Novo fundo abutre sobrevoa Mota-Engil. Ações afundam mais de 14% em duas sessões

Britânico Marshall Wace entrou no capital da construtora com uma participação a descoberto em agosto e reforçou a aposta negativa depois da escalada de segunda-feira, pressionando os títulos.

As ações da Mota-Engil EGL 3,94% , que têm sido um dos títulos mais vulneráveis aos ataques dos hedge funds, voltaram a ser alvo de uma aposta negativa por parte de um fundo especulativo. O britânico Marshall Wace adquiriu uma posição curta no capital da construtora e reforçou esta semana a aposta negativa nas ações, após a escalada superior a 9% na sessão de segunda-feira. Títulos acumulam queda superior a 14% em duas sessões.

Os títulos da construtora seguem a negociar sob forte pressão na bolsa de Lisboa. Depois de terem tombado 11,6% para 4,93 euros na última sessão, as ações seguem a desvalorizar 3% para 4,78 euros, elevando para 14,33% a descida registada em duas sessões.

Esta forte queda seguiu-se ao salto acima de 9% registado no arranque da semana, depois de a construtora da família Mota ter comunicado que venceu o concurso para a construção e gestão do primeiro túnel imerso do Brasil, que ligará Santos e Guarujá no Estado de São Paulo, naquela que é considerada a maior obra de infraestrutura do Governo de Lula da Silva.

A escalada registada na primeira sessão da semana foi aproveitada pelo hedge fund Marshall Wace para reforçar a aposta negativa nos títulos da Mota-Engil. Segundo a informação divulgada no site da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), o histórico fundo, conhecido por assumir apostas contrárias em várias cotadas da bolsa portuguesa ao longo dos anos, comunicou uma posição curta no capital da empresa liderada por Carlos Mota dos Santos de 0,51% no dia 22 de agosto, uma aposta negativa que reviu ligeiramente em alta, para 0,6%, no dia 8 de setembro.

O hedge fund criado por Paul Marshall e Ian Wace, em 1997, não é o único a assumir participações a descoberto, que ganham com a descida das ações, na Mota-Engil. A construtora tem sido uma das empresas mais visadas por estes movimentos especulativos. A Muddy Waters assumiu, em setembro de 2024, uma posição curta e mantém uma aposta negativa, com uma participação a descoberto de 0,57% do capital.

Apesar destes movimentos especulativos, a empresa mantém um desempenho positivo em 2025. Depois de ter desvalorizado mais de 26% no último ano, arrastada por estas apostas negativas, as ações disparam cerca de 65%, este ano.

Grandes contratos e lucros recorde

A Mota-Engil tem conseguido aumentar os resultados de forma consistente os resultados, alicerçados no crescimento da carteira de encomendas. A empresa fechou o primeiro semestre com um resultado líquido de 59 milhões de euros, um crescimento de 20% face aos 49 milhões de euros registados em igual período de 2024. Segundo a companhia, “este é o melhor resultado de sempre” da Mota-Engil num primeiro semestre do ano.

Já a carteira de encomendas do grupo atingiu os 14,7 mil milhões de euros nos primeiros seis meses de 2025, não incluindo contratos de 1,36 mil milhões de euros assinados depois de junho, esclareceu a empresa esta quarta-feira.

A empresa tem conseguido vencer a adjudicação de importantes concursos. No final da semana passada comunicou que ganhou à espanhola Acciona o leilão relativo à construção, operação e manutenção do túnel que vai ligar as cidades de Santos e Guarujá, no litoral de São Paulo, num contrato de 30 anos e um investimento próximo dos 1,1 mil milhões de euros. Um contrato que a companhia espera assinar até ao final deste ano.

Carlos Mota Santos, CEO da Mota-Engil, durante a cerimónia de assinatura do contrato de concessão da linha ferroviária de Alta Velocidade entre Porto e OiãHugo Amaral/ECO 29 julho, 2025

No plano nacional, o consórcio português que lidera ganhou a concessão do 1.º troço da Alta Velocidade, entre Porto e Oiã, e o líder da construtora, Carlos Mota dos Santos, quer dar continuidade ao projeto, garantindo que a construção da linha se mantém nas mãos das empresas portuguesas.

“Se a engenharia portuguesa é reconhecida como sendo de excelência lá fora e até com mais quilómetros de ferrovia realizados nos últimos anos do que os seus concorrentes europeus, porque não colocar esse know-how, essa experiência, ao serviço de Portugal?“, questionou o empresário nortenho, na cerimónia de assinatura do contrato de concessão da linha ferroviária entre Porto (Campanhã) e Oiã.

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