Estudo conduzido por investigadores espanhóis revela um risco reduzido de recidiva em doentes com cancro da mama localizado

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  • 18 Setembro 2024

Os resultados do estudo foram apresentados esta semana no Congresso da Sociedade Europeia de Oncologia Médica (ESMO), oferecendo uma nova esperança às doentes com cancro da mama localizada.

O cancro da mama é o tipo de cancro mais frequentemente diagnosticado nas mulheres em Espanha, com mais de 35 000 novos casos por ano. Embora os avanços no diagnóstico e no tratamento tenham melhorado consideravelmente as taxas de sobrevivência, o risco de recidiva continua a ser uma preocupação significativa para muitas pacientes.

Os resultados do estudo NATALEE de fase III foram apresentados esta semana no Congresso da Sociedade Europeia de Oncologia Médica (ESMO), oferecendo uma nova esperança às doentes com cancro da mama localizado HR+/HER2-, o subtipo mais comum da doença que representa cerca de 70% de todos os casos. Os dados de uma nova análise do estudo demonstraram que a utilização do ribociclib em combinação com a terapia endócrina reduz o risco de recidiva em 28,5% nas mulheres com cancro da mama HR+/HER2- localizado em estádios II e III, em comparação com a terapia endócrina isolada.

O Dr. Manuel Ruiz Borrego, coordenador da Unidade de Cancro da Mama do Hospital Universitário Virgen del Rocío de Sevilha, é um dos principais investigadores do estudo NATALEE em Espanha. O médico sublinha a importância destes resultados, uma vez que “significa uma redução do risco de recorrência da doença e, por conseguinte, de se tornar uma doença metastática”.

O médico recorda que “na fase local, a doente é curável, mas se a doença se tornar metastática, o prognóstico muda completamente. A maioria das doentes com cancro da mama metastático que têm um perfil de receptores hormonais positivo, 90% destas mulheres com doença avançada, vêm de doença precoce. Ou seja, por não terem tido o melhor tratamento possível na fase inicial para evitar a recidiva.

O estudo NATALEE, que envolveu mais de 5.000 mulheres em todo o mundo, demonstrou que o benefício do ribociclib não só se mantém, como aumenta após o período de tratamento de três anos. Este é um avanço crucial para as doentes com cancro da mama localizado, uma vez que, historicamente, os tratamentos adjuvantes, como a terapia endócrina, têm tido limitações na prevenção de recaídas a longo prazo. O ribociclib “oferece-nos uma nova arma terapêutica no momento do tratamento precoce, para além de um perfil de toxicidade muito adequado, o que é muito importante, especialmente para as doentes”, salienta o Dr. Ruiz Borrego.

A Espanha é um dos principais promotores do estudo, contribuindo com a participação de 761 doentes, o que equivale a 15% do número total de participantes. O estudo está a ser realizado em Espanha sob a coordenação do Grupo de Investigação do Cancro da Mama GEICAM e nele participam 47 hospitais de 12 comunidades autónomas. O Hospital Universitário Virgen del Rocío é o centro espanhol que contribuiu com o maior número de doentes para o estudo em Espanha, com 52. Esta elevada participação sublinha a qualidade e o empenho da investigação clínica em Espanha e reforça a importância da colaboração internacional na luta contra o cancro.

O Ribociclib da Novartis pertence a uma classe de medicamentos que ajudam a retardar a progressão do cancro através da inibição de duas proteínas denominadas quinase dependente da ciclina 4 e 6 (CDK4/6). Está autorizado em 99 países em todo o mundo, incluindo Espanha, para o tratamento do cancro da mama metastático e acaba de receber a aprovação da Food and Drug Administration (FDA) dos EUA para reduzir o risco de recaída em pessoas com cancro da mama localizado HR+/HER2-. Este marco histórico abre novas portas no tratamento adjuvante para milhares de mulheres em todo o mundo.

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Inteligência artificial: uma revolução ao serviço da saúde

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  • 18 Setembro 2024

Do diagnóstico ao apoio à decisão, estas ferramentas estão a ser adotadas por prestadores de cuidados em Portugal e no mundo. O tema esteve em debate no Bio-Med AI Summer School, em Lisboa.

Ao longo de três dias, a Biblioteca Nacional, em Lisboa, acolheu o encontro internacional do Bio-Med AI Summer School para debater e refletir sobre o papel das ferramentas de inteligência artificial ao serviço da saúde. Das mais recentes inovações às aplicações na investigação científica (IA) e na prática clínica, o encontro organizado pelo whatnext.law (centro de investigação da Nova School of Law e da Vieira de Almeida) em parceria com a Fundação de Investigação Biomédica da Academia de Atenas terminou na sexta-feira.

“Este evento focado na inteligência artificial na área da saúde é um ótimo exemplo do propósito do WhatNext.Law (centro de Investigação que resulta da colaboração entre a Vieira de Almeida e da NOVA School of Law) que ambiciona, desde o seu início, explorar os tópicos jurídicos do futuro, antecipar tendências e propor soluções inovadoras através da interseção entre diferentes disciplinas”, refere Tiago Bessa, Sócio da Vieira de Almeida, e membro da Comissão Científica do WhatNext.Law.

Durante três dias, académicos, profissionais e estudantes de diversas áreas do conhecimento debateram os desafios inerentes à utilização de novas tecnologias na saúde, um tema essencial para o futuro da nossa sociedade. A tecnologia tem o potencial de revolucionar os cuidados de saúde, mas a sua aplicação levanta questões que desafiam os paradigmas tradicionais. Este evento procurou, através dos temas abordados e da qualidade dos participantes, identificar e explorar novas soluções para os desafios colocados na interseção da tecnologia e dos cuidados de saúde”, acrescenta.

Ao longo de três dias, a Biblioteca Nacional, em Lisboa, acolheu o encontro internacional do Bio-Med AI Summer School

O evento dedicou a programação à partilha de conhecimento sobre os domínios da biomedicina, big data e IA, tendo sempre o plano da ética e da inovação como pano de fundo. A organização reconhece “o imenso potencial [da IA] para revolucionar a medicina personalizada”, mas não esquece que “com uma grande inovação vem uma grande responsabilidade”.

