Bruxelas à espera do novo primeiro-ministro inglês

  • Joana Abrantes Gomes
  • 13 Julho 2024

A Comissão questiona os termos em que o novo Governo britânico quer continuar a relação com a UE. Sem renegociar o Brexit, Londres prioriza "pacto de segurança” para, no futuro, discutir o comércio.

Desde bem antes das eleições de 4 de julho que o Partilho Trabalhista (Labour) fazia campanha sob o slogan “Make Brexit Work”, com o seu líder Keir Starmer a comprometer-se a não mexer no atual acordo de saída do Reino Unido da União Europeia (UE). Agora, chegado ao número 10 da Downing Street, quer fazer reset nas relações com o bloco comunitário e vê com bons olhos um “pacto de segurança” entre ambos. Em Bruxelas, por seu lado, mantém-se a desconfiança em relação a Londres desde que Boris Johnson ameaçou “rasgar” partes do acordo, aguardando-se apenas que o novo Governo britânico decida pôr as cartas na mesa e mostre ao que vem. No entanto, a Comissão Europeia admite estar de “mente aberta” para renegociar os protocolos já em vigor.

O futuro das relações do Reino Unido com a UE esteve ausente da campanha eleitoral dos trabalhistas, provavelmente por um receio de que trazer o assunto à tona dissuadisse os defensores da saída de votarem no partido. Porém, está inscrito no programa do Labour uma aproximação ao bloco do qual deixaram de fazer parte oficialmente no final de 2020, bem como uma iniciativa para a negociação de um “pacto de segurança” entre as duas partes. As “linhas vermelhas” são o regresso ao mercado único, à união aduaneira e à livre circulação de pessoas.

Embora ainda pouco tenha sido desvendado sobre em que pode consistir um eventual “pacto de segurança”, Olivia O’Sullivan, do Chatham House, considera que a ambição do Executivo trabalhista é incluir questões além da Defesa, tais como a “segurança económica”, o “clima” e as “ligações energéticas”. Ao mesmo tempo, a diretora do programa ‘UK in the World’ (‘O Reino Unido no Mundo’, em português) vê “alguma margem de manobra” nas linhas vermelhas do Labour. “O novo Governo está a planear procurar um acordo veterinário para reduzir as barreiras ao comércio de produtos alimentares e agrícolas“, podendo também tentar “alinhar-se mais estreitamente com a UE em alguns setores económicos, como o dos produtos químicos“, refere, em declarações ao ECO.

No entender do diretor do Centre for European Reform (CER), o recém-empossado primeiro-ministro deve priorizar a cooperação em matéria de segurança. “Face à ameaça [militar] da Rússia e a um eventual regresso de Donald Trump à Casa Branca, quanto mais a Grã-Bretanha puder contribuir para a segurança europeia, maior será a boa vontade criada junto dos antigos parceiros da UE“, escreve Charles Grant, numa carta aberta dirigida a Keir Starmer com dez sugestões para melhorar as relações com o bloco comunitário. Particularmente o Acordo de Comércio e Cooperação (ACC) é “muito limitado” no que diz respeito à Política Externa e à Defesa, aponta, assinalando que “países como os Estados Unidos, o Canadá e a Noruega têm laços mais estruturados com a UE” nesta matéria do que o Reino Unido.

Essa cooperação pode ser útil, mais tarde, em novas discussões sobre as questões comerciais. Sobretudo os pequenos fabricantes britânicos consideram que a burocracia e a fricção nas fronteiras imposta pelo acordo do Brexit prejudica as exportações, enquanto as empresas de serviços – como as consultoras – se queixam de serem prejudicadas pela impossibilidade de enviar trabalhadores para a UE por alguns dias sem visto. A estimativa do Office of Budget Responsibility aponta para que o acordo do Brexit tenha tido um custo de 4% no PIB britânico.

Keir Starmer, por sua vez, acredita que pode conseguir um acordo “muito melhor” do que o “acordo falhado que Boris Johnson impôs ao Reino Unido”. Numa viagem a Edimburgo, poucos dias após ser empossado primeiro-ministro, afirmou que já estão a ser desenvolvidos esforços para melhorar as relações do país com a União Europeia. A visita de David Lammy à Alemanha, Polónia e Suécia, a primeira como ministro dos Negócios Estrangeiros, evidencia isso mesmo: ainda que os encontros com os respetivos homólogos dos três parceiros europeus se tenham devido, em parte, ao apoio à Ucrânia, o novo chefe da diplomacia britânica sublinhou a vontade de “redefinir” não só as relações bilaterais, como também a relação com o bloco comunitário.

