5 coisas que vão marcar o dia

  • ECO
  • 26 Novembro 2024

Partidos políticos retomam a maratona de votações do OE2025, no mesmo dia em que BdP divulga o relatório de estabilidade financeira e Bruxelas dá o seu parecer sobre os planos de médio prazo.

Os partidos políticos retomam esta terça-feira a maratona de votações para o Orçamento do Estado para 2025 (OE2025), estando em cima da mesa as propostas de alteração para o aumento das pensões. Fora do Parlamento, o Governo reúne-se com a Função Pública e Banco de Portugal divulga o relatório de estabilidade financeira. De Bruxelas chegará o parecer sobre os planos de médio prazo e orçamentos do Estado dos Estados-membros, incluindo de Portugal.

Parlamento retoma votações do Orçamento

Os partidos políticos voltam a reunir-se esta terça-feira para retomar a maratona de votações das propostas de alteração do OE2025, estando em cima da mesa a votação das propostas sobre o aumento das pensões. Na passada sexta-feira, primeiro dia de votações, os partidos aprovaram 39 propostas de alteração, muitas das quais contra a vontade do PSD e CDS. PAN foi o partido que mais propostas conseguiu ver aprovadas na primeira sessão.

Centeno apresenta relatório de estabilidade financeira

O dia fica ainda marcado pela apresentação do Relatório de Estabilidade Financeira do Banco de Portugal. O documento, que serve para analisar os riscos emergentes, identificando possíveis choques e eventuais consequências para a estabilidade do sistema financeiro, será apresentado pelo governador Mário Centeno. No mesmo dia, o BdP atualiza os dados sobre o investimento direto.

Governo reúne-se com a Função Pública

O Governo volta a receber as estruturas sindicais que representam a Função Pública a propósito das alterações na lei do trabalho, nomeadamente no que toca a férias, os pré-avisos de greve e ainda as baixas médicas em caso de doença. O encontro terá início às 15h, com o Sindicato Dos Quadros Técnicos Do Estado (STE), seguindo-se a Frente Comum e a Frente Sindical da Administração Pública (FESAP).

Bruxelas analisa orçamentos e planos de médio prazo

A Comissão Europeia apresentará o Pacote do Outono, que constitui o ponto de partida para o ciclo anual do Semestre Europeu e no qual serão apresentadas as avaliações sobre os planos de médio prazo dos Estados-membros e os planos orçamentais para 2025.

Fed divulga atas

Depois de a Reserva Federal (Fed) norte-americana ter avançado com um corte em 25 pontos base a taxa dos fundos federais, a 7 de novembro, (reduzindo de 4,50% para 4,75%), a instituição prepara-se para divulgar as atas da última reunião. A descida foi a segunda consecutiva. A 18 de setembro, o banco central liderado por Jerome Powell interrompeu uma pausa de um ano nas taxas de juro com um corte “jumbo” de 50 pontos base.

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Falta “literacia financeira” nos gestores da têxtil, alerta estudo do Ministério da Economia

Ameaçadas por serem pequenas, pouco capitalizadas, sem marcas próprias e dependentes de matérias-primas do Oriente, empresas do têxtil e vestuário empregam 128 mil pessoas e exportam para 208 países.

Ainda que a maioria das médias e grandes empresas do setor tenham um staff técnico de apoio à gestão qualificado, “existe um caminho a percorrer quanto à literacia financeira nos quadros de gestão de muitas das empresas da indústria têxtil e do vestuário (ITV), que lhe permita uma tomada de decisão informada e eficiente sobre investimentos e o recurso a financiamento, bem como na preparação estratégica para dar resposta às mudanças tecnológicas e à sua incorporação nos modelos de negócio”.

O alerta é feito pelo Gabinete de Estratégia e Estudos (GEE) do Ministério da Economia relativamente a um setor com mais de 12.200 empresas que empregam cerca de 128 mil trabalhadores (17,3% do emprego da indústria transformadora) e que representa quase 10% do VAB (gera 2,7 mil milhões de euros) no contexto industrial e 1,3% do PIB nacional. Esta terça-feira, os operadores juntam-se na Casa das Artes, em Famalicão, para o fórum anual organizado pela principal associação patronal (ATP), com o tema “Estratégias para uma parceria eficaz entre marcas e indústria”.

“A resposta aos desafios do setor implica quadros de gestão nas empresas com conhecimento técnico ao nível dos processos de fabricação têxtil e de produção de vestuário, assim como de acompanhamento das últimas tendências de moda, tecnologias têxteis e inovações na indústria, com princípios de sustentabilidade e ética, quer ao nível das práticas sustentáveis da indústria quer ao nível das questões éticas e sociais associada à produção de vestuário, mas também com capacidade de trabalhar em ambientes internacionais”, adverte na 1.ª Edição dos Estudos Setoriais 2030 publicada pelo GEE, dedicada à ITV em Portugal.

Competências ao nível da gestão de topo pressionadas pela urgência de “práticas de produção, materiais e produtos sustentáveis e avanços tecnológicos na produção e distribuição”, mas também pela exposição à concorrência internacional. É que a ITV portuguesa vende para 208 dos 220 mercados de destino dos bens nacionais, ainda que 80% venha dos quatro principais: Espanha, França, Alemanha e EUA.

No ano passado, em que as exportações baixaram mais de 5% para 5.815 milhões de euros, o peso no volume de negócios atingiu 70,2% no vestuário e moda, que valeu seis em cada dez euros faturados pelo setor no exterior. O que mais saiu das fábricas? T-shirts, camisolas interiores e artigos semelhantes de malha (12,1% do total).

No que toca aos trabalhadores, o estudo calcula em 21.252 euros o valor com que cada um deles contribuiu para a riqueza nacional em 2022, com a chamada produtividade aparente do trabalho (VAB por trabalhador) a oscilar entre o máximo de 30,9 mil nos têxteis técnicos e o mínimo de 18,3 mil na moda e vestuário. Um ano antes, o último para o qual dispõe de registos, a remuneração base média mensal dos trabalhadores por conta de outrem ficou-se pelos 840 euros (montante ilíquido, antes da dedução de quaisquer descontos, em dinheiro e/ou géneros, pago com caráter regular e correspondente ao período normal de trabalho).

Na comparação europeia, as remunerações em Portugal foram as que mais subiram na fabricação de têxteis e na indústria do vestuário entre 2015 e 2022.