A conferência contou com a participação de reputados oradores ligados ao setor da saúde, do direito, da tecnologia e da ética, nomeadamente, Margarida Lima Rego (Nova School of Law), Guilherme Victorino (Nova IMS), Vera Lúcia Raposo (Nova School of Law), Paulo Pinheiro, Magda Cocco, Inês Antas de Barros, Francisca Paulouro e Pedro Fontes (Vieira de Almeida), Valter Fonseca (Organização Mundial de Saúde), Arlindo Oliveira (Instituto Superior Técnico), Nickolas Papanikolaou (Centre for the Unknown, Champalimaud Foundation), ou John Pavlopoulos (Athens University of Economics and Business), entre outros.

Em formato escola de verão, a iniciativa quis “preencher a lacuna entre a IA e as áreas da biomedicina e da saúde”, apoiando investigadores e profissionais a dominar o potencial e os desafios da integração da IA.

Tecnologia que cuida e previne

De acordo com dados da IDC, até 2025 vai verificar-se um aumento de 60% na adoção de soluções baseadas em IA pelos prestadores de cuidados de saúde, em grande medida devido aos ganhos de eficiência e eficácia. Mais do que cenários de ficção científica, os casos de uso da IA na saúde são hoje uma realidade no mundo e Portugal não é exceção. “Na Luz Saúde, vemos a IA como uma tecnologia transformadora”, afirmou Nuno André da Silva, do Learning Health do Hospital da Luz. No caso do prestador privado de cuidados de saúde, “60% do investimento foi feito na jornada dos nossos pacientes” com o objetivo de simplificar a interação entre médicos e utentes. “Por exemplo, a IA pode fazer um resumo [escrito] de uma consulta. O médico não precisa de escrever esse resumo na ficha e pode concentrar-se no paciente”, explicou o responsável durante o painel “The Use of AI in Medical Delivery”.

No grupo Lusíadas, existe já um chatbot ao serviço dos pacientes que presta auxílio em questões como o agendamento de consultas, ainda que tenha capacidade para fazer mais. “Pode responder a algumas questões dos profissionais de saúde e pode ser muito autónomo, mas decidimos mantê-lo mais controlado”, apontou Josué Delgado, especialista em cibersegurança do grupo.

"Temos agora o AI Act [da Comissão Europeia, aprovado no início do ano] para tentar regular esta área. Nesse âmbito, a utilização de dados de saúde está enquadrada nos riscos elevados pelo que há maiores restrições para proteger os cidadãos”

Carolina Brites, especialista da Complear.

Embora a tecnologia seja já utilizada para cenários mais complexos, como a identificação de sinais de doença em ressonâncias magnéticas ou raio-x, o médico João Frutuoso, do Hospital São Francisco Xavier, acredita ser importante “que estas ferramentas sejam isso mesmo, ferramentas, porque a decisão final é sempre do médico”. “Vamos sempre precisar de um humano”, reforça.

Não basta desenvolver uma ferramenta de IA e colocá-la ao serviço de profissionais de saúde, é preciso cumprir a (cada vez mais apertada) regulação europeia e, sobretudo, assegurar a fiabilidade dos dados usados na sua construção. “Temos agora o AI Act [da Comissão Europeia, aprovado no início do ano] para tentar regular esta área. Nesse âmbito, a utilização de dados de saúde está enquadrada nos riscos elevados pelo que há maiores restrições para proteger os cidadãos”, detalhou Carolina Brites, especialista da Complear.

Nuno André da Silva e Josué Delgado concordam que é fundamental conhecer a origem dos dados, certificar a sua qualidade e garantir uma utilização adequada das ferramentas. “É preciso perceber de onde vêm os dados, como são tratados pelo modelo e se aquilo que estamos a colocar nas mãos do médico é fiável”, insiste Josué Delgado.

Da teoria à prática: três casos reais

Apoio à decisão

Nickolas Papanikolaou, do Centre for the Unknown da Fundação Champalimaud, integra o projeto ProCAncer-I que recolheu dados de mais de 12 mil pacientes para criar um modelo que permitisse detetar sinais de doença em ressonâncias magnéticas. “Esta tecnologia pode ajudar também em outro tipo de cancros e noutras utilizações clínicas. Para já, estamos focados no cancro da próstata que já é uma tarefa enorme”, explicou.

Escrever relatórios

John Pavlopoulos, da Athens University of Economics and Business, refletiu sobre a utilização de IA para apoiar a elaboração de relatórios técnicos com base em imagens médicas. “Na Inglaterra, 230 mil pacientes esperam cerca de um mês pelos resultados das suas radiografias, sendo este um caso em que as ferramentas automáticas podem ajudar”, considerou. É, assim, possível “usar a capacidade da IA de ler uma imagem e transformá-la em texto no contexto clínico”, assegura, o que trará ganhos de eficiência aos hospitais e uma melhoria do atendimento aos clientes através da diminuição do tempo de resposta aos pacientes.

Avaliação de saúde mental

Sophia Ananiadou, da Universidade de Manchester, esteve na conferência para falar sobre o MentaLLaMA, um modelo de linguagem em grande escala (LLM, na sigla em inglês), desenhado para interpretar questões ligadas à saúde mental. “Um modelo bem-sucedido tem de ter um bom desempenho, mas também capacidade de interpretação. Precisamos de ter muito cuidado com a análise da situação da saúde mental de alguém”, alertou.

O Bio-Med AI Summer School, organizado pelo whatnext.law em parceria com a Fundação de Investigação Biomédica da Academia de Atenas, terminou na sexta-feira depois de três dias de debate intenso entre académicos de diversas áreas do conhecimento, profissionais ligados à área da saúde e investigadores. Na sessão de encerramento, Adalberto Campos Fernandes, antigo Ministro da Saúde, destacou o papel que a inteligência artificial poderá ter para aumentar, a nível global, o acesso aos cuidados de saúde e acelerar a investigação médica.

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Auténtica 2024 consolida a sua posição como a feira líder da alimentação premium-gourmet com 8.404 executivos da grande distribuição, hotelaria e restauração

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  • 18 Setembro 2024

O evento posicionou a Andaluzia e Sevilha como referências da dieta mediterrânica pela qualidade dos seus produtos alimentares.

Auténtica, o evento de produtos gourmet com valores associados à dieta mediterrânica, fechou as suas portas depois de se ter posicionado como a feira de referência da indústria agroalimentar do sul de Espanha. Durante dois dias, 8.404 executivos da grande distribuição e do retalho, chefes de cozinha e empresários do setor hoteleiro estiveram na FIBES para descobrir as últimas novidades em alimentos e bebidas gourmet premium, gerando um impacto económico de 12 milhões de euros na cidade de Sevilha.

