há mais países a entrar nessa órbita”, contextualiza. “Se houver campeões descentralizados, a Europa pode ganhar. Se forem centralizados, vai-se pagar isso no momento seguinte”, rematou.

Finalmente, durante a mesma conferência, o chefe do Executivo considerou “inadmissível” que, dez anos depois de ter sido assinado o processo de integração da Península Ibérica no mercado interno da energia, esta interligação ainda não esteja feita, prejudicando o país. Mas também a Europa, que não tira partido da energia produzida na região.

“É inadmissível que esta interligação não esteja feita. É uma pedrada na igualdade de oportunidades, na autonomia, na dependência da Europa face ao fornecimento de energia e, no caso da Península Ibérica, estamos a desaproveitar investimentos feitos”, atirou Montenegro, notando que Portugal vai defender uma política de coesão de igualdade na União Europeia. “Vamos defender a possibilidade de ser produtores de energia e a podermos exportar”, acrescentou Montenegro, destacando que a questão energética “é um ponto essencial das políticas de coesão europeia”.

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PS-Madeira “não confia em Miguel Albuquerque” e por isso recusa negociar orçamento

  • Lusa
  • 3 Dezembro 2024

O Partido Socialista, à imagem do que fez o Juntos pelo Povo, recusa negociação com o Executivo fora da Assembleia Regional. Após a votação do orçamento, será discutida a moção de censura.

O PS-Madeira recusa-se a negociar a proposta do Orçamento da região para 2025, alegando que não confia no líder do executivo minoritário social-democrata, Miguel Albuquerque, e que o lugar indicado para discutir a matéria é o parlamento.

Num comunicado divulgado na segunda-feira, o líder do PS-Madeira, Paulo Cofôfo, assegura que “o partido não irá participar em reuniões de negociação”, e adiciona: “é no palco parlamentar que pretende debater o documento”.

O dirigente sublinhou que cabe aos partidos que viabilizaram o Governo Regional minoritário do PSD a aprovação do Orçamento.

O socialista respondeu assim ao repto lançado na segunda-feira pelo secretário regional da Educação, Ciência e Tecnologia, Jorge Carvalho, após uma reunião da conferência dos partidos com assento no parlamento insular, para discutir na especialidade a proposta de Orçamento Regional para 2025 “nos próximos dois dias”.

Na segunda-feira, o JPP também indicou que não vai participar em reuniões “em cima da hora” e “secretas” para discutir o Orçamento, exigindo a presença do presidente do executivo madeirense num eventual encontro com os dirigentes do partido.

Já Paulo Cafôfo quis deixar “bem claro” que o PS-Madeira, o maior partido da oposição regional, com 11 deputados, “não confia em Miguel Albuquerque e no PSD” e declarou que “os socialistas não irão negociar com aqueles em quem não confiam”.

O líder socialista disse que “o lugar certo para discutir o Orçamento Regional é na Assembleia Legislativa” e recordou que o PS não aprovou o Programa do Governo nem deu o voto de confiança a Miguel Albuquerque e ao PSD, que venceu as eleições antecipadas de 26 de maio com maioria relativa.

Para Paulo Cafôfo, não estão em causa apenas os processos judiciais que envolvem o presidente do executivo e quatro secretários regionais, mas também a circunstância de o Programa do Governo não apresentar “as medidas que se impõem para resolver os problemas dos madeirenses e porto-santenses”.

“Miguel Albuquerque nunca cumpriu aquilo que prometeu nos sucessivos Programas do Governo, nem executou os orçamentos aprovados no parlamento”, realçou, vincando que na discussão do Orçamento Regional para 2024 o PSD chumbou todas as propostas de alteração apresentadas pelo PS.

Se o Governo Regional agora está aflito, tem de se entender com os partidos com os quais fez acordos e negociou a integração de propostas no Programa do Governo

Paulo Cafôfo

Líder do PS-Madeira

“Se o Governo Regional agora está aflito, tem de se entender com os partidos com os quais fez acordos e negociou a integração de propostas no Programa do Governo”, defendeu, para logo reforçar: “Esses partidos é que têm de aprovar o Orçamento.”

Cafôfo reiterou, por outro lado, a decisão do PS de votar favoravelmente a moção de censura ao executivo de Miguel Albuquerque, apresentada pelo Chega e com discussão agendada para o próximo dia 17.

