Alemanha e Itália voltam a contrair e Zona Euro fica presa por um fio
Pressionado pela contração da economia alemã e italiana, o PIB da Zona Euro cresceu apenas 0,1% em cadeia no segundo trimestre, numa altura em que Portugal brilhou com um crescimento de 0,6%.
A economia europeia apresentou um crescimento moderado no segundo trimestre de 2025, com a Zona Euro a registar um avanço homólogo de 1,4% e a União Europeia de 1,5%, segundo os dados divulgados esta quarta-feira pelo Eurostat.
Numa base trimestral, o crescimento foi mais contido, com o gabinete de estatísticas da União Europeia a revelar um crescimento em cadeia de 0,1% na Zona Euro e de 0,2% na União Europeia.
Estes números refletem um abrandamento face ao primeiro trimestre, quando a economia da moeda única tinha registado uma expansão de 0,6% em cadeia, após um período de recuperação. O cenário atual evidencia as dificuldades persistentes que as principais economias europeias enfrentam num contexto de elevada incerteza global.
Em destaque esteve Portugal, com uma taxa de crescimento em cadeia de 0,6% no segundo trimestre, o segundo melhor desempenho entre os países da Zona Euro e da União Europeia, apenas atrás dos 0,7% alcançados por Espanha. Já em termos homólogos, com uma taxa de crescimento de 1,9%, Portugal alcançou o quinto melhor desempenho entre as empresas europeias, segundo dados do Eurostat.
Como pontos negativos e de alerta estão a Alemanha e Itália, duas das maiores economias da Zona Euro, que contraíram no segundo trimestre. A economia alemã registou uma contração de 0,1% em cadeia, confirmando as dificuldades estruturais que o país enfrenta, especialmente no setor industrial. O PIB alemão tem oscilado entre crescimento e contração nos últimos trimestres, reflexo da fraqueza das exportações e do investimento.
Itália seguiu uma trajetória similar, com o PIB a contrair 0,1% no segundo trimestre face ao período anterior. Esta quebra surge depois de uma expansão de 0,3% no primeiro trimestre, mostrando a volatilidade da recuperação económica italiana.
Em termos homólogos, ambos os países apresentaram crescimentos modestos, com a Alemanha a registar 0,4% e a Itália idêntico resultado. Estes números ficaram aquém das expectativas dos analistas, que antecipavam um desempenho ligeiramente melhor.
Contudo, o travão maior ocorreu na Irlanda, com o PIB a registar uma contração de 1% no segundo trimestre em cadeia, face a um crescimento de 7,4% no primeiro trimestre e à boleia de uma expansão significativa no setor farmacêutico e das exportações, com as empresas destes setores a apressarem-se a enviar o máximo possível de produtos para os EUA nos primeiros três meses do ano antes que o presidente Donald Trump implementasse as tarifas.
França surpreende positivamente
Em contraste com o comportamento das economias da Alemanha e de Itália, a economia francesa apresentou dados encorajadores, com o PIB a crescer 0,3% em cadeia no segundo trimestre, superando claramente as previsões dos analistas que apontavam para apenas 0,1%. O consumo privado francês registou mesmo um aumento de 0,6% face ao mês anterior, quando as expectativas eram para uma contração de 0,3%.
O ministro francês das Finanças, Lombard, classificou os resultados como “boas notícias”, sublinhando a resistência da economia francesa num contexto global desafiante. Em termos homólogos, o PIB francês registou um crescimento de 0,7%, ligeiramente acima dos 0,5% previstos.
Apesar dos sinais de estabilização, os analistas mantêm-se prudentes quanto às perspetivas económicas europeias. A Comissão Europeia antecipa um crescimento de 0,9% para a Zona Euro em 2025, um ritmo que deverá acelerar para 1,4% em 2026. Para a União Europeia no seu conjunto, as projeções apontam para 1,1% em 2025 e 1,5% em 2026.
A economia europeia navega entre ventos contrários e sinais de esperança. Enquanto França demonstra vitalidade, a Alemanha e Itália enfrentam dificuldades estruturais
O Banco Central Europeu reviu recentemente as suas previsões para 2025 e 2026, mantendo as suas previsões de crescimento inalteradas em 0,9% para 2025, mas reviu em baixa para 1,1% a estimativa para 2026. Os especialistas de Frankfurt alertam que a incerteza em torno das políticas comerciais poderá “pesar sobre o investimento empresarial e as exportações, sobretudo no curto prazo”.
A inflação continua a moderar, o que deverá criar espaço para políticas monetárias menos expansionistas. O BCE prevê que a inflação desça para 2,1% em 2025 e 1,8% em 2026, valores próximos do objetivo de estabilidade de preços.
Os dados divulgados esta quarta-feira pelo Eurostat confirmam que a economia europeia navega entre ventos contrários e sinais de esperança. Enquanto França demonstra vitalidade, a Alemanha e Itália enfrentam dificuldades estruturais que limitam o potencial de crescimento da Zona Euro.
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