A feira acolheu uma nova edição do Congresso Auténtica, que reuniu 233 especialistas para apresentar diferentes iniciativas e projetos, cozinhar ao vivo e debater os desafios e oportunidades que o sector enfrenta.

No âmbito da gastronomia e da alta cozinha, chefs como Paco Morales, Benito Gómez, Javier Olleros, Maca de Castro, Juan Carlos García e Hideki Matsuhisa, reuniram-se no espaço Culinary Fest by Gusto del Sur, destacando o valor da excelente gastronomia e agricultura da nossa terra com produtos de qualidade Gusto del Sur. Todos eles falaram sobre os conceitos que inspiram os menus dos seus restaurantes e a importância da qualidade do produto na variedade dos seus pratos. Também fizeram demonstrações de receitas ao vivo e puderam partilhar o espaço com outros profissionais de renome de diferentes áreas, como a arte, o desporto e a escrita.

A propósito da exaltação dos produtos mediterrânicos que a Auténtica defende, Paco Morales, chefe do Restaurante Noor, sublinhou que “é essencial conhecer o legado histórico para saber de onde vimos e para onde vamos. Estamos sempre associados à pele de touro, aos citrinos, ao azeite ou ao presunto, mas os nossos produtos, mais do que produtos, são um modo de vida. Temos de nos orgulhar de todas estas tradições e este ano estamos a apresentar um menu inspirado em receitas e sabores de diferentes períodos históricos”.

Benito Gómez, Chefe do Restaurante Bardal, salientou que “para mim, cozinhar é a capacidade de temperar. Por vezes, nós, cozinheiros, sentimos que ficamos aquém das expectativas, mas não é necessário adicionar emulsões ou nuvens a todas as receitas. De facto, a nossa cozinha brilha pelos seus poucos artifícios, porque eles não são necessários quando o produto é bom. O que nos define é a nossa forma de realçar o sabor”.

Sobre a importância de cuidar bem dos produtos e utilizar alimentos locais, Maca de Castro, chefe do Restaurante Maca de Castro, explicou que no seu restaurante “temos agora quatro hortas que colhemos todos os dias. Fazemos colheitas biológicas, não geneticamente modificadas, e isso é importante. Embora possa parecer estranho, devemos comer legumes feios, são os mais naturais, saudáveis e com melhor sabor”. Hideki Matsuhisa, chefe do restaurante Koy Shunka, salientou que “é essencial ter um bom produto e os materiais para o processar. Começamos a cozinhar assim que o produto chega ao restaurante, o que significa respeito pelo produto e por todo o processo”.

PRODUTOS

A segunda edição da Auténtica foi uma montra para as últimas inovações em comida e bebida premium-gourmet. Desde sanduíches de gelado quente, caviar de citrinos, gelado de azeitona ou carne vegetal feita com proteína de ervilha, um total de 251 empresas expositoras apresentaram as suas últimas inovações nos dois pavilhões FIBES, demonstrando a qualidade dos produtos agro-alimentares do nosso país. Para além de conhecerem as novidades do sector, os profissionais presentes na Auténtica 2024 puderam também inspirar-se, criar sinergias, degustar produtos de alta qualidade e desfrutar de exclusivos shows de cozinha ao vivo.

O Auténtica Premium Food Fest é um evento realizado em colaboração com a Consejería de Agricultura, Pesca, Água e Desenvolvimento Rural da Junta da Andaluzia, através do cofinanciamento com fundos europeus FEDER, e conta com o apoio da Câmara Municipal de Sevilha, da Consejería de Agricultura, Pesca e Alimentação, da Landaluz, das Cooperativas Agroalimentares da Andaluzia, bem como das principais associações patronais do setor.

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Não há-de ser nada

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  • 18 Setembro 2024

Rita Marto, Subscritora de Patrimoniais Empresas & Linhas Financeiras, dá exemplos de situações de risco que acontecem regularmente e nas quais as seguradoras conseguem aliviar o prejuízo.

Rita Marto, Subscritora de Patrimoniais Empresas & Linhas Financeiras na Innovarisk.

Foi há duas semanas que se fez sentir um sismo que abanou (e abalou) muitos portugueses. Fê-los pensar, naturalmente, no pior cenário e em como ficariam se o sismo tivesse sido um pouco mais forte na escala. Hoje, não vou aqui falar do sismo em si – esse tema tem sido
exaustivamente debatido – mas deste comportamento típico do bom português que é pensar no pior cenário apenas quando o evento que lhe teria dado lugar já tivesse ocorrido.

Os seguros têm esta particularidade de só se ver o seu benefício quando o pior acontece. Um imprevisto. Um azar. Um dano. Ora, até que tal aconteça – e oxalá que nunca aconteça – ninguém vê retribuição no momento de contratar um seguro. Pelo contrário, só se vê o pagamento do prémio e, por vezes, até, um gasto extraordinário para que o nosso risco se coadune com as exigências de uma seguradora (alarme aqui, detetores de fumo acolá, etc). E, por ser assim, está generalizada a ideia de que seguros, a ter, será sempre pelo mínimo
(cobertura e/ou prémio). E é neste ponto que me quero focar.

"Levei logo um choque de realidade ao perceber a quantidade astronómica de sinistros que se abrem diariamente. Na verdade, “não acontece só aos outros” e pode, aliás, acontecer a qualquer um.”

Rita Marto, Subscritora de Patrimoniais Empresas & Linhas Financeiras na Innovarisk.

A minha vida profissional começou nos seguros. Não planeei, aconteceu. Mas certo é que me cativou e, acima de tudo, deu-me uma nova perspetiva sobre as coisas. Comecei como gestora de sinistros, primeiro em Patrimoniais (Habitação), depois em Automóvel. Levei logo um choque de realidade ao perceber a quantidade astronómica de sinistros que se abrem diariamente. Na verdade, “não acontece só aos outros” e pode, aliás, acontecer a qualquer um. Das coisas mais simples como um curto-circuito na máquina de lavar a louça que leva toda a cozinha a cinzas; uma janela aberta em plena luz do dia que convida os assaltantes a entrar; um condutor descontrolado que embate noutro automóvel; o adolescente que decide levar o carro dos pais “emprestado” e embate no muro ficando seriamente ferido. São apenas alguns exemplos que trago na memória. Temos tantos outros que diariamente acompanhamos nas notícias e, por vezes, nem pensamos que está uma Seguradora por trás a tentar minimizar os danos, restituindo tanto quanto possível a realidade daquela pessoa ou organização antes do tal azar.