A discussão das propostas de Orçamento e Plano e Programa de Investimentos e Despesas de Desenvolvimento da Administração da RAM (PIDDAR) para 2025 está agendada no parlamento madeirense para os dias 09, 10 e 11 de dezembro.

No dia 9 acontece a sessão de abertura com a votação na generalidade, sendo a votação final global no dia 11 de dezembro.

Em 22 de novembro o Governo Regional entregou na Assembleia Legislativa as propostas de Orçamento para 2025, no valor de 2.611 milhões de euros (ME), e de Plano de Investimentos, orçamentado em 1.112 ME, os valores “mais elevados de sempre”.

A confirmarem-se as intenções de voto divulgadas, a moção de censura terá aprovação garantida com os votos de PS, JPP, Chega e IL, que juntos têm maioria absoluta. O parlamento conta ainda, além do PSD, com o CDS-PP e o PAN.

A aprovação da moção de censura implica a demissão do Governo Regional e a permanência em funções até à posse de uma nova equipa.

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Rui Moreira diz que “OE2025 comporta riscos para a despesa pública”

Rui Moreira diz que Portugal precisa de apostar no talento, inovação e competitividade para não ficar para trás na zona euro. E que urge diversificar os "mercados de destino das nossas exportações".

O presidente da câmara do Porto afirmou esta terça-feira que o Orçamento de Estado para 2025 (OE2025) “comporta riscos para a despesa pública” e “parece pouco capaz de estimular o crescimento” da economia. Numa intervenção durante a 7.ª edição da Fábrica 2030, uma conferência organizada pelo ECO na Alfândega do Porto, Rui Moreira defendeu, por isso, que o país precisa de apostar num novo paradigma de desenvolvimento económico, sob pena de perder completividade face à Zona Euro, alicerçado no conhecimento, talento, inovação e digitalização.

Rui Moreira lamentou o facto de “as limitações políticas de um Governo minoritário impedirem um orçamento mais ambicioso, desde logo no capítulo fiscal. A descida do IRC em apenas 1% é manifestamente curta para os desafios da economia portuguesa”.

Mesmo assim, o autarca independente considerou que a aprovação do OE2025 “foi uma boa notícia pois, “desde logo evitou-se uma crise política”, assim como o risco do documento ser “desvirtuado na especialidade”. Aliás, sustentou, “num mundo em convulsão, é muito importante para Portugal ter um orçamento que sirva de orientação para os agentes económicos”.

Para Rui Moreira este é um “orçamento sensato, que valoriza os salários e as pensões, preserva as funções sociais do Estado e desagrava fiscalmente as famílias, os jovens e as empresas“. Ainda assim, destacou, “manteve-se, no essencial, o desenho orçamental apresentado pelo Governo, ainda que a despesa resultante das propostas da oposição vá levar, muito provavelmente, à diminuição do excedente previsto para o próximo ano”.

 

Moreira defendeu ainda que o país deve construir uma economia mais produtiva e competitiva, “que precisa forçosamente de atrair investimento, talento e inovação”. Até porque, explanou, “a baixa competitividade está na raiz do crescimento anémico das últimas duas décadas e do modelo de baixos salários que ainda vigora no tecido empresarial português”. Nesta linha, o autarca alertou para o facto de, nestes 20 anos, a economia nacional ter sido das que “menos cresceu da zona euro e Portugal viu-se ultrapassado por países do leste europeu em termos de PIB per capita“. Considerou, por isso, que Portugal deve estar “alinhado com a nova ambição para a Europa vertida nos relatórios Letta e Draghi”.

A solução passa pelo país apostar num novo modelo económico, uma vez que o atual “está esgotado”, para ser mais produtivo e competitivo e não correr o risco de “ficar para trás numa Europa que, inevitavelmente, vai apostar na reindustrialização, investir mais na inovação e acelerar a transição digital, energética e climática”.

Para o presidente da câmara do Porto, o país tem bons pontos de partida no Acordo Tripartido de Valorização Salarial e Crescimento Económico e no programa “Acelerar a Economia”. Mas, para não perder a corrida da competitividade, urge colocar em prática “as medidas governamentais previstas para a produtividade, competitividade, inovação e sustentabilidade“. E que ganham uma nova escala face à “urgência redobrada com a desglobalização” com o multilateralismo e as guerras comerciais a prevalecerem sobre a cooperação económica.

