Costa rejeita que haja problema na Justiça e defende campanha afastada da questão

  • Lusa
  • 18 Fevereiro 2024

"Acredito que não há problema com o sistema de justiça em Portugal, o problema está em compreender os tempos da justiça", afirmou, em entrevista ao La Vanguardia.

O primeiro-ministro, António Costa, rejeita que haja um problema no sistema de Justiça e defende uma campanha eleitoral afastada destas questões, em entrevista ao jornal espanhol La Vanguardia, publicada hoje.

“Acredito que não há problema com o sistema de justiça em Portugal, o problema está em compreender os tempos da justiça. O início de uma investigação não deve ser confundido com uma condenação. Esse é um dos problemas”, afirmou António Costa, questionado sobre os processos judiciais que levaram à sua demissão e consequente convocação de eleições legislativas antecipadas e à ‘queda’ do Governo Regional da Madeira.

O primeiro-ministro vincou que nunca se deve esquecer o princípio jurídico da presunção de inocência, dizendo acreditar que a justiça está a fazer o seu trabalho e que estas questões devem ser mantidas fora da campanha eleitoral.

“Podemos discutir sobre a política da justiça, mas não sobre a justiça em si. Podemos discutir sobre os meios de justiça, mas o sistema deve ser respeitado“, defendeu.

António Costa considerou que a opinião pública se rege por tempos diferentes dos da justiça e reiterou que o funcionamento do sistema deve ser respeitado, para que não se volte à Idade Média, quando a justiça se fazia na praça pública.

Questionado sobre o crescimento dos populismos e da extrema direita na Europa, o primeiro-ministro admitiu que o contexto inflacionista e geopolítico cria “um território fácil” para estes fenómenos, que só apresentam “soluções fáceis à base de palavras”.

No entanto, lembrou que “palavras fáceis leva-as o vento”, pelo que não acredita que Portugal fique dependente da extrema-direita após as eleições de 10 de março.

“É verdade que o populismo cresceu, mas a minha convicção é que, à medida que nos aproximamos das eleições, esse crescimento diminuirá“, realçou o primeiro-ministro.

Questionado sobre a possibilidade de um acordo entre PS e PSD, Costa lembrou que isso só aconteceu uma vez, em 1983, mas não acredita que agora seja essa a opção.

Relativamente a políticas europeias, questionado sobre a possibilidade da introdução de exigências de maiores gastos militares no consenso democrático europeu, o primeiro-ministro defendeu uma Europa forte e isso inclui a defesa.

Todos nós estamos agora preocupados com o risco do regresso do candidato de Putin à presidência dos Estados Unidos. Isso seria trágico para o mundo. Mas isso mostra que temos de ter uma Europa forte”, apontou.

quanto à disponibilidade para desempenhar um cargo europeu nos próximos tempos, António Costa disse que não é tempo de especular sobre o futuro.

A minha vida não depende só de mim. […] O mais importante é que em junho [nas eleições europeias] haja uma maioria clara de apoio ao projeto europeu. Estamos perante desafios muito grandes”, rematou.

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Bruxelas vai aplicar primeira coima à Apple, 500 milhões por abuso no ‘streaming’

  • ECO
  • 18 Fevereiro 2024

Comissão Europeia acusa a Apple de abusar da sua posição de poder e de impor práticas comerciais anticoncorrenciais aos seus rivais, afirmaram as pessoas a par do caso, noticia o FT.

Bruxelas vai aplicar a primeira coima à Apple por alegadamente ter infringido a legislação comunitária sobre o acesso aos seus serviços de streaming de música, noticiou este sábado o Financial Times, citando cinco pessoas com conhecimento direto da longa investigação.

A coima, que ronda os 500 milhões de euros e deverá ser anunciada no início do próximo mês, é o culminar de uma investigação da Comissão Europeia sobre se a Apple utilizou a sua própria plataforma para favorecer os seus serviços em detrimento dos da concorrência.

Segundo o FT, a investigação está a averiguar se a Apple impediu as aplicações de informar os utilizadores do iPhone sobre alternativas mais baratas para aceder a assinaturas de música fora da App Store. A investigação foi lançada depois de a aplicação de streaming de música Spotify ter apresentado uma queixa formal aos reguladores em 2019.

A Comissão decidirá que as ações da Apple são ilegais e vão contra as regras do bloco que impõem a concorrência no mercado único, disseram as pessoas familiarizadas com o caso ao FT. A Comissão vai proibir a prática da Apple de impedir que os serviços de música permitam que os utilizadores fora da sua App Store mudem para alternativas mais baratas.

Bruxelas acusará a Apple de abusar da sua posição de poder e de impor práticas comerciais anticoncorrenciais aos seus rivais, afirmaram as pessoas a par do caso, acrescentando que a UE dirá que as condições impostas pelo gigante da tecnologia são “condições comerciais desleais”.

A Apple, que pode recorrer aos tribunais da UE, não quis fazer comentários ao FT, mas recordou uma declaração de há um ano, em que se dizia “satisfeita” com o facto de a Comissão ter restringido as acusações e afirmou que iria dar resposta às preocupações, promovendo simultaneamente a concorrência. A Comissão Europeia recusou-se a comentar.

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Associação de juízes denuncia manobras impróprias contra juiz do caso da Madeira

  • Lusa
  • 18 Fevereiro 2024

A deliberação do conselho geral da ASJP surge na sequência de uma nota divulgada na sexta-feira pela Procuradoria-Geral da República, na qual contestou o entendimento do juiz Jorge Bernardes de Melo.

A Associação Sindical de Juízes Portugueses (ASJP) denuncia manobras impróprias para atacar o juiz de instrução que interrogou os três arguidos suspeitos de corrupção na Madeira e acabou por decidir libertá-los após três semanas de detenção.

“Sem prejuízo do escrutínio livre e democrático da ação da justiça, inteiramente legítimo e salutar, são impróprias todas as manobras, vindas de onde vierem, visando descredibilizar publicamente o juiz, seja para obter vantagem no processo ou por qualquer outra razão. Os casos judiciais não são ‘guerras’ entre sujeitos processuais nem se decidem nas páginas dos jornais ou nos programas de televisão e rádio”, denunciou hoje em comunicado.

A deliberação do conselho geral da ASJP surge na sequência de uma nota divulgada na sexta-feira pela Procuradoria-Geral da República (PGR), na qual contestou o entendimento do juiz Jorge Bernardes de Melo de não haver indícios de crimes do agora ex-autarca do Funchal Pedro Calado e dos empresários Avelino Farinha e Custódio Correia, lembrando que outros cinco juízes de instrução tinham anteriormente tomado decisões sob a convicção de existirem indícios criminais.

