Desacordo sobre nova lei de imigração derruba Governo neerlandês
Geert Wilders, figura de proa da extrema-direita dos Países Baixos, anunciou esta manhã que o seu partido vai abandonar a coligação governamental por divergências em matéria de imigração.
A extrema-direita neerlandesa liderada por Geert Wilders anunciou na manhã desta terça-feira que vai abandonar o Governo de coligação que tem Dick Schoof como primeiro-ministro, o que, na prática, significa o colapso do Executivo.
Wilders, que lidera o Partido para a Liberdade (PVV), o mais votado nas últimas eleições legislativas, afirmou que os três parceiros que também compõem a coligação governamental não estavam dispostos a adotar as suas propostas de acabar com a migração de asilo, para as quais tinha exigido apoio imediato na semana passada.
“Não há assinatura dos nossos planos de asilo. O PVV abandona a coligação“, escreveu Wilders, numa publicação na rede social X.
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Além do PVV, o Governo dos Países Baixos é composto pelo Partido Popular para a Liberdade e a Democracia (VVD), o partido democrata-cristão Novo Contrato Social (NSC) e o Movimento Agricultor-Cidadão (BBB). O primeiro-ministro, Dick Schoof, é especialista em segurança e asilo.
De acordo com o Politico, os quatro parceiros que formam o Governo de coligação nos Países Baixos tinham agendado uma reunião para esta manhã para discutir as exigências de Geert Wilders de medidas de asilo mais rigorosas.
O líder do PVV queria que os seus parceiros de coligação se comprometessem imediatamente com o seu “plano de dez pontos” em matéria de asilo. Tanto ele como os restantes partidos duvidavam que houvesse um acordo na reunião — e assim foi.
“O PVV prometeu aos eleitores a política de asilo mais rigorosa de sempre”, incluindo uma proposta para “fechar as fronteiras aos requerentes de asilo”, afirmou Wilders aos jornalistas na manhã desta terça-feira. Mas, como os seus parceiros de coligação se recusaram a subscrever os planos, diz que “não [teve] outra alternativa senão dizer: ‘Rescindimos o apoio a este Governo’“.
Wilders revelou já ter comunicado ao primeiro-ministro, Dick Schoof, que iria retirar os cinco ministros do PVV do Governo. “Eu comprometi-me com a mais rigorosa política de asilo, não com a queda dos Países Baixos“, acrescentou.
O atual Executivo neerlandês, o primeiro a incluir o PVV de Wilders, foi constituído há menos de um ano, após meses de negociações para a sua formação, na sequência da vitória da extrema-direita nas eleições de novembro de 2023.
Schoof, que vem da Função Pública, já vinha a enfrentar críticas e ataques de Wilders, sobretudo no que toca ao apoio do Governo à Ucrânia e ao pedido do ministro dos Negócios Estrangeiros, Caspar Veldkamp, para que a União Europeia reveja o seu acordo de associação com Israel.
“Se não tivesse acontecido hoje, teria acontecido algures nas próximas semanas”, considera Rob Jetten, presidente do partido liberal D66, argumentando que os outros partidos da coligação foram feitos “reféns” de Wilders.
(Notícia atualizada às 9h57)
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