Cirurgias extra representam menos de 5% da atividade dos maiores hospitais privados

Grupos CUF, Luz Saúde e Lusíadas Saúde realizaram entre 2% a 4,9% do total das cirurgias no âmbito do sistema de redução das listas de espera. No contexto de toda a hospitalização privada, são 5,5%.

As cirurgias adicionais, realizadas no âmbito do Sistema Integrado de Gestão de Inscritos para Cirurgia (SIGIC), representam menos de 5% da atividade cirúrgica dos maiores grupos de saúde privados em Portugal. Os hospitais de gestão privada colaboram com o Serviço Nacional de Saúde (SNS) para aliviar as listas de espera de doentes, mas nem uma em cada 20 operações na CUF, Luz Saúde e Lusíadas Saúde são feitas ao abrigo deste programa.

No grupo Lusíadas Saúde, o peso do SIGIC na atividade cirúrgica é de apenas 2%. A convenção com o Ministério da Saúde para SIGIC abrange as unidades hospitalares de Braga, Porto, Amadora e Albufeira. Em 2024, estes quatro hospitais Lusíadas realizaram 2.350 cirurgias no âmbito do SIGIC, sendo que, entre janeiro e abril deste ano, foram aproximadamente 800 intervenções.

“O SIGIC foi criado no seguimento dos programas especiais de combate às listas de espera para cirurgia e é, sobretudo, executado atualmente pelos Hospitais do SNS. A Lusíadas Saúde aderiu a este programa por ter um forte compromisso com o SNS, trabalhando em colaboração para melhorar a saúde de todos os portugueses”, refere ao ECO fonte oficial do grupo liderado por Vasco Antunes Pereira.

A CUF realizou 2.084 cirurgias através do SIGIC no ano passado, o que representa 4,2% do total de cirurgias totais nesta rede hospitalar, cuja presidência executiva está a cargo de Rui Diniz. Nos primeiros quatro meses de 2025, a percentagem é de 3,5%, de acordo com os dados enviados ao ECO.

Para a Luz Saúde, as cirurgias em contexto SIGIC foram 4,9% do total de intervenções feitas pelos hospitais da empresa gerida por Isabel Vaz. Ou seja, aproximadamente 3100 doentes das listas de espera do Estado foram operados na Luz Saúde, tendo em conta que em 2024 o número de cirurgias realizadas rondou os 65 mil.

No conjunto de todos os hospitais privados do país, foram realizadas 15.766 cirurgias em SIGIC de um total de quase 287 mil cirurgias (286.941) feitas no ano passado, o que corresponde a 5,5%. “É um valor historicamente baixo. Em termos proporcionais, nunca tínhamos tido tão pouca atividade com o Estado”, reafirmou, em declarações ao ECO, o presidente da Associação Portuguesa de Hospitalização Privada (APHP).

Óscar Gaspar considera que há duas leituras destes valores: “Por um lado, o Estado internalizou uma boa parte das cirurgias, o tal SIGIC interno [produção adicional] do qual se tem falado nos últimos dias. Por outro lado, na componente de relação entre os hospitais privados e o SNS, o SIGIC tem múltiplos problemas que impedem que haja mais recurso aos privados”.

“Quando o cidadão recebe um voucher, e escolhe o hospital onde quer fazer a cirurgia, tem que ser transitado o processo clínico do hospital de origem para o hospital que vai fazer a cirurgia. Em muitos casos, essa transição não era feita. E o hospital de origem bloqueava o processo e não libertava o dossiê clínico”, denunciou o presidente da APHP.

Na opinião de Óscar Afonso, os hospitais públicos “têm feito tudo para impedir que as cirurgias sejam feitas nos hospitais privados”, mas recusa fazer “considerações” sobre o assunto. “É um problema do SNS e dos administradores hospitalares com a tutela. Sempre manifestámos a nossa disponibilidade para fazer mais cirurgias e também mais consultas de especialidade para reduzir listas de espera”, declara.