O Ministério Público (MP), que tinha pedido a prisão preventiva dos três suspeitos, lamentou nessa mesma nota a demora do interrogatório e assumiu que as procuradoras do caso alertaram o juiz para dar maior rapidez aos trabalhos e fizeram uma exposição ao Conselho Superior da Magistratura (CSM), que, entretanto, já descartou a abertura de um inquérito a Jorge Bernardes de Melo.

A ASJP admitiu a sua “estranheza e preocupação” com a demora do interrogatório e o “tempo excecionalmente longo e excessivo” que os três arguidos estiveram detidos, mas rejeitou a condenação pública do juiz sem se esclarecer a situação e assinalou que o despacho das medidas de coação é passível de recurso para a Relação de Lisboa.

“Não tendo sido ainda conhecidas as causas processuais dessa demora, quem lhes deu origem e em que medida, até que sejam apuradas, é no mínimo leviano e precipitado tirar já conclusões e atribuir responsabilidades”, vincou o organismo sindical, que reiterou ainda a importância de ser feita “uma ponderação sobre as práticas e as normas aplicáveis” para evitar a repetição de situações como a do caso da Madeira.

Nos últimos dias, vários órgãos de comunicação social tinham noticiado também que uma procuradora do caso tinha sido testemunha contra o juiz de instrução num processo disciplinar há alguns anos, quando Jorge Bernardes de Melo ainda não estava no Tribunal Central de Instrução Criminal (TCIC).

Sobre esta matéria, o CSM respondeu à Lusa que “nada consta no registo disciplinar do juiz” e que, “a ter existido, terá sido cancelado nos termos do artigo do estatuto que prevê esse cancelamento após determinado lapso temporal”, invocando “o direito ao esquecimento”.

Perante este contexto, a ASJP veio realçar que o atual sistema de colocação dos juízes assenta em concursos anuais com classificações de serviço e antiguidade, pelo que “garante, à partida, que todos os juízes têm a qualificação necessária para o exercício das funções que lhes estão legalmente atribuídas nos processos sob a sua responsabilidade”.

A PJ realizou, em 24 de janeiro, cerca de 130 buscas domiciliárias e não domiciliárias, sobretudo na Madeira, mas também nos Açores e em várias zonas do continente, no âmbito de um processo que investiga suspeitas de corrupção ativa e passiva, participação económica em negócio, prevaricação, recebimento ou oferta indevidos de vantagem, abuso de poderes e tráfico de influência.

A investigação atingiu também o então presidente do Governo Regional da Madeira (PSD/CDS-PP), Miguel Albuquerque, que foi constituído arguido e acabou por renunciar ao cargo, o que implicou a demissão do executivo madeirense.

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Galiza vota com PP e nacionalistas a aspirarem liderar Xunta

  • Lusa
  • 18 Fevereiro 2024

Caso o PP não consiga a maioria absoluta, abre-se a possibilidade de, pela primeira vez na história, haver um governo regional liderado por um partido nacionalista.

A região espanhola da Galiza, na fronteira com o Norte de Portugal, vota hoje numas eleições autonómicas que, segundo as últimas sondagens, vencerá de novo o Partido Popular (PP, direita) mas sem certezas de alcançar uma maioria absoluta.

Caso o PP não consiga hoje a quinta maioria absoluta consecutiva, abre-se a possibilidade de, pela primeira vez na história, haver um governo regional (conhecido como Xunta) liderado por um partido nacionalista, o Bloco Nacionalista Galego (BNG, esquerda).

O BNG é o segundo maior partido na Galiza e poderia liderar a Xunta em coligação com os socialistas (PSdeG-PSOE), num acordo pós-eleitoral que ambos admitem, para tirar a direita do poder.

O PP venceu todas as eleições autonómicas na Galiza até hoje e segundo as últimas sondagens (publicadas na segunda-feira) o mesmo voltará a acontecer hoje, com a eleição de entre 36 e 40 deputados populares. Para a maioria absoluta são necessários, pelo menos, 38.

No parlamento galego só há três partidos representados atualmente (PP, BNG e PSdeG-PSOE) e é o único em Espanha sem extrema-direita.

O PP candidata Alfonso Rueda, que assumiu a presidência da Xunta em 2022, quando Alberto Núñez Feijóo, a cara das últimas quatro maiorias absolutas na Galiza, passou a líder nacional do partido.

A sua principal adversária é Ana Pontón, do BNG, um partido nacionalista que, assumindo posições mais ao centro, desde 2016, ultrapassou os socialistas nas eleições autonómicas anteriores.

Na reta final da campanha, Rueda pediu aos apoiantes do PP para não darem a vitória por garantida e irem votar, ao mesmo tempo que tentou fazer um paralelismo entre o BNG e os separatistas catalães e bascos.

“Faço um apelo a todos os votantes do PSOE que não querem o separatismo, a todos os que querem um governo que una os galegos e aos que rejeitam uma Xunta dividida pelo separatismo”, disse Alfonso Rueda num comício na quinta-feira.

Já Ana Pontón apelou ao voto útil para tirar a direita do poder.

“Estamos muito perto da mudança”, disse na quinta-feira, acrescentando: “É o momento de todas as pessoas que querem abrir um tempo novo na Galiza, independentemente de quem votaram noutras eleições, apostarem tudo no BNG”.

A campanha destas eleições foi “nacionalizada” de forma inédita, segundo os analistas e os meios de comunicação social espanhóis, com o PP, sobretudo, a levar para os comícios e os debates temas como as alianças do primeiro-ministro socialista Pedro Sánchez com partidos independentistas e a condenação da amnistia e dos indultos de dirigentes separatistas catalães.

A última semana de campanha acabou por ficar marcada por declarações do líder do PP consideradas incoerentes com o que tem defendido nos últimos meses. Entre outras coisas, admitiu que poderia dar um indulto, sob algumas condições, ao ex-presidente do governo regional catalão Carles Puigdemont, que vive na Bélgica para fugir à justiça espanhola.

Sem sondagens desde segunda-feira, os analistas dividem-se sobre o impacto que esta polémica poderá ter no voto dos galegos. Aquilo em que coincidem é que Feijóo, que decidiu ser quase omnipresente na campanha e falhou no ano passado a conquista do Governo nacional, pode estar a arriscar nestas eleições o cargo que ocupa.

