Teixeira Duarte volta ao PSI após recuperar de “anos desafiantes”. Minoritário reclama lugar na administração

  • Lusa e ECO
  • 18 Setembro 2025

Construtora volta ao PSI na segunda-feira, com presidente a destacar reorganização que resultou em "maior eficiência das operações e melhoria das margens". Minoritário reclama lugar na administração.

O regresso da Teixeira Duarte à negociação no principal índice da bolsa de Lisboa marca a recuperação da empresa, “depois de anos desafiantes com transformações profundas”, disse Manuel Maria Teixeira Duarte, presidente do Conselho de Administração da empresa.

Em resposta, por escrito, à Lusa, o gestor disse que foi com “enorme orgulho e sentido de responsabilidade” que foi recebida a notícia do regresso do grupo ao PSI já na próxima segunda-feira, que assim passará a contar com 16 empresas.

“Depois de anos desafiantes com transformações profundas, o grupo regressou à rentabilidade, reforçou a margem operacional e expandiu a carteira de encomendas”, adiantou.

De acordo com o gestor, “para tal terá contribuído a consolidação de medidas de reorganização e otimização de recursos que resultaram numa maior eficiência das operações, numa melhoria das margens e numa maior capacidade de execução de projetos complexos tanto no mercado interno como externo”, apontando ainda “o recente acordo realizado com a banca” que “foi muito importante para a estabilidade financeira do grupo e um sinal claro do reconhecimento do valor da Teixeira Duarte no setor e na economia nacional”.

O grupo refinanciou 654,4 milhões de euros de dívida bancária junto do BCP, CGD e Novo Banco, com alongamento da respetiva maturidade e redução do custo de financiamento, como foi anunciado em março deste ano.

A consolidação de medidas de reorganização e otimização de recursos resultaram numa maior eficiência das operações, numa melhoria das margens e numa maior capacidade de execução de projetos complexos tanto no mercado interno como externo.

Manuel Maria Teixeira Duarte

Presidente do Conselho de Administração da Teixeira Duarte

De acordo com o presidente da empresa, a carteira de encomendas para o setor da construção, atingiu os 1.630 milhões de euros em junho, “um aumento de 5,9% face a dezembro de 2024”, sendo que, desta carteira, “consta o primeiro projeto da alta velocidade ganho pelo consórcio LusoLav, que o grupo Teixeira Duarte integra, e que deverá gerar cerca de 440 milhões de euros em obra”.

A Teixeira Duarte fechou o primeiro semestre deste ano com lucros de 42,4 milhões de euros, quatro vezes acima do alcançado no mesmo período do ano passado, devido ao impacto positivo nos resultados financeiros do acordo de refinanciamento celebrado com a banca. Até junho, as vendas caíram na construção e no imobiliário.

Manuel Maria Teixeira Duarte apontou o “foco na disciplina financeira”, a “seleção criteriosa de projetos” e a “melhoria dos processos internos” como sendo “elementos-chave” para o reforço da competitividade.

Para o gestor, o regresso ao principal índice da bolsa representa o “reconhecimento do trabalho consistente”, bem como da “solidez” dos resultados e da “confiança que os investidores depositam” na visão estratégica da empresa.

Durante os primeiros seis meses do ano, as ações da Teixeira Duarte valorizaram 291,14%, passando de 0,079 euros em 31 de dezembro de 2024, para 0,309 euros em 30 de junho de 2025. “Nestes últimos dias chegaram a atingir os 0,58 euros”, destacou.

“Estar entre as maiores e mais líquidas empresas cotadas em Portugal é, sem dúvida, um sinal da atratividade do grupo Teixeira Duarte junto dos mercados e uma motivação adicional”, rematou.

A Teixeira Duarte conta atualmente com mais de 175 empresas e cerca de 9.500 pessoas a operar em 22 países e está presente em seis diferentes setores de atividade: construção, concessões e serviços, imobiliária, hotelaria, distribuição e automóvel.

A empresa foi fundada em 1921, por Ricardo Esquível Teixeira Duarte e continua a ser controlada pela família. Mas a Dualis Capital, dos empresários nortenhos Eduardo Sardo e Gaspar da Silva, supera participação de 10%, como notificado à CMVM esta quarta-feira.

Em declarações ao Jornal de Negócios (acesso pago), Eduardo Sardo, dono do grupo imobiliário IDS, diz estar “confortável com a participação atual, mas não [exclui] a possibilidade de novos reforços”. Por outro lado, o empresário que detém a sociedade a meias com Gaspar Ferreira, empresário que controla o grupo Ferreira, questionado sobre se vai exigir um lugar no board da construtora, respondeu que nesta fase, a envolvência exige uma maior aproximação à administração, encontrando-se neste momento vários cenários em análise”.

Trabalhadores da Teixeira Duarte conversam na praça principal do Lagoas Park onde vai ser instalado o centro de inovação da Google, 05 de fevereiro de 2018. (ACOMPANHA TEXTO DE DIA 06 DE FEVEREIRO DE 2018). TIAGO PETINGA/LUSATIAGO PETINGA/LUSA

A construtora passou por algumas dificuldades, nos últimos anos, agravadas por problemas nos mercados externos onde tinha uma presença importante, nomeadamente na Venezuela e Argélia.

A empresa pública venezuelana Bolipuertos pôs termo em 2021 à concessão da exploração do porto de La Guaira, que vigoraria até 31 de março de 2037. A Venezuela acusou ainda a empresa de corrupção, algo que o grupo negou e considerou difamatório.

Na Argélia, na mesma altura, foi proferida uma sentença judicial de última instância, por um tribunal argelino, num processo respeitante a um parceiro da Teixeira Duarte – Engenharia e Construções, S.A.”, que “colocou em causa as condições operacionais e financeiras que permitiam assegurar a normal execução de seis empreitadas públicas contratadas na Argélia”, disse na altura.

Na quarta-feira, as ações da Teixeira Duarte fecharam a sessão, no índice geral, a descer 0,70%, para 0,57 euros.

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