Rússia quer passar trabalhadores russos da embaixada de Portugal para empresa estatal
Na Embaixada de Portugal em Moscovo trabalham 12 funcionários, dos quais nove são russos, um português, um binacional, um etíope e um filipino.
Os funcionários da Embaixada de Portugal em Moscovo são maioritariamente russos e as autoridades deste país preparam-se para os passar para uma empresa estatal, que vai definir condições de trabalho e remunerações, denunciou esta terça-feira o sindicato do setor.
A secretária-geral do Sindicato dos Trabalhadores Consulares, das Missões Diplomáticas e dos Serviços Centrais do Ministério dos Negócios Estrangeiros (STCDE) mostrou preocupação com este caso, durante uma audiência na Comissão de Negócios Estrangeiros e Comunidades Portuguesas.
Segundo Rosa Teixeira, na Embaixada de Portugal em Moscovo trabalham 12 funcionários, dos quais nove são russos, um português, um binacional, um etíope e um filipino.
O recurso a estrangeiros resultou da pouca atratividade da carreira e das dificuldades na língua que travaram a ida de funcionários públicos portugueses para este país, situação que também existe em outros, conforme explicou Rosa Teixeira. “Os colegas [russos] falam e escrevem perfeitamente português, mas são trabalhadores de nacionalidade russa ao serviço de Portugal há muitos anos, funcionários públicos de Portugal e agora estão muito preocupados”, disse à Lusa.
Rosa Teixeira explicou que em causa está a decisão das autoridades russas de criar uma empresa para fornecer às missões e embaixadas estrangeiras pessoal russo. “Agora, as autoridades russas vêm dizer que, como [estes funcionários públicos de Portugal] são russos têm de resolver o seu contrato de trabalho com Portugal e ir para uma empresa estatal” russa.
Será esta empresa a fixar “as suas remunerações e as suas condições de trabalho” e, como consequência direta, “Portugal deixa de ter mão em relação a estes trabalhadores”, adiantou.
“É como Portugal abrir mão de poder escolher quem trabalha para si. É tão simples como isto. Se os trabalhadores em Moscovo passam a ser designados por uma agência [estatal russa], Portugal deixa de ter mão em relação a quem entra nas instalações” da sua embaixada em Moscovo, salientou.
Os funcionários russos em questão estão preocupados e Rosa Teixeira questionou o Ministério dos Negócios Estrangeiros português sobre o caso, tendo tido conhecimento de que existe um grupo de trabalho que foi criado para resolver o assunto.
Além desta questão, o sindicato partilhou com os deputados as principais preocupações em matéria laboral e de direitos dos funcionários da Administração Pública portuguesa no estrangeiro, nomeadamente a falta de proteção social em alguns países e as diferenças entre os vencimentos e os níveis de vida.
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