“Queremos ser um dos hubs tecnológicos mais dinâmicos do mundo”, diz Montenegro
O primeiro-ministro assegura que Portugal reúne condições únicas, como energia acessível, estabilidade política, segurança e capital humano para atrair investimento e inovação tecnológica.
A economia nacional cresce acima da Zona Euro, a dívida pública desce para níveis há muito não vistos, mas o país continua a procurar-se no mapa dos investidores globais, particularmente no que respeita aos mercados de capitais. É neste contexto que Luís Montenegro apresentou, esta quarta-feira, a estratégia do Governo no evento Portugal Capital Markets 2025, organizado pela Euronext Lisboa e pela AEM.
O primeiro-ministro não escondeu a ambição. “Queremos mais. Estamos firmemente empenhados em tornar Portugal num dos hubs tecnológicos mais dinâmicos no mundo,” afirmou perante a audiência de empresários e investidores. Mas a retórica dá lugar aos números.
Para 2026, o Governo prevê um crescimento do PIB de 2,3%, o que significaria o quinto ano consecutivo em que Portugal cresce mais do que a Zona Euro e a União Europeia. O desemprego permanece historicamente baixo, em torno dos 6%, enquanto o Governo antecipa um excedente orçamental de 0,1% do PIB. Porém, estes números que o primeiro-ministro procurou vincar apontam para um cenário demasiado otimista para algumas entidades.
Pretendemos não só ter capacidade produtiva de energia como ter uma relação com o custo da energia, ser também uma âncora para fixação de novas empresas.
Montenegro, invocou o histórico dos seus governos sobre o efeito das projeções. “Com os pés bem firmes no chão, sabendo o caminho que estamos a percorrer, até hoje, sempre que houve perspetivas anunciadas pelos governos que dirigi e dirijo, sempre que foram colocados objetivos, quando eles não foram alcançados, foram por defeito, porque nós o superamos,” declarou.
A transformação económica, no entanto, não se resume a números orçamentais. O governo aposta em três pilares fundamentais: localização geográfica, energia renovável e talento humano. Montenegro enfatizou que Portugal “é uma localização que lhe permite estar no centro da relação do continente europeu com o continente americano, com o continente africano.” É um ativo raramente mencionado na discussão sobre competitividade portuguesa.
No que respeita à energia, Portugal beneficia de 70% de produção por fonte renovável e apresenta o terceiro custo energético mais barato da União Europeia. “Pretendemos não só ter capacidade produtiva de energia como ter uma relação com o custo da energia, ser também uma âncora para fixação de novas empresas,” explicou o primeiro-ministro.
A segurança emerge também como fator económico. O primeiro-ministro salientou que “Portugal é também um país seguro”, notando logo de seguida que “a segurança é também um fator de competitividade económica.” O alerta implícito é o de que alguns países europeus, que há poucos anos tinham índices de segurança similares aos de Portugal, “estão muito piores” atualmente, porque “muitos focos de insegurança foram subestimados”, destacou o primeiro-ministro.
A política fiscal nunca foi, não é um instrumento de política financeira. Os impostos existem para podermos alavancar a riqueza e podermos também ter uma sociedade mais equitativa.
Além disso, Montenegro sublinhou que o país vive um ambiente marcado por estabilidade política. “Além da estabilidade financeira, além da estabilidade social, temos também estabilidade política em Portugal, um bem cada vez mais raro na fragmentada política europeia”, disse. O primeiro-ministro destacou que Portugal tem “estabilidade política” e que “o Governo atual dispõe de condições para governar”, salientando que o seu Executivo “está em condições de dizer aos investidores que vale a pena acreditar em Portugal, desenvolver bons negócios, boas atividades empresariais que possam depois ter o retorno” pretendido.
Na questão fiscal, o Governo desenha uma linha no tempo diferente. A redução dos impostos para empresas e sobre o trabalho constitui o “esteio da nossa política económica”, salientou Montenegro, sublinhando que rejeita mudanças pontuais nesta matéria. “A política fiscal nunca foi, não é um instrumento de política financeira. Os impostos existem para podermos alavancar a riqueza e podermos também ter uma sociedade mais equitativa,” precisou. A discussão ocorrerá fora do Orçamento de Estado, com “perspetiva de longo prazo”, destacou.
Quanto aos mercados de capitais, o primeiro-ministro reconheceu um problema estrutural europeu. “A Europa não pode continuar a observar serenamente à perda da capacidade de financiamento dos nossos mercados de capitais em detrimento dos nossos concorrentes, nomeadamente o americano,” afirmou. “Porque é um duplo erro: não só aproveitamos o potencial de financiamento da nossa economia como o colocamos à disponibilidade dos nossos concorrentes.”
Infraestruturas, reformas no Estado e digitalização completam o puzzle. O aeroporto de Lisboa, travado há mais de 50 anos, a ferrovia de ligação à Europa e a conexão elétrica com o continente são prioritários. “O programa de reforma do Estado, de simplificação, diminuição da regulação excessiva, são fatores que, a par da digitalização, toda a transformação do cidadão e da empresa com o Estado dão condições de atração ao capital.”
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