Ainda assim, na comparação europeia e tendo por base os valores de 2022 face a 2015, um período marcado por sucessivos aumentos do salário mínimo nacional, assinala o mesmo documento que as remunerações em Portugal foram as que mais subiram na fabricação de têxteis e na indústria do vestuário, com acréscimos de 35,8% e 34,8%, respetivamente.

Já o desemprego no setor tem vindo a diminuir desde 2010, com exceção do ano da pandemia, com os dados oficiais a registarem 9.491 pessoas desempregadas neste setor em 2023, equivalente a 3,4% do total no país.

Ambos os segmentos da ITV são intensivos em mão-de-obra, sendo necessárias 51,1 pessoas ao serviço no vestuário e 35,4 no fabrico de têxteis para gerar 1 milhão de euros de VAB, superior à média da indústria transformadora portuguesa (25,9 pessoas).

E evidenciando o problema de dimensão identificado neste estudo, por faltarem empresas de tamanho grande, globais e capazes de atingir economias de escala, ambos “perdem” também para a média da indústria no indicador relativo às vendas médias por empresa (um milhão no vestuário e 2,2 milhões nos têxteis).

Evolução dos principais indicadores das empresas da ITV

Fonte: GEE do Ministério da Economia, com base nas estatísticas das empresas (SCIE/INE)

Por outro lado, os resultados mais recentes do Banco de Portugal indicam que a autonomia financeira das empresas da ITV cresceu na última década (era de 42% em 2022), “o que reconhece o esforço de capitalização pelas empresas do setor”. No entanto, como reconhece num comentário ao estudo o ministro da Economia, Pedro Reis, “persistem dificuldades como a falta de capitalização de algumas empresas, a escassez de mão-de-obra qualificada e uma produtividade ainda relativamente baixa”.

Na análise SWOT, o gabinete ministerial inclui-as na lista de ameaças: empresas pouco capitalizadas, falta de atratividade de funções fabris e baixa produtividade, inferior à média da indústria transformadora.

Outro fator de risco relevado neste documento é a dependência externa da indústria portuguesa ao nível das matérias-primas têxteis, que faz o país “depender largamente dos preços” praticados pelos fornecedores no Oriente.

Aconselha à diversificação das geografias de origem e também com produtos substitutos, notando que “uma das soluções é a produção de materiais de origem bio, que sejam produzidos o mais localmente possível, aproveitando sinergias com outras indústrias, como é o caso da produção de fibras a partir de biomassa, que conta já com duas fábricas em Portugal, ou a experiência que decorre com resíduos de materiais de desperdício da indústria agroalimentar”.

Marcas próprias fora da prateleira industrial

No 26º Fórum da Indústria Têxtil, o principal evento de reflexão estratégica do setor, o foco está este ano no reforço das parcerias entre a indústria e as marcas como forma de ultrapassar os desafios da indústria da moda, com a participação de nomes como Chelsea Franklin (Pangaia), Manuel Lopez Tocci (El Corte Inglés) ou Federico Bigliardi (D.Rt).

Isto porque a atividade da maioria das empresas portuguesas assenta num modelo produtivo de private label e no negócio business-to-business (B2B). São subcontratadas por grandes empresas e continuam fora do circuito das marcas próprias e afastadas do contacto direto com o mercado de retalho.

O GEE do Ministério da Economia adverte que a ITV portuguesa poderia “beneficiar de um maior domínio na cadeia de valor, em especial através de marcas próprias e de redes de distribuição de proximidade do cliente final”, atacando modelos business-to-consumer (B2C), nomeadamente online.

Mas os participantes no focus group identificam barreiras ainda intransponíveis, como o investimento numa marca própria envolver “montantes consideráveis e de retorno de médio/longo prazo”; ou a obrigação de constituir empresas noutros países para venderem em plataformas, como é o caso do marketplace na Alemanha.

“As exportações de produtos com marcas nacionais representam uma reduzida proporção da atividade da ITV nacional, sendo que a estratégia adotada pelas empresas da ITV portuguesa tem passado por investir em multimarcas. No entanto, as empresas não podem assentar a sua estratégia apenas em grandes marcas, sendo igualmente necessárias as de média e baixa gama para um retorno rápido e duradouro”, sublinha este estudo setorial, assinado pelas autoras Sílvia Santos, Vanda Dores, Mariana Areosa Santos e Joana Almodovar.

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Afinal, trabalhadores qualificados estão mesmo a fugir de Portugal?

Portugal tem recebido imigrantes qualificados, mas isso não significa que esteja a conseguir travar a saída dos seus licenciados. Um em cada quatro licenciados decide emigrar, calcula João Cerejeira.

Cerca de um quarto dos licenciados portugueses está a sair do país à procura de melhores oportunidades, o que mostra que Portugal não está a conseguir reter uma fatia considerável dos seus jovens qualificados. E embora esteja hoje a atrair, em contrapartida, imigrantes com o ensino superior concluído, regra geral, estes assumem empregos “mais básicos ou menos qualificados”, não compensando, portanto, necessariamente as saídas dos licenciados portugueses.

A preocupação em torno da chamada fuga de cérebros não é recente, nem um exclusivo do Governo de Luís Montenegro. Mas Mário Centeno (governador do Banco de Portugal, ex-ministro das Finanças de António Costa e experiente economista na área do trabalho) fez correr tinta este mês ao contrariar a maré, dizendo que, afinal, Portugal tem conseguido ser um “recetor líquido” de licenciados.

Em reação, em audições parlamentares sobre o Orçamento do Estado para 2025, tanto o ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, como a ministra do Trabalho, Maria do Rosário Palma Ramalho, reiteraram que a retenção de qualificados em Portugal é um problema, tendo o líder da bancada do CDS-PP, Paulo Núncio, exigido mesmo que Mário Centeno “retifique” as suas declarações.

Afinal, quem tem razão? Comecemos pelos números usados por Mário Centeno. Numa conferência do Banco de Portugal, o governador sublinhou, por um lado, que, nos últimos oito anos, a população ativa com formação superior aumentou, em média, em 70 mil indivíduos por ano e, por outro, que saem pouco mais de 50 mil diplomados das universidades portuguesas (públicas e privadas).

A confirmar-se, significaria que Portugal estava a conseguir reter os seus licenciados e até a atrair estrangeiros com qualificados, ficando com um saldo líquido positivo de 20 mil trabalhadores com ensino superior qualificado.