Keir Starmer discursa pela primeira vez à frente do número 10 de Downing Street em 5 de julho, depois de o Labour ter vencido as eleições gerais britânicas. Fonte: EPA/ANDY RAINEPA/ANDY RAIN

No entanto, o diretor do Centre for European Reform alerta o novo primeiro-ministro para que não ignore as instituições europeias, com quem “os sucessivos governos conservadores, avessos aos ‘burocratas de Bruxelas’, procuraram muitas vezes minimizar os contactos”, privilegiando as relações com as capitais nacionais. É “importante” contactar com ambas, frisa Charles Grant, num apelo por uma diplomacia “calma, previsível e construtiva”.

Uma das sugestões passa por Keir Starmer fazer um discurso em Bruxelas. “Contribuiria muito para demonstrar que, com o Partido Trabalhista, o Reino Unido está a mudar”, argumenta o responsável do think tank sediado em Londres, sugerindo ainda que o primeiro-ministro tente obter um convite para o Conselho Europeu agendado para outubro, de forma não só a “assinalar um reinício das relações”, mas também como uma “demonstração de unidade” antes das eleições presidenciais norte-americanas de 4 de novembro.

Precisamente as eleições do outro lado do Atlântico são uma das circunstâncias que será preciso ter em conta na relação entre a UE e o Reino Unido, devido à possibilidade de Donald Trump ser eleito Presidente dos EUA pela segunda vez. Como nota o diretor do CER, o contexto geopolítico irá influenciar, a longo prazo, o caminho a seguir entre ambas as partes. Propõe, nesse sentido, o reforço dos conhecimentos especializados sobre o bloco comunitário. “O Governo deve colaborar com as empresas, os grupos de reflexão e as universidades” para recuperar da “grande perda” de peritos em matérias europeias, que foi uma consequência do Brexit.

O novo residente do número 10 de Downing Street tem uma boa oportunidade para detalhar um pouco mais dos seus planos para melhorar a relação com a UE já na próxima semana, quando receber os líderes dos 47 países da Comunidade Política Europeia, incluindo os 27 Estados-membros do bloco comunitário, numa reunião que decorre no Palácio de Blenheim, no condado inglês de Oxfordshire, na quinta-feira, 18 de julho.

Starmer disse que exclui o mercado único, uma união aduaneira ou a readoção da liberdade de circulação. Mas, dentro destas linhas vermelhas, ainda há alguma margem de manobra. O novo Governo está a planear procurar um acordo veterinário para reduzir as barreiras ao comércio de produtos alimentares e agrícolas e poderá também procurar alinhar-se mais estreitamente com a UE em alguns setores económicos, como o dos produtos químicos.

Olivia O'Sullivan

Diretora do programa “UK in the World” no Chatham House

Focada em cumprir agenda em vigor, Bruxelas põe o ónus em Londres para novos acordos

A grande questão é saber como é que isto é recebido em Bruxelas e nas 27 capitais da União Europeia. Ao ECO, um porta-voz do gabinete do chefe do serviço de relações UE-Reino Unido da Comissão Europeia disse que esta instituição “aguarda com expectativa a oportunidade de colaborar com o novo Governo do Reino Unido” para “aprofundar relações” e “enfrentar” desafios globais, desde os conflitos regionais à pobreza e às alterações climáticas.

Sem abrir muito o jogo, o Executivo comunitário salienta apenas o desejo de manter uma “agenda positiva” com o “amigo e parceiro”, baseada “no pleno respeito e na aplicação fiel e atempada do Acordo de Saída, incluindo o Quadro de Windsor, e do Acordo de Comércio e Cooperação” – a “pedra angular” das relações entre as duas regiões.

A mesma ideia foi reiterada na passada quarta-feira pelo principal porta-voz da Comissão, Eric Mamer, ao apontar que, neste momento, o foco é a “implementação” dos acordos já assinados entre as duas partes. No entanto, mostrou abertura em negociar uma eventual proposta dos trabalhistas no âmbito dos protocolos em vigor, colocando o ónus sobre Londres. “Cabe ao Reino Unido dizer o que quer, em que termos, e como quer que esta relação continue“, afirmou, lembrando que o Acordo de Saída e o ACC tiveram por base as linhas vermelhas do governo britânico da altura.

Renegociar um acordo que demorou tantos anos a concluir não é bem visto por muitos líderes da UE e membros das instituições europeias. Por isso, Olivia O’Sullivan defende que Keir Starmer deve concentrar-se em procurar uma “cooperação renovada” em “prioridades partilhadas” como a ameaça da Rússia, um possível segundo mandato de Trump e a gestão dos laços económicos com a China em vez de reabrir já as negociações sobre questões comerciais entre as duas partes.