O meu caminho levou-me para fora. Passei para a área da subscrição na Irlanda e foi ali que percebi que este estigma dos seguros é muito nosso. Não que não haja noutros sítios (se há!), mas estive em contacto com uma realidade muito diferente da nossa e, uma vez mais,
ganhei perspetiva. Existia uma verdadeira preocupação em contratar o seguro certo, ainda que com aquelas coberturas extra que podem até gerar prémio (peguemos novamente no exemplo dos fenómenos sísmicos!), não porque esses extras são um luxo com que alguém se queira pavonear (até porque não se veem), mas sim porque fazem sentido na realidade daquele tomador. Ali, constatei que o que lhes era verdadeiramente importante era ter a cobertura certa e não apenas porque o seguro multirriscos era obrigatório pelo banco ou
porque a lei obrigava ao seguro de responsabilidade civil automóvel, mas porque, além dos mínimos, existiam muitas opções complementares que lhes faziam sentido.

"O ‘não há-de ser nada’, o ‘se acontecer logo se vê’, o ‘esta opção é melhor porque é mais barata’, intrínseco na mentalidade de tantos. Há muitas organizações e profissionais que não sabem o que estão a contratar ou o que falta contratar.”

Rita Marto, Subscritora de Patrimoniais Empresas & Linhas Financeiras na Innovarisk.

Voltando a Portugal, e subscrevendo agora no âmbito Corporate, continuo impressionada com os inúmeros casos que continuam a seguir os mínimos. O ‘não há-de ser nada’, o ‘se acontecer logo se vê’, o ‘esta opção é melhor porque é mais barata’, intrínseco na mentalidade de tantos. Há muitas organizações e profissionais que não sabem o que estão a contratar ou o que falta contratar. Urge que nos informemos mais sobre as opções disponíveis, sobre o que quer dizer A ou B e até C e que implicações têm na prática. Recorrermos aos mediadores e corretores para esclarecer e aconselhar. De tão vulneráveis que estamos a alterações climáticas, hackers, crises económicas, etc, urge mudar a mentalidade para que os seguros passem, de uma vez por todas, a ser adequados. Porque só ao ter seguros adequados às necessidades de cada um, seja na esfera pessoal ou na esfera empresarial, se garante tranquilidade e segurança.

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Investidor avalia litigância após exclusão de bolsa da Reditus. “Favorece o infrator”

A Carisvalor, um dos acionistas da Reditus com uma posição relevante no capital, vai esperar pela divulgação das contas do ano passado para decidir que ações vai tomar, após a exclusão de bolsa.

A sociedade Carisvalor, que detém perto de 5% do capital da Inapa e está a mover dois processos judiciais na sequência da insolvência, é também acionista da Reditus, a tecnológica portuguesa excluída da bolsa de Lisboa esta segunda-feira, dia 16 de setembro, por decisão da Euronext Lisbon devido ao incumprimento de regras. À espera de conhecer os resultados de 2023, o acionista vai avaliar as suas opções e admite um processo de litigância, uma vez que a saída de bolsa penaliza a participação na empresa.

A exclusão de bolsa “parece favorecer o infrator”, atira o representante da sociedade Carisvalor, em declarações exclusivas ao ECO. “Que outra forma tão simples [existe] de tirar uma empresa de bolsa” através das ações da gestão da empresa, que atrasou de forma sucessiva a divulgação de resultados, questiona.

O acionista reconhece – ao contrário do que aconteceu na Inapa, onde foi surpreendido com a notícia da falência da empresa a um domingo – que no caso da Reditus está consciente dos riscos do investimento e até tem vindo a reforçar a posição após a divulgação dos resultados de 2022. E, acrescenta, que, para já, está a “dar o benefício da dúvida” à empresa, que apresentou um conjunto de resultados que agradou à sociedade.

A empresa liderada por José-Louis Pagés (na foto), divulgou no passado dia 21 de agosto que registou um lucro de 8,7 milhões de euros em 2022, que é mais do triplo do resultado positivo de 2,7 milhões de euros um ano antes.

Estes são os últimos indicadores financeiros conhecidos da empresa, que foram reportados após sucessivos atrasos e reagendamentos. Sem indicar uma data precisa sobre quando poderá apresentar as contas do primeiro semestre de 2023, a tecnológica propõe mostrar estes números até 60 dias após os resultados de 2022. Ou seja, até 21 de outubro.

O incumprimento na divulgação de informação financeira ao mercado esteve na origem da exclusão do mercado de capitais. Numa decisão comunicada à empresa no passado dia 11 de julho e divulgada ao mercado um dia depois, a gestora da bolsa de Lisboa informou a Reditus da exclusão do mercado com efeitos no dia 16 de setembro. As ações negociaram na bolsa pela última vez na última sexta-feira, tendo abandonado o mercado a valer 3,6 cêntimos por ação.

“A Euronext tomou a decisão de excluir a Reditus do mercado Euronext Lisbon após uma avaliação cuidadosa do seu incumprimento das regras do mercado a que está sujeita”, explicou fonte oficial da gestora da bolsa portuguesa ao ECO. Segundo a Euronext, “os acionistas tinham acesso limitado à informação financeira da empresa, devido à ausência de relatórios anuais auditados nos últimos anos; as ações da empresa estavam no Penalty Bench há mais de 36 meses (passaram para este compartimento em Julho de 2021); e a empresa continuava a não cumprir as obrigações regulamentares (Regra 61005/1)”, justifica.

A Regra 61005/1 da Euronext prevê a possibilidade de a gestora remover valores mobiliários listados nos seus mercados por sua própria iniciativa com base em qualquer motivo apropriado, incluindo situações em que exista o incumprimento manifesto do Emitente em relação às obrigações impostas e aos requisitos estabelecidos nas regras ou no Formulário de Aplicação.

“Estar cotado significa privilegiar a transparência para que os investidores tenham informação para tomarem as suas decisões de investimento adequadamente”, aponta fonte oficial da bolsa portuguesa, acrescentando que, “quando uma emitente não cumpre esses deveres de informação, é avisada, e, caso não corrija, é colocada no penalty bench para que os investidores percebam que a empresa não está a prestar a informação a que é obrigada, havendo um acesso limitado à informação financeira da empresa”, o que aconteceu com a Reditus em 2021.

Os acionistas com participações mais reduzidas ficam com as mãos atadas com exclusão de bolsa.