No entanto, os números do Instituto Nacional de Estatística contam outra história. De acordo com os dados do gabinete de estatísticas, no último ano, das cerca de 5,4 milhões de pessoas que constituíam a população ativa portuguesa, cerca de 1,7 milhões tinham formação superior. São mais do que em 2022, sim. Mas a subida é de 43,2 mil pessoas.

População ativa com formação superior atinge 1,7 milhões de pessoas

Fonte: INE

Considerando os últimos oito anos, a população ativa com ensino superior tem aumentado, sim, mas o crescimento, em média, tem sido de 58,5 mil pessoas por ano, abaixo dos 70 mil identificados pelo governador do Banco de Portugal.

Por outro lado, no que diz respeito aos diplomados, os números da Direção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência (DGEEC) revelam que, no ano letivo de 2022/2023, saíram das instituições de ensino superior nacionais (públicas e privadas) mais de 95 mil diplomados. Em média, nos últimos oito anos letivos, diplomaram-se 84 mil pessoas por ano em Portugal.

Mais de 95 mil diplomados saíram das universidades no ano letivo de 2022/2023

Fonte: DGEEC

É um número bem superior aos 50 mil indivíduos apontados por Mário Centeno, mas essa discrepância é fácil de explicar. Se olharmos apenas para os licenciados, no ano letivo de 2022/2022 saíram das universidades portuguesas quase 52 mil jovens qualificados, em linha, então, com o número salientado pelo ex-ministro das Finanças.

Mesmo olhando somente para os licenciados, como faz Mário Centeno, em 2023, por exemplo, esse número superou o aumento da população ativa com formação superior em Portugal, o que significa que, afinal, o saldo não foi positivo, mas negativo.

E a discussão não acaba aqui. Olhemos agora para os dados da emigração. Mais uma vez, a fonte é o INE e as suas “Estatísticas Demográficas” relativas a 2023. Nesse ano, 33.666 pessoas saíram de Portugal para residir no estrangeiro por um período igual ou superior a um ano (são os chamados emigrantes permanentes), das quais 42,3% com o ensino superior. É o correspondente a 14.240 pessoas.

O número de diplomados é cerca de 50 mil em média, por ano. Diria que um em cada quatro dos licenciados estão a sair do país.

João Cerejeira

Professor da Universidade do Minho

Com base nestes dados e nos dos diplomados, o economista João Cerejeira, da Universidade do Minho, calcula que cerca de um em cada quatro licenciados estão a emigrar.

Contas feitas, mesmo que estejam a entrar imigrantes qualificados em Portugal, tal não significa que a fuga de cérebros seja uma ilusão. Os dados mostram que uma fatia considerável de qualificados está a sair do país.

Imigrantes compensam saídas de nacionais?

Portugal não tem apenas dito “adeus” aos seus jovens qualificados. Tem também dito “olá” a imigrantes qualificados. Tanto que, num boletim recente do Banco de Portugal, estava indicado que a população estrangeira empregada tinha em média qualificações académicas mais elevadas que a população portuguesas.

Mas João Cerejeira deixa um alerta: “a questão é perceber se estas pessoas vão fazer os trabalhos que os portugueses qualificados desempenhariam, se tivessem ficado em Portugal”. Segundo o professor universitário, regra geral, quem chega a Portugal assumem “empregos mais básicos ou menos qualificados“, como forma de entrada no mercado de trabalho nacional.

Ou seja, contar com mais licenciados, mestres ou doutores entre a população ativa e na população empregada não significa necessariamente que estes indivíduos estejam a desempenhar funções mais complexas e que contribuem para o crescimento da produtividade e da economia.

João Cerejeira defende, além disso, que seria preciso comparar os perfis dos qualificados que saem e que ficam (as áreas de estudo nas quais têm as suas qualificações), mas os dados são parcos, sobretudo, no que diz respeito às competências dos emigrantes.

Os europeus altamente qualificados não vêm para trabalhar, vêm para se reformar ou investir.

Gonçalo Saraiva Matias

Presidente da Fundação Francisco Manuel dos Santos

Por outro lado, Gonçalo Saraiva Matias, presidente da Fundação Francisco Manuel dos Santos (FFMS) e especialista em migrações, avisa que há europeus altamente qualificados que estão, sim, a chegar a Portugal, mas não vêm para trabalhar. Antes, vêm passar a sua reforma ou investir.

O referido boletim do Banco de Portugal mostrava, a propósito, que os jovens portugueses tendem a ser mais qualificados que os jovens imigrantes, enquanto os imigrantes mais velhos tendem a superar as qualificações dos portugueses de idade mais avançada.

“Algo que sempre quis fazer é um saldo de qualificações“, afirma Gonçalo Saraiva Matias, referindo-se a um balanço entre os emigrantes e imigrantes qualificados que deixasse claro, por fim, que setores estão a perder mais licenciados e quais estão a beneficiar das entradas.

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A feira agrícola Expo AgriTech 2024 abre hoje as suas portas com um impacto económico esperado de 5 milhões em Málaga

  • Servimedia
  • 26 Novembro 2024

O evento reúne mais de 8.000 profissionais para descobrir as mais recentes tecnologias, soluções e maquinaria de ponta para tornar as suas explorações agrícolas rentáveis e negócios sustentáveis.

A primeira edição da Feria del Campo 4.0 – Expo AgriTech 2024, o maior evento tecnológico dedicado à inovação no setor agrícola, reunirá a partir de hoje e até quinta-feira, 28 de novembro, em Málaga, mais de 8.000 profissionais do setor agrícola – como proprietários de explorações agrícolas, gestores de empresas agro-alimentares, engenheiros agrónomos, chefes de cooperativas e agricultores -, fazendo da capital da Costa do Sol o epicentro europeu da “agritech”.

A celebração da Feria del Campo 4.0 – Expo AgriTech gerará um impacto económico de mais de 5 milhões de euros e servirá, segundo os seus promotores, para colocar a Andaluzia no mapa mundial dos eventos tecnológicos para o setor agrícola. O evento, que conta com o apoio da Consejería de Agricultura, Pesca, Água e Desenvolvimento Rural da Junta da Andaluzia e dos Fundos Federais Europeus, contará com 171 empresas expositoras que mostrarão os últimos avanços para maximizar a rentabilidade e a eficiência dos campos de cultivo.