Sistema de gestão vai mudar

O SIGIC permite aos profissionais de saúde realizarem cirurgias fora do horário laboral com o intuito de reduzir as filas de espera nos hospitais públicos. É um sistema criado há 21 anos, mas na semana passado voltou à esfera mediática após a polémica em torno do dermatologista do Hospital de Santa Maria que recebeu mais de 400 mil euros por dez dias de trabalho adicional ao sábado em 2024, sendo que um deles foi utilizado para retirar lesões benignas aos pais, como noticiou a CNN Portugal.

Ainda antes de este caso vir a público, o Governo começou a preparar o sucessor do SIGIC. O novo sistema de gestão de cirurgias – Sistema de Informação Nacional de Acesso a Consulta e Cirurgia (SINACC) – pode vir a ser testado no final de setembro, depois de ser entregue o relatório do grupo de trabalho responsável pela pasta. O ECO sabe que o prazo de entrega é o dia 20 de setembro, mas os 19 membros do grupo coordenado pela médica anestesista Joana Irene Barros Mourão estarão prontos para dar ao Ministério da Saúde a versão final do documento no dia 16 de setembro.

O SINACC – previsto no Plano de Emergência e Transformação da Saúde (PETS) aprovado pelo Governo em maio – irá definir tempos para triagem para o período entre o pedido e a análise do mesmo pelo médico triador do hospital e permitir fazer “o percurso do doente desde que é referenciado pelo centro de saúde para uma primeira consulta hospitalar”, avançou o jornal Público.

A Ordem dos Médicos foi consultada pelo grupo de trabalho sobre este sistema, mas pretende estar envolvida formalmente na sua criação e operacionalização. Aliás, o bastonário Carlos Cortes apelou a que se faça uma “mudança profunda” e se implemente um “plano de gestão robusto, transparente, escrutinável” composto por mecanismos de validação clínica dos atos codificados (verificações independentes e regulares que assegurem que os atos médicos registados correspondem à realidade clínica), sistemas de alerta precoce para produção anómala centralizados na direção executiva do SNS (ferramentas que sinalizem automaticamente padrões anómalos de produção ou codificação), controlo externo regular (auditorias independentes com peritos) e avaliação dos resultados.

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Carris em greve parcial até sexta-feira

  • Lusa
  • 2 Junho 2025

Trabalhadores da Carris iniciam uma greve parcial até sexta-feira, às primeiras e últimas horas do serviço diário de cada profissional dos vários setores, em protesto pelo impasse das negociações.

Trabalhadores da Carris iniciam esta segunda-feira uma greve parcial até sexta-feira, às primeiras e últimas horas do serviço diário de cada profissional dos vários setores (tráfego, oficinas ou administrativo), em protesto pelo impasse das negociações com a transportadora.

Os sindicatos representativos dos trabalhadores da empresa lisboeta (que opera o serviço público rodoviário da cidade e também elétricos e ascensores de rua), convocaram uma paralisação de duas horas no início e no fim de cada turno entre hoje e 06 de junho e de 24 horas em 12 de junho, tendo sido decretados serviços mínimos por um tribunal arbitral. Além de serem obrigatórios serviços como o transporte exclusivo de deficientes ou os postos médicos da empresa, têm de funcionar “em 50% do seu regime normal” as carreiras 703, 708, 717, 726, 735, 736, 738, 751, 755, 758, 760 e 767.

Em 13 de maio, o Sindicato Nacional de Motoristas e Outros Trabalhadores (SNMOT) explicou que o acordo sobre as atualizações salariais não implicaria o encerramento do processo negocial e que, juntamente com a empresa, iria constituir “grupos de trabalho com vista, nomeadamente, à redução do horário de trabalho de forma faseada para as 35 horas semanais”.

Segundo o sindicato, já se tinha conseguido reduzir a prestação de trabalho efetivo para cerca de 37 horas e 30 minutos semanais, “facto que só foi assumido por todos os envolvidos nesse processo algum tempo depois”, tendo-se realizado em 30 de abril a primeira reunião do grupo de trabalho criado para a redução da prestação de trabalho efetivo para as 35 horas semanais.

Em declarações à Lusa, o presidente da Carris, Pedro de Brito Bogas, realçou que tem tido “um bom diálogo com as organizações sindicais”, mas assumiu como evidência que “os sindicatos querem sempre mais”. “Este ano tivemos esta dificuldade, estamos a ter esta dificuldade que é estarmos num ciclo de forte aumento salarial e ao mesmo tempo há uma reivindicação de diminuição do horário de trabalho das 40 para as 35 horas“, disse.