Estão convocados para votar hoje 2.693.624 eleitores, menos quase 4.000 do que nas anteriores eleições autonómicas galegas, em julho de 2020.

Os eleitores que residem na Galiza são 2.217.110, menos 17.000 do que em 2020, enquanto os que podem votar agora no estrangeiro são mais 13.000, num indicador que confirma o aumento da emigração na região nos últimos anos, um dos argumentos que o BNG usou contra o PP nesta campanha, considerando que há falta de oportunidades e que têm piorado as condições de vida na região.

Se a diferença entre PP e BNG for hoje muito curta, será preciso esperar alguns dias para conhecer os resultados do voto da emigração, que poderá ser determinante.

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Empresários de calçado fazem as malas para “chutar” falta de encomendas

Com duas estreantes na comitiva, 70 empresas dão “corda aos sapatos” em Milão para recuperar clientes internacionais. Investimento promocional de oito milhões em 2024 é “um dos maiores de sempre".

Depois de perderem dez milhões de pares de calçado na exportação durante o ano passado – as vendas no estrangeiro encolheram 8% em valor face a 2022, para um total de 1.839 milhões de euros –, os industriais portugueses começam a “dar corda aos sapatos” para tentar recuperar as encomendas perdidas nos mercados internacionais, que absorvem perto de 90% da produção nacional, com destino a 173 países nos cinco continentes.

No calendário deste ano há um conjunto de 53 ações promocionais em 18 mercados diferentes. Um número já próximo das iniciativas em que os empresários do setor chegaram a participar antes da pandemia – e bem acima das 28 e das 38 concretizadas em 2022 e em 2023. A associação do setor (APICCAPS) contabiliza ao ECO que o orçamento para 2024 ascende a oito milhões de euros, “um dos maiores investimentos de sempre”.

“Significa, desde logo, que estamos a fazer mais em matéria de promoção comercial externa. Mas ainda não é suficiente. Queremos ter mais empresas em mais ações e em mais mercados. Queremos acelerar o passo e ir à conquista de novas oportunidades. Além de consolidar a presença nos mais exigentes mercados europeus, nos dois próximos anos vamos explorar oportunidades na Europa de Leste, nos EUA, Coreia do Sul e Japão”, explica o porta-voz, Paulo Gonçalves.

Estamos a fazer mais em matéria de promoção comercial externa. Mas ainda não é suficiente. Queremos ter mais empresas em mais ações e em mais mercados. Acelerar o passo e ir à conquista de novas oportunidades.

Paulo Gonçalves

Porta-voz da associação industrial do calçado (APICCAPS)

Por outro lado, há “oportunidades em nichos específicos” a aproveitar pela indústria portuguesa, composta por mais de 1.100 empresas que empregam 36 mil pessoas. Traduzem-se no reforço da presença das empresas nacionais em certames especializados nas áreas da saúde, da segurança ou da sustentabilidade, como a Expoprotection (França), a Sicur (Espanha) e a Neonyt (Alemanha).

Alemanha, Austrália, Brasil, Canadá, Colômbia, Coreia do Sul, Dinamarca, Espanha, EUA, França, Hong Kong, Itália, Japão, Marrocos, Nova Zelândia, Países Baixos, Polónia e Reino Unido. Estes são os 18 mercados-alvo selecionados para 2024 e estão enquadrados no mais recente plano estratégico desenhado para o setor, que até 2030 quer empresários com estudos e a subcontratar mais no estrangeiro.

Apresentado em novembro de 2022, este documento mapeou até as 145 cidades no mundo que devem ser consideradas prioritárias (63% delas concentradas na Europa e nos EUA) por serem “núcleos significativos de clientes com apetência por calçado de alta qualidade, com forte componente de moda e design ou exigentes requisitos técnicos”.

calçado mercados

As três maiores empresas do cluster do calçado em Portugal continuam a ser multinacionais de origem europeia, implantadas no Norte do país desde as décadas de 70 e 80, e que em conjunto respondem por um volume de negócios superior a 180 milhões de euros e asseguram quase 2.000 postos de trabalho no país. Lidera a alemã Gabor (fábrica em Barcelos), segue-se a dinamarquesa Ecco (Santa Maria da Feira) e fecho o pódio a alemã Ara (Seia).

Paulo Gonçalves garante que o setor continua a estar “no radar de investidores estrangeiros, em especial no segmento de luxo”, notando que “praticamente todas as principais marcas à escala mundial já estão a operar direta (com fábricas) ou indiretamente (subcontratando) em Portugal”. “Procuram-nos pelo saber-fazer acumulado, capacidade de desenvolvimento, flexibilidade produtiva e, mais recentemente, por questões relacionadas com a sustentabilidade e responsabilidade social”, resume o diretor de comunicação da APICCAPS.

Quase 70 rumam a Itália com duas estreantes a bordo

Fechado o “ano mais difícil”, como classificou Luís Onofre na tomada de posse para o terceiro mandato à frente desta associação, o primeiro grande teste à retoma do mercado acontece a partir deste domingo em Milão. Quase 70 empresas viajaram até Itália para participar na Micam (calçado) e também na Lineapelle (componentes para calçado e marroquinaria) e na Mipel (acessório de pele), que na edição passada receberam mais de 42 mil visitantes profissionais oriundos de 129 países.

Paulo Gonçalves, diretor de comunicação da APICCAPS

Apostadas em “evoluir na gama e abordar clientes de maior valor”, na comitiva portuguesa seguem duas estreantes nesta que é a mais importante feira do setor a nível mundial. Fundada em 1987 em Cesar, freguesia do concelho de Oliveira de Azeméis pela mão do sócio Albino Vaz, a empresa A. Hernâni especializou-se no fabrico de calçado de senhora e vai mostrar na capital da moda italiana as coleções da marca Nano Shoes.

Outro stand inédito na Micam, que arrancou no domingo de manhã e só termina na quarta-feira, é o da Mitik, que exporta 92% dos sapatos casual de senhora e para crianças. Sediada no município vizinho de São João da Madeira, a marca pertence à Leal & Companhia, que foi criada em 1965 pelo casal Carlos e Isabel Pinho e já tem a terceira geração da família aos comandos. Emprega 45 pessoas e produz atualmente 400 pares por dia.

calçado exportações

No último ano, enquanto as exportações de calçado encolheram 8,2%, as vendas no exterior de artigos de pele e marroquinaria cresceram 14% para 310 milhões de euros, e nos componentes aumentaram 13,6% para 73 milhões de euros. Valores e competências que levam a associação a reforçar a lógica de fileira e encarar estes segmentos como “estratégicos” na afirmação da indústria nacional de calçado. Em preparação está uma campanha com o slogan “Portuguese Shoes Cluster”.