Entre os desenvolvimentos a serem revelados estão sistemas de irrigação e gestão de água mais sustentáveis, equipamentos de colheita automatizados, soluções regenerativas e de agricultura de precisão, ferramentas de desempenho agrícola, máquinas de última geração – como tratores inteligentes ou drones -, fertilizantes, alternativas biotecnológicas e tecnologias ligadas à agricultura 4.0.

Na área de exposição da feira, serão desenvolvidas diferentes experiências imersivas para explicar como a tecnologia pode transformar um olival, uma estufa ou melhorar a gestão da água nas explorações agrícolas. Citoliva, o Centro Tecnológico del Olivar y del Aceite, mostrará as variedades mais representativas deste tipo de plantação na Andaluzia e seu sistema de cultivo no espaço Olivar 4.0, além de exibir o funcionamento das tecnologias que monitoram o estado das oliveiras em tempo real.

Por seu lado, o Centro Tecnológico Tecnova de Almeria, com base na Tech Greenhouse, apresentará as soluções tecnológicas que estão a ser implementadas em culturas intensivas de interior para as tornar mais competitivas e eficientes na utilização dos recursos. O mesmo objetivo será prosseguido pelo Mundo Agua, um espaço onde serão expostos sensores de humidade e plataformas de análise de dados, entre outras propostas, para otimizar a utilização da água em todas as fases da produção agrícola.

CONGRESSO

A primeira edição da feira acolhe ainda o Congresso AgriTech 4.0, o maior fórum da Europa que aborda os desafios e oportunidades do setor agrícola, e que reunirá 405 oradores, líderes nos seus negócios ou nas suas áreas de atuação. Alguns dos que estarão no congresso esta semana a avaliar o estado e o futuro do setor são Hamza Qadoumi, reconhecido pela Forbes como um empreendedor com impacto social e fundador da empresa sueca de agritech, Ecobloom; Francesc Font, guru da agricultura regenerativa; Begoña Pérez Villareal, diretora do EIT Food South; Enrique Colilles, CEO da Treemond; Mercedes Iborra, CSO e co-fundadora da VisualNacert, uma empresa dedicada à agricultura de precisão; Victor Luque, CEO da Trops; Tomaso Ceccarelli, Investigador Sénior em Digitalização para a Agricultura na Universidade de Wageningen, uma das melhores do mundo neste domínio; Miguel Ángel López Peña, Fundador e Diretor de Operações da ISFA, uma empresa especializada em projetos eficientes e sustentáveis de amendoeiras, e Daniel Vidal, Diretor de Dados e Transformação da adega Alma Carraovejas.

Em seis palcos, os especialistas partilharão experiências de alto nível e casos de sucesso internacionais que servirão de inspiração para avançar para uma agricultura mais digitalizada e de vanguarda, com menor impacto ambiental e em linha com as possibilidades oferecidas pela nova Política Agrícola Comum (PAC).

De facto, a PAC será um dos principais temas a discutir no congresso para que os agricultores saibam como abraçar a inovação e contar com a agricultura 4.0 como uma ferramenta para melhorar a sua competitividade. Será também partilhado um vasto leque de projectos sobre IA generativa, blockchain, gémeos digitais, análise de dados, robótica, automação e sensores aplicados ao campo, de forma a demonstrar as vantagens da sua utilização. Paralelamente, será dado destaque à otimização do abastecimento de água na rega e fertirrega, numa época marcada por fenómenos climáticos extremos, tema que também será analisado.

Outro tema que estará na ordem do dia do congresso é a ascensão da agricultura regenerativa, um conceito que visa a saúde do solo e o cuidado com a biodiversidade. Tudo isto, sem esquecer os desafios que o mundo agrícola enfrenta atualmente, como a falta de substituição de gerações ou a incorporação em grande escala de fontes de energia limpas.

Foram também criados vários fóruns para a produção de fruta, vinho, horticultura, olivicultura, frutos secos e culturas intensivas. Paralelamente, realizaram-se workshops e demonstrações, bem como jornadas completas destinadas a perfis em constante evolução, como engenheiros agrónomos, gestores de cooperativas, jovens agricultores e proprietários de explorações agrícolas.

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Anacom envia seis queixas contra serviços digitais à Irlanda. Instagram, Facebook e Temu visados

Incumbida de coordenar a supervisão dos serviços digitais em Portugal, a Anacom enviou ao regulador irlandês seis queixas contra quatro grandes plataformas: Instagram, Facebook, Google Cloud e Temu.

Sandra Maximiano, presidente da AnacomHugo Amaral/ECO

A Anacom, o regulador responsável por coordenar a supervisão dos serviços digitais em Portugal, enviou para o estrangeiro as primeiras reclamações ao abrigo do novo regulamento europeu, que entrou plenamente em vigor na União Europeia (UE) no dia 17 de fevereiro. Foram já seis as queixas remetidas pela Anacom para outro país, no caso a Irlanda, onde muitas das maiores tecnológicas têm sede, apesar de servirem utilizadores em toda a UE.

Questionada pelo ECO, fonte oficial do regulador detalhou que já recebeu 51 reclamações ao abrigo do Regulamento dos Serviços Digitais (RSD), mais conhecido pelo nome inglês Digital Services Act, tendo remetido meia dúzia delas ao coordenador irlandês referentes a quatro plataformas digitais: as redes sociais Instagram e Facebook, ambas detidas pelo grupo norte-americano Meta, o serviço Google Cloud, do grupo norte-americano Alphabet, e a popular plataforma chinesa de comércio eletrónico Temu.

Nos termos do regulamento, enviar estas reclamações para a Irlanda — onde a coordenação do RSD recai sobre a Coimisiún na Meán, o regulador da comunicação social –, implica que a Anacom terá realizado uma avaliação prévia ao teor destas queixa, tendo decidido que se justificava o envio das mesmas para a jurisdição onde estas empresas têm a sua sede europeia. A lei estipula ainda que o coordenador pode, “se for considerado adequado”, emitir “um parecer” que acompanha cada reclamação enviada.

Apesar de estarem sedeadas na Irlanda e de terem origem em países não europeus (no caso, EUA e China), estas quatro empresas têm milhões de utilizadores na UE, operando também em Portugal. Especificamente, o Instagram e o Facebook, cada um com 259 milhões de utilizadores mensais ativos, e a Temu, com 75 milhões de utilizadores, são consideradas “plataformas em linha de muito grande dimensão”, por terem mais de 45 milhões de utilizadores no mercado europeu, pelo que estão sujeitas a regras mais apertadas do que todas as outras. O Google Cloud não tem essa designação, ainda que o motor de busca Google esteja na lista.