Carisvalor

Três anos após estar “sob aviso” da Euronext e sem regularizar a situação, a Euronext decidiu avançar com a penalização mais grave: a exclusão. Os investidores com ações da empresa mantêm os seus títulos e podem negociá-los fora do mercado, mas veem o valor das suas posições desvalorizadas, devido à empresa já não estar cotada e não ser líquida.

Os acionistas com participações mais reduzidas ficam com as mãos atadas“, admite o representante da Carisvalor. Apesar de todos os riscos associados ao investimento, a sociedade mantém uma “boa perspetiva” para a sua participação. “Os resultados apresentados são bastante animadores, para quem acompanha a empresa“, aponta, reconhecendo algumas preocupações associadas à ausência de informação: “é uma empresa muito pouco transparente”.

Para Octávio Viana, presidente da Associação de Investidores e Analistas Técnicos do Mercado de Capitais (ATM), uma vez que a expulsão do mercado “resultou de um comportamento da gestão”, ao não divulgar contas e adiar sucessivamente as datas indicativas de reporte da informação financeira, os investidores podem agir judicialmente contra a gestão: “Causou prejuízo aos acionistas e por isso pode ser responsabilizada, podem avançar contra a gestão.”

A situação da Reditus tem estado também a ser acompanhada pela Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), que “no âmbito das suas competências de supervisão, acompanha os processos de exclusão de sociedades cotadas, mesmo que essa exclusão resulte de decisão da entidade gestora do mercado“, adiantou fonte oficial do regulador ao ECO.

Exclusão de negociação não elimina, nos termos do Código dos Valores Mobiliários, a responsabilidade da sociedade pelo eventual incumprimento de deveres (de prestação de informação ao mercado ou outros) ocorrido durante o período em que era emitente cotado (…) o incumprimento de deveres de prestação de informação pode gerar o apuramento de responsabilidades contraordenacionais.

CMVM

“A exclusão de negociação não elimina, nos termos do Código dos Valores Mobiliários, a responsabilidade da sociedade pelo eventual incumprimento de deveres (de prestação de informação ao mercado ou outros) ocorrido durante o período em que era emitente cotado”, explica ainda a mesma fonte.

A CMVM reforça ainda que o Código dos Valores Mobiliários prevê que “o incumprimento de deveres de prestação de informação pode gerar o apuramento de responsabilidades contraordenacionais“, ainda que não se possa pronunciar sobre “medidas de supervisão ou sancionatórias concretas em curso em relação a qualquer entidade sob sua supervisão.”

Exclusão por incumprimento sem contrapartida

Ao contrário dos casos em que o pedido de perda de qualidade de sociedade aberta é voluntário, como aconteceu com várias empresas na bolsa portuguesa nos últimos anos, na Reditus a exclusão foi imposta pela Euronext, deixando os investidores sem direito a uma contrapartida.

“A obrigação de aquisição das participações dos acionistas que não votem a favor a exclusão de mercado apenas se aplica a exclusões voluntárias, ou seja, por iniciativa da própria sociedade cotada, após uma Assembleia Geral (251.º-F do Código dos Valores Mobiliários). Significa isto que, quando a exclusão é determinada pela Euronext Lisbon, por incumprimento de regras do mercado aplicáveis aos emitentes cotados, essa obrigação não se aplica”, explica fonte da CMVM.

Esta posição do regulador vem confirmar aquela que era a visão de juristas e do mercado em relação a este caso. Octávio Viana, o representante da associação de pequenos investidores, reconhece que “não há ninguém a quem exigir essa contrapartida. Não há a quem imputar, porque a perda de qualidade de sociedade aberta não resultou de nenhuma alteração pedida pelo acionista”, ainda que “a perda de sociedade aberta representa uma perda grande para os acionistas.”

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Há menos trabalhadores a deixarem as empresas e salários vão abrandar

Menos empregos disponíveis, cenário político relativamente instável e melhores estratégias de retenção de talento levam saídas voluntárias a cair, segundo a Mercer, que vê salários a abrandar em 2025.

O número de saídas voluntárias de trabalhadores das empresas para as quais trabalham está em queda. O mercado de trabalho português tem, neste momento, menos ofertas de emprego disponíveis do que há um ano, o que ajuda a explicar essa trajetória. Mas esse não é o único motivo. As empresas estão hoje “mais focadas em investir” no seu talento, adianta ao ECO a empresa de recursos humanos Mercer. E isso tem melhorado a retenção de trabalhadores.

Na edição deste ano do estudo “Total Compensation”, a Mercer indica que o indicador de turnover voluntário — que diz respeito às saídas voluntárias de trabalhadores das organizações — está situado em 8,6%, o que corresponde a um recuo de dois pontos percentuais face ao ano anterior.

De notar que, nos anos pandémicos, este indicador também registou decréscimos (o que pode ser explicado pela instabilidade que se vivia na altura), mas em 2023 o panorama inverteu-se, tendo as saídas voluntárias superado mesmo os níveis anteriores à Covid-19 (10,6% em 2023 contra 10% em 2019).

Agora em 2024 o cenário volta a mudar, verificando-se um novo decréscimo. “Tipicamente a movimentação no mercado de trabalho (refletida pela rotatividade) tende a estar relacionada com a existência de mais ou menos oportunidades, assim como com a necessidade de mais ou menos estabilidade por parte dos colaboradores”, explica Marta Dias, rewards leader da Mercer Portugal, em declarações ao ECO.

Basta olhar para os dados mais recentes do Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP). No final de julho, havia 12.178 ofertas de emprego por satisfazer, menos 26,5% do que há um ano e menos 5,9% do que no mês anterior.

Podem existir vários fatores que determinam uma menor rotatividade, entre os quais um menor dinamismo do mercado de recrutamento (menos ofertas), mas também eventualmente alguma instabilidade política.

Marta Dias

Rewards leader da Mercer Portugal

Mas esse não é o único motivo para a tendência decrescente das saídas voluntárias, aponta a referida especialista. “Podem existir vários fatores que determinam uma menor rotatividade, entre os quais um menor dinamismo do mercado de recrutamento (menos ofertas), mas também eventualmente alguma instabilidade política, que pode conduzir a uma menor predisposição ao risco por parte dos colaboradores“, sublinha Marta Dias, numa altura em que ainda nem é possível perceber se o PSD conseguirá ver a sua proposta de Orçamento do Estado para 2025 viabilizada.

Por outro lado, a responsável reconhece que as organizações estão “cada vez mais focadas em investir nas suas pessoas e nas condições que lhes proporciona“, o que “é natural” que tenha impacto na retenção de talento, resultando num menor nível de rotatividade voluntária, diz.