“Estado deve ser facilitador da atividade económica”

“Lembro que Donald Trump defendeu a aplicação de uma tarifa universal de 10 a 20% sobre todos os produtos importados, o que teria um impacto brutal na economia europeia e na portuguesa em particular”, alertou Moreira. O autarca mostrou-se preocupado com as restrições ao comércio internacional” quando Portugal depende muito das exportações. Por isso, defendeu, “há que criar condições para reforçarmos a nossa competitividade internacional e diversificarmos os mercados de destino das nossas exportações”.

A solução passa por “termos um Estado facilitador da atividade económica” e que crie um “ambiente administrativo, legal e fiscal que promova o investimento e torne os nossos produtos mais competitivos” por forma a atrair mais investimento. Importa também ter menos burocracia e carga fiscal, além de mais descentralização administrativa e territorial.

Moreira disse que Portugal pode sair beneficiado com a conjuntura geopolítica que “não favorece a deslocalização da produção para Oriente nem a dependência de cadeias de abastecimento longas”.

Em matéria de atração de investimento, o autarca citou a Invicta como um exemplo de sucesso a seguir, alicerçada no talento e no dinamismo do ecossistema local, e de como as cidades podem ajudar o país. Mas para que tal aconteça, apontou, “é necessário fortalecer as instâncias de poder local e regional com mais competências administrativas, massa crítica e recursos financeiros”.

No caso do Porto os números falam por si: desde a sua criação, em 2015, a InvestPorto — agência municipal de captação de investimento — contabiliza 1,8 mil milhões de euros de investimento e a mais de 22 mil empregos criados.

O sucesso da estratégia municipal na promoção do investimento direto estrangeiro chamou a atenção da fDi Intelligence, do grupo Financial Times, colocando o Porto, durante três anos consecutivos, no topo das cidades e regiões europeias do futuro.

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Taxas do crédito da casa descem para novos mínimos de mais de ano e meio

  • Lusa
  • 3 Dezembro 2024

A Euribor desceu esta terça-feira, 3 de dezembro, a três, seis e 12 meses, atingindo novos mínimos desde março de 2023 e dezembro e setembro de 2022, respetivamente.

A Euribor desceu esta terça-feira a três, seis e 12 meses para novos mínimos desde março de 2023 e dezembro e setembro de 2022, respetivamente. Com estas alterações, a taxa a três meses, que recuou para 2,879%, continuou acima da taxa a seis meses (2,634%) e da taxa a 12 meses (2,356%).

  • Euribor a seis meses: atualmente a mais usada em Portugal nos créditos à habitação com taxa variável, desceu esta terça-feira para 2,634%, menos 0,041 pontos e um novo mínimo desde 20 de dezembro de 2022.
  • Euribor a 12 meses: também caiu esta terça-feira, para 2,356%, menos 0,075 pontos, um novo mínimo desde 20 de setembro de 2022.
  • Euribor a três meses: desceu para 2,879%, menos 0,045 pontos do que na sessão anterior e um novo mínimo desde 17 de março de 2023.

A média da Euribor em novembro desceu a três, a seis e a 12 meses, menos acentuadamente do que em outubro e com mais intensidade no prazo intermédio. A média da Euribor em novembro desceu 0,160 pontos para 3,007% a três meses (contra 3,167% em outubro), 0,214 pontos para 2,788% a seis meses (contra 3,002%) e 0,185 pontos para 2,506% a 12 meses (contra 2,691%).

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António Mota distinguido com o prémio Lifetime Achievement na Fábrica 2030

O líder desempenhou funções executivas no grupo Mota-Engil até janeiro de 2023. Lamenta, no seu longo percurso, nunca ter feito nenhuma obra em Espanha.

O ex-presidente da Mota-Engil, António Mota, foi distinguido esta terça-feira com o prémio Lifetime Achievement na conferência Fábrica 2030. O galardão, entregue pelo ECO, pretende distinguir os empresários que assumem riscos, criam valor, e contribuem para o crescimento económico e prosperidade do país.

Tenho uma derrota monumental na minha vida”, diz António Mota. O ex líder enumera que na “construção trabalhamos na África toda, mas nunca estivemos em Espanha“. Lamenta que a “Mota-Engil nunca tenha conseguido lá entrar” e “nunca tenha feito nenhuma obra”, destacando “temos de arranjar forma de irmos para lá ou eles não virem para cá“, disse António Mota numa intervenção durante a 7.ª edição da Fábrica 2030, uma conferência organizada pelo ECO na Alfândega do Porto, após receber o galardão.

