Economia “tem de acelerar” para apanhar qualificações dos portugueses, diz Secretário de Estado
Secretário de Estado do Trabalho defende que é necessário que a economia acelere para "apanhar o ritmo do ensino superior". Atual cenário de sobrequalificação está a causar emigração qualificada, diz.
O secretário de Estado do Trabalho alertou esta sexta-feira para a sobrequalificação dos trabalhadores portugueses face aos empregos que estão disponíveis no mercado de trabalho. No lançamento de um novo laboratório dedicado a resolver o problema da produtividade do país, Adriano Rafael Moreira deixou claro que “a economia tem de acelerar” para “apanhar o ritmo do ensino superior”.
“No ensino superior, estamos com uma sobrequalificação em relação à economia. É necessária que a economia acelere para apanhar o ritmo do ensino superior“, sublinhou o responsável, que disse considerar esse desajuste uma das razões da saída de jovens qualificados do país.
O secretário de Estado deixou claro, porém, que não será “apenas pela via do ensino superior” que Portugal conseguirá aumentar a sua produtividade. “Tem de ser pela totalidade”, declarou, referindo-se também às profissões que não exigem habilitações superiores.
Por outro lado, para resolver o problema da produtividade, é preciso também, afirmou o responsável, que as empresas tenham capacidade de financiamento e que o investimento estrangeiro que é feito no país instale por cá os centros de decisão. Caso contrário, os despedimentos coletivos são decididos à distância, frisou Adriano Rafael Moreira.
Outra das necessidades do país para que melhore a sua posição no ranking da produtividade é baixar a carga fiscal e eliminar os obstáculos burocráticos, defendeu o secretário de Estado do Trabalho.
“Coerentes, consistentes e persistentes”
No lançamento do referido laboratório, esteve também presente Carlos Tavares, ex-ministro da Economia, que atirou que uma das chaves para resolver o problema da produtividade é ter “políticas coerentes, consistentes e persistentes”.
A propósito, o antigo governante lembrou que muitas das medidas que tomou durante o seu tempo no poder foram desfeitas a seguir, mal de que vêm padecendo os sucessivos Governos, sublinhou.
Também Carlos Tavares destacou a política fiscal e defendeu, nesse âmbito, que, como está, o IRC desincentiva o crescimento das empresas – que é necessário para melhorar a produtividade do país. Pior, há “a prática que devia ser banida” de alterar as leis dos impostos todos os anos com os Orçamentos do Estado, o que mina a previsibilidade de que necessitam as empresas.
Por outro lado, o ex-ministro contrariou as vozes de alguns economistas que apontam a rigidez da lei do trabalho como travão à produtividade, dizendo que esse não é dos piores obstáculos. A informalidade, por exemplo, é uma doença mais grave, apontou.
O laboratório apresentado esta sexta-feira faz parte do Instituto de políticas públicas da Faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa (Nova SBE). “O tema da produtividade é central para o bem-estar dos portugueses. Ainda assim, quando olhamos para a produtividade em Portugal, percebemos que não só está abaixo da média europeia, como está estagnada“, salientou o diretor dessa escola, no evento desta tarde.
“Queremos não apenas influenciar as políticas públicas em Portugal, mas queremos também contribuir para resolver o problema da produtividade em Portugal, como escola“, rematou Pedro Oliveira.
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