Eleições não são um “estorvo”. A reação dos partidos

“É preciso escolher um governo que não esteja a prazo”, defende o líder do PS. Liberais concordam com diagnóstico de Marcelo e Chega considera que o Presidente responsabilizou Montenegro pela crise.

Pedro Nuno Santos disse, esta quinta-feira, que “é preciso escolher um governo que não esteja a prazo”, na primeira reação dos socialistas à declaração do Presidente da República ao país, onde anunciou a decisão de dissolver o parlamento e convocar eleições antecipadas para 18 de maio.

Por outro lado, o líder do Chega interpretou que Marcelo Rebelo de Sousa tinha apontado o dedo ao primeiro-ministro pela crise política, causa pela apresentação, e chumbo, da moção de confiança apresentada pelo Governo. O chefe de Estado foi “muito claro”, disse André Ventura.

Também os liberais, pela voz de Mariana Leitão, consideraram que Marcelo tinha feito um diagnóstico correto, em que “é óbvio que tudo aquilo que se viveu nos últimos tempos fragiliza o primeiro-ministro”.

Já à esquerda, o Bloco espera que o Presidente garanta que “o Governo não extravasa funções e poderes de governo de gestão”. E os comunistas dizem que “estão prontos para o combate” eleitoral. Leia abaixo um resumo das reações dos partidos ao novo ciclo eleitoral

“É preciso escolher um governo que não esteja a prazo”

O secretário-geral do PS avisou que “o momento é grave” e que “mais do que uma escolha momentânea” há agora que escolher “um governo duradouro com condições para que não esteja a prazo”. Aliás, sublinhou, “será entre o PS e o PSD que se vai decidir a saúde” da democracia e “o desenvolvimento” do país.

Para Pedro Nuno Santos, a ida às urnas é uma “oportunidade de clarificação”. Está em causa a “escolha entre dois projetos e duas lideranças, e a confiança no projeto depende da confiança na liderança”, assinalou. E deixou claro que levará para a campanha eleitoral a questão da transparência e ética.

“Agora temos eleições e elas não podem ser encaradas como um estorvo, um problema da nossa democracia”, sustentou. Para o secretário-geral do PS, este governo não entrou esta semana em gestão, mas sim, “quando se esgotou o excedente orçamental”.

Crise é da responsabilidade da oposição, diz CDS-PP

O líder parlamentar do CDS-PP, Paulo Núncio, referiu que a atual crise é da “inteira e exclusiva responsabilidade das oposições” por rejeitarem uma moção de confiança “numa escalada destrutiva completamente irresponsável”. Aliás, acusou: “É o vale tudo no bota-abaixo”.

Paulo Núncio frisou estar “absolutamente convencido” de que os portugueses “acabarão por reconduzir este Governo”. Aliás, “os portugueses têm duas opções nas próximas eleições: ou votam na irresponsabilidade das oposições ou então votam na recondução de um bom Governo que governou bem no último ano”.

Comprometeu-se com uma “campanha eleitoral serena, civilizada, decente”, apelando aos “partidos dos extremos” que “consigam elevar o debate”.

Chega satisfeito por Marcelo culpar Montenegro

Já o presidente do Chega, André Ventura, referiu que, durante o seu discurso ao país, o Presidente da República assumiu que a crise política é da responsabilidade do primeiro-ministro, Luís Montenegro, e que “foi muito claro” ao apontar o dedo a Luís Montenegro e não nos partidos da oposição.

Basta ouvir atentamente o que disse hoje o Presidente da República e acho que fica muito claro que a responsabilidade do primeiro-ministro Luís Montenegro não foi acautelada, que não esteve ao nível e à altura das circunstâncias e que, sobretudo, não soube aplicar para si aquilo que sempre aplicou para os outros”, referiu André Ventura, em reação à declaração de Marcelo Rebelo de Sousa.

André Ventura comprometeu-se a levar para a campanha eleitoral os temas que interessam aos portugueses, como a “crise de habitação dos que não conseguem comprar casa” ou a “luta contra a corrupção”. Assegurou ainda que não se vai centrar na “falta de integridade do primeiro-ministro ou das suspeitas”.

IL fará “campanha pela positiva”

Para Mariana Leitão, líder parlamentar da Iniciativa Liberal (IL), Marcelo Rebelo de Sousa fez um correto diagnóstico sobre a atual situação política. E afirmou que “é óbvio que tudo aquilo que se viveu nos últimos tempos fragiliza o primeiro-ministro”.

“Por isso mesmo também é que entrámos neste cenário de eleições antecipadas, mas agora temos dois meses pela frente, queremos fazer uma campanha pela positiva, queremos apresentar soluções aos portugueses, é esse o compromisso da Iniciativa Liberal”, comprometeu-se.

A também candidata presidencial assegurou que os liberais farão uma “campanha pela positiva, focada em apresentar soluções” de modo a “devolver a esperança e a ambição aos portugueses”.

Bloco espera que Presidente garanta que “o Governo não extravasa poderes”

Para Mariana Mortágua, líder do Bloco de Esquerda (BE), o Presidente “tem o dever de garantir que o Governo não extravasa funções e poderes de governo de gestão”.

A bloquista disse ainda concordar com a data anunciada pelo Presidente da República para as próximas legislativas por entender ser “a mais sensata” para os partidos se prepararem. Mortágua deixou ainda bem claro que “o que se passou para justificar a crise não foi um conflito de opiniões em que uns entenderam que houve um problema ético e outros não”.

PCP pronto para o “combate”

“Cá estaremos prontos para este combate”, disse o secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo. O deputado lembrou também que “o confronto com o Governo não se resume a este caso concreto”, é “também um combate político-ideológico”.

Nas perspetiva do comunista, o facto de Marcelo se ter focado durante tanto tempo, no seu discurso, no caso concreto do primeiro-ministro, acaba “por, de forma direta, sublinhar as responsabilidades que o Governo tem no seu próprio caminho”.

PAN espera que “debate não fique minado” por conflitos de interesse

Já a porta-voz do PAN, Inês Sousa Real, espera que o “debate não fique minado pelas questões de atuais conflitos de interesse”. Inês Sousa Real diz-se satisfeita com a escolha da data de 18 de maio para as eleições antecipadas por entender ser benéfica para os partidos mais pequenos se poderem preparar.

A representante do PAN apontou ainda o dedo a Montego como responsável pela crise política, acusando-o de se ter escondido “atrás da moção de confiança” e por consequência ter arrastado “o país para eleições antecipadas”.

Livre quer “evitar crise ainda maior” da que se vive

Rui Tavares, do Livre, espera “que assim o país possa evitar uma crise ainda maior do que a que já se vive.” Pede mesmo que se “evite que a crise individual do primeiro-ministro se transforme numa crise de regime”.

“Esperamos que a campanha possa ser esclarecida, que possa haver alternativa e não passemos o tempo todo num debate de atirar culpas de uns para os outros”, afirmou.

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