BCE volta a cortar taxas de juro em 25 pontos base. Facilidade de depósito desce para 2,25%

Escalar da guerra comercial enfraqueceu o 'outlook' económico e aumentou a pressão deflácionária, duas razões que levaram o banco central a decidir cortar as taxas de juro pela sexta reunião seguida.

O Conselho do Banco Central Europeu (BCE) voltou esta quinta-feira a cortar as taxas de referência em 25 pontos base, numa decisão que era antecipada pelos investidores e analistas. Trata-se da sexta vez consecutiva (e a sétima em oito reuniões) que a autoridade da política monetária corta o custo do euro.

Com esta decisão, anunciada pelo Conselho do BCE em Frankfurt, na Alemanha, a taxa de juro da facilidade permanente de depósito desce para 2,25%, o nível mais baixo desde fevereiro de 2023.

A taxa de juro aplicável às operações principais de refinanciamento e a taxa de juro da facilidade permanente de cedência marginal de liquidez fixam-se em 2.40% e 2,65%, respetivamente.

Este é o topo do intervalo 1,75%-2,25% que o banco central definiu como “neutro”, não impulsionando nem restringindo a atividade económica e, por conseguinte, o BCE retirou do comunicado de imprensa a referência ao facto de as taxas de juro serem “restritivas”.

Tensões pioraram perspetivas

O banco central referiu que a economia da Zona Euro tem vindo a ganhar alguma resistência aos choques mundiais, mas alertou que “as perspetivas de crescimento deterioraram-se devido ao aumento das tensões comerciais“.

“O aumento da incerteza é suscetível de reduzir a confiança das famílias e das empresas, e a reação adversa e volátil do mercado às tensões comerciais é suscetível de ter um impacto restritivo nas condições de financiamento”, explicou, adiantando que estes fatores podem continuar a pesar sobre as perspetivas económicas da Zona Euro.

Em relação ao processo da desinflação, a instituição liderada por Lagarde afirmou que está “bem encaminhado”.

“A inflação continuou a evoluir de acordo com as expectativas dos especialistas, tendo tanto a inflação global como a inflação subjacente diminuído em março”, acrescentou, recordando ainda que a inflação dos serviços também registou um abrandamento acentuado nos últimos meses.

“A maioria das medidas da inflação subjacente sugere que a inflação se fixará, de forma sustentada, em torno do objetivo de médio prazo de 2% fixado pelo Conselho do BCE”, vincou, notando também que o crescimento dos salários está a moderar e os lucros estão a amortecer parcialmente o impacto do crescimento ainda elevado dos salários na inflação.

“Mais por vir”

“O que começou em junho do ano passado como uma tentativa muito ponderada do BCE de reduzir gradualmente o nível de restritividade da política monetária transformou-se numa corrida em direção a taxas de juro neutras, e ainda há mais por vir”, afirmaram os analistas do banco de investimento neerlandês ING.

“Com os últimos acontecimentos, a escalada das tensões comerciais, a incerteza política sem precedentes e o fortalecimento da taxa de câmbio do euro, a decisão de hoje do BCE de cortar as taxas de juros em 25 pontos base não foi nenhuma surpresa“, adiantaram.

(Notícia atualizada às 13h40 com mais informação)

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