Accenture vai substituir trabalhadores que não possam ser requalificados para IA

  • Joana Abrantes Gomes
  • 26 Setembro 2025

"Estamos a afastar, num prazo reduzido, as pessoas para as quais, com base na nossa experiência, a requalificação não é um caminho viável para as competências que precisamos", declarou a CEO.

Após ter reduzido a sua força de trabalho a nível global em mais de 11 mil trabalhadores nos últimos três meses, a Accenture alerta agora, pela voz da CEO, que mais trabalhadores serão convidadas a sair se não puderem ser requalificados para a era da inteligência artificial (IA).

“Estamos a afastar, num prazo reduzido, as pessoas para as quais, com base na nossa experiência, a requalificação não é um caminho viável para as competências que precisamos”, disse a presidente executiva, Julie Sweet, numa chamada telefónica com analistas.

A responsável adiantou também estar “continuamente a identificar áreas de operação da Accenture para impulsionar mais eficiências, incluindo através da IA, a fim de criar mais capacidade de investimento”.

Na quinta-feira, segundo o Financial Times, a consultora deu a conhecer um programa de reestruturação no valor de 865 milhões de dólares (740,5 milhões de euros, ao câmbio atual) e uma perspetiva de um abrandamento de receitas entre 2% a 5% para o próximo ano fiscal, que reflete uma procura corporativa ainda fraca por projetos de consultoria e uma redução nos gastos do Governo federal dos EUA — que historicamente representam cerca de 8% da receita da Accenture.

No final de agosto, a empresa empregava 779.000 pessoas, uma redução face às 791.000 que tinha três meses antes, após iniciar uma ronda de despedimentos que irá continuar até ao final de novembro.

Sem revelar quantos postos de trabalho foram diretamente afetados pela reestruturação, referiu que as indemnizações e outros custos totalizaram 615 milhões de dólares (526,7 milhões de euros) no trimestre que acabou de terminar e que serão mais 250 milhões de dólares (214 milhões de euros) no trimestre atual.

Os cortes permitiram à Accenture afirmar que continuará a expandir as margens de lucro operacional à sua taxa anual histórica de pelo menos 10 pontos base no próximo ano fiscal, uma meta que alguns analistas temiam que tivesse de ser abandonada, dadas as atuais condições do setor.

As receitas da multinacional cresceram 7%, para 69,7 mil milhões de dólares (59,7 mil milhões de euros), no ano até agosto, com um lucro de 7,83 mil milhões de dólares (6,7 mil milhões de euros), um aumento homólogo de 6%.

Segundo a Accenture, os projetos de IA generativa representaram 5,1 mil milhões de dólares das suas novas reservas no ano fiscal que acabou de terminar, acima dos três mil milhões do ano anterior. Além disso, 77.000 pessoas são profissionais qualificados em IA ou em dados, acima dos 40.000 de há dois anos.

Durante o período a que se referem estes resultados, uma iniciativa de redução de custos sob os auspícios do Departamento de Eficiência Governamental dos EUA, inicialmente liderado por Elon Musk, cancelou contratos de tecnologia e questionou outros gastos com serviços de consultoria.

Julie Sweet garantiu que o número de funcionários da Accenture voltará a crescer no próximo ano. “Estamos a investir na requalificação dos nossos trabalhadores, que é a nossa principal estratégia”, afirmou.

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