O primeiro-ministro garante que “Portugal continua a trabalhar com o Governo espanhol para que essas barreiras não existam”, destacando que “não devemos esmorecer”. “Temos de ver se conseguimos não fechar as portas aos nossos vizinhos (pois esse não é o nosso espírito), mas exigir reciprocidade na abertura da porta e podermos também competir do outro lado da fronteira com as mesmas armas”, afirma Luís Montenegro.

Luís Montenegro, que marcou presença na conferência, deu os parabéns ao gestor “pelo emprenho e inspiração que transmite a todos e ao setor” da construção.

António Manuel Queirós Vasconcelos da Mota nasceu em 1954 em Amarante, em criança sonhava ser bombeiro, polícia e engenheiro, mas acabou por tornar-se empresário. Licenciou-se em Engenharia Civil, pela Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto e iniciou a sua carreira em 1976 como estagiário na Mota & Companhia, exercendo atividade em diversas direções operacionais da empresa. Em 1981 assumiu a direção geral da Mota & Companhia e em 1995 sucedeu ao pai ao assumir a presidência da empresa fundada em 1946.

António Mota foi considerado o líder e promotor de uma estratégia de internacionalização que elevou a Mota-Engil a tornar-se uma das 25 maiores construtoras europeias. Após a fusão dos grupos Mota e Engil, no ano de 2000, assumiu a presidência da Mota-Engil SGPS, cargo que exerceu até janeiro de 2023.

O ano passado, António Mota entregou a liderança da empresa ao sobrinho Carlos Mota Santos, que pertence à terceira geração.

Nos primeiros seis meses do ano, o lucro líquido da Mota-Engil disparou 65% em termos homólogos para 49 milhões de euros, impulsionado por um novo recorde na faturação, enquanto a carteira de encomendas aumentou, com um montante de novos contratos de 3,3 mil milhões no primeiro semestre.

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Rachel Muller é a nova diretora-geral da Nestlé Portugal

É a segunda vez em 100 anos de história da filial portuguesa da multinacional que uma mulher assume a direção-geral da companhia.

Rachel Muller é a nova diretora-geral da Nestlé Portugal

Rachel Muller, atualmente vice-presidente de operações para a América Latina, será, a partir de 1 de fevereiro, a nova diretora-geral da Nestlé Portugal, em substituição de Anna Lenz, que foi promovida em outubro. É a segunda mulher à frente da Nestlé Portugal.

“Assumir este novo cargo e liderar a Nestlé Portugal é uma honra e um privilégio que me enche de entusiasmo. Estou ansiosa para dar continuidade ao excelente trabalho realizado até agora, contribuindo para levar esta empresa a novos patamares de sucesso, e, também, para conhecer de perto as pessoas por detrás de toda esta dedicação e fantástica reputação”, diz Rachel Muller num comunicado.

“O meu compromisso é manter o legado de excelência e inovação que foi estabelecido, procurando incessantemente novas oportunidades de crescimento e de criação e partilha de valor económico, social e ambiental no país. Com uma equipa talentosa e dedicada ao meu lado, estamos prontos para enfrentar os desafios do mercado português, reforçar a excelente relação com os nossos parceiros no retalho e no HORECA e superar as expectativas dos nossos consumidores”, continua.

“Acredito na importância de uma visão holística em toda a cadeira de valor (farm to fork) e tenho como objetivo fortalecer ainda mais a nossa posição como líderes, priorizando as nossas pessoas, as comunidades e o planeta, e investindo nos nossos produtos e nas nossas marcas, trazendo novas soluções que ajudem a impulsionar o nosso crescimento sustentável. Juntos, vamos continuar a construir um futuro brilhante para a Nestlé Portugal, mantendo o nosso compromisso inabalável de desenvolver o poder da alimentação para melhorar a qualidade de vida de todos, hoje e para as gerações futuras”, conclui.

A nova diretora-geral da Nestlé Portugal era, desde agosto de 2023, vice-presidente de operações na América do Sul, responsável pelo Brasil, Chile, Plata Region e Perú-Bolívia. A profissional brasileira de 49 anos muda-se da Suíça para Portugal para liderar a filial portuguesa a partir de fevereiro, substituindo Anna Lenz que, desde julho de 2022, liderava a empresa. Lenz assume em janeiro como responsável mundial de recursos humanos do grupo e membro do comité executivo da Nestlé.