“Mas a prossecução de uma cooperação mais profunda em algumas áreas, como os programas industriais de Defesa e o financiamento, pode encontrar barreiras existentes à participação de países terceiros em projetos da UE”, ressalva a diretora do Chatham House.

Numa entrevista ao Politico, o antigo presidente da Comissão Europeia Jean-Claude Juncker disse que o Reino Unido está atualmente a “descobrir as consequências do seu voto” no referendo de 2016, que “correspondem exatamente” ao que Bruxelas “lhe disse que seriam”. Contudo, não deixa de ser um bom augúrio o “sim” de David Lammy ao convite do chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, para participar na reunião de outubro do Conselho dos Negócios Estrangeiros da UE.

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Normalização nos consulados dentro de 12 a 18 meses

  • Lusa
  • 13 Julho 2024

O atendimento nas secções consulares, atualmente, tem demoras de até dois anos.

O governo português calcula que o atendimento nas secções consulares só será normalizado dentro de, pelo menos, um ano, depois de implementadas todas as medidas que permitam agilizar agendamentos, atualmente com demoras de até dois anos. “Sinceramente, espero que, dentro de um ano a um ano e meio, consigamos ter uma situação muito diferente da que temos hoje. Provavelmente, ainda não teremos todos os problemas resolvidos, mas, pelo menos, os agendamentos nas secções consulares podem estar normalizados nesse prazo“, apontou à Lusa o secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Cesário.

Quanto à normalização dos processos que não dependem do Ministério dos Negócios Estrangeiros, José Cesário prefere não arriscar. “Não posso comprometer-me com um prazo porque as coisas não dependem só de mim. Há uma área do atendimento consular, quanto aos processos despachados, que depende do Ministério da Justiça, sobretudo os processos de inscrição de nacionalidade, o modo como são despachados no Instituto de Registo de Notariado. Não posso comprometer-me, mas trabalharemos nessa área“, afirmou o secretário.

Quanto aos procedimentos tendentes à normalização do atendimento, José Cesário listou alguns em andamento como a substituição dos computadores de todos os funcionários, a modernização dos equipamentos de leitura eletrónica de dados biométricos, muitos dos quais atualmente avariados, e a contratação de mais de 80 funcionários a serem admitidos nos postos consulares com mais maiores problemas, entre as quais a de Buenos Aires que ganhará um reforço, passando a quatro funcionários.

No ano passado, o posto na capital argentina foi alvo de protestos por parte de cidadãos portugueses que acumulavam anos sem conseguirem agendar um atendimento. Em alguns casos, a espera passava dos três anos.

A Embaixada de Portugal na Argentina defende a necessidade não de apenas um, mas de dois funcionários, algo que ficará para o futuro. “Admito que, a prazo, venhamos a precisar de mais um funcionário. Com mais outro, ficaríamos com os problemas totalmente resolvidos em Buenos Aires. Essa é uma dificuldade que temos“, reconhece José Cesário.

"Atualmente, o processo tem como única via a plataforma online. Essa modalidade, no entanto, é pouco prática para uma comunidade com maioria de idosos como a Argentina, por exemplo. Os postos terão flexibilidade para implementar agendamentos por telefone e presenciais.”

Outra alteração será quanto à forma de agendamento. Atualmente, o processo tem como única via a plataforma online. Essa modalidade, no entanto, é pouco prática para uma comunidade com maioria de idosos como a Argentina, por exemplo. Os postos terão flexibilidade para implementar agendamentos por telefone e presenciais. “Deste conjunto de medidas, esperemos que haja uma alteração significativa da situação existente”, acredita José Cesário.

Todos os postos deverão aumentar as chamadas “permanências consulares”, uma espécie de consulado móvel e itinerante que promove uma campanha de serviços como Cartão Cidadão, Passaporte e Registo Civil.

No próximo domingo, estarei em São Paulo a começar naquela área uma experiência de permanências consulares. Será no Arouca São Paulo Clube, próximo do consulado. No passado, já tivemos essa experiência em Buenos Aires e sabemos essa ferramenta de ir ao encontro das comunidades é muito eficaz“, revela o secretário.

Cesário está em visita ao Brasil, ao Uruguai e à Argentina, entre os dias 05 e 15 de julho. Antes de deixar Buenos Aires no dia 9 rumo ao Brasil. São Paulo é o posto brasileiro com mais problemas de agendamento. É seguido de perto pelo Rio de Janeiro, Porto Alegre e Fortaleza. Em menor medida, Brasília. Do outro lado, Belém, Recife, Salvador e Curitiba têm respondido satisfatoriamente à procura.