Paulo Ribeiro, vice-presidente da APICCAPS, sustenta que “um dos principais argumentos competitivos da indústria reside precisamente no facto de existir, num raio de 50 quilómetros da cidade do Porto, uma oferta variada de todo o tipo de componentes e de serviços à disposição das empresas de calçado”.

E numa altura em que “tanto se fala de produção de proximidade”, acrescenta o dono da Atlanta, que expandiu a fábrica de solas de borracha na Lixa, a indústria portuguesa é “uma das mais qualificadas do mundo, que se soube reinventar, evoluir técnica e tecnologicamente, e por isso está no radar das grandes marcas internacionais da especialidade”.

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De cortes na PAC e na inovação ao novo apoio a Kiev, como a UE esticou o orçamento europeu

  • Joana Abrantes Gomes
  • 17 Fevereiro 2024

Orçamento europeu inclui 50 mil milhões de euros em ajuda à Ucrânia, um terço dos quais pagos pelos Estados-membros. Mas há cortes em programas de saúde e investigação.

Depois de meses de resistência, a Hungria deixou cair o veto ao novo pacote de ajuda da União Europeia (UE) à Ucrânia, no valor de 50 mil milhões de euros, o que permitiu a sua aprovação, por unanimidade, na cimeira de 1 de fevereiro. Combinando 17 mil milhões de euros em subvenções e 33 mil milhões de euros em empréstimos, o apoio é criado dentro do orçamento da UE. A revisão acordada vai obrigar a um aumento das contribuições dos 27 Estados-membros, mas também cortes no financiamento de importantes programas do bloco comunitário, como o Horizonte Europa e o EU4Health.

O Parlamento Europeu e o Conselho da UE chegaram a acordo sobre o pacote de 50 mil milhões apenas cinco dias depois de o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, ter levantado o seu veto. A 6 de fevereiro concluíram as negociações da revisão intercalar do Quadro Financeiro Plurianual (QFP) 2021-2027, que, além da criação do Mecanismo de Apoio à Ucrânia, inclui um reforço das verbas para a migração, a Plataforma de Tecnologias Estratégicas para a Europa (STEP) e o apoio de emergência (por exemplo, no caso de catástrofes naturais).

A revisão do orçamento do bloco europeu dita um acréscimo de 21 mil milhões de euros nas contribuições dos países membros até ao final do período – Portugal deverá pagar 1,7% deste valor, ou seja, 357 milhões de euros. Deste montante, 17 mil milhões compõem a parcela de subvenções não reembolsáveis destinadas à Ucrânia, sobrando 4 mil milhões de euros para aumentar o financiamento de outros programas.

Contudo, foi simultaneamente acordada uma “reprogramação dos tetos de despesa para os diferentes programas” em vigor, segundo descreveu, em resposta por e-mail ao ECO, uma fonte da Secretaria de Estado dos Assuntos Europeus. Este ajustamento vai traduzir-se em cortes em quatro programas: 2.000 milhões no Horizonte Europa; 1.000 milhões no EU4Health; 700 milhões na Política Agrícola Comum (PAC); e 400 milhões na política de coesão.

São cortes lamentáveis. (…) Isto é grave, porque é um precedente e porque estão a fazer-se cortes em programas que são importantes

José Manuel Fernandes

Eurodeputado (PSD)

A par com esses cortes, a UE reafetará também 2,6 mil milhões de euros, provenientes de autorizações anuladas no âmbito do Instrumento de Vizinhança, de Cooperação para o Desenvolvimento e de Cooperação Internacional (IVCDCI) e do Instrumento de Assistência de Pré-Adesão (IPA), e outros 1,9 mil milhões de euros, que serão libertados do IVCDCI, em virtude do facto de se incluírem no Mecanismo para a Ucrânia os custos do apoio financeiro ao país decidido em 2022.

Também da Reserva de Ajustamento ao Brexit serão reafetados 600 mil milhões de euros, enquanto o montante anual destinado ao Fundo Europeu de Ajustamento à Globalização será reduzido para 30 milhões de euros a partir deste ano, o que conduzirá a poupanças globais de 1,3 mil milhões de euros no período 2021-2027, incluindo montantes caducados nos últimos três anos.

A eurodeputada Margarida Marques (PS), que esteve presente nas negociações da revisão intercalar do QFP, explica que os cortes nos fundos de coesão e na PAC – de 0,12% e de 0,17% dos respetivos montantes totais – dizem respeito a “assistência técnica”, isto é, ao financiamento gerido diretamente pela Comissão Europeia, mas quer um, quer outro não afeta os envelopes nacionais (embora impeça qualquer aumento no futuro). “O que a Comissão nos disse relativamente à coesão e à agricultura é que podia viver com esses cortes”, assinalou, em declarações ao ECO.

No caso do EU4Health, o programa da UE para a Saúde que surgiu em resposta à pandemia de Covid-19, a redução só se vai sentir no último ano, adianta Margarida Marques, justificando que nessa altura “não faz a mesma diferença que faria agora, porque normalmente [o dinheiro] acaba por ser diluído ou o programa nunca é executado a 100%”.

O Parlamento Europeu ainda conseguiu uma redução de 100 milhões de euros no corte do Horizonte Europa, mas não foi suficiente para evitar que o programa comunitário destinado a financiar a investigação e a inovação até 2027 seja a maior “vítima” deste ajustamento. “É [uma diminuição] simbólica, de 2,1 mil milhões para 2 mil milhões de euros, porque o que conseguimos foi que dinheiro não utilizado voltasse para o programa, que normalmente é uma coisa que não acontece“, aponta a eurodeputada socialista, notando que, contrariamente ao EU4Health, os cortes no Horizonte Europa vão sentir-se já a partir deste ano.

À semelhança de Margarida Marques, que lamentou não se tratar da revisão “ambiciosa” desejada pelos eurodeputados, o social-democrata José Manuel Fernandes considera os cortes “lamentáveis”: “Isto é grave, porque é um precedente e porque estão a fazer-se cortes em programas que são importantes, no caso do EU4Health para a saúde dos europeus, e no Horizonte Europa para a investigação e a inovação, que são essenciais”.