“Sinto-me grata e honrada pelo percurso que fiz no mercado português. Sou muito apaixonada por Portugal, pelo negócio e, sobretudo, pelas pessoas. Foram anos bastante enriquecedores e memoráveis, tanto na perspetiva profissional, como pessoal. Ao longo deste tempo, tive a honra de liderar uma equipa excecional e trabalhar ao lado de profissionais talentosos, cuja dedicação e paixão por este mercado foram fundamentais para o nosso sucesso. Por ter este carinho e apreço tão especial pela Nestlé em Portugal, tenho a certeza que não poderia ter sido escolhida pessoa mais indicada para me suceder. Estou muito confiante na visão e no sucesso que a Rachel irá trazer à Nestlé Portugal”, diz Anna Lenz, citada em comunicado.

Licenciada em Odontologia com pós-graduação em Comunicação e Marketing, Rachel Muller começou a sua carreira no McCann Worldgroup e chegou à Nestlé no México em 2010, como dairy consumer marketing manager. Em 2014, foi nomeada executive marketing manager dairy na Nestlé Brasil e, quatro anos depois, promovida a business executive officer coffee, com responsabilidade pelas marcas Nescafé, Nescafé Dolce Gusto e Starbucks, tendo em janeiro de 2022, adicionado o segmento de beverages & cereals às suas responsabilidades na companhia.

Em Portugal, a profissional vai liderar uma empresa com atualmente 2.594 colaboradores, tendo gerado em 2023 um volume de negócios de 711 milhões de euros. No país a multinacional tem duas fábricas (Porto e Avanca), um centro de distribuição (Avanca) e cinco delegações comerciais espalhadas pelo Continente e pelas ilhas.

(Última atualização às 11h03)

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Tribunal Europeu dos Direitos Humanos rejeita queixa de Ricardo Salgado

  • Lusa
  • 3 Dezembro 2024

O TEDH rejeitou a queixa de Salgado, que alegava que declarações do Governador do Banco de Portugal tinham violado o seu direito a uma presunção de inocência independente e imparcial.

O Tribunal Europeu dos Direitos Humanos rejeitou a queixa do ex-banqueiro Ricardo Salgado, que alegava que declarações do Governador do Banco de Portugal tinham violado o seu direito a uma presunção de inocência independente e imparcial.

No acórdão publicado esta terça-feira na sua página oficial, o Tribunal Europeu dos Direitos Humanos (TEDH), com sede em Estrasburgo, “decidiu, por unanimidade, que não houve violação” dos artigos que dizem respeito ao direito a um processo equitativo e à presunção de inocência, prevista da Convenção Europeia dos Direitos Humanos.

A queixa foi apresentada em 2019 pelo antigo presidente do Banco Espírito Santo (BES), alvo de processos criminais e contraordenacionais depois do colapso do grupo financeiro, que alegava que, devido a várias declarações públicas feitas pelo Governador do Banco de Portugal, não foi ouvido de forma justa por um tribunal independente e imparcial e que o seu direito à presunção da inocência foi prejudicado.

No entanto, o TEDH considerou “que as declarações do Governador do BdP não violam o direito do recorrente a um processo equitativo”, rejeitando que Ricardo Salgado não tivesse tido um processo justo.

A decisão conhecida esta terça-feira foi tomada por unanimidade pelos sete juízes que analisaram a queixa: o presidente Lado Chanturia (da Geórgia), Ana Maria Guerra Martins (de Portugal), Faris Vehabović (da Bósnia e Herzegovina), Tim Eicke (Reino Unido), Lorraine Schembri Orland (Malta), Anne Louise Bormann (Dinamarca), Sebastian Răduleţu (Roménia), e Simeon Petrovski (secretário de secção adjunto).

Em causa estava um processo avançado pelo BdP que resultou na aplicação de uma multa de quatro milhões de euros ao antigo banqueiro, em setembro de 2020, mas Ricardo Salgado alegou que não tinha sido ouvido neste processo por “um tribunal independente e imparcial”.

Sobre a acusação de falta de imparcialidade do BdP, o Tribunal de Justiça considerou que Ricardo Salgado beneficiou de “um controlo jurisdicional de alcance suficiente”.

Ricardo Salgado foi presidente do conselho de administração do BES e do Espírito Santo Financial Group S.A. (“ESFG”) até 2014, quando o BES registou um prejuízo de cerca de 3.577 milhões de euros.

Em agosto de 2014, o BdP decidiu tomar medidas de resolução relativamente ao BES, “facto que anunciou durante uma conferência de imprensa realizada por cinco membros do seu conselho de administração”, refere o Tribunal Europeu, recordando que algumas das declarações foram proferidas pelo governador do BdP, Carlos Costa.