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Meta levanta restrições de Trump no Facebook e Instagram

  • Lusa
  • 13 Julho 2024

A Meta vai levantar as restrições impostas às contas de Trump no Facebook e no Instagram, alegando a necessidade de todos os candidatos terem igualdade de acesso a estas redes em ano de eleições.

A Meta vai levantar as restrições impostas às contas de Donald Trump no Facebook e no Instagram, alegando a necessidade de todos os candidatos terem igualdade de acesso a estas redes em ano de eleições nos Estados Unidos. Donald Trump, “como candidato do Partido Republicano, não estará sujeito a sanções de suspensão reforçadas“, informou a Meta Platforms Inc, numa atualização de uma publicação feita em 25 de janeiro de 2023, quando as contas do ex-presidente dos Estados Unidos no Facebook e no Instagram foram sujeitas a várias restrições.

As contas de Trump no Facebook e no Instagram foram suspensas por dois anos após os tumultos no Capitólio dos EUA em 6 de janeiro de 2021 e reativadas em março de 2023, segundo a Agência France-Presse (AFP). Na altura, a empresa avisou Trump de que enfrentaria “sanções mais severas em caso de reincidência”, e que poderia voltar a ser suspenso caso infringisse as normas.

“Dadas as convenções partidárias que ocorrerão em breve, incluindo a convenção republicana da próxima semana, os candidatos a presidente dos Estados Unidos serão formalmente nomeados em breve”, escreveu agora a Meta na atualização. “Ao avaliarmos a nossa responsabilidade de permitir a expressão política, acreditamos que o povo americano deveria poder ouvir os candidatos a presidente numa mesma base“, acrescentou e empresa.

Em declarações ao jornal “The Hill”, a campanha do atual presidente dos EUA e rival eleitoral de Trump, Joe Biden, considerou a medida “imprudente”.

O porta-voz nacional da campanha de Biden, Charles Lutvak, afirmou que restaurar o acesso de Trump às redes sociais “é como segurar um megafone para um racista que gritará aos quatro ventos o seu ódio e supremacia branca e tentará generalizá-los”. “É certamente um ataque direto à nossa segurança e à nossa democracia”, lamentou o porta-voz, citado pela agência EFE.

No seu perfil no Facebook, Donald Trump é seguido por 34 milhões de utilizadores.

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ECO Quiz. Segurança social, milionários e extrema-direita

  • Tiago Lopes
  • 13 Julho 2024

Agora que termina mais uma semana, chegou a altura de testar o seu conhecimento. Está a par de tudo o que se passou durante a semana? Teste os seus conhecimentos com o ECO Quiz.

Terminada mais uma semana, chegou o momento de testar o seu conhecimento com mais um ECO Quiz. Os últimos dias ficaram marcados por diversas notícias, desde o aumento do número de partidos de extrema-direita no Parlamento Europeu, a compra do Eurobic por parte do banco espanhol Abanca, a estreia de mais uma edição do festival de música Nos Alive, o aumento de milionários no último ano em Portugal, a revelação da ministra do Trabalho que adiantou que em vez do “excedente prometido” pelo Governo anterior encontrou um défice orçamental no subsistema de solidariedade, entre outras notícias.

O ECO publica todas as semanas um quiz que desafia a sua atenção. Tem a certeza que está a par de tudo o que se passou durante a semana? Teste o seu conhecimento com este quiz do ECO.

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Temperatura média em Junho regista 13.º recorde consecutivo

  • Lusa
  • 13 Julho 2024

A temperatura média da superfície terrestre excedeu em 1,22 graus Celsius (ºC) a média de 15,5 ºC do século XX.

O último mês foi o junho mais quente a nível mundial alguma vez registado e o 13.º mês consecutivo em que a temperatura média atingiu um recorde, segundo informação divulgada pelos Centros de Informação Ambiental dos EUA. Segundo estes centros (NCEI, na sigla em Inglês), a temperatura média da superfície excedeu em 1,22 graus Celsius (ºC) a média de 15,5 ºC do século XX.

O calor extremo incidiu em particular em grande parte de África e América do Sul, onde os anteriores recordes foram superados respetivamente em 0,51 e 0,82 ºC.

Um dos maiores efeitos do calor na América do Sul foi “a seca prematura e expansiva no Pantanal”, a maior zona húmida tropical do mundo, onde em junho houve mais de 2.500 incêndios florestais, o número mais alto desde que há registo destas ocorrências.

Entretanto, na Europa, este foi o mês mais quente da sua história, a superar em 2,55 ºC a média mensal, segundo os NCEI, integrantes da agência dos EUA para os Oceanos e a Atmosfera (NOAA, na sigla em Inglês), que começou a fazer estes estudos há 175 anos.