E questionada especificamente quanto às estratégias de fidelização de trabalhadores que as empresas têm adotado, Marta Dias realça que há iniciativas com vários focos, mas destaca que os salários têm crescido (em média, 6% este ano, pelas contas da Mercer). Além disso, têm ganhado terreno os prémios que “procuram reconhecer a performance e talento”, identifica a mesma.

“Complementarmente, cerca de um terço das empresas opta também por mecanismos de remuneração variável de longo prazo. Estes, sim, cada vez mais focadas em reforçar permanência e retenção. Finalmente, os benefícios têm ganhado cada vez mais espaço e mais diversidade”, acrescenta Marta Dias.

34% ainda não decidiram se vão despedir ou aumentar equipas

O estudo “Total Compensation”, que tem por base as respostas de 612 empresas com quase 200 mil trabalhadores, revela também “alguma cautela” dos empregadores nas intenções de contratação para o próximo ano.

Cerca de 38% querem manter o mesmo número de trabalhadores, menos um ponto percentual do que há um ano. Ainda assim, 28% querem aumentar as suas equipas (mais um ponto percentual do que há um ano) e 34% ainda não decidiram se pretendem aumentar ou reduzir o número de trabalhadores em 2025.

Em comparação com o ano passado, também o número de empresas indecisas é maior (verifica-se um aumento de um ponto percentual), mas Marta Dias desvaloriza esse agravamento, explicando que está “sobretudo relacionado com o momento da recolha de dados” (no final do primeiro semestre).

Já quanto às empresas que pretendem contratar, a especialista avança que ainda se sentirá escassez de trabalhadores em alguns setores e para alguns perfis no próximo ano. “Não é só um tema de perfis especializados em áreas como as Tecnologias da Informação, que talvez seja mais comummente conhecido, mas é também um tema de perfis mais técnicos (como manutenção, mecânica, eletrónica, e eletricidade) ou de perfis mais operacionais, por exemplo nas áreas da hotelaria”, assinala.

Salários vão abrandar (ligeiramente)

De olhos postos em 2025, as empresas já adiantam que vão subir os salários menos do que este ano, mas, ainda assim, o poder de compra dos trabalhadores portugueses pode sair reforçado.

O estudo da Mercer indica que o incremento médio deverá ser de 3,8%, o que representa um ligeiro abrandamento (de 0,6 pontos percentuais) face aos aumentos efetivamente registados em 2024. Marta Dias atribui essa desaceleração ao próprio abrandamento dos preços.

“Recuando alguns anos, e em cenários de baixa inflação (por exemplo, 2018 ou 2019), tipicamente em Portugal as percentagens de incrementos salariais médias definidas pelas organizações rondavam os 2% ou 2,5%. Nos últimos 2 a 3 anos, decorrente do aumento significativo da inflação, e consequente aumento do custo de vida, as organizações encontraram a necessidade de rever os seus orçamentos para aumentos salariais e caminhámos para valores a rondar os 4%. Agora, à medida que a inflação vai estabilizando, as organizações também vão estabilizando e ajustando as suas perspetivas de incrementos salariais (daí este ligeiro decréscimo perspetivado para 2025)”, argumenta.

Mantendo-se ambas as previsões, a taxa de inflação para 2025 será inferior aos incrementos salariais, oferecendo aos colaboradores um aumento real do seu poder de compra.

Marta Dias

Rewards leader da Mercer Portugal

Ou seja, trata-se de um “ajuste natural após um período de taxas de inflação” históricas, sendo que, mantendo-se as atuais previsões, os aumentos serão, ainda assim, superiores à trajetória dos preços. “O que oferece aos colaboradores um aumento real do seu poder de compra“, destaca Marta Dias.

Já quanto aos benefícios extra salário, os mais comuns, neste momento, são o seguro de saúde (94% das empresas inquiridas) e o subsídio de refeição (90%), aponta a mesma especialista.

“Há, no entanto, benefícios que têm vindo a ganhar espaço e que acreditamos refletem o investimento das organizações em ir de encontro às preferências e necessidades dos colaboradores, é o caso da oferta de dias adicionais de férias, que é prática para 61% das empresas participantes no estudo, assim como os benefícios flexíveis que são oferecidos por 30% das empresas”, remata a rewards leader.

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Governo “desconhece” diligências junto de Bruxelas para investigação à Airbus

PCP questionou o Governo sobre diligências junto da União Europeia para que seja investigado o papel da Airbus na privatização da TAP. Executivo não encontrou nenhumas.

O Governo diz que não tem conhecimento de quaisquer diligências feitas pelo Executivo de António Costa junto da União Europeia para que seja investigado o papel da Airbus na privatização da TAP, em 2015, conforme foi solicitado pelos deputados da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) realizada o ano passado.

“Quanto às diligências que o Governo efetuou junto da União Europeia para que se investigue o papel da Airbus no processo de privatização, desconhecem-se quaisquer diligências sobre a matéria“, afirma o gabinete do primeiro-ministro, Luís Montenegro, em resposta aos deputados do PCP.

No relatório final da CPI, aprovado em julho de 2023, os deputados solicitaram ao então Governo de António Costa que “no quadro das suas relações bilaterais e da sua participação nas estruturas da União Europeia atue para que seja lançada uma investigação ao papel da Airbus no processo de privatização da TAP”.

Os comunistas quiseram saber o que tinha sido feito nesse sentido e solicitaram a 12 de julho o envio pela Assembleia da República de questões ao primeiro-ministro. Pela resposta enviada, não foram encontrados registos de qualquer diligência por parte do anterior Executivo ou do atual.

Em causa estão os chamados “fundos Airbus”, dinheiro que a fabricante europeia de aeronaves entregou a David Neeleman para capitalizar a TAP no âmbito da privatização, no final de 2015, em troca do compromisso para a aquisição de 53 aviões pela companhia aérea portuguesa.

A Airbus acordou com o empresário brasileiro a entrega de créditos de capital no valor de 226,75 milhões de dólares (202,5 milhões de euros) à DGN, empresa de David Neeleman, para serem canalizados para a TAP através da Atlantic Gateway, criada pelo empresário brasileiro e por Humberto Pedrosa e que em novembro de 2015 adquiriu 61% da TAP. O novo acionista privado entregou os mesmos 226,75 milhões de dólares (202,5 milhões de euros) em suprimentos à companhia aérea, que por sua vez ficou obrigada a adquirir as 53 aeronaves, sob pena de ter de indemnizar a Airbus naquele mesmo montante, como avançou o ECO.