Entre 2014 e 2015, o BdP realizou vários inquéritos e os investigadores apresentaram em 2018 as suas alegações, que foram dadas a conhecer a Ricardo Salgado.

Em 2020, o BdP aplicou uma coima de quatro milhões de euros a Ricardo Salgado, bem como duas sanções adicionais.

Ricardo Salgado começou por impugnar a decisão junto do Tribunal da Concorrência, Regulação e Supervisão (TCCR) e requerer a retirada de Carlos Costa na qualidade de governador do BdP, mas o tribunal indeferiu o pedido, confirmando a coima e as sanções acessórias.

O ex-banqueiro decidiu então interpor recurso da decisão para o Tribunal da Relação de Lisboa, que o indeferiu, tendo então a equipa do ex-banqueiro decidido recorrer para o Tribunal Constitucional, que considerou o recurso inadmissível.

Em junho de 2019, Ricardo Salgado queixou-se ao tribunal europeu de não ter sido ouvido por um tribunal independente e imparcial por causa das declarações do governador.

Ricardo Salgado alegou ainda que as declarações feitas pelo governador antes e durante o processo administrativo “tinham prejudicado o seu direito à presunção de inocência”.

No entanto, o Tribunal de Justiça não deu razão a Ricardo Salgado, recordando que Carlos Costa já não era governador quando foi adotada a resolução do Conselho de Administração do BdP, em setembro de 2020.

Além disso, Ricardo Salgado já tinha contestado a decisão do BdP, recorrendo a vários organismos que indeferiram sempre o seu pedido.

O Tribunal Europeu acrescenta ainda que as afirmações censuradas não se referiam especificamente a Ricardo Salgado, mas à situação geral do BES e, quando foram feitas, “não eram suscetíveis de levar a opinião pública a pensar que o recorrente tinha cometido as infrações administrativas em causa”.

(Notícia atualizada às 12h20)

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Threads ganha 35 milhões de utilizadores em novembro, beneficiando dos abandonos do X

  • + M
  • 3 Dezembro 2024

O Threads tem registado um milhão de novos registos na rede social diariamente, ao longo dos últimos três meses. Está a ser o maior beneficiado do abandono do X por parte de vários utilizadores.

A rede social Threads tem-se firmado como o principal concorrente do X (ex-Twitter), tendo divulgado recentemente um incremento de 35 milhões de novos utilizadores em novembro.

A taxa de crescimento do Threads – que viu a sua base de utilizadores crescer em 15 milhões entre 1 e 14 de novembro – aumentou ainda nos 10 dias seguintes, durante os quais foram registados 20 milhões novos utilizadores, segundo Andy Stone, porta-voz da Meta, dona do Threads mas também de outras redes sociais como o Instagram, Facebook e Whatsapp, conforme citado pela Axios.

Stone também avançou que, nos últimos três meses, têm ocorrido cerca de um milhão de novos registos na rede social diariamente. Embora não seja possível apurar quantos destes novos utilizadores são ex-utilizadores do X, este crescimento é encarado como um sintoma do abandono do X por parte de vários utilizadores, que estão a optar por se distanciar da rede social de Elon Musk, um dos maiores apoiantes do recém-eleito presidente dos EUA, Donald Trump.

Vale a pena lembrar que, logo no dia a seguir às eleições norte-americanas (6 de novembro), cerca de 281.600 utilizadores desativaram as suas contas na rede social X através da web. Em proporção, este efeito de desistências foi ainda mais expressivo nos EUA, com cerca de 115 mil pessoas a terem desativado as suas contas nos EUA através da web nesse dia, o número mais alto desde que Elon Musk adquiriu a plataforma em 2022, segundo a análise da Similarweb.

 

Em simultâneo, e ao ter ultrapassado recentemente os 20 milhões de utilizadores, a rede social Bluesky tem crescido – e feito um esforço na divulgação desse crescimento – mas é ainda de pequena dimensão quando comparada com o Threads.

Tanto o Threads como o Bluesky têm, portanto, beneficiado das “polémicas” ou “constrangimentos” que têm afetado o X. quando ocorreu o bloqueio da rede social de Musk no Brasil, em setembro, outras redes sociais – como o Threads e o Bluesky – viram as suas bases de utilizadores crescerem.

Em agosto deste ano, o Threads contava com 175 milhões de utilizadores mensais ativos a nível mundial, segundo tinha anunciado na própria rede social Mark Zuckerberg, CEO da Meta.