Ainda assim, ambos destacam que o novo financiamento para a Ucrânia não se faz à custa de programas europeus. “É muito importante que tenha sido criado este Mecanismo [de Apoio à Ucrânia], mas também é muito importante que tenha sido criado dentro do orçamento da União Europeia, porque é a única forma de assegurar que há controlo democrático por parte do Parlamento Europeu”, afirmou Margarida Marques, em declarações ao ECO.

Se a parcela das subvenções, no valor de 17 mil milhões de euros, será inteiramente providenciada por dinheiro novo vindo dos Estados-membros, o montante relativo aos empréstimos (33 mil milhões de euros) é garantido pela prorrogação até 2027 da atual garantia do orçamento da União, para além dos limites máximos, o que depois será integrado no programa de emissão de dívida da UE durante esse período. O objetivo, conforme anunciado pela presidente do Executivo comunitário, Ursula von der Leyen, é iniciar os pagamentos a Kiev em março.

Até à data, a UE, os 27 e as instituições financeiras europeias prestaram, em conjunto, um apoio à Ucrânia superior a 88 mil milhões de euros, o que inclui o apoio aos Estados-membros que forneceram proteção temporária a cerca de 4 milhões de refugiados ucranianos desde o início da guerra. A primeira transferência deste novo pacote só será possível após receber a ‘luz verde’ dos eurodeputados no plenário de 27 de fevereiro. Uma vez adotado, será publicado no Jornal Oficial da UE e entrará em vigor no dia seguinte, segundo informou Bruxelas.

Importa notar, porém, que os 50 mil milhões de euros não se destinam a financiar armas e munições para o país invadido pela Rússia. O envio de mais armamento está a ser negociado num plano à parte: um fundo complementar de 5.000 milhões de euros por ano ao abrigo do Mecanismo Europeu de Apoio à Paz (MEAP), num total de 20 mil milhões de euros em quatro anos, disse Charles Michel, após a cimeira europeia.

Apoio à Ucrânia dependente de reformas

Tal como os Planos de Recuperação e Resiliência elaborados pelos 27 Estados-membros no âmbito do NextGenerationEU, a Comissão Europeia está a negociar com Kiev um “Plano Ucrânia”, que vai associar o desembolso de verbas do novo pacote a projetos de reforma do país, com o objetivo de estabilizar a economia ucraniana e preparar uma futura adesão à União Europeia.

Nem o gabinete do Presidente Volodymyr Zelenskyy, nem o Ministério das Finanças ucraniano revelaram pormenores sobre a forma como os fundos europeus serão gastos. No entanto, as instâncias europeias e diplomatas ucranianos identificaram algumas prioridades: o pagamento de salários e pensões do Estado; assegurar o fornecimento regular de eletricidade e água e o funcionamento de outros serviços públicos; apoio à moeda ucraniana, a hryvnia; e a criação de uma rede de segurança para investimentos estrangeiros no país, incluindo a produção de armamento.

O regulamento do Mecanismo de Apoio à Ucrânia prevê também um sistema de indicadores para a Comissão Europeia acompanhar e avaliar a execução do plano, que terá de ser aprovado pelo Conselho Europeu por maioria qualificada. Além disso, caberá aos Estados-membros decidir sobre a aprovação ou a suspensão dos pagamentos, com base na avaliação e nas propostas do Executivo comunitário.

Os líderes dos 27 concordaram, igualmente, em realizar uma discussão anual sobre o pacote de ajuda à Ucrânia e, “se necessário”, revê-lo dentro de dois anos. Em nenhum dos cenários a Hungria poderá vetar o pacote de 50 mil milhões de euros, mas, se Bruxelas fizer essa revisão, também pode decidir que a ajuda atual não é suficiente e que é necessário aumentar o apoio a Kiev. Nesse caso, o Conselho encarregará a Comissão de elaborar propostas de revisão do financiamento no contexto do novo orçamento plurianual da UE.

Enquanto o “Plano Ucrânia” e a comissão de auditoria estão a ser implementados, ficou acordado na cimeira europeia um “financiamento intercalar excecional”, que se traduz numa antecipação de até 1,5 mil milhões de euros por mês durante um período limitado, uma vez que o anterior mecanismo de apoio da União Europeia ao país terminou em 31 de dezembro.

A eurodeputada Margarida Marques realça, por isso, a “enorme urgência” em aprovar o novo mecanismo, o que é ainda mais evidente se se tiver em conta as dificuldades de Washington em fazer aprovar no Congresso um pacote no valor de 60 mil milhões de dólares (cerca de 56 mil milhões de euros) em ajuda militar a Kiev. Embora o Senado norte-americano tenha aprovado esta semana o novo apoio à Ucrânia, o projeto de lei não deverá passar na Câmara dos Representantes, de maioria republicana.

É muito importante que tenha sido criado este mecanismo, mas também é muito importante que tenha sido criado dentro do orçamento da União Europeia. Porque é a única forma de assegurar que há controlo democrático por parte do Parlamento Europeu.

Margarida Marques

Eurodeputada (PS)

Isto agrava os receios em Bruxelas de que o bloco comunitário possa vir a ter de suportar a maior parte dos custos da guerra na Ucrânia, ainda mais se Donald Trump vencer as eleições nos EUA em novembro. Os 50 mil milhões de euros de ajuda da UE, que serão aplicados ao longo dos próximos quatro anos até 2027, não cobrem o défice de financiamento do país, que o Fundo Monetário Internacional (FMI) estima que seja superior a 40 mil milhões de dólares só este ano.

Perante este cenário, o foco começa a centrar-se em formas alternativas de angariar dinheiro, existindo já o reconhecimento de que, a dada altura, Kiev terá de aprender a manter-se de pé sozinha. “A Ucrânia precisa de se tornar mais autossustentável no futuro, uma vez que não pode continuar a financiar metade do seu orçamento através de financiamento externo“, disse Matteo Patrone, um alto funcionário do Banco Europeu para a Reconstrução e o Desenvolvimento (BERD), financiador público que trabalha com o país, citado pelo Politico.

Um dos planos em cima da mesa, explorado pelos EUA e outros países, passaria por usar os ativos russos congelados (ou os juros destes) – que, só na UE, atingem um valor de cerca de 200 mil milhões de euros – para financiar a reconstrução da Ucrânia depois da guerra. Contudo, encontra resistência entre a oposição da Alemanha, França e Itália, que temem assustar os investidores da Zona Euro e uma retaliação de Putin com ciberataques, além de que o Banco Central Europeu (BCE) já advertiu que a medida poderia prejudicar a reputação do euro “como uma moeda segura”.

