Mercados reagem com entusiasmo a acordo entre Washington e Tóquio

Acordo entre os EUA e o Japão reduz tarifas comerciais para 15% e impulsiona bolsas. Nikkei atinge máximos de 12 meses e investimento nipónico de 550 mil milhões de dólares nos EUA anima mercados.

O acordo entre Japão e EUA para a redução das tarifas comerciais em 15% foi celebrado pelo presidente Donald Trump e o primeiro-ministro japonês Shigeru Ishiba, esta noite na Casa Branca, em Washington.

Wall Street ainda não tinha acordado e já Tóquio festejava. O Nikkei 225 saltou 3,5% para o nível mais alto em 12 meses, arrastado por um rali de 14% da Toyota e de dois dígitos noutros construtores nipónicos. Minutos depois, os futuros sobre o Dow Jones, o S&P 500 e o Nasdaq juntavam-se à festa, estando atualmente a negociar com subidas de 0,5%, 0,4% e 0,2%, respetivamente.

A chama propagou-se à Europa, com o pan-europeu STOXX 600 a abrir com uma subida de 1%, guiado por um disparo superior a 5% dos titãs alemães Volkswagen, BMW e Mercedes-Benz. Atualmente, o Stoxx 600 encontra-se a valorizar 1,3% e a renovar máximos de duas semanas. Tudo por um acordo relâmpago que baixa para 15% as tarifas recíprocas entre EUA e Japão (quando anteriormente tinha sido anunciado uma taxa de 25%), e traz na bagagem um pacote de investimento japonês de 550 mil milhões de dólares (cerca de 470 mil milhões de euros) em território americano.

“Acabámos de fechar um grande negócio com o Japão, talvez o maior negócio já feito”, referiu Donald Trump na sua rede social Truth Social, vangloriando-se de que “este acordo irá criar milhares de empregos” e que o Japão irá “abrir país ao comércio, incluindo automóveis e camiões, arroz e alguns outros produtos agrícolas” — um sinal de que as rachas na globalização podem afinal ser coladas quando há ganhos nos dois lados.

Em Tóquio, o índice dos fabricantes de transporte subiu quase 11%, enquanto em Seul as ações da Hyundai e da Kia ganharam fôlego à boleia da expectativa de acordos semelhantes. Na Europa, a Stellantis, a BMW e a Volkswagen estão a voar entre 5% e 8%. Do outro lado do Atlântico, o S&P 500 tinha fechado na véspera em máximos históricos e, com os futuros em terreno positivo, tudo indica novo recorde diário.

O alívio das tarifas também se fez sentir no mercado obrigacionista. A Yield das Treasuries a 10 anos subiu para 4,38%, interrompendo uma descida de cinco sessões. No Japão, a perspetiva de inflação importada (e eventual normalização monetária) empurrou a yield das obrigações soberanas nipónicas de 10 anos para 1,60%, o ponto mais alto desde julho de 2008. As curvas de rendimentos europeias acompanharam, mas de forma suave, num reflexo de menor procura por ativos refúgio.

Se as ações celebram, o ouro não fica atrás. A onça do metal dourado voltou a negociar perto dos valores históricos de 3.500 dólares alcançados a 22 de abril, negociando durante este manhã nos 3.439 dólares, acumulando assim uma valorização de 31% desde o arranque do ano.

O dólar mantém-se atualmente estável, com o índice Dólar (DXY), que agrega um cabaz de seis moedas contra a moeda norte-americana, a negociar nos 97,42 pontos, que se traduz numa valorização de 0,03%, recuperando ligeiramente após três sessões de perdas. Segundo dados da Refinitiv, a moeda norte-americana cedeu terreno face ao iene depois de Trump ter confirmado o acordo, mas voltou a ganhar força quando as yields das Treasuries subiram. Para já, a narrativa de crescimento potencialmente mais forte nos EUA, fruto da onda de investimento nipónico, contrabalança a descida das tarifas.

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