Recorde-se que a mais recente rede social da Meta foi lançada a 5 de julho de 2023 para competir com o X (ex-Twitter) e registou dez milhões de perfis em sete horas. Já a marca de 100 milhões de utilizadores foi superada em apenas cinco dias.

No entanto, o sucesso parecia ser efémero, com a plataforma a registar, no mês seguinte, um decréscimo de 79% de utilizadores ativos, segundo anunciava um estudo da Similarweb. Embora a adesão de novos utilizadores à nova rede social da Meta tenha sido grande aquando o seu lançamento, muitos destes utilizadores não se “fidelizaram”.

Recorde-se que embora lançada em julho do ano passado a nível internacional, a implementação da rede social Threads em vários países da Europa (incluindo Portugal), só ocorreu no final do ano, uma vez que as entidades europeias colocaram entraves ao seu lançamento no continente por ser obrigatório o utilizador ter uma conta de Instagram para poder criar um perfil no Threads.

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Moções de censura contra o Governo francês votadas esta quarta-feira

  • Joana Abrantes Gomes
  • 3 Dezembro 2024

As moções de censura apresentadas pela esquerda e pela extrema-direita contra o Governo francês serão debatidas na quarta-feira, às 16 horas locais (15 horas em Lisboa), na Assembleia Nacional.

Com o Governo francês preso por um fio, o debate e a votação das moções de censura apresentadas pela esquerda e pelo partido de extrema-direita Rassemblement National (RN) estão agendados para as 16 horas (15 horas em Lisboa) de quarta-feira, avança a agência France-Presse, citando fontes parlamentares.

Enquanto a Nova Frente Popular (NFP) não deverá apoiar a moção do Rassemblement National, o partido de extrema-direita de Marine Le Pen já anunciou que vai votar a favor da moção apresentada pela aliança de partidos de esquerda, o que, a confirmar-se, levará à queda do Governo de Michel Barnier, no que seria o mandato mais curto desde a fundação da Quinta República em 1958.

As moções de censura foram apresentadas após o primeiro-ministro francês, Michel Barnier, ter recorrido ao n.º 3 do artigo 49.º da Constituição para conseguir aprovar o Orçamento da Segurança Social para o próximo ano, face à ausência de maioria na Assembleia Nacional.

Segundo explica o Le Monde, a primeira moção a ser votada é a da Nova Frente Popular, por ter o maior número de signatários. Caso tenha os votos necessários para a sua aprovação (de, pelo menos, metade mais um dos 577 deputados), a moção apresentada pelo RN não será posta a votação.

Porém, se se confirmar a queda do Governo, o Presidente francês, Emmanuel Macron, não poderá dissolver a Assembleia Nacional nem marcar eleições antecipadas antes de julho do próximo ano, uma vez que a Constituição prevê um período mínimo de um ano entre eleições.

Macron terá, assim, de nomear um novo primeiro-ministro ou reconduzir Michel Barnier no cargo, mas o risco de uma nova moção de censura é muito elevado em qualquer um dos cenários, perante uma Assembleia Nacional dividida entre esquerda, centro-direita e extrema-direita, nenhum dos quais em maioria.

Deste modo, parece pouco provável que a França venha a ter um Orçamento do Estado para 2025. A Constituição do país prevê uma “lei especial” que permite que o orçamento do ano anterior transite para o novo ano durante alguns meses, mas, como lembra o banco ING, tal não irá retificar a trajetória das finanças públicas, prevendo-se que o défice ultrapasse os 6% do PIB em 2024.

O Governo de Barnier esperava baixar o défice para 5% até 2025, mas sem um orçamento votado em 2025, este objetivo não será atingido. “O orçamento provisório será ligeiramente restritivo, uma vez que os escalões de impostos não serão ajustados à inflação, mas não irá conter quaisquer medidas de poupança real”, assinala o banco neerlandês.

Face ao impasse político, o spread entre as obrigações soberanas de França a 10 anos e as bunds alemãs alargou-se mais sete pontos base na segunda-feira, atingindo os 88 pontos base. Esta terça-feira, continua a rondar os 86,8 pontos base, espelhando o risco de instabilidade na segunda maior economia da Zona Euro.

(Notícia atualizada pela última vez às 11h30)

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China anuncia restrições às exportações de metais essenciais para os Estados Unidos

  • Lusa
  • 3 Dezembro 2024

Pequim decidiu proibir a exportação de gálio, germânio ou antimónio, metais essenciais para o fabrico de semicondutores ou baterias, seja para uso civil e militar.