Queixas aceleram depois do verão

Os dados agora revelados pela Anacom ao ECO mostram que o número de queixas em Portugal ao abrigo do RSD acelerou desde o verão. No final de junho, o regulador registava somente 12 reclamações no âmbito do regulamento, conforme revelou então a presidente, Sandra Maximiano, que apelou à “sensibilização” da população para tornar os serviços digitais mais responsáveis pelos seus atos: “O ideal é que as pessoas reclamem”, afirmou numa reunião com jornalistas.

Fonte oficial do regulador detalhou que as 51 reclamações recebidas versam, “principalmente”, sobre “decisões de remoção de conteúdo ou eliminação de contas consideradas ilegais ou contrárias aos termos e condições do prestador de serviços intermediários em causa, denúncias de conteúdo considerado ilegal e falta de resposta dos prestadores a contestações das decisões mencionadas”.

Em junho, a presidente da Anacom também explicou que entre as empresas visadas pela dúzia de queixas recebidas até então estavam nomes internacionais, como Netflix, Instagram, LinkedIn, Facebook, Amazon e Google, mas também empresas portuguesas, como Portal da Queixa, Worten e Idealista. Ao contrário do sucedido com as plataformas estrangeiras, quando as reclamações dizem respeito a empresas com sede em Portugal o caso é tratado pela própria Anacom.

A popular loja online Temu é um dos serviços alvo das queixas que a Anacom enviou este ano para a Irlanda, ao abrigo do novo regulamento europeu.Focal Foto via Flickr

Portugal ainda sem lei de execução

Por ser um regulamento europeu, o RSD passou a aplicar-se integralmente em todos os Estados-membros no dia 17 de fevereiro. Mas só na véspera de entrar em vigor é que o Governo português, então chefiado por António Costa, publicou o decreto-lei que designou a Anacom como a autoridade responsável por garantir a sua aplicação.

Nove meses depois, o atual Governo, liderado por Luís Montenegro, enviou à Assembleia da República no início de novembro uma proposta de lei que “assegura a execução, na ordem jurídica interna” do RSD, designando também como “autoridades competentes em Portugal”, para efeitos do regulamento europeu, a Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) e a Comissão Nacional de Proteção de Dados (CNPD).

Ademais, e já depois de a presidente da Anacom se ter queixado em junho de escassez de meios para assumir a nova incumbência, o diploma prevê um novo financiamento a estas três entidades oriundo das receitas do leilão do 5G. A Anacom deverá receber 1,41 milhões de euros em 2024 e 2,608 milhões em 2025; a ERC 480 mil euros este ano e 625 mil no próximo; e a CNPD 340 mil euros em 2024 e 675 mil euros em 2025.

No total, se o diploma for aprovado tal como está, 6,138 milhões de euros serão distribuídos pelas três entidades entre 2024 e 2025 para garantir o eficaz cumprimento do regulamento europeu. Depois de dar entrada no Parlamento, a proposta de lei desceu à Comissão de Economia, Obras Públicas e Habitação, onde será discutida na especialidade.

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Bancos avançam com garantia pública, apesar de ainda não estar disponível

Caixa e Banco CTT antecipam-se à entrada em vigor da garantia pública do crédito à habitação para os jovens, disponibilizando simulações de financiamento na sua rede de agências.

Alguns bancos estão a antecipar-se à implementação oficial da garantia pública para crédito à habitação jovem, oferecendo já simulações de financiamento a 100% do valor do imóvel, tal como irá permitir a garantia do Estado.

Embora esta medida não esteja formalmente disponível, alguns bancos procuram preparar o terreno para que, quando a medida entrar efetivamente em vigor, os jovens possam imediatamente avançar com a contratualização dos empréstimos à habitação e, assim, comprar a sua primeira casa sem a necessidade de terem capitais próprios.

Uma das 17 instituições que aderiram ao protocolo da garantia pública e que está a promover essa prática comercial é a Caixa Geral de Depósitos (Caixa), disponibilizando simulações a potenciais clientes sob o produto “CH Jovens Garantia Estado”.

Esta informação consta nas Fichas de Informação Normalizada Europeia (FINE) obtidas pelo ECO junto de jovens que recorreram a intermediários de crédito com acordos com a Caixa e a agências do banco público para obter propostas de financiamento.

A simulação está disponível apenas para a rede de agências Caixa, onde o cliente pode obter um atendimento personalizado e especializado, recebendo no fim da simulação um documento adicional com o resumo desta oferta e pode, se desejar, dar o seu acordo a um contacto futuro, assim que a garantia estiver em vigor e em comercialização.

Fonte oficial da Caixa Geral de Depósitos

Contactada pelo ECO, a Caixa esclareceu que estas simulações têm como objetivo principal permitir aos clientes avaliar o cumprimento das condições de elegibilidade e dos rácios de solvabilidade (DSTI e ASC) para esta oferta específica.

“A simulação está disponível apenas para a rede de agências Caixa, onde o cliente pode obter um atendimento personalizado e especializado, recebendo no fim da simulação um documento adicional com o resumo desta oferta e pode, se desejar, dar o seu acordo a um contacto futuro, assim que a garantia estiver em vigor e em comercialização”, refere fonte oficial da Caixa.

Assim, através desta iniciativa, a Caixa pretende antecipar-se na aplicação da garantia pública, colocando-se em posição de contratualizar os empréstimos à habitação com a garantia do Estado assim que a medida estiver em vigor — que deverá acontecer até ao final do ano, segundo o ministro das Finanças. “Quando estiver em vigor a garantia para os jovens, esta simulação poderá ser realizada também no site da Caixa e a resposta da CGD será vinculativa”, refere ainda fonte oficial da Caixa.

Adesão significativa das instituições financeiras

A garantia pública para os jovens comprarem a primeira casa teve uma adesão expressiva por parte do setor bancário, com 17 instituições de crédito a manifestarem interesse em participar nesta iniciativa governamental.

