Capital de risco com impacto de 1% no PIB e aumento de 23% no registo de patentes
"Os fundos Sifide contribuíram para esse processo, mobilizando investidores e canalizando recursos para empresas inovadoras", destaca o estudo da Nova SBE para a Investors Portugal.
Após dez anos, 100 milhões de euros de investimento em capital de risco tem um impacto de 1% no crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) nacional, não só acelera a inovação das empresas, com um aumento de 23% no registo de patentes, como os salários sobem em média 0,7%, conclui o estudo “Capital de Risco e o Sifide em Portugal – Avaliação do Impacto Económico”, da Nova School of Business & Economics, para a Investors Portugal, apresentado esta segunda-feira.
O estudo — que usa dados de 14 sociedades de capital de risco e de 497 empresas investidas, das quais 136 através de fundos Sifide, e compara com uma amostra de controlo de 400 empresas, com mais de dois trabalhadores — analisa o impacto dos investimento de capital de risco e do crédito fiscal Sifide (a partir de 2011) na dinamização da economia entre 2006 e 2024.
E o impacto do crédito fiscal Sifide, criado em 1997 para incentivar o investimento das empresas em investigação e desenvolvimento (I&D), que desde 2017 permite fundos de investimento financiados por este mecanismo, é visível. Tanto nas empresas investidas, como nos investidores que obtêm o benefício fiscal, como, a jusante no Estado.
Impacto nas empresas investidas
Um impacto que vai crescendo ao longo do tempo. No caso das empresas investidas, “pelo terceiro ano, os custos com pessoal sobem mais de 200% e o emprego quase que duplica”, pode ler-se no sumário executivo. “Investimento, receitas, e resultado líquido também aumenta fortemente, enquanto os salários sobem de forma significativa, demonstrando que o crescimento é acompanhado de melhorias em escala e compensação”, refere o documento.

O impacto do investimento dos fundos Sifide é igualmente “substancial”, para as partes. “Pelo terceiro ano, custos com pessoal mais do que duplicam, emprego sobe cerca de 50-60%, o investimento tangível aumenta 60% e o intangível entre 150-200%. As receitas mais do que duplicam, enquanto os resultados líquidos quase que fazem o mesmo, exibindo fortes efeitos de escala de forma transversal”, do lado das empresas investidas.
Do lado de quem investe, “as empresas também reforçam as suas operações, com custos com pessoal, emprego, e investimento tangível a subir 40-50%, acompanhado por melhorias de mercado em receitas e resultados líquidos”.
Quanto ao balanço fiscal, para o Estado — em julho, foi conhecido que, em 2024, o Estado atribuiu mais de 800 milhões de euros em crédito fiscal, uma subida de 15% face ao ano anterior e 83% quando comparado com 2021 — será esta também uma aposta ‘vencedora’? O estudo da Nova SBE diz que sim.
“O balanço fiscal dos fundosSifide torna-se rapidamente positivo e cresce com o tempo. Embora o Estado tenha um custo inicial na forma de um crédito fiscal aos investidores, as receitas geradas pelos investidores através de vendas mais altas, salários, e lucros rapidamente suplanta a sua despesa“, aponta.
“Já após o primeiro ano, as receitas adicionais de IVA, contribuições para a segurança social, IRS, IRC, elevam o saldo geral a um superávit. A partir desse ponto, o impacto torna-se cada vez mais positivo, apoiado pela expansão sustentada do emprego e pelo desempenho das empresas”, refere o estudo. “Considerando que os efeitos são permanentes, nas nossas estimativas de base, o Estado recebe um fluxo anual de receitas fiscais de 7,3 milhões de euros. Mesmo num cenário conservador, com premissas mais rigorosas sobre ganhos de receita e custos mais elevados, o programa ainda se paga em dois anos e fornece ao Estado receitas fiscais anuais de 3,1 milhões de euros”, destacam.
Impacto macroeconómico
Apesar do peso do capital de risco no PIB ser ainda diminuto, é “um poderoso impulsionador da transformação económica de Portugal, impulsionando o investimento, a inovação, os salários, o emprego e a competitividade das empresas, traduzindo-se em salários mais altos, exportações mais fortes e crescimento de longo prazo no nível macro”, refere o estudo.
Os números apresentados pelo estudo assim o indicam. Após dez anos, 100 milhões de investimento de capital de risco tem um impacto de 1,01% no PIB, de 0,16% no investimento e um aumento de 22,87% no registo de patentes.

“Os fundos Sifide contribuíram para esse processo, mobilizando investidores e canalizando recursos para empresas inovadoras, com retornos fiscais que superam seus custos orçamentários”, realça o estudo.
“Para sustentar e expandir esses ganhos, é essencial reforçar e expandir os incentivos que atraem investidores para investir em fundos de capital de risco e garantir a estabilidade das políticas, dando aos investidores e às empresas a confiança para permanecer e crescer na economia portuguesa”, recomenda.
O programa Sifide II termina no final deste ano.
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