A China anunciou esta terça-feira que vai restringir as exportações para os Estados Unidos de gálio, germânio, antimónio e grafite, metais essenciais para o fabrico de semicondutores ou baterias, tanto para uso civil como militar.

A medida, que entra em vigor esta terça-feira, surge depois de Washington ter anunciado novas restrições tecnológicas contra a China para limitar a sua capacidade de desenvolver semicondutores avançados, o que Pequim denunciou como “um ato de coerção económica”.

O Ministério do Comércio declarou em comunicado que vai proibir a exportação de gálio, germânio ou antimónio com “dupla utilização civil e militar”, ao mesmo tempo que será “mais rigoroso” na exportação de grafite.

A pasta argumentou que tomou esta medida “a fim de proteger a segurança e os interesses da China” e “cumprir as obrigações internacionais como a não-proliferação”.

“Qualquer organização ou indivíduo de qualquer país ou região que viole as disposições acima referidas e transfira ou forneça artigos de dupla utilização originários da República Popular da China a organizações ou indivíduos nos Estados Unidos será responsabilizado nos termos da lei”, advertiu a nota.

Um porta-voz do Ministério disse que, nos últimos anos, os EUA “politizaram a utilização de conceitos como o de segurança nacional para restringir a exportação de bens para a China” e “colocaram empresas chinesas na lista de sanções para as reprimir”.

“Os EUA prejudicaram seriamente os direitos e interesses legítimos destas empresas, bem como a estabilidade das cadeias industriais e de abastecimento globais”, afirmou.

Em julho passado, a China anunciou restrições gerais à exportação de gálio e germânio, dois metais essenciais para o fabrico de semicondutores, um produto que está no centro das tensões comerciais e tecnológicas entre Pequim e Washington.

A China é o maior produtor mundial destes dois elementos, sendo responsável pela produção de mais de 95% do gálio e 67% do germânio.

Em agosto, Pequim anunciou a imposição de restrições à exportação de antimónio, um metal utilizado em vários setores industriais, como o fabrico de baterias e de retardadores de chama, e de outros elementos estratégicos. Em outubro, adotou ajustamentos nas suas políticas de controlo das exportações relacionadas com produtos de grafite, em nome da “segurança nacional”.

O país asiático, principal produtor mundial de grafite, controla uma parte significativa do mercado mundial.

Estas novas restrições vêm juntar-se a uma série de medidas semelhantes aplicadas por Pequim nos últimos meses, como a proibição das exportações de tecnologia de fabrico de ímanes de terras raras.

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Valor de referência do CSI aumenta para 630 euros mensais a partir janeiro

O Governo publicou uma portaria que atualiza o valor de referência do Complemento Solidário para Idosos (CSI) em 4,99%. Prestação passa para 630 euros mensais a partir de 1 de janeiro de 2025.

A partir de 1 de janeiro de 2025 o Complemento Solidário para Idosos (CSI) vai subir para 630 euros por mês. Os ministros das Finanças e do Trabalho publicaram uma portaria que atualiza em 4,99% este apoio, que corresponde a um aumento de 30 euros mensais.

“O valor de referência do Complemento Solidário para Idosos […] é fixado em 7.568 euros”, lê-se no diploma disponibilizado esta terça-feira em Diário da República. Em termos absolutos, o aumento equivalente a 360 euros anuais face ao valor atual.

Esta atualização representa mais um passo para o “aumento gradual do valor de referência do CSI para o valor de 820 euros em 2028”, uma das medidas emblemáticas do atual Governo para os idosos.

Logo em maio, pouco depois de ter assumido funções, o Governo publicou uma portaria que atualizava o valor de referência do CSI em 9,1%, um aumento de 50 euros mensais que elevou o apoio de 550 para 600 euros mensais, o equivalente a 7.208 euros anuais. Este aumento entrou em vigor no dia 1 de junho.

Com o novo aumento de 30 euros mensais, a prestação deverá ser revista em janeiro “em função do novo valor de referência e dos rendimentos dos beneficiários”.

Esta não foi a única mexida do Governo no CSI. Outra alteração implementada foi a eliminação do rendimento dos filhos na avaliação dos recursos dos beneficiários. Esta alteração também entrou em vigor em junho e fez com que o rendimento dos filhos deixasse de ser considerado para efeitos de “atribuição e reavaliação” da prestação do CSI.

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