Daniela Braga e a revolução IA na economia e no trabalho. ECO magazine nas bancas
Daniela Braga, fundadora e CEO da Defined.ai, é a entrevistada nesta edição especial do ECO magazine dedicada à inteligência artificial.
“Ainda bem que a Europa está a pôr pé firme na regulação da IA”, atira Daniela Braga, fundadora e CEO da Defined.ai, a entrevistada nesta edição especial do ECO magazine dedicada à inteligência artificial (IA).
Membro do Comité de Acompanhamento da Agenda Nacional para a Inteligência Artificial, Daniela Braga não poupa críticas aos modelos de linguagem em grande escala (LLM, na sigla em inglês) como o americano ChatGPT ou o chinês DeepSeek. “Desde 2022 [ano em que a OpenAI lançou o ChatGPT), tem que se assumir que qualquer conteúdo que se ponha na internet vai ser roubado por alguém”, acusa a empreendedora, chamada pelo antigo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, para contribuir para a estratégia de IA do país.
Para a responsável, cuja empresa — com cerca de 120 trabalhadores, com escritórios em Seattle e Washington, nos EUA, e em Lisboa — atua no fornecimento de dados para o treino de modelos de IA, os atuais LLM da OpenAI ou da Anthropic não passam de fast food, a “regurgitar” os mesmos resultados. E, num momento em que a Europa está sob fogo por ter avançado com a implementação do AI Act, Daniela Braga aplaude a posição. “Se não há um bloco geográfico mundial que, pelo menos, ponha algumas regras nesta questão da inteligência artificial, a distopia está à vista”, diz.
Na corrida de IA, para chegar à meta, Europa e Portugal têm de apostar em áreas estratégicas, garantes de soberania, e não dispersar as fichas de investimento, recomenda.
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Com a IA a concentra as atenções de consumidores e empresas a nível mundial, fomos saber como é que as empresas nacionais estão a adotar e a desenvolver esta tecnologia em prol do seu negócio e descobrimos desde aplicações no setor da saúde, na construção ou no chão de fábrica. A ler em Capital: “Além do óbvio (e do ChatGPT) empresas portuguesas já estão a aplicar IA nas operações.”
Mas não ficamos por aqui. Analisamos a candidatura portuguesa a uma das cinco Gigafábricas de IA que Bruxelas quer ver nascer na Europa — “Portugal à pesca de uma Gigafábrica de IA” — e fomos falar com especialistas sobre o impacto que esta tecnologia está já a ter no mundo do trabalho: não é só as empresas que estão a usar, os trabalhadores também o fazem para procurar emprego, como pode confirmar em “Inteligência Artificial facilita ‘casamento’ entre talento e empregos.”
Fomos ainda à Uptec da Universidade do Porto e falar com empreendedores que usam a IA para dar resposta a vários desafios da saúde, da indústria ou da restauração. A reportagem pode ser lida em Chão de Fábrica: “Uptec. Da saúde ao chão de fábrica, IA está a revolucionar os negócios.”
Na Opinião fomos ouvir os especialistas nacionais sobre esta tecnologia e o seu impacto na economia, no mundo do trabalho e até na Democracia: António Gameiro Marques (contra-almirante e antigo diretor-geral do Gabinete Nacional de Segurança); Hugo Castro Silva (Instituto Superior Técnico e investigador do Cegist); Lénia Mestrinho (Digital Data Design Institute da Nova SBE e da Nova Medical School) e Paulo Dimas (Center for Responsable IA).
Analisamos ainda as stablecoins como opção de investimento, a ler em Portefólio Perfeito, “A nova era das moedas digitais no bolso dos investidores”; e fomos ouvir operadores nacionais no setor da defesa para conhecer melhor os contributos de tecnológicas nacionais para a defesa da Europa. A ler em Saber Fazer: “O que estão as tecnológicas portuguesas a fazer, numa Europa à Defesa?”
O ECO magazine traz também os contributos das diversas marcas que fazem parte do universo ECO.
Com a implementação da lei da transparência salarial prestes a ter de ser implementada, no Trabalho by ECO fomos ouvir especialistas sobre os desafios e o seu impacto: “Dinheiro ainda é tabu? Salários vão ficar mais transparentes.” Olhamos para as empresas no PSI e fomos analisar quem faz a sua auditoria. A ler no EContas, a nova marca do ECO: “BDO entra no território das big four. Mudança de paradigma à vista?”