Não obstante, os organismos financeiros internacionais têm alertado que uma interrupção do apoio à Ucrânia pode ser desastrosa para o país. A diretora do BERD, Odile Renaud-Basso, reconheceu que há “um risco real” de que o desmoronamento do apoio estrangeiro a Kiev pode resultar num aumento da inflação, ecoando avisos de Gavin Gray, o chefe da missão do FMI na Ucrânia, de que o abandono da Ucrânia provocaria um caos financeiro.

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Montenegro defende facilitação dos licenciamentos para combater corrupção

  • Lusa
  • 17 Fevereiro 2024

"Nós temos de dar sinais para que os nossos empresários possam multiplicar os seus investimentos e temos de dar sinais para atrair investimento estrangeiro", sublinhou o líder do PSD.

O líder do PSD, Luís Montenegro, defendeu hoje a facilitação dos processos de licenciamento, considerando que a burocracia prejudica o investimento, mas é também um “campo preferencial para a corrupção“.

Em Espinho, numa sessão de apresentação de candidatos da Aliança Democrata (AD) por Aveiro, onde marcou presença Salvador Malheiro que está a ser acusado de receber envelopes com dinheiro, em troca da adjudicação de uma obra — acusação que refuta -, Montenegro deixou claro que o país não pode ficar à espera que o tecido económico crie mais riqueza e que “por artes mágicas” seja capaz de atrair o investimento que está a ser feito em outros países da Europa.

“Nós temos de dar sinais para que os nossos empresários possam multiplicar os seus investimentos e temos de dar sinais para atrair investimento estrangeiro. E isso faz-se em primeiro lugar facilitando, no bom sentido do termo, os processos de licenciamento. Sermos menos burocratas. Aliás a burocracia para além de prejudicar o andamento dos investimentos é também um campo preferencial para haver corrupção”, defendeu.

Para Luís Montenegro, o combate à burocracia permite “simultaneamente” tornar o país mais atrativo para os investidores e retirar o que “prejudica” e “penaliza” a atividade económica “que são os fatores desviantes muito associados à burocracia e à complexidade das decisões”, acrescentou.

Ainda em matéria económica, o líder da AD deixou claro a quem critica a proposta de redução do IRC para as empresas que a baixa deste imposto não serve para “enriquecer os empresários” ou “favorecer os patrões” como muitos “de forma precipitada” e “infantil” querem dizer, mas sim para atrair mais investimento.

“Baixar os impostos significa ter mais investimento, ter mais investimento significa rentabilizar mais os negócios, maior rentabilidade significa melhores salários, significa maior valor que é entregue ao Estado para que o Estado possa depois fazer aquilo que nós propomos na saúde, na educação, na habitação, nas acessibilidades”, declarou.

Luís Montenegro acusa mesmo BE, PCP e “inexplicavelmente também o Partido Socialista, ou pelo menos este Partido Socialista”, de terem uma conceção sobre as empresas desajustada da realidade, na qual as empresas são dos empresários, defendendo que “as empresas somos todos nós”.

“Não, o conceito de empresa mudou há muito. A empresa tem um capital e o capital é propriedade de quem investe, arrisca, mas a empresa é muito mais do que isso. É os seus funcionários, a empresa é konw-how que cada um tem; a empresa é a capacidade de inovar, de investigar de fazer melhor, de comprar mais máquinas. (…) As empresas somos todos nós”, declarou.

O social-democrata considera que o país precisa de um projeto de ambição, mas simultaneamente de responsabilidade, numa altura em que, sublinha, “nunca” “pelo menos nos últimos 30 anos, seja tão claro” que opção dos portugueses nas urnas “vai ser para o que o país vai ser nos próximos 20 ou 30 anos”.

“Dizer que queremos estar na linha da frente da Europa todos somos capazes de o fazer, dizer que o Estado tem de ter meios para poder dar respostas às necessidades básicas das pessoas todos somos capazes de o fazer, mas é preciso criar, só se pode distribuir aquilo que está nas nossas mãos; nós não podemos distribuir aquilo que os outros acham na cabeça deles que é possível fazer e não é”, disse.

Nas eleições legislativas antecipadas de 10 de março, a coligação Aliança Democrática (AD) repete dois dos 22 cabeças de lista do PSD das últimas legislativas, apresentando cinco mulheres – menos uma do que em 2022 – e cinco independentes como “número um” de círculo.

Dos 22 cabeças de lista anunciados, apenas dois são atualmente deputados, precisamente os cabeças de lista repetidos: Paulo Moniz, pelos Açores, e Sónia Ramos, por Évora.

No entanto, vários já passaram pela Assembleia da República em legislaturas anteriores à atual XV e seis são autarcas em exercício, que terão de optar entre a atual função ou o lugar de deputado se forem eleitos, entre eles Emídio Sousa, presidente da Câmara Municipal de Santa Maria da Feira, cabeça de listo pelo círculo de Aveiro.

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📹 Quer mudar de comercializadora de luz? Saiba onde encontrar o código CPE

  • Capital Verde
  • 17 Fevereiro 2024

Conheça o código que identifica a sua instalação elétrica e que é solicitado no momento de mudar de comercializadora.

O Código de Ponto de Entrega (CPE) é o bilhete de identidade da sua instalação elétrica, pelo que é sempre solicitado quando chega o momento de mudar de comercializadora.

Descubra o que é este código e como pode obtê-lo, consultando o vídeo abaixo.

http://videos.sapo.pt/sLYla5lzobLmaZzTPkel

Nota: Se está a aceder através das apps, carregue aqui para ver o vídeo.

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Representante da República mantém em funções Governo Regional da Madeira

Ireneu Barreto disse que espera ainda a decisão de Marcelo Rebelo de Sousa sobre uma eventual dissolução da assembleia regional, mantendo por enquanto o atual Governo "em gestão".

O representante da República para a Madeira, Ireneu Barreto, disse este sábado que vai manter em funções o atual Governo Regional, até o Presidente da República anunciar uma decisão sobre eventuais eleições na sequência da demissão do social-democrata Miguel Albuquerque.

“Antes de tomar uma decisão solicitei uma audiência ao senhor Presidente da República, que me informou estar a ponderar e que anunciará a sua posição oportunamente“, disse Barreto num declaração no Funchal.