"Junho também foi muito quente para os oceanos, cuja temperatura média se situou 0,98 ºC acima da média depois do fenómeno climático O Menino [El Niño]. Neste sentido, foram especialmente afetadas as águas do Atlântico equatorial e as Caraíbas, zona que acaba de sofrer com o furacão Beryl.”

Junho também foi muito quente para os oceanos, cuja temperatura média se situou 0,98 ºC acima da média depois do fenómeno climático O Menino [El Niño]. Neste sentido, foram especialmente afetadas as águas do Atlântico equatorial e as Caraíbas, zona que acaba de sofrer com o furacão Beryl.

Já sobre precipitação, junho foi mais seco do que a média na maior parte do oeste e extremo leste dos EUA e Alasca, bem como na zona que se espalha do norte de África até ao sudeste europeu e grande parte da Federação Russa, noroeste da China e zonas do sul e leste da Austrália.

Pata este ano, a NOAA atribui uma probabilidade de 60% a que 2024 seja o mais quente de sempre, sendo indiscutível na sua antecipação que vai estar entre os cinco mais quentes de sempre.

Na segunda-feira, o Serviço de Alterações Climáticas da Copernicus, a componente de vigilância do clima do programa espacial europeu, tinha assinalado que junho tinha sido o 13.º mais quente de sempre a nível mundial desde que existem registos.

A temperatura média do ar à superfície, precisou o Copernicus, foi de 16,66 ºC, mais 0,67 ºC do que a média de 1991-2020 para esse mês e 0,14 ºC acima do máximo anterior, estabelecido em junho de 2023.

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PC chinês reúne-se para definir orientação para próxima década

  • Lusa
  • 13 Julho 2024

Partido comunista chinês vai reunir de 15 a 18 de julho o órgão dirigente composto por líderes do governo, exército e de nível provincial.

A elite do Partido Comunista Chinês reúne-se entre 15 e 18 de julho para definir a orientação económica do país na próxima década, incluindo política industrial e fiscal, num encontro que desde 1978 ditou reformas significativas no país. O terceiro plenário reúne em Pequim os 376 membros permanentes e rotativos do Comité Central do Partido Comunista, órgão dirigente composto por líderes do governo, exército e de nível provincial. Poderão também ser convidados representantes académicos e outros membros do congresso do partido.

A reunião, tal como as conferências mais importantes do partido e do Estado, realiza-se habitualmente no Hotel Jingxi, na zona oeste de Pequim. O complexo é de confiança pela sua segurança, uma vez que é diretamente gerido pela Comissão Militar Central. O resultado da conferência é normalmente anunciado num comunicado divulgado pela imprensa estatal, com pormenores a serem publicados mais tarde.

Os observadores estão atentos para perceber se o partido vai desviar-se da doutrina desenvolvida no terceiro plenário de 2013, quando prometeu deixar o mercado desempenhar um “papel decisivo” na afetação de recursos. Nos últimos anos, uma campanha regulatória contra as gigantes tecnológicas e apelos à “prosperidade comum”, visando penalizar grandes acumulações de capital, abalaram a confiança do setor privado.

São também esperadas medidas destinadas a resolver alguns dos problemas económicos da China, incluindo os altos níveis de endividamento dos governos locais e a crise no setor imobiliário.

"O Partido Comunista da China realiza um congresso de cinco em cinco anos para, entre outras funções, formar o novo Comité Central, que se reúne em sete plenários ao longo do mandato de cinco anos. O grupo inclui o Politburo, o órgão máximo de decisão do partido. E o terceiro plenário tem historicamente sido crucial para definir grandes reformas económicas e políticas.”

O Partido Comunista da China realiza um congresso de cinco em cinco anos para, entre outras funções, formar o novo Comité Central, que se reúne em sete plenários ao longo do mandato de cinco anos. O grupo inclui o Politburo, o órgão máximo de decisão do partido. E o terceiro plenário tem historicamente sido crucial para definir grandes reformas económicas e políticas.

Habitualmente, esta reunião é convocada cerca de um ano após a seleção da nova formação do congresso. Esta edição realiza-se, no entanto, quase dois anos após a realização do 20º Congresso.

O terceiro plenário de 1978 marcou o início da política de “Reforma e Abertura”, que ditou a abertura da China à economia de mercado e o fim da ortodoxia comunista. Permitiu, entre outras decisões fundamentais, que as empresas estrangeiras operassem no país.

O terceiro plenário de 1993, realizado pelo 14º Comité Central, solidificou a transição da China para uma “economia socialista de mercado” e ditou o encerramento de muitas empresas estatais deficitárias, a criação de um sistema de segurança social e a redução da intervenção direta do governo na economia.