Na “disponibilização” antecipada da medida aos jovens, a Caixa não está sozinha. O ECO sabe que também o Banco CTT está a disponibilizar simulações de crédito à habitação com financiamento a 100% do valor do imóvel. E, tal como sucede com a Caixa, essas simulações não são possíveis de obter no simulador online das instituições.

“O Banco CTT, tendo em conta a já prevista aprovação oficial da garantia bancária, que se espera para breve, está a aceitar manifestações de interesse para melhor apoiar os seus clientes na hora de escolherem o crédito à habitação”, refere fonte oficial do banco dos Correios ao ECO.

Estas movimentações por parte da Caixa e do Banco CTT indicam uma tendência do setor para se preparar para a implementação efetiva da medida. Além disso, esta iniciativa poderá potencialmente, levar a uma maior competitividade nas condições oferecidas aos jovens.

No entanto, é importante salientar que, nesta fase preliminar, as simulações e informações fornecidas pelos bancos não são ainda vinculativas e podem estar sujeitas a ajustes quando a garantia pública for oficialmente implementada. Desde logo porque, para operacionalizar a medida, falta ainda definir a parcela dos 1.200 milhões de euros que o Governo irá disponibilizar no âmbito da garantia pública que caberá a cada uma das 17 instituições de crédito que aderiram à garantia.

“Nenhuma manifestação de interesse será contratualizada antes da garantia bancária ser formalmente aprovada”, adianta o Banco CTT ao ECO.

Além disso, para aceder à garantia pública, os jovens terão de cumprir um conjunto específico de condições, que visam assegurar que o apoio é direcionado para quem realmente necessita.

  • Limite de idade: Os candidatos devem ter entre 18 e 35 anos de idade, inclusive. No caso de casais, basta que um dos elementos cumpra este requisito.
  • Residência fiscal: É obrigatório ter domicílio fiscal em Portugal, por forma a garantir que o apoio beneficia residentes no país.
  • Rendimentos: Os candidatos não podem auferir rendimentos coletáveis anuais acima dos 80 mil euros, correspondendo ao 8.º escalão do IRS. Esta medida visa direcionar o apoio para jovens com rendimentos médios ou baixos.
  • Primeira habitação: Os candidatos não podem ser proprietários de outros imóveis. A casa a adquirir deve destinar-se a habitação própria e permanente, sendo a primeira aquisição do candidato.
  • Taxa de esforço: A concessão do crédito à habitação está sujeita ao cumprimento da medida macroprudencial do Banco de Portugal que existe um rácio de DSTI (debt service-to-income ratio) não superior a 50%. Isto significa que para uma família obter um empréstimo à habitação, o total das prestações mensais de todos os empréstimos detidos pelo agregado familiar não pode exceder 50% do seu rendimento mensal líquido. E para efeitos do cálculo do DSTI nos empréstimos à habitação de taxa variável ou mista a mais de 10 anos, os bancos devem considerar um aumento de 1,5 pontos percentuais da sobre a Taxa Anual Nominal (TAN) do contrato.
  • Valor do imóvel: O montante de aquisição do imóvel não pode exceder os 450 mil euros. Este limite foi estabelecido para evitar que a garantia seja utilizada na compra de imóveis de luxo.
  • Prazo do empréstimo: A maturidade máxima do crédito à habitação é de 40 anos, não podendo ultrapassar a data em que o mutuário mais velho complete 70 anos de idade.
  • Papel do Estado: A garantia pública cobre até 15% do valor de aquisição do imóvel, permitindo assim o financiamento até 100% do valor da habitação. Para esse efeito, o Estado entra como fiador dos 15% do empréstimo à habitação, e pressupõe que a garantia pessoal do Estado dure dez anos desde a celebração do contrato de crédito.

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Mario Draghi marca presença no Conselho de Estado em janeiro

  • ECO
  • 25 Novembro 2024

O antigo primeiro-ministro italiano e ex-presidente do BCE será convidado no primeiro Conselho de Estado de 2025, encontro no qual falará sobre a competitividade europeia.

Mario Draghi, antigo primeiro-ministro e italiano e ex-presidente do Banco Central Europeu (BCE), vai marcar presença na reunião do Conselho Estado, órgão consultivo do chefe de Estado, em janeiro de 2025. A novidade foi avançada por Marcelo Rebelo de Sousa, durante o discurso de encerramento da CNN International Summit, em Lisboa.

Uma palavra especial para alguém que está a chegar, o Presidente Mário Draghi, que virá, aliás, convidado em janeiro, uma vez mais, ao Conselho de Estado, para falar do seu relatório e da sua visão da Europa e do mundo“, cita a Sic Notícias, o anúncio do presidente da República, referindo que a Europa “tem de reformar os seus sistemas políticos, económicos, sociais, nacionais obsoletos ou de moroso ajustamento”.

O antigo governante italiano é um dos convidados de honra do jantar da conferência da CNN Portugal, que serviu para assinalar os três anos de transmissão do canal, e no qual discursará sobre o futuro da Europa e o relatório sobre a competitividade do bloco, apresentado em setembro à Comissão Europeia.

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Marcelo condecorou Costa com grã-cruz da Ordem Militar de Cristo

  • Lusa
  • 25 Novembro 2024

A atribuição desta condecoração acontece a poucos dias de António Costa tomar posse como presidente do Conselho Europeu.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, condecorou esta segunda-feira o anterior primeiro-ministro, António Costa, com a grã-cruz da Ordem Militar de Cristo, numa cerimónia no Palácio de Belém, sem divulgação prévia.

A atribuição desta condecoração, quatro dias antes de António Costa tomar posse como presidente do Conselho Europeu, foi anunciada através de uma nota no sítio oficial da Presidência da República na Internet, acompanhada por fotografias.

“Em cerimónia realizada no Palácio de Belém, o Presidente da República condecorou, com a grã-cruz da Ordem Militar de Cristo, o anterior primeiro-ministro, António Costa, que entre 2015 e 2024 chefiou os XXI, XXII e XIII governos constitucionais”, lê-se na nota.

As fotografias mostram António Costa a receber a condecoração, na presença da sua família, na Sala dos Embaixadores do Palácio de Belém.

Em 2018, Marcelo Rebelo de Sousa confirmou ter sondado Pedro Passos Coelho para lhe atribuir esta mesma condecoração, que costuma ser atribuída a antigos primeiros-ministros, mas que o ex-presidente do PSD recusou.

A Ordem Militar de Cristo destina-se a distinguir destacados serviços prestados ao país no exercício das funções de soberania.