O tema já tinha sido abordado na CPI realizada o ano passado e foi analisado também pela Inspeção-Geral de Finanças (IGF) na auditoria divulgada no início do mês. A IGF considerou que “pode inferir-se que as prestações suplementares de capital efetuadas pela Atlantic Gateway à TAP SGPS resultaram de fundos da Airbus que a própria TAP SGPS, através dos contratos celebrados posteriormente com aquela empresa, se comprometeu a pagar, não decorrendo, por isso, diretamente da acionista Atlantic Gateway, mas sim de um terceiro com interesses diretos nos negócios da empresa e através de fundos que posteriormente viria a recuperar mediante pagamentos a que a TAP SA se vinculou contratualmente (efetuados por via da aquisição das aeronaves ou decorrentes de penalizações por eventuais incumprimentos)”.

Ainda segundo a auditoria da IGF, a capitalização realizada pela Atlantic Gateway poderá ter sido feita à margem da lei, ao afigurar-se “suscetível de contornar a proibição imposta pelo n.º 1 do artigo 322.º do Código das Sociedades Comerciais (CSC), o qual impede que uma sociedade conceda empréstimos ou forneça fundos a um terceiro para que este adquira ações do seu próprio capital”. A penalidade consiste na nulidade dos contratos ou atos unilaterais que lhe estão subjacentes.

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PRR tem 615 milhões para a floresta. Execução é preocupante ou precisa de acompanhamento

Há apenas dois investimentos concluídos – a compra de meios terrestres de prevenção e combate a incêndios rurais e a rede de radares – e dois alinhados com o planeamento.

O Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) tem 615 milhões de euros para valorizar a floresta e torná-la mais resiliente aos incêndios rurais. Mas a execução da maioria das reformas e investimentos previstos é considerada preocupante ou a precisar de acompanhamento.

Há apenas dois investimentos concluídos – a compra de meios terrestres de prevenção e combate a incêndios rurais e a rede de radares – e dois alinhados com o planeamento – a reforma do sistema de prevenção e combate de incêndio e o programa de reordenamento e gestão da paisagem.

As três grandes reformas do PRR para a área da floresta (C8) são:

  • a transformação da paisagem dos territórios de floresta vulneráveis através de programas de reordenação e gestão da paisagem, a criação de áreas integradas de gestão da paisagem, um programa de apoio às aldeias localizadas em territórios florestais (condomínios de aldeia) e o programa emparcelar para ordenar, que tem por objetivo aumentar a dimensão das propriedades e consequentemente a sua viabilidade económica.

Segundo a comissão liderada por Pedro Dominguinhos o programa emparcelar para ordenar está classificado como preocupante, tal como as áreas integradas de gestão da paisagem (AIGP). Sublinhando que as Operações Integradas de Gestão da Paisagem são “a semente desta reforma inovadora”, a CNA alerta que qualquer problema com as entidades gestoras das mesmas pode afetar toda a operação e a sua existência futura e que as OIGP precisam de ganhar escala

  • Reorganização do sistema de Cadastro da propriedade rústica e Sistema de Monitorização de Ocupação do Solo. Esta reforma visa possibilitar “aos cidadãos e empresas dispor de um meio facilitado de identificação e registo das suas propriedades, impulsionado pelo estabelecimento da gratuidade dos atos de registo e dos atos com efeitos tributários”. O objetivo é ainda “permitir à Administração Pública Central, Regional e Local ter acesso a informação de referência, com a qualidade e dinâmica requeridas para o apoio ao planeamento e implementação de políticas públicas, à elaboração da Carta de Ocupação do Solo e do Inventário Florestal Nacional, ferramentas de suporte essenciais para o Sistema de Gestão Integrada de Fogos Rurais”, lê-se no PRR. Uma reforma que exige acompanhamento diz a CNA.
  • E anda a prevenção e combate de fogos florestais. Com base no relatório produzido por esta Comissão Técnica Independente (CTI), criada após os incêndios de Pedrógão que “aponta falhas estruturais e operacionais no modelo de prevenção e combate aos incêndios florestais e ao Sistema de Proteção Civil” e outros trabalhos foi definida uma reforma sistémica na prevenção e combate de incêndios florestais, estendendo-se a outras áreas da proteção e socorro. Uma reforma que assenta em três princípios: aproximação entre prevenção e combate, profissionalização e capacitação do sistema e especialização.

Há depois quatro investimentos agregadores, que ascendem a 615 milhões de euros, que visam cumprir os objetivos desta mudança estrutural.

Destes quatro investimentos, que não foram alvo de qualquer reforço no âmbito da reprogramação do PRR, Pedro Dominguinhos classifica dois como preocupantes: as faixas de gestão de combustível “face ao nível de execução física reportada”, e por isso “alerta para a necessidade de atenção da tutela governativa para a questão das declarações de interesse e utilidade pública”; e o Programa MAIS Floresta que visa reforçar a atuação das organizações de produtores florestais e dos Centros de Competências no setor florestal já que “a execução financeira (que neste caso acompanha a física) é pouco significativa”.

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Seguradoras esperam extinção de cada incêndio e participações de clientes

Participações dos clientes dão início imediato a indemnização. As maiores seguradoras do ramo, Allianz, Ageas, CA Seguros, Fidelidade, Generali Tranquilidade e Zurich explicam o que já estão a fazer.

As maiores seguradoras com interesses nos ramos multirriscos habitação, comercial e industrial estão preparadas para avançar para resolver rapidamente os processos de indemnização relativos aos incêndios que estão a lavrar em todo o país.

Contactadas por ECOseguros, por serem as principais companhias que representam mais de 80% do mercado de seguros multirriscos em Portugal, todas declararam ter avançado até onde podiam, ou seja, só extintos os múltiplos incêndios podem começar a atuar nas consequências de cada um deles.

Veja como o Grupo Ageas Portugal, a Allianz, CA SEguros, Generali Traquilidade, Zurich e Fidelidade, estão a abordar a necessidade de responder rapidamente aos segurados.

Todas as seguradoras coincidem em terem já especialistas no terreno à espera de avançar, esperando participações de sinistros por parte dos seus clientes e a extinção de cada fogo para os peritos poderem atuar, de imediato, afirmam, de forma a concluírem os processos começarem a pagar indemnizações.