A reunião do 18.º Comité Central, realizada em novembro de 2013 – um ano após a tomada de posse do atual Presidente chinês, Xi Jinping, – prometeu deixar o mercado desempenhar um papel decisivo na alocação de recursos e apresentou dezenas de medidas nesse sentido.

No topo da lista de prioridades dos investidores está a reforma fiscal. Numa reunião económica realizada em dezembro, os principais dirigentes afirmaram que estavam a ponderar uma “nova ronda de reformas fiscais e tributárias”, o que suscitou a esperança de que pudessem ser revelados mais pormenores na terceira reunião plenária.

A divisão das responsabilidades em matéria de despesas entre a administração central e local poderá ser reestruturada, com Pequim a assumir mais despesas para impulsionar o crescimento económico, enquanto as regiões se debatem com riscos crescentes de endividamento e com a diminuição das receitas provenientes da venda de terrenos.

Alguns economistas esperam uma revisão do imposto sobre o consumo para alargar as fontes de rendimento das autoridades locais, bem como novas reformas do imposto sobre o valor acrescentado – a maior fonte de receitas fiscais na China.

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Ministério Público acusa ex-presidente da Octapharma e empresa Convida de fraude fiscal qualificada

  • Lusa
  • 12 Julho 2024

O caso resultou de uma certidão extraída do inquérito que investigou a aquisição de plasma sanguíneo pelo Estado português. A acusação estima um prejuízo de 7,65 milhões para os cofres públicos.

O Ministério Público (MP) acusou o ex-presidente da Octapharma Paulo Lalanda e Castro e a empresa Convida de fraude fiscal qualificada, em que o Estado terá sido lesado em 7,65 milhões de euros, num processo extraído do caso “O-Negativo”.

Os factos descritos na acusação ocorreram até 2017 e reconduzem-se à não declaração de rendimentos em sede de IRS e de IRC relativos a atividade de construção civil, empreitadas e afins. A acusação atribui à atuação dos arguidos um prejuízo nos cofres do Estado português de, aproximadamente, euro 7.650.000,00″, lê-se numa nota divulgada esta sexta-feira pelo Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP).

De acordo com o comunicado do DCIAP, este caso resultou de uma certidão extraída do inquérito que investigou a aquisição de plasma sanguíneo pelo Estado português, ao qual foi aplicada a suspensão provisória do processo, uma medida que permite que o arguido não seja julgado pelos crimes de que está indiciado mediante o pagamento de uma verba (só para crimes com pena de prisão até cinco anos).

No entanto, o MP recorreu dessa decisão do Tribunal Central de Instrução Criminal (TCIC) no processo “O-Negativo”, estando essa questão “atualmente a aguardar decisão do Tribunal da Relação de Lisboa”, na sequência do recurso do MP apresentado em junho de 2023. O DCIAP adiantou ainda que neste processo extraído do caso “O-Negativo” foi pedida autorização às autoridades suíças para usar documentação que tinha sido apreendida no âmbito do primeiro inquérito.

“O Ministério Público deduziu o correspondente pedido de indemnização civil, e em simultâneo com o despacho de acusação, para garantia do pagamento da referida quantia, foi promovido o arresto preventivo de bens imóveis, o qual foi decretado por despacho judicial”, referiu também o DCIAP.

A nota publicada no site da Procuradoria-Geral da República não identifica o arguido ou a sociedade por ele representada, mas a Lusa confirmou junto da defesa de Lalanda e Castro a acusação feita pelo MP ao antigo presidente da Octapharma, empresa à qual chegou a estar ligado o ex-primeiro-ministro José Sócrates após ter abandonado a chefia do Governo.

Os advogados de Lalanda e Castro e da empresa Convida adiantaram ainda que vão avançar com pedido de abertura de instrução, devendo esse requerimento ser apresentado até setembro. No processo original, denominado “O-Negativo”, Lalanda e Castro chegou a ser acusado dos crimes de corrupção, branqueamento, recebimento indevido de vantagem e falsificação.

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SATA reajusta operação aérea interilhas entre os dias 17 e 23 de julho

  • Lusa
  • 12 Julho 2024

Os ajustes são “fruto do elevado aumento da procura” e de “dificuldades sentidas a nível global nas cadeias de abastecimento de materiais para a aeronáutica", explica a empresa.

A companhia aérea SATA Air Açores, responsável pelas ligações interilhas, vai fazer “ajustes pontuais” na programação aérea entre 17 e 23 de julho, sendo alguns voos efetuados com aviões A320 da Azores Airlines, anunciou esta sexta-feira a transportadora.