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“Não, não há turismo a mais e precisamos de continuar a crescer”, diz governante

  • Lusa
  • 25 Novembro 2024

O Secretário de Estado Turismo, Pedro Machado, quer o setor a combater "mitos urbanos", como "turismo em excesso" ou "associar o turismo a baixas qualificações e baixos salários”.

O secretário de Estado do Turismo disse esta segunda-feira, em Faro, que o setor tem de combater “mitos urbanos” relacionados com turismo em excesso, falta de qualificações e baixos salários, e ameaça dos imigrantes aos empregos dos portugueses. “Sendo uma indústria que representa 20% do produto interno [bruto], sendo uma indústria que é transversal e aquela que mais cresce, é do meu ponto de vista um mau serviço que se deixa prestar ao país se nós não combatermos estes mitos urbanos”, disse Pedro Machado.

O governante falava na sétima e última sessão do ciclo de conferências “Estratégia Turismo 2035: construir o turismo do futuro”, no âmbito do processo de construção da Estratégia de Turismo 2035, que sucede à Estratégia de Turismo 2027. Este referencial estratégico para o turismo em Portugal e os números recordes de dormidas nos últimos anos “têm de ser uma oportunidade para quebrarmos alguns mitos urbanos” ligados ao setor, sustentou o secretário de Estado, que abordou especificamente três temas.

O primeiro mito urbano, referiu, “é que há turismo a mais”. “De todo, é bom termos consciência disto. Faz parte de uma certa elite caviar dizer que em Portugal há turismo a mais, porque incomoda nalguns sítios. Não, não há turismo a mais e precisamos de continuar a crescer”, avaliou.

Segundo Pedro Machado, o turismo é uma “indústria poderosa”, que exporta “em qualquer um dos nossos recantos, não apenas nos destinos mais maduros, não apenas nas marcas mais consagradas”, e essa transversalidade do setor tem de ser realçada.

O segundo mito urbano, prosseguiu, “é associar o turismo a baixas qualificações e baixos salários”, ou “a pessoas que não sabem fazer mais nada”.

O secretário de Estado do Turismo lembrou que, atualmente, mais de 54% [das pessoas] que trabalham no setor do turismo têm qualificações de ensino secundário ou ensino superior e que, enquanto a economia do país cresceu nos últimos seis anos entre 2% a 2,3%, “os salários médios cresceram acima dos 5%”.

O terceiro mito urbano, indicou o governante, “é o da ameaça dos migrantes que chegam a Portugal num país que não tem capacidade objetiva de responder a este crescimento com os seus próprios”.

“Portugal não tem portugueses suficientes que possam hoje estar ao serviço da indústria do turismo, se não tivermos a mais-valia de podermos agregar pessoas de outras nacionalidades. Ponto. Não temos. É um facto, não vale a pena discutir o assunto”, frisou Pedro Machado.

Considerando que é possível discutir “se é mais Cabo Verde, se é mais Angola, se é mais Moçambique, se é mais Brasil, se é mais Nepal, se é mais Índia, se é mais Uruguai”, o secretário de Estado sustentou que é preciso “acabar com esse mito de que os estrangeiros que chegam a Portugal vêm pôr em risco os empregos dos portugueses que cá estão” e que é necessário “reforçar uma capacidade de absorção qualificada e capacitada”.

Pedro Machado manifestou-se ainda “satisfeito e orgulhoso” pelos 19 galardões atribuídos a Portugal na 31.ª edição dos World Travel Awards, os chamados “Óscares” do turismo, em cerimónia realizada no domingo, no Funchal.

Portugal está num momento francamente positivo. Esse momento positivo resulta da excelência das suas empresas, dos seus empresários e, estou certo, do reconhecimento internacional do serviço que estamos. Esperamos todos que isso possa significar crescimento e crescimento em valor”, disse aos jornalistas.

O governante espera que, com a Estratégia de Turismo 2035, o país aproveite a oportunidade para “continuar a fazer crescer” o setor, “em qualidade e de forma sustentável”.

Depois de concluídas as conferências regionais, vão realizar-se reuniões temáticas, aprofundando mais dimensões na construção da Estratégia Turismo 2035, que deverá estar pronta em janeiro de 2025, para depois ser validada pelo Governo, sujeita a discussão pública e aprovada oficialmente em fevereiro do próximo ano, segundo o calendário previsto.

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Montenegro duvida de “aumento real” de casos de violência doméstica

  • Lusa
  • 25 Novembro 2024

"Não quero, repito, chocar ninguém, mas tenho consciência de que o aumento a que assistimos em alguns anos não significa um aumento real, significa um aumento de conhecimento", diz o líder do Governo.

O primeiro-ministro manifestou-se esta segunda-feira convicto de que o aumento dos casos de violência doméstica se deve ao facto de haver mais denúncias e não a um “aumento real” e garantiu o empenho do seu Governo em combater o fenómeno.

Num discurso na sessão de encerramento da conferência “Combate à violência contra mulheres e violência doméstica”, na Casa das Histórias Paula Rego, em Cascais, Luís Montenegro afirmou que o crime de violência doméstica “é muitas vezes um crime silencioso” e, referindo que não queria “chocar ninguém”, disse ter dúvidas de que o aumento no número de casos que se regista nas estatísticas “signifique o aumento da criminalidade tipificada para a violência doméstica”.

“Porque um dos fenómenos que aconteceu nos últimos anos foi precisamente que muita coisa saiu do armário onde estava escondida. Eu não quero, repito, chocar ninguém, mas tenho consciência de que o aumento a que assistimos em alguns anos não significa um aumento real, significa um aumento de conhecimento”, disse, acrescentando que está convencido de que a sociedade portuguesa “já foi muito pior desse ponto de vista”.

Neste discurso, feito no Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra as Mulheres, Montenegro garantiu que o “Governo está empenhado em poder aproveitar todas as suas áreas de ação para, de uma forma transversal e multissetorial, contribuir para detetar a ocorrência do crime, punir os seus responsáveis e, acima de tudo, proteger as vítimas”.

Montenegro frisou que, atualmente, o Governo está atuar na frente da prevenção e de apoio às vítimas, alegando que está a fazer talvez “o maior investimento de sempre” nessa vertente, e salientando que estabeleceu como objetivo rever o modelo de avaliação e gestão do grau de risco das vítimas.