“Pelos canhões surfar, surfar” é o tema desta edição do Local Online onde analisamos o impacto da modalidade na dinamização da economia local e regional; já no ECO Seguros olhamos para os “Pacotes de benefícios ligados a seguros: Vale a pena?”
A Europa tem vindo a aliviar ou a pausar várias legislações em torno do ESG e fomos ouvir o que dizem empresários, especialistas e advogados no Capital Verde: “Das ‘pressões’ ao ‘pragmatismo’: Europa alivia leis ESG”;
“Operações de M&A em queda. O que esperar no segundo semestre?” foi o tema em análise pela Advocatus; enquanto em Fundos Europeus focamos o olhar no PRR: “Os 24 investimentos críticos do PRR”.
“Neuromarketing. Uma ferramenta poderosa mas ainda subaproveitada em Portugal” é a proposta da +M a ler nesta edição.
Nesta edição apresentamos ainda propostas de lazer e evasão do ECO Avenida. Fomos conhecer (melhor) marcas portuguesas que fazem da sua arte manual uma mais-valia de luxo — “Perfeita imperfeição: o saber-fazer onde a inteligência artificial não chega” —, falamos com o especialista em joias e pedras preciosas, Rui Galopim de Carvalho — “O luxo das joias está no storytelling não só na pedra” —, fomos para a estrada com o Mercedes-Benz G580 e contamos a experiência em “A metamorfose de um clássico do todo o terreno”.
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Editorial
Quem tem medo da IA? Eu começo.
A Inteligência Artificial (IA) está no terreno, ao nosso redor, e isso é bom, e até por isso o ECO está a reforçar fortemente a sua cobertura editorial do tema. Mas corremos o risco de, encantados pelo brilho, estarmos deliberadamente a ignorar um dos efeitos da sua massificação. É que parece ser um tabu discutir o impacto no mercado de trabalho.
Há estudos para todos os gostos. Centenas de milhões de postos de trabalho em determinadas funções serão eliminadas, mas o foco está sempre na necessidade de novas profissões que serão criadas com estas tecnologias. A conclusão ou não existe ou é de que, em termos líquidos, não temos razões para temer uma razia na força laboral humana.
É normal que esta seja a norma, porque quem controla a narrativa tem o incentivo para a levar para aqui. Dos grandes gurus tech norte-americanos às consultoras e advogados, passando pelo poder político, que quer parecer moderno e modernizante. Por outro lado, quem se atreve a refrear todo esse otimismo e a alertar para os perigos sociais do tema é inevitavelmente apelidado de ludita ou, pior, de velho do Restelo.
Assim me assumo, para o bem e para o mal.
Alguns pontos assentes.
1- A IA está e vai trazer ainda mais uma eficiência brutal às organizações. Com isto há um grande potencial para se criar mais riqueza.
2 – A IA é imparável e quem estiver empenhado em travá-la ou mandá-la para trás não percebeu o filme.
Dito isto, é preciso discutir o resto, porque senão vamos simplesmente prosseguir neste otimismo narcotizado até chocarmos com a parede, e aí será demasiado tarde.
Boa parte das eficiências que a IA irá trazer estão relacionadas com custos. E isto porque, simplesmente, será muito mais barato fazer as coisas através de um exército infindável de circuitos e chips que não tira férias, não questiona o chefe, não dá chatices. E que não leva para casa um salário ao fim do mês. Isto é tão óbvio que até fica mal dizer. Que organizações resistirão à tentação de fazer com 10 salários + tecnologia aquilo que hoje em dia fazem com 300 salários e menos tecnologia?
Ora se a IA é muito mais eficiente e não irá voltar para trás, o que podemos fazer? Temos de pensar seriamente como vamos acomodar o exército de desempregados que vai aparecer (mesmo que nos digam que não). E aqui eu não tenho uma resposta.
Chegou a estar na moda a taxação destas tecnologias, a pagar pelas empresas que as utilizem (com o dinheiro a ir para quem não tem emprego, sob a forma de apoios sociais), mas francamente ninguém conseguiu definir nem vagamente como isso ia funcionar. E mesmo que o consigamos fazer, que tipo de sociedade será esta, de pessoas sem trabalho e a viver de apoios sociais de forma sistémica? Que efeitos colaterais tal teria? Ninguém sabe.
Se chegou até aqui neste texto à espera de ouvir a minha solução, não tenho. Lamento.
Só peço é que não ignoremos o óbvio e que as tais pessoas inteligentes percam algum tempo a pensar em como vamos lidar com isto.
Até podem perguntar ao ChatGPT ou ao DeepSeek. Talvez possam ajudar.
Tiago Freire — Subdiretor
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