Segundo uma nota de imprensa, os ajustes são “fruto do elevado aumento da procura” e de “dificuldades sentidas a nível global nas cadeias de abastecimento de materiais para a aeronáutica, o que tem adiado o regresso à operação de um equipamento Bombardier Q400 da companhia aérea” que faz as ligações entre as nove ilhas do arquipélago.

“Numa lógica de otimização dos recursos disponíveis no Grupo SATA, alguns voos nas datas suprarreferidas serão efetuados com recurso a aeronaves da família A320 da Azores Airlines”, lê-se. A empresa adianta que os passageiros com reservas efetuadas em voos abrangidos por alterações de horários estão a ser notificados.

“As reacomodações dos passageiros foram previstas de forma a garantir que os mesmos efetuam a sua viagem no próprio dia, no mais curto espaço de tempo em relação ao horário inicialmente programado”, acrescenta. A companhia aérea açoriana “lamenta qualquer transtorno” que a situação possa gerar nos planos de viagem dos clientes.

A SATA Air Açores é a companhia aérea que assegura as ligações entre as nove ilhas dos Açores. A empresa pertence ao Grupo SATA, cuja atividade consiste em transporte aéreo regular de e para o arquipélago açoriano. Esta companhia faz parte da SATA Holding, que integra também a Azores Airlines e a SATA Aeródromos, gestora de quatro dos cinco aeroportos dos Açores.

As companhias aéreas do grupo (Azores Airlines e SATA Air Açores) operam uma rede de rotas regulares (regionais, nacionais e internacionais) e “desempenham um papel relevante para o desenvolvimento da Região Autónoma dos Açores”. De acordo com a empresa, a Azores Airlines opera com uma frota de aviões Airbus A320ceo, A320neo, A321 Neo e A321 LR.

A SATA Air Açores opera com uma frota de aeronaves Bombardier Q400 (aviões Dash-400) e Bombardier Q200 (Dash-200).

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Esta é a chave do Euromilhões. Jackpot é de 29 milhões de euros

  • ECO
  • 12 Julho 2024

O jackpot desta sexta-feira ronda os 29 milhões de euros, depois de não terem sido registados vencedores do primeiro prémio no sorteio anterior.

Com um primeiro prémio no valor de 29 milhões de euros, decorreu esta sexta-feira mais um sorteio do Euromilhões. O valor do jackpot voltou a subir depois de não ter havido vencedores do primeiro prémio no sorteio anterior.

Veja a chave vencedora do sorteio desta sexta-feira, 12 de julho:

Números: 12, 18, 24, 25 e 39

Estrelas: 8 e 10

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Ílhavo avança com requalificação de três escolas no valor de 20 milhões

  • Lusa
  • 12 Julho 2024

Os prazos de execução serão de 12 meses para as duas Escolas Básicas e de 14 meses para a Escola Secundária.

A Câmara de Ílhavo aprovou a abertura de concursos públicos para as empreitadas de requalificação de três estabelecimentos de ensino com um valor global de quase 20 milhões de euros, informou esta sexta-feira aquela autarquia do distrito de Aveiro. A decisão foi tomada por unanimidade, na reunião do executivo municipal extraordinária realizada na quarta-feira.

De acordo com uma nota camarária, o maior valor, 10,4 milhões de euros, destina-se à reabilitação da Escola Secundária Dr. João Carlos Celestino Gomes, em Ílhavo. Seguem-se a Escola Básica José Ferreira Pinto Basto, com 5,45 milhões de euros, e a Escola Básica Professor Fernando Martins, na Gafanha da Nazaré, com 3,5 milhões de euros.

Os prazos de execução serão de 12 meses para as duas Escolas Básicas e de 14 meses para a Escola Secundária. Estas obras têm garantido um financiamento próximo dos 19 milhões de euros, do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), no âmbito de contratos assinados com o Governo em junho.

Os valores de financiamento incluem, além das empreitadas, outras componentes como o mobiliário e as instalações provisórias para assegurar as atividades letivas.

“Com estes investimentos, o município de Ílhavo reforça o seu empenho na melhoria das condições dos diferentes serviços públicos para a comunidade, desta vez com foco especial na área da Educação, depois de garantidos importantes financiamentos, também via Plano de Recuperação e Resiliência, para as áreas da Saúde e da Habitação”, refere a mesma nota.

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Biden revela que Israel e Hamas concordaram em negociar uma trégua

O presidente dos Estados Unidos Joe Biden indicou na rede social X que Israel e Hamas concordaram com o seu plano de três fases para um cessar-fogo.