De acordo com Pedro Bogas, a diminuição das 40 para as 35 horas, que o responsável diz ser uma ambição legítima, é “extremamente difícil e põe em causa a sustentabilidade da empresa”.

“Nós não conseguimos, num mesmo momento e num período tão curto, aumentar bastante as remunerações e diminuir o tempo de trabalho […]. Temos muita consideração, muita atenção a todas essas reivindicações, já demos vários exemplos disso, mas tem um custo para a empresa muito [grande]: neste momento estimamos em oito milhões de euros, mas poderá ser superior e para além disso não é, do ponto de vista logístico, exequível”, frisou.

A Carris está sob gestão da Câmara Municipal de Lisboa desde 2017 e os trabalhadores são representados por várias estruturas sindicais, como o SNMOT, o Sindicato dos Trabalhadores de Transportes Rodoviários e Urbanos (STRUP), o Sitra – Sindicato dos Trabalhadores dos Transportes, o Sitese – Sindicato dos Trabalhadores do Setor de Serviços e o ASPTC – Associação Sindical dos Trabalhadores da Carris e Participadas.

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Estas cinco escolas portuguesas estão entre as melhores do mundo na formação de executivos

Nova SBE consolida a liderança entre escolas portuguesas, subindo 11 posições na tabela da formação aberta. Católica, ISEG, ISCTE, PBS/FEP também estão em destaque no ranking do "Financial Times"

cinco escolas de negócios portuguesas entre as melhores do mundo, no que diz respeito à formação de executivos. Na edição deste ano do ranking do Financial Times, a Faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa (Nova SBE) consolida a liderança nacional, melhorando 11 posições nos programas abertos. Já nos programas customizados, é a Porto Business School em conjunto com a Faculdade de Economia da Universidade do Porto que mais sobem.

“Em 2025, a Nova SBE consolida a sua posição como líder nacional, ocupando o primeiro lugar em Portugal, tanto nos programas customizados como nos programas abertos”, sublinha a escola liderada por Pedro Oliveira, numa nota enviada às redações.

No que diz respeito aos programas abertos a todos, a Nova SBE aparece em 30.º lugar no ranking do Financial Times, melhorando 11 posições face à edição do ano passado.

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Faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa (Nova SBE)Hugo Amaral/ECO

Já nos programas feitos à medida para organizações individuais, a Nova SBE ocupa o 15.º lugar da tabela, piorando duas posições face ao último ano. Mantém-se, ainda assim, “no grupo restrito das quinze instituições de topo a nível global“, salienta a escola.

“Este reconhecimento internacional é um reflexo do compromisso da Nova SBE com a formação de líderes preparados para transformar organizações e sociedades. Continuamos a desafiar os limites do ensino executivo, combinando ciência, inovação e propósito para criar impacto real”, afirma Pedro Oliveira, dean da Nova SBE.

Católica melhora nos programas abertos, mas piora nos fechados

Na edição deste ano dos rankings do Financial Times, a Católica LisbonSchoolof Business & Economics, à semelhança da Nova SBE, melhora a sua posição nos programas abertos, mas piora nos customizados.

Na formação aberta a todos, esta escola aparece em 37º lugar na tabela, subindo cinco posições face ao resultado do último ano.

Já na formação customizada, ocupa a posição 50, deslizando 20 posições em comparação com a edição de 2024 do ranking do jornal britânico.

“A Católica Lisbon School of Business and Economics volta a ser reconhecida pelo 18º ano consecutivo no ranking Financial Times executive education, posicionando-se entre as melhores escolas de negócios do mundo nos programas de inscrição aberta e formação customizada para empresas”, assinala a escola em comunicado.

Na visão de Filipe Santos, dean desta escola, ocupar há 18 anos o lugar de uma das melhores escolas de negócios do mundo na formação executiva “é motivo de grande orgulho e uma prova da consistência e compromisso com a excelência”. “Este reconhecimento sublinha, em particular, a qualidade do nosso corpo docente e a inovação dos nossos programas, pilares essenciais na formação de líderes preparados para antecipar tendências, tomar decisões estratégicas e liderar com visão, responsabilidade e impacto”, realça o mesmo.