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Allianz paga no imediato indemnizações em habitações inabitáveis

  • ECO Seguros
  • 17 Setembro 2024

Até agora registou dois sinistros participados. Para identificar e realizar peritagens "disponibilizou de imediato equipas de atendimento, gestão de sinistros e de peritagem nos locais afetados".

A Allianz está a assumir no imediato ao pagamento de indemnizações em habitações inabitáveis e garante agilizar “a indemnização dos restantes danos com toda brevidade.”.

Até agora conta com dois sinistros participados. Ainda sem estimativas quanto aos custos com sinistros, a seguradora indica que está a “monitorizar o potencial risco” e a avaliar “progressivamente o impacto em termos de indemnizações”.

A seguradora acionou medidas de imediato para minimizar os impactos dos incêndios nos clientes: abriu linhas de emergência para participação de sinistros com disponibilidade 24/7 e também ativou “atendimento de urgência no contact center para apoio e esclarecimento a todos os contactos”.

Para identificar e realizar peritagens “disponibilizou de imediato equipas de atendimento, gestão de sinistros e de peritagem nos locais afetados, para que todos os processos decorrentes desta situação sejam identificados e tratados com a maior brevidade possível.”.

“Continuaremos a acompanhar a evolução dos incêndios com toda a atenção e ajustaremos as medidas necessárias no sentido de responder da melhor forma e o mais breve possível, a todas as solicitações decorrentes deste enquadramento.”, rematou.

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Ageas tem peritos nos locais para avaliar danos dos incêndios

As seguradoras Ageas Seguros e Ocidental têm linhas dedicadas para participações de sinistros e peritagens prontas a avançar na avaliação de danos assim que os incêndios se forem extinguindo.

O grupo que integra a Ageas Seguros e a Ocidental tinha, ao final desta terça-feira, um volume reduzido de participações, “uma vez que, infelizmente, os incêndios ainda estão ativos”, disse fonte da companhia ao ECOseguros.

A seguradora criou uma linha dedicada que permite aos Clientes a abertura do processo de forma simplificada e marcação de peritagem. Em caso de sinistro os clientes da Ageas são convidados a ligar para 21 794 30 39 e os da Ocidental para 21 004 24 90.

Também declarou estar, em conjunto com a sua rede de Agentes e Mediadores, “a dar todo o apoio necessário aos nossos Clientes, nomeadamente através dos números telefónicos para os quais devem contactar.

Para responder na prática, o grupo afirma ter disponível uma equipa de gestão de sinistros dedicada ao acompanhamento deste evento e peritos no terreno, sobretudo nas regiões mais afetadas, prontos para realizarem a avaliação de possíveis danos.

Quanto a indemnizações o grupo comentou acreditar que se venha a intensificar o número de sinistros registados à medida que os incêndios vão sendo extintos, pelo que foram definidas regras de agilização de todo o processo para dar seguimento aos pedidos dos Clientes.

Neste momento, o grupo não adianta estimativas de impacto financeiro que estes incêndios podem significar afetados. “Estando os incêndios ainda ativos, não conseguimos garantir uma estimativa de custos”, conclui fonte do Grupo Ageas Portugal.

Há pouco tempo atrás, o Grupo Ageas Portugal informou que, desde 2016, registou várias ocorrências relacionadas com incêndios florestais, que ascenderam no total a mais de 5,5 milhões de euros em indemnizações.

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População jovem está em declínio e representa um quinto da população

  • Lusa
  • 17 Setembro 2024

O declínio é "mais observável nos grupos etários dos jovens adultos, entre os 25 e os 29 anos e entre os 30 e os 34 anos", segundo um estudo do INE.

A população jovem em Portugal está em declínio, segundo um estudo feito a partir do Censos 2021, que mostra que os jovens passaram de um quarto da população em 2011 para serem cerca de um quinto em 2021. O estudo, “Jovens em Portugal: Um retrato a partir dos Censos”, foi apresentado esta terça-feira no Instituto Nacional de Estatística (INE), em Lisboa, juntamente com outros seis sobre famílias em Portugal.

Uma das investigadoras responsáveis, do Centro de Investigação em Qualidade de Vida, do Instituto Politécnico de Santarém, apontou que “é já do conhecimento comum” que o declínio demográfico das últimas décadas, juntamente com as crises financeiras (2008) e de saúde pública (2020, pandemia covid-19), contribuíram para “o declínio da população jovem”.

“A população jovem, entre os 15 e os 34 anos, passa de um quarto da população em 2011 para cerca de um quinto em 2021, sendo que esse declínio não é homogéneo e é tanto mais observável nos grupos etários dos jovens adultos, entre os 25 e os 29 anos e entre os 30 e os 34 anos”, disse Tatiana Ferreira.

Em contraciclo está, no entanto, o aumento do número de jovens estrangeiros que, no global da população jovem, aumentou 23,4% entre 2011 e 2021, enquanto a população jovem portuguesa diminuiu 17,5%. A faixa etária em que isso foi mais significativo é entre 25 e 29 anos, com um aumento de 36% de jovens estrangeiros, enquanto o número de jovens portugueses baixou 21,2%.

A quebra mais acentuada de jovens portugueses regista-se na faixa etária dos 30 aos 34 anos, com uma diminuição de 31,3%, enquanto entre os jovens estrangeiros regista-se um aumento de 27,6%. Em relação aos países de origem, os dados do INE mostram que, em dez anos, há um aumento de 243,4% de jovens oriundos de países asiáticos, apesar de os brasileiros continuarem a ser a nacionalidade dominante, com 40,9%, em 2021.

A investigadora adiantou que os dados do Censos dão conta de que aumentou de 83,9% (2011) para 90,4% (2021) a percentagem de jovens entre os 15 e os 19 que estão a estudar, e que as raparigas são predominantes. Por outro lado, diminuiu de 66,3% (2011) para 58,1% (2021) a percentagem de jovens ativos, sendo que entre o grupo de jovens ativos em 2021, 51,3% estavam empregados, enquanto 6,8% estavam desempregados.

Segundo Tatiana Ferreira, ao analisar os meios de vida dos jovens, há uma diminuição, de 54,9% para 50,5%, aqueles que vivem dos rendimentos do trabalho, enquanto aumentou, de 34,7% para 38,4%, os que vivem a cargo da família. No que diz respeito à distribuição da população jovem, a investigadora disse que quase metade vive em zonas urbanas, sobretudo nas áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto, aparecendo o Alentejo como a região do país com menos jovens.

“Os jovens são um bem cada vez mais raro”, considerou.

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