M&A – o estado da arte e a arte em bom estado
É de esperar que novos negócios se perfilem com maior solidez e que a vontade de investir e de apostar em movimentos de consolidação seja multiplicada.
É verdade, o contexto dificilmente poderia ser mais adverso – a guerra a leste e a pandemia (que apesar das aparências ainda não ficou para trás) desferiram dois dos mais rudes golpes de que há memória na confiança dos consumidores, das instituições e dos stakeholders económicos em geral, quer no plano internacional, quer dentro das nossas fronteiras. E isto, agravado pela simultaneidade das duas infelizes circunstâncias. Afetada a confiança, como é sabido, tende a aumentar o aforro e a retrair-se o investimento, num reflexo de aversão ao risco incrementada.
Curiosamente, a tendência que o panorama de M&A revela é a oposta àquela que o contexto em princípio sugere. Empresas e investidores – com veste profissional ou de natureza e compromisso industrial – perceberam que o entorno tão peculiar que observamos não destruiu as oportunidades de consolidação e robustecimento das organizações. Pelo contrário, foi potenciada uma atitude e uma disposição contra-cíclica que, arrimada na convicção da retoma e da recuperação globais, foi e está a ser geradora, ela própria, de confiança, de recuperação e de capacidade de investir.
Os setores da energia, da investigação de ponta, de IT e, em geral, tecnologia-intensivos, como o retalho on-line ou a segurança bancária, por ex., têm mostrado grande dinamismo em termos de M&A (fusões, aquisições e reestruturação de grupos) e Portugal continua a ser um mercado interessante e cheio de oportunidades. Outras áreas de negócio, como os serviços de engenharia, os serviços, tecnologias e indústrias ligadas à saúde, o desenvolvimento de software, a mediação de seguros ou os setores metalomecânicos fortemente exportadores do nosso país têm merecido atenção quer de grupos internacionais, que procuram consolidação geográfica alargada e mostram acreditar no potencial e até na qualidade da gestão profissional que está disponível por cá, quer de grupos nacionais e das diferentes sociedades de capital de risco portuguesas que também têm vindo a crescer e a aproveitar as oportunidades de consolidação do mercado.
O tempo é, por isso, de otimismo – não é útil ser de outra coisa.
Os advogados continuam a estar ao lado dos seus clientes e não desmobilizam, independentemente do contexto. Nós, na PRA, constatamos isso todos os dias e em diversos planos. Em primeiro lugar, pela confiança que em nós depositam as empresas e os gestores que todas as semanas entram em processos de alienação de capital, de aquisição de participações maioritárias, de emissão de dívida e as mais diversas modalidades de reestruturação corporativa. Em segundo lugar, no plano do relacionamento internacional com escritórios de advogados europeus (e de outras partes de mundo) que, no contexto dos negócios dos nossos clientes ou ao mais singelo nível do nosso networking em organizações como a EUROJURIS ou a UIA, nos confirma que a vontade de investir e de arriscar em movimentos de M&A está de boa saúde.
Não esquecendo que experimentaremos agora um ciclo de disponibilização de incentivos públicos com grande pujança, em que coincidirão pela primeira vez três instrumentos financeiros – a parte que falta executar do Portugal2020, o PRR e o Portugal2030 -, é de esperar que novos negócios se perfilem com maior solidez e que a vontade de investir e de apostar em movimentos de consolidação seja multiplicada, quer do lado dos adquirentes, quer da parte de quem pretende alienar o controlo dos negócios.
Da nossa parte, cá estaremos para o que der e vier.
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