FMI revê em baixa crescimento de Angola e alerta para riscos de pagamento

  • Lusa
  • 6 Setembro 2025

O Fundo Monetário Internacional alertou para o agravamento dos riscos na capacidade de pagamento de Angola e reviu em baixa a previsão de crescimento de 2,4% para 2,1%.

O Fundo Monetário Internacional alertou para o agravamento dos riscos na capacidade de pagamento de Angola, apelando ao controlo das despesas e do endividamento, e reviu em baixa a previsão de crescimento de 2,4% para 2,1%.

Num comunicado divulgado na sua página oficial, onde dá conta das conclusões do conselho de administração sobre a Avaliação Pós-Financiamento de 2025, a instituição de Bretton Woods salienta que a “capacidade de pagamento de Angola continua adequada”, mas que os riscos aumentaram em relação ao ano passado.

O organismo financeiro internacional sublinha que Angola “enfrentou uma queda nas receitas do petróleo e um aperto nas condições financeiras externas no primeiro semestre de 2025”, refletindo-se na deterioração da posição fiscal, com o défice total projetado para subir para 2,8% do PIB em 2025, face a 1,0% em 2024.

O Fundo chama também a atenção para pressões de financiamento de curto prazo devido ao vencimento de um montante significativo da dívida externa e prevê que o crescimento desacelere no curto prazo.

Em maio, a projeção preliminar de crescimento para Angola em 2025 já tinha sido revista de 3% para 2,4%, após consulta bilateral entre o Fundo e o Ministério das Finanças, no âmbito do artigo IV (revisão periódica sobre a evolução da economia e políticas de um país-membro), mas agora a entidade multilateral projeta um crescimento de 2,1%.

Por outro lado, embora a capacidade de pagamento de Angola seja considerada “adequada”, esta encontra-se sujeita a riscos crescentes.

Os diretores executivos do FMI destacam que as vulnerabilidades se intensificaram recentemente, devido aos desafios persistentes na produção petrolífera e às pressões sobre os preços, e instaram as autoridades a adotarem “políticas macroeconómicas prudentes e esforços de reforma sustentados”.

Após “dias de guerra”, a população de Luanda respira hoje de alívio com o regresso da calma e maior tranquilidade, apesar de receios sobre o agravamento do desemprego devido aos episódios de vandalismo, Luanda, Angola, 31 de julho de 2025. As consequências dos tumultos, violência e pilhagens registados no início desta semana, em Luanda, na sequência da paralisação dos taxistas, ainda continuam vivas na memória dos luandenses, que os descrevem como “dias de guerra”. (ACOMPANHA TEXTO DE 31 DE JULHO DE 2025). AMPE ROGÉRIO/LUSAAMPE ROGÉRIO/LUSA

Sublinharam ainda que os riscos para a capacidade de pagamento aumentaram em relação ao ano anterior, devido ao elevado serviço da dívida externa, à maior volatilidade dos preços do petróleo e à perspetiva mais fraca para os saldos fiscais e externo, destacando “a necessidade de racionalizar as despesas para preservar o espaço fiscal e conter o endividamento”.

Enfatizaram também a importância de avançar com a reforma dos subsídios aos combustíveis, acompanhada de medidas de proteção aos mais vulneráveis e de uma estratégia de comunicação eficaz, e saudaram os progressos na mobilização de receitas não petrolíferas.

O FMI alertou contra a dependência excessiva de financiamento de curto prazo e de elevado custo, sublinhando a importância de mobilizar recursos de doadores para despesas de desenvolvimento, incentivando Angola a prosseguir a suavização dos pagamentos da dívida e a gerir o endividamento de forma prudente.

No comunicado, a instituição recomenda igualmente evitar um afrouxamento prematuro da política monetária, a fim de sustentar a desinflação e ancorar as expectativas de inflação, e incentiva o Banco Nacional de Angola a manter uma supervisão rigorosa dos riscos sistémicos. “O fortalecimento do quadro de combate à lavagem de dinheiro e ao financiamento do terrorismo (AML/CFT) e a saída da lista cinzenta do Grupo de Ação Financeira Internacional (GAFI) continuam a ser prioridades importantes”, acrescenta.

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