ISEG entre as melhores, mas piora em ambos os rankings

Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG)Hugo Amaral/ECO

Se na edição passada o Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG) era uma das escolas que podia celebrar por ter melhorado as suas classificações, desta vez a história é diferente. A escola presidida por João Duque mantém-se entre as melhores do mundo, mas piora tanto na formação executiva aberta a todos, como nos programas customizados.

No que diz respeito aos programas abertos, o ISEG aparece no lugar 68 do ranking do Financial Times, descendo 11 lugares.

Já nos programas customizados, a quebra é menor: nove lugares, para a posição 48 da tabela mundial.

João Duque, presidente desta escola, sublinha que o ISEG não trabalha para rankings, mas realça que este reconhecimento é um incentivo para que se continue a trabalhar com “ambição, consistência e paixão“. “Sempre ao serviço daquela que é a nossa missão de desenvolver líderes conscientes, preparados para criar valor nas organizações e na sociedade“, frisa.

E acrescenta: “deixa-nos também muito satisfeitos que cinco escolas portuguesas façam parte deste ranking, pois atesta a qualidade da oferta em formação executiva que Portugal tem para oferecer, e reforça a capacidade que o nosso país tem de atrair – eventualmente, reter – os líderes do futuro”.

ISCTE também cai na formação aberta, mas melhora na customizada

À semelhança do ISEG, também o Iscte Executive Education continua entre os melhores do mundo, mas desce no ranking do Financial Times da formação de executivos aberta a todos. Nos programas feitos à medida de organizações, consegue, contudo, melhorar face ao último ano.

No que diz respeito à formação de executivos aberta, esta escola de negócios ocupa o lugar 67 do ranking do jornal britânico, piorando três posições face à edição do ano passado.

Já nos programas feitos à medida, há uma melhoria homóloga. Neste caso, o Iscte aparece em 44.º lugar, melhorando um lugar em comparação com a última edição.

Para José Crespo de Carvalho, presidente do Iscte Executive Education, estes resultados “são um sinal inequívoco da confiança que as organizações globais depositam” nesta escola, mas também da dedicação dos docentes e da motivação dos alunos. “Estar no top 50 mundial é motivo de orgulho, mas não é um ponto de chegada. É um incentivo renovado para continuar a transformar líderes e organizações, com impacto real e alcance global”, declara.

Escolas do Porto são as únicas que melhoram em ambos os rankings

Faculdade de Economia da Universidade do Porto

Entre as cinco escolas nacionais que aparecem nesta edição do ranking do Financial Times, só uma melhora tanto na formação de executivos aberta a todos, como nos programas customizados. Em causa está a Universidade do Porto (Faculdade de Economia e Porto Business School).

No que diz respeito aos programas abertos a todos, a Universidade do Porto aparece no lugar 43 da tabela do Financial Times, subindo uma posição face ao resultado da última edição.

Já nos programas customizados, a melhoria é mais acentuada. Com uma subida de cinco posições, a Universidade do Porto chega ao 42.º lugar do ranking do jornal britânico. “Com estes resultados, a PBS destaca-se como a escola de negócios portuguesa que mais subiu na categoria de programas customizados, um reconhecimento adicional da qualidade dos programas desenvolvidos em parceria com empresas e organizações“, é sublinhado numa nota enviada às redações.

Para José Esteves, dean da Porto Business School, “estes resultados reforçam o posicionamento internacional da Porto Business School como uma escola de excelência na formação executiva, focada na preparação de líderes para os desafios atuais e do futuro”.

Estes rankings do Financial Times analisam a formação de executivos, nas 85 melhores escolas em programas abertos e as 95 melhores em programas customizados.

Nos programas abertos, o “ouro” é London Business School, que toma o lugar à HEC Paris (que ocupa agora o segundo lugar). Já na formação customizada, o topo do pódio é ocupado pela IMDInternational Institute for Management Development, que “rouba” o lugar cimeiro à Insead (que aparece agora em quinto lugar).

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