Certificados de Aforro voltam a perder gás com taxa de juro base a cair para 2,011% em julho

Remuneração dos Certificados de Aforro afunda em julho pelo quarto mês para novos mínimos, mas ainda supera a oferta dos depósitos bancários, desafiando a paciência e a lealdade dos aforradores.

Pelo quarto mês consecutivo, a taxa de juro base dos Certificados de Aforro vai voltar a cair, com as novas subscrições realizadas em julho a apresentarem uma taxa de juro base de 2,011%, segundo cálculos do ECO, que compara com uma taxa base de 2,07% das subscrições feitas este mês.

Este valor representa a remuneração mais baixa desde o arranque da Série F, em junho de 2023, consolidando uma tendência que está a fazer murchar aquela que foi uma das opções de poupança mais procuradas pelos portugueses nos últimos dois anos.

A descida ininterrupta da taxa base dos Certificados de Aforro, tendência iniciada em abril, reflete diretamente a trajetória descendente da taxa Euribor a três meses, o indexante que serve de referência ao cálculo da remuneração destes títulos de dívida do Estado.

A Euribor a três meses tem protagonizado uma queda acelerada, passando de valores próximos dos 3,9% em abril do ano passado para 1,9973% na quarta-feira, fruto da política monetária acomodatícia do Banco Central Europeu marcada por sete cortes consecutivos das taxas diretoras desde setembro do ano passado.

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A deterioração da remuneração dos Certificados de Aforro já se está a traduzir num arrefecimento da procura por parte dos investidores junto destes produtos de dívida do Estado orientados exclusivamente para o retalho.

Os últimos dados da Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública (IGCP) e do Banco de Portugal revelam que, em maio, os Certificados de Aforro captaram 475,2 milhões de euros em termos de subscrições líquidas de resgates, montante que marca o segundo mês consecutivo de abrandamento de subscrições líquidas e o valor mais baixo dos últimos três meses

Apesar da queda da remuneração pelo quarto mês consecutivo, os Certificados de Aforro continuam a apresentar condições mais atrativas do que a maioria dos depósitos bancários disponíveis no mercado.

Ainda assim, o volume global de poupanças aplicadas em Certificados de Aforro continua a atingir máximos históricos. No final de maio, as famílias portuguesas tinham quase 37,5 mil milhões de euros investidos nestes títulos, um reflexo da acumulação de subscrições dos últimos anos, quando as taxas estavam no limite máximo.

Apesar da queda da remuneração pelo quarto mês consecutivo, os Certificados de Aforro continuam a apresentar condições mais atrativas do que a maioria dos depósitos bancários disponíveis no mercado. Os últimos dados do Banco de Portugal mostram que a taxa de juro média dos novos depósitos a prazo se situa nos 1,69% em março, ficando abaixo da remuneração oferecida pelos Certificados de Aforro, mesmo com a descida para os 2,011% em julho, e ainda sem contabilizar os prémios de permanência que estes produtos oferecem a partir do segundo ano. Esta vantagem competitiva explica por que razão a procura, embora em abrandamento, se mantém resiliente.

A evolução futura da remuneração dos Certificados de Aforro continuará a depender da trajetória das taxas Euribor, que por sua vez está condicionada pela política monetária do BCE. Os analistas antecipam que as taxas possam continuar a descer gradualmente ao longo de 20255, o que poderá pressionar ainda mais a remuneração destes títulos de poupança.

Com a próxima reunião de política monetária do BCE marcada para 23 e 24 de julho, os aforradores aguardam sinais sobre a intensidade dos próximos cortes nas taxas diretoras. Se o banco central mantiver o ritmo de alívio monetário, a taxa base dos Certificados de Aforro poderá continuar a sua trajetória descendente nos próximos meses, testando a fidelidade dos investidores portugueses a este que tem sido um dos seus produtos de poupança preferidos.

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