Joe Biden, presidente dos Estados Unidos da América, escreveu na rede social X que Israel e Hamas concordaram com o seu plano de três fases para um cessar-fogo. O líder americano assume que a sua equipa está a fazer “progressos” e que está determinado a “levar isto a bom porto”.

“Há seis semanas, apresentei um quadro abrangente sobre a forma de conseguir um cessar-fogo e trazer os reféns para casa. Ainda há trabalho a fazer e estas são questões complexas, mas esse quadro foi agora aceite tanto por Israel como pelo Hamas“, lê-se na publicação de Biden.

No início de junho, o presidente norte-americano apresentou um roteiro israelita para um cessar-fogo em três fases, na qual os reféns israelitas seriam trocados por prisioneiros palestinianos, enquanto as tropas seriam gradualmente retiradas do enclave e seria posto em prática um plano de reconstrução.

O conflito em curso foi desencadeado por um ataque sem precedentes do Hamas em solo israelita, em 7 de outubro de 2023, que causou cerca de 1.200 mortos e duas centenas de reféns, segundo Israel. Desde então, Telavive lançou uma ofensiva na Faixa de Gaza que até ao momento provocou mais de 37 mil mortos e mais de 85 mil feridos, de acordo com as autoridades do enclave palestiniano, controladas pelo Hamas desde 2007.

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Sacyr concorreu à Alta Velocidade, mas fora do prazo. Consórcio da Mota-Engil foi o único admitido

A Sacyr tentou carregar uma proposta para o primeiro concurso da Alta Velocidade, mas não foi bem sucedida. Candidatura apresentada pela ABB também foi rejeitada pelo júri.

A Infraestruturas de Portugal (IP) confirmou esta sexta-feira que o consórcio português que integra a Mota-Engil apresentou a única proposta válida para a construção do primeiro troço da linha de Alta Velocidade Porto, como avançou o ECO. A Alexandre Barbosa Borges (ABB) e a Sacyr também apresentaram propostas, mas não foram consideradas válidas.

No caso da espanhola Sacyr, a proposta não foi validada porque foi entregue fora do prazo. A IP informa, em comunicado, que ao final da manhã do dia seguinte ao do fim do prazo (2 de julho) “o Júri foi informado de que um agrupamento interessado formado pelas empresas Sacyr Somague Concessões, S.A., NGE Concessions e Alberto Couto Alves, S.A., havia entregue, em mão, pelas 10:44, na sede das Infraestruturas de Portugal, no Pragal, dois envelopes que, de acordo com o assunto referido nos mesmos, continham, respetivamente, a proposta deste agrupamento e uma explicação dos factos que o impediram de submeter a sua proposta na Plataforma de Compras Públicas, dentro do prazo legal previsto, requerendo, por fim, a aceitação da sua proposta”.

A proposta ainda foi alvo de uma “análise detalhada” do júri, que entendeu não estar demonstrada a ocorrência de uma situação de “justo impedimento”. Ao que o ECO apurou, a Sacyr não conseguiu carregar na plataforma do concurso o vasto conjunto de documentação dentro do prazo.

Na plataforma tinha sido carregada também um documento da construtora ABB, mas com informação insuficiente. “O Júri determinou (…) que o documento apresentado pela empresa Alexandre Barbosa Borges, S.A., não reunia as condições necessárias para que fosse considerado como uma proposta ao referido concurso”.

Assim, a única proposta considerada válida foi a apresentada pela Lusolav – Gestão da Ferrovia de Alta Velocidade, que integra a Mota-Engil, a Teixeira Duarte, a Casais, a Alves Ribeiro, a Conduril e a Construções Gabriel A.S. Couto.

Este primeiro troço, entre o Porto e Oiã, no distrito de Aveiro, tem um total de 71 km. É considerado o mais complexo, já que inclui 11,6 km em túnel e 20,2 km em pontes e viadutos, a modernização da estação da Campanhã, a construção de uma nova estação em Vila Nova de Gaia e uma nova travessia rodoferroviária sobre o Douro.

O concurso prevê a conceção, construção, manutenção e gestão da linha em regime de Parceria Público-Privada, por um período de 30 anos. O valor base limite é de 1,66 mil milhões de euros, a que acrescem 480 milhões em fundos comunitários. Ou seja, pode chegar a 2.,14 mil milhões. Na avaliação das propostas, ficou definido um peso de 70% para preço e de 30% para a qualidade técnica do projeto apresentado.

A empresa pública responsável pela gestão da rede rodoviária e ferroviária está já a avançar com o segundo concurso, para o troço entre Oiã e Soure, com um valor estimado de 1.751 milhões de euros, tendo publicado há cerca de um mês as peças técnicas no Jornal Oficial da União Europeia. O lançamento está previsto para 15 de julho.

 

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