Exclusivo Governo deixa cair gestora do IGCP que saiu do Novobanco após denúncias de trabalhadores
Valéria Cunha estava apontada para a agência que gere a dívida pública, mas Governo retirou a nomeação. Deixou o Novobanco após ter sido denunciada (e investigada) por bullying.
O Ministério das Finanças retirou a nomeação de Valéria Cunha para a próxima administração do IGCP, após ter conhecimento das razões que levaram à sua saída do Novobanco. A gestora chegou a acordo para a saída do Novobanco depois de ter sido denunciada (e investigada) internamente por maltratar os trabalhadores do departamento que liderava, segundo informações recolhidas pelo ECO junto de várias fontes.
As fontes relatam que se tratou de um caso “muito grave” e de um “escândalo” que foi mantido em segredo pelo banco no verão passado, manifestando-se incrédulas com a notícia do ECO sobre a escolha do Ministério das Finanças para um cargo tão relevante como a agência que gere a dívida pública.
Oficialmente, as Finanças escusaram-se a fazer comentários, mas o ECO apurou junto de outra fonte governamental que a gestora terá omitido o percurso e as razões que levaram à saída do Novobanco — terá havido um processo em meados do ano passado, suspensão de funções e posterior acordo de saída já no final do ano –, mas perante os dados entretanto conhecidos, e as perguntas do ECO, o Governo decidiu deixar cair o convite à gestora.
Valéria Cunha entrou no Novobanco em fevereiro de 2023 para assumir o cargo de diretora do Departamento de Recuperação de Crédito de Empresas, liderando uma equipa de cerca de 30 trabalhadores. Saiu no final do ano passado após ter chegado a um acordo com o banco na sequência de uma investigação interna, desencadeada por uma denúncia anónima, ter exposto a relação problemática que mantinha com os trabalhadores. Neste período, alguns deles (com muitos anos de casa) acabaram por deixar o banco ou apresentar baixa devido à forma como foram maltratados com ofensas e injúrias em frente aos colegas pela diretora.
Também o Novobanco e a própria Valéria Cunha foram confrontados com as informações do ECO. O banco não comenta e Valéria Cunha não respondeu apesar das várias tentativas de contacto.
A expectativa do Governo é que a nova equipa inicie funções na próxima semana. A Cresap ainda terá de avaliar os nomes do novo presidente, Pedro Cabeços, e da pessoa for convidada para substituir Valéria Cunha, embora os seus pareceres não sejam vinculativos. A administração do IGCP irá contar ainda com Rui Amaral, que transita da atual equipa de Miguel Martín.
“Espero que a Cresap não aprove [Valéria Cunha]”, confidenciou uma das fontes, que terá sido alvo de ‘bullying’, ainda antes da desistência do processo pelo Governo. Outra das fontes lembrou o percurso profissional de Valéria Cunha, sobretudo ligado à área de recuperação de crédito e reestruturação (no Novobanco e, anteriormente, na Interpath Advisory e na EY Parthenon), que não corresponderá exatamente ao perfil do que o IGCP necessitará.
Valéria Cunha iria substituir Maria Rita Gomes Granger, que estava no IGCP há mais de 11 anos e que tinha a área dos recursos humanos a seu cargo, embora os pelouros de cada um dos novos membros do conselho de administração ainda não tenham sido definidos.
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