Sucessor de Centeno? “Já sei qual é a decisão. As pessoas envolvidas serão agora contactadas”, diz Montenegro
Primeiro-ministro justifica adiamento do anúncio sobre o novo governador do Banco de Portugal com debate do Estado da Nação e deixa elogios ao Chega por “começar a mostrar” maior responsabilidade.
O primeiro-ministro, Luís Montenegro, assegura que “já [sabe] qual a decisão” em relação ao próximo governador do Banco de Portugal, mas recusa “antecipar” o anúncio em relação ao sucessor de Mário Centeno, remetendo a decisão para a próxima quinta-feira.
“As pessoas envolvidas serão agora contactadas e, além do mais, teremos a decisão do Conselho de Ministros”, referiu em entrevista à Antena 1, na qual justificou não ter tomado a decisão antes do fim do mandato de Centeno, que terminou no sábado, por causa do debate do Estado da Nação realizado na semana passada.
A substituição de Mário Centeno como governador é mais do que previsível, mesmo tendo em conta a sua disponibilidade que chegou a mostrar publicamente para continuar no cargo. Ainda assim, Luís Montenegro referiu no domingo, à margem de uma ação do PSD na Madeira, que o antigo ministro das Finanças “reúne todas as condições” para se manter em funções no BdP.
Porém, em conflito aberto com Joaquim Miranda Sarmento — foram várias as intervenções públicas críticas da gestão orçamental do atual ministro, e até passou a assinar uma análise económica anual, paralela à do próprio banco central –, Centeno tem guia de marcha certo. As eleições antecipadas criaram suspense sobre o que poderia suceder, mas a AD reforçou a votação e mudança tornou-se inevitável.
Na sequência dessas declarações, André Ventura recorreu às redes sociais para apelar a Luís Montenegro para que não reconduza Mário Centeno no cargo, sustentando que “chega de tachos e de incompetência”. “Estamos fartos de boys socialistas a colonizar o aparelho de Estado e as instituições supostamente independentes”, escreveu na rede social X.
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No âmbito parlamentar, Montenegro disse no programa ‘Política com Assinatura’ ter a “fundada expectativa” que Chega e PS viabilizem a proposta de Orçamento do Estado para 2026, esperando que esses partidos não se juntem “contra a vontade do Governo” para aprovar medidas, como a que passou no último documento sobre o aumento suplementar das pensões de forma permanente.
Avisando que este tipo de iniciativas pode colocar “em causa as condições de governabilidade”, o primeiro-ministro advertiu mesmo que “se fizermos uma alteração permanente da despesa, corremos o risco de futuramente termos um problema de sustentabilidade financeira”.
Ainda no campo político, Montenegro mostrou-se “um bocadinho surpreso” com a ameaça do PS de romper com o Governo, dizendo que os socialistas “não estão habituados” a ser oposição e apelando para que mostrem “humildade democrática neste novo tempo político”. Por outro lado, considerou que o Chega “está a começar a mostrar” maior responsabilidade. Mesmo dizendo que não tem um parceiro preferencial ou exclusivo para diálogo, o partido liderado por André Ventura “está normalizado” há muito tempo, alegou.
Finalmente, em declarações ao mesmo podcast, o primeiro-ministro considerou “um desafio enorme” as tarifas que o presidente dos EUA pretende impor à União Europeia, prevendo “alguns impactos significativos” nas importações e nas exportações. Ainda assim, recomenda prudência a Bruxelas: “Não devemos ir com aqueles ímpetos mais precipitados. (…) A retaliação é uma solução, mas tem de ser estudada”.
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