“Mas compete-me tomar uma decisão que, por força da Constituição não ser neste momento equacionável a realização de eleições das quais resultam um apoio político ao novo Governo”, adiantou.

Em última análise as duas opções, nomeadamente a manutenção em funções do atual Governo ou a nomeação de um novo presidente e Governo, devem ter como única prioridade os interesses dos madeirenses e porto santenses, disse.

Esta é necessariamente uma decisão precária, que pode ser revertida a partir do momento em que seja possível conhecer a posição do Presidente da República”, sublinhou.

Em suma, considero ser preferível manter a atual situação do 14º Governo Regional, o qual permanecerá em funções de gestão, por poucas semanas, eventualmente prolongadas em caso de agendamento de eleições, a nomear já um novo Governo Regional, que ainda antes de conhecer os assuntos pendentes poderia entrar também em funções de gestão”, disse.

“Quero enfatizar que um Governo de gestão pode e deve executar todos os atos necessários urgentes e inadiáveis, nomeadamente os exigidos para que o PRR seja atempadamente cumprido”, explicou.

Em 24 de janeiro, a Polícia Judiciária (PJ) realizou cerca de 130 buscas domiciliárias e não domiciliárias sobretudo na Madeira, mas também nos Açores e em várias zonas do continente, no âmbito de um processo que investiga suspeitas de corrupção ativa e passiva, participação económica em negócio, prevaricação, recebimento ou oferta indevidos de vantagem, abuso de poderes e tráfico de influência.

Na sequência desta operação, a PJ deteve o então presidente da Câmara do Funchal, Pedro Calado (PSD), que também já renunciou ao cargo, o líder do grupo de construção AFA, Avelino Farinha, e o principal acionista do grupo ligado à construção civil Socicorreia, Custódio Correia.

Os três arguidos foram libertados na quarta-feira com termo de identidade e residência, três semanas após as detenções, por despacho do juiz de instrução criminal, que considerou não terem sido encontrados indícios da prática “de um qualquer crime”.

(Notícia atualizada às 15h28 com mais citações)

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Ventura pede a Marcelo “contenção” sobre casos de Justiça e espera eleições na Madeira

  • Lusa
  • 17 Fevereiro 2024

Na opinião de Ventura, manter a maioria regional em funções "ou até poder potenciar que Miguel Albuquerque se mantenha em funções é criar um novo sistema de instabilidade em cima da instabilidade.

O presidente do Chega apelou hoje à “contenção do senhor Presidente da República” sobre a atuação da Justiça no contexto atual e defendeu que as eleições na Madeira “são o único caminho possível”.

Em conferência de imprensa na sede do partido, em Lisboa, André Ventura defendeu que “não obstante as decisões judiciais que foram conhecidas nos últimos dias”, após a libertação dos três arguidos no caso de suspeitas de corrupção na Madeira, é importante “compreender que estes indícios, venham ou não a confirmar-se ou a materializar-se no julgamento com uma condenação, representam indícios que põem em causa funcionamento democrático na região“.

Na opinião de Ventura, manter a atual maioria regional em funções “ou até poder potenciar que Miguel Albuquerque se mantenha em funções é criar um novo sistema de instabilidade em cima da instabilidade já existente”.

“Por isso, na nossa perspetiva, as eleições são o único caminho possível na Madeira“, defendeu, no dia em que o representante da República para a Madeira, Ireneu Barreto, vai anunciar a sua decisão para resolver a crise política na região, na sequência da demissão do presidente do Governo Regional (PSD/CDS-PP), o social-democrata Miguel Albuquerque.

O presidente do Chega voltou a acusar PS e PSD de uma tentativa de “limitar os poderes da Justiça“.

“A reforma da Justiça faz falta e uma reflexão sobre ela também, mas não pode ser feita com a base e o objetivo de impedir que políticos sejam investigados ou que o sistema político também possa ser escrutinado muito menos em momentos de confronto aberto entre o poder político e o judicial ou o poder da magistratura do Ministério Público”, sustentou.

Para o presidente do Chega, “fazê-lo é um erro tremendo nesta altura que apenas contribui para aumentar a desconfiança dos cidadãos face à política institucional portuguesa e ao nosso sistema de separação de poderes”.

“Por isso, apelo à contenção do senhor Presidente da República nesta matéria, ele que é o superior magistrado da nação, se disser alguma palavra que ponha em causa a autonomia, a capacidade ou o prestígio do Ministério Público e da PJ colocará irremediavelmente em causa as investigações, podendo também ser um ímpeto e um incentivo à impunidade por parte do sistema político”, defendeu.

Ventura considerou importante que o chefe de Estado “esteja atento mas que se mantenha contido nestes momentos em que se deve esperar uma decisão por tribunais superiores sobre esta matéria”.

“É importante que a decisão que hoje venha a ser tomada pelo senhor representante da República, bem como o respaldo que lhe seja dado pelo senhor Presidente da República, não aumente ainda mais a desconfiança das instituições”, considerou.

Em 24 de janeiro, a Polícia Judiciária (PJ) realizou cerca de 130 buscas domiciliárias e não domiciliárias sobretudo na Madeira, mas também nos Açores e em várias zonas do continente, no âmbito de um processo que investiga suspeitas de corrupção ativa e passiva, participação económica em negócio, prevaricação, recebimento ou oferta indevidos de vantagem, abuso de poderes e tráfico de influência.

Na sequência desta operação, a PJ deteve o então presidente da Câmara do Funchal, Pedro Calado (PSD), que também já renunciou ao cargo, o líder do grupo de construção AFA, Avelino Farinha, e o principal acionista do grupo ligado à construção civil Socicorreia, Custódio Correia.

Os três arguidos foram libertados na quarta-feira com termo de identidade e residência, três semanas após as detenções, por despacho do juiz de instrução criminal, que considerou não terem sido encontrados indícios da prática “de um qualquer crime”.

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Líder do PAN diz que PGR “não tem condições” para se manter no cargo

  • Lusa
  • 17 Fevereiro 2024

A porta-voz do PAN defendeu também que Miguel Albuquerque, ex-presidente do Governo Regional da Madeira, se deve manter afastado do executivo, enquanto decorre a investigação.

A líder do PAN defendeu este sábado que a procuradora-geral da República, Lucília Gago, “não tem condições” para se manter no cargo e que “não pode esconder-se atrás de comunicados“, depois de pôr governos em causa.