Além disso, o primeiro-ministro afirmou que o Governo pretende “criar uma linha de financiamento direcionada às organizações não-governamentais (ONG)” que trabalhar no setor do combate à violência doméstica, além da criação de um fundo de financiamento para a capacitação educativa das crianças.

“Também queremos implementar um programa especializado de apoio aos familiares, em particular crianças e adolescentes de vítimas mortais de violência doméstica”, anunciou, salientando que seria um “passo significativo para poder, de alguma maneira, diminuir o impacto de uma ocorrência tão trágica que, infelizmente, a violência doméstica traz”.

“É desejo também meu que possam diminuir ano após ano”, disse. Na sua intervenção, o chefe do executivo qualificou o crime de violência doméstica como um “crime de terror”, salientando que é “continuado”, muitas vezes não é denunciado, e “ocorre todos os dias, confrontando a vítima com a maior sensação de insegurança que um ser humano pode ter”.

“É viver dentro do medo. Francamente, não há nada que possa mobilizar mais um responsável político que contribuir para erradicar, diminuir, atenuar, consoante a grandeza possível das nossas ações e atos, uma dimensão tão significativa da ofensa aos valores básicos de respeito pela cidadania e pelos direitos das pessoas”, disse.

Montenegro salientou que o combate à violência doméstica vai ser “sempre uma batalha incessante, que não provoca resultados imediatos e que será sempre uma tarefa inacabada”.

Nós sabemos que esta luta nunca vai acabar, nunca. Mas a responsabilidade que temos é que, quando legarmos aos outros que virão a seguir a nós, possamos entregar uma situação melhor do que aquela que encontrámos”, disse.

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Marcos Perestrello eleito presidente da Assembleia Parlamentar da NATO

  • Lusa
  • 25 Novembro 2024

Marcos Perestrello, atualmente vice-presidente da Assembleia da República, foi secretário de Estado da Defesa Nacional no Governo de António Costa.

O deputado socialista Marcos Perestrello foi eleito esta segunda-feira presidente da Assembleia Parlamentar da NATO durante a sessão anual da organização, que decorreu em Montreal, no Canadá.

Marcos Perestrello, que é atualmente vice-presidente da Assembleia da República e já era vice da Assembleia Parlamentar da NATO, foi secretário de Estado da Defesa Nacional no XXI Governo Constitucional, o primeiro dos três executivos liderados por António Costa, depois de ter ocupado função idêntica no tempo de José Sócrates.

O PS emitiu uma nota em que se congratula com a eleição de Marcos Perestrello, considerando que representa “um reconhecimento internacional da competência, dedicação e experiência política” do deputado e “reforça a presença de Portugal em instâncias internacionais de relevância”.

Advogado de formação, de 53 anos, Marcos Perestrello tem, segundo o PS, “uma longa carreira dedicada ao serviço público e à política nacional e internacional”

Deputado à Assembleia da República pelo PS desde 2005, tendo posteriormente desempenhou também as funções de secretário de Estado da Defesa Nacional e dos Assuntos do Mar, entre 2009 e 2011, e de secretário de Estado da Defesa Nacional, entre 2015 e 2019.

“A eleição de Marcos Perestrello reflete o compromisso do Partido Socialista com a defesa dos valores democráticos, da segurança coletiva e do reforço da cooperação internacional no seio da NATO. Acreditamos que, sob a sua liderança, a Assembleia Parlamentar da NATO continuará a desempenhar um papel importante na promoção da paz, da segurança e da estabilidade global”, lê-se na nota divulgada pelos socialistas.

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Marcelo promete ser neutro em relação a eleições e nem coloca cenário de legislativas

  • Lusa
  • 25 Novembro 2024

O Presidente promete "neutralidade rigorosa" nas eleições. "É o que vou ser, no ano que vem, em relação às locais. É aquilo que eu serei em relação a pré-campanhas presidenciais", disse.

O Presidente da República prometeu esta segunda-feira “neutralidade rigorosa” em relação às próximas eleições, a propósito das presidenciais, e afirmou que nem coloca o cenário de novas legislativas até ao fim deste seu mandato.

Marcelo Rebelo de Sousa, que falava aos jornalistas à saída de um hotel de Lisboa, onde participou numa conferência da CNN Portugal, escusou-se a confirmar se já foi informado pelo Governo de que o almirante Henrique Gouveia e Melo não quer ser reconduzido na chefia da Armada.

Interrogado sobre a possibilidade de Gouveia e Melo ser candidato presidencial e eventualmente vir a haver um militar Presidente da República, o chefe de Estado respondeu: “Sabem que uma coisa que eu não faço é comentar eleições. Nem eleições locais, nem eleições europeias, nem eleições parlamentares e, por maioria de razão, eleições presidenciais”.

“O Presidente da República deve ser aí de uma neutralidade rigorosa, e é isso que eu tenho sido. É o que vou ser, no ano que vem, em relação às locais. É aquilo que eu estarei em relação a pré-campanhas presidenciais”, prometeu, acrescentando: “Espero que não haja legislativas, portanto não coloco a questão em relação às legislativas”.

As próximas eleições presidenciais deverão realizar-se em janeiro de 2026. O segundo mandato de Marcelo Rebelo de Sousa irá terminar em 9 de março desse ano. Seis meses antes, o Presidente da República perde o poder de dissolução do parlamento.

Sobre a nomeação do chefe do Estado-Maior da Armada, Marcelo Rebelo de Sousa limitou-se a referir “pura e simplesmente” que o processo começa “daqui a dois dias, isto é, um mês antes do termo do mandato”, realçando que cabe ao Governo a proposta e que o Presidente da República “é o último interveniente”.

O almirante Henrique Gouveia e Melo, que coordenou a equipa responsável pelo plano de vacinação nacional contra a covid-19, tomou posse como chefe do Estado-Maior da Armada em 27 de dezembro de 2021, e está prestes a cumprir os três anos de mandato. Nos termos da Constituição, compete ao Presidente da República, nomear e exonerar, sob proposta do Governo, o chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas (CEMGFA) e os chefes dos três ramos militares.

A Lei Orgânica de Bases da Organização das Forças Armadas estabelece que o CEMGFA e os chefes de Estado-Maior dos ramos são nomeados “por um período de três anos, prorrogável por dois anos, sem prejuízo da faculdade de exoneração a todo o tempo e da exoneração por limite de idade”.

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