“Não, Lucília Gago não tem efetivamente condições para se manter em funções, há aqui uma ausência, acima de tudo, de comunicação com a população“, respondeu Inês Sousa Real quando questionada sobre se a atual PGR da República se devia manter no cargo.

A falar no Porto, à margem da apresentação do Programa Eleitoral do PAN para as eleições de 10 de março, a porta-voz do PAN defendeu também que Miguel Albuquerque, ex-presidente do Governo Regional da Madeira, se deve manter afastado do executivo, enquanto decorre a investigação por suspeitas de corrupção que o envolvem.

“No entender do PAN enquanto estiver uma investigação em curso, deve haver um afastamento para que a mesma possa recorrer de forma serena e sem qualquer interferência política e para que haja confiança nos cidadãos de que isso acontece”, disse.

A PJ realizou, em 24 de janeiro, cerca de 130 buscas domiciliárias e não domiciliárias sobretudo na Madeira, mas também nos Açores e em várias zonas do continente, no âmbito de um processo que investiga suspeitas de corrupção ativa e passiva, participação económica em negócio, prevaricação, recebimento ou oferta indevidos de vantagem, abuso de poderes e tráfico de influência.

A investigação atingiu também o então presidente do Governo Regional da Madeira (PSD/CDS-PP), Miguel Albuquerque, que foi constituído arguido e acabou por renunciar ao cargo, o que implicou a demissão do executivo madeirense.

 

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Conselho da Magistratura recusa abertura de inquérito a juiz do caso da Madeira

  • Lusa
  • 17 Fevereiro 2024

Em resposta enviada à Lusa, o CSM adiantou que um processo de averiguações ao juiz de instrução é uma “questão [que] não foi equacionada pelo CSM nem se prevê que venha a ser".

O Conselho Superior da Magistratura (CSM) recusou haver fundamentos para abrir um processo de averiguações à conduta do juiz de instrução no caso da Madeira, nomeadamente o tempo decorrido entre as detenções e as medidas de coação.

Em resposta enviada à Lusa, o CSM adiantou que um processo de averiguações ao juiz de instrução é uma “questão [que] não foi equacionada pelo CSM nem se prevê que venha a ser, em função dos dados disponíveis”.

Questionado sobre as críticas divulgadas em comunicado pela Procuradoria-Geral da República (PGR), lamentando as três semanas decorridas entre a detenção de três arguidos e o despacho das medidas de coação, emitido cinco dias após a conclusão dos interrogatórios, mas com um feriado e um fim de semana pelo meio, o CSM afirmou que este o lapso de tempo se relaciona, segundo “a informação recolhida” pelo Conselho, “com a complexidade do caso e com a dimensão dos elementos apresentados pelo Ministério Público (MP), para além do tempo necessário ao estudo destes elementos pelo senhor juiz e pela defesa”.

Na nota divulgada à comunicação social, a PGR salientou também que as procuradoras do MP alertaram, numa exposição ao CSM, para a demora do interrogatório aos três arguidos detidos, as quais “procuraram sensibilizar, por múltiplas vezes e pelos meios ao seu alcance, o magistrado judicial que as conduziu, para a incomum demora registada e para a necessidade de lhes imprimir maior celeridade, tendo inclusivamente dirigido, logo no dia 01 de fevereiro de 2024, exposição ao CSM, enquanto órgão de gestão e disciplina da magistratura judicial”.

À Lusa, o CSM confirmou “a receção de uma carta remetida pelas procuradoras deste processo”, a qual “falava de possíveis medidas gestionárias de apoio à atividade do tribunal a adotar pelo CSM”.

Na sequência do pedido das magistradas do MP, “o CSM procurou, junto do senhor juiz, verificar as necessidades efetivas e dar-lhes resposta”, assegurou o Conselho.

Depois de vários órgãos de comunicação social terem noticiado que uma procuradora do processo terá sido testemunha contra o juiz de instrução do caso da Madeira, Jorge Bernardes de Melo, num processo disciplinar há alguns anos, o CSM adiantou em resposta à Lusa que “nada consta no registo disciplinar do juiz mencionado”.

“A ter existido, terá sido cancelado nos termos do artigo do estatuto que prevê esse cancelamento após determinado lapso temporal. Depois desse cancelamento, impera o direito ao esquecimento. O esquecimento implica a destruição do documento nominativo”, esclareceu o CSM.

O juiz de instrução considerou não haver nos autos do processo nada que indicie a prática de qualquer crime pelos arguidos no caso de suspeitas de corrupção na Madeira, tendo hoje a PGR contestado esse entendimento, em consonância com o que já havia feito o diretor-nacional da Polícia Judiciária (PJ), Luís Neves, em declarações na quinta-feira aos jornalistas.

Perante a conclusão do juiz do Tribunal Central de Instrução Criminal (TCIC) de que não existem indícios dos crimes económico-financeiros imputados aos três arguidos, a PGR realçou que a operação desencadeada em 24 de janeiro pela Polícia Judiciária (PJ) “foi ponderada pelas três magistradas que dirigem as investigações e pelo diretor do DCIAP” [Departamento Central de Investigação e Ação Penal], mantendo o entendimento de que há indícios de crimes.

“Essa ponderação permitiu concluir que, além do mais, os elementos probatórios até então recolhidos apontavam indiciariamente, de forma consistente e sustentada, para o cometimento de um conjunto de ilícitos”, defendeu a PGR, acrescentando: “Importa sublinhar igualmente que, em momentos anteriores, cinco diferentes juízes de instrução proferiram no processo decisões sustentadas na convicção de existirem já então indícios”.

O MP tinha pedido para Pedro Calado, Avelino Farinha e Custódio Correia a medida de coação mais gravosa, prisão preventiva, mas o juiz Jorge Bernardes de Melo decidiu libertar os três arguidos apenas com termo de identidade e residência, com a PGR a reiterar hoje que vai apresentar recurso da decisão.

A PJ realizou, em 24 de janeiro, cerca de 130 buscas domiciliárias e não domiciliárias sobretudo na Madeira, mas também nos Açores e em várias zonas do continente, no âmbito de um processo que investiga suspeitas de corrupção ativa e passiva, participação económica em negócio, prevaricação, recebimento ou oferta indevidos de vantagem, abuso de poderes e tráfico de influência.

A investigação atingiu também o então presidente do Governo Regional da Madeira (PSD/CDS-PP), Miguel Albuquerque, que foi constituído arguido e acabou por renunciar ao cargo, o que implicou a demissão do executivo madeirense.

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