Metade dos portugueses quer aprender a programar

A larga maioria dos portugueses desejam ver o ensino de programação no ensino secundário, e no ensino superior. Reclamam por mais investimento em literacia digital.

Atentos e ao mesmo tempo preocupados com o ritmo da transformação digital, metade dos portugueses quer aprender a programar. Os homens (58%) manifestam este desejo mais expressivamente do que as mulheres (44%), mas não há diferenças entre camadas sociais. Além disso, 82% dos portugueses querem ver o ensino de programação no secundário e 83% também no ensino superior. Reclamam por mais investimento em literacia digital, revela um recente estudo sobre do estado da literacia digital em Portugal, num trabalho da Fundação PHC desenvolvido em parceria com a OnStrategy.

“Em relação aos principais desafios da população face ao tema ‘Literacia Digital’, 39% dos portugueses receiam a inteligência artificial e quatro em cada dez portugueses sentem-se inseguros a partilhar informações pessoais online, sendo os jovens os que mais receios têm (52%). Adicionalmente, um em cada quatro dos portugueses diz não ter o conhecimento para utilizar as soluções digitais. Nos mais seniores representa 30% da população”, pode ler-se no documento divulgado esta segunda-feira.

No que toca à literacia digital, 68% dos portugueses considera-se autónomo na utilização diária de tecnologia. No entanto, apenas 44% das populações mais seniores se consideram autónomas, e cerca de metade (55%) da população entre os 55 e os 64 anos, ainda em idade ativa, se considera autónoma.

Em relação à escolaridade, 76% das pessoas com ensino superior é autónoma, contrastando com os 35% da população com o ensino básico, o que evidencia uma relação clara entre escolaridade e autonomia digital. Apenas 26% da população com o ensino básico considera ter conhecimentos a nível digital, percentagem que dispara para 72% quando questionadas pessoas com o ensino superior.

Apesar dos receios e falta de conhecimentos digitais em determinadas camadas sociais, a generalidade dos portugueses reconhecem o impacto da tecnologia na sua vida. Mais de 80% considera que a tecnologia está a melhorar a sua qualidade de vida, e 78% consegue ver uma relação direta entre tecnologia e produtividade. “78% dos portugueses poupa tempo de forma significativa graças à tecnologia (mais de uma hora) e 25% dos portugueses afirma poupar mais de quatro horas por dia”, conclui a Fundação PHC.

Serviços de saúde (46,5%), serviços jurídicos e justiça (38%) e setor financeiro (33,5%) são as áreas que os portugueses mais desejam que evoluam a nível digital.

Portugueses querem mais investimento em literacia digital

No que toca ao investimento em literacia digital, os portugueses defendem que existe uma grande diferença a nível geográfico: 81% considera que fora dos grandes centros urbanos não há investimento suficiente, e 65% refere que têm sido os grandes centros urbanos a beneficiar do salto digital. Região norte interior (43%) e centro interior (44,5%) são as regiões seguintes apontadas com possíveis maiores ganhos de aposta digital.

Olhando para o investimento feito por parte do Estado — e tendo em conta mais de metade dos inquiridos consideram que pessoas que não sabem usar meios digitais são socialmente excluídas e discriminadas no seu dia a dia — 65% dos portugueses afirma que o Estado não fez os esforços suficientes para promover o ensino e a literacia digital. São as populações com menos escolaridade que se sentem mais excluídas, com 79% a defender que o Estado não tem feito o suficiente.

81% dos portugueses considera que fora dos grandes centros urbanos não há investimento suficiente em literacia digital.

Estado da Literacia Digital em Portugal

Para irem à procura do conhecimento e, sobretudo, quando necessitam de apoio a nível tecnológico, as mulheres (60%) recorrem mais do que os homens (38,5%) aos amigos e família. Os homens procuram mais em tutoriais online, como o YouTube (43%), sites especializados (33%) e recorrem também a especialistas (27%), contrastando com valores menores do universo feminino, com 36%, 26% e 20%, respetivamente.

A nível geracional também existem diferenças. Mais de metade dos jovens procura em tutoriais online, como os do YouTube, enquanto a maioria das pessoas com mais de 55 anos dependem quase exclusivamente da ajuda dos seus familiares. O mesmo se passa com o nível de escolaridade, em que 80% depende de amigos ou familiares para apoio tecnológico, contrastando com os 49% de pessoas com o ensino superior.

O estudo levado a cabo pela Fundação PHC em parceria com a OnStrategy recolheu um total de 8.000 respostas, representando uma amostra estratificada da população portuguesa.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Comentários ({{ total }})

Metade dos portugueses quer aprender a programar

Respostas a {{ screenParentAuthor }} ({{ totalReplies }})

{{ noCommentsLabel }}

Ainda ninguém comentou este artigo.

Promova a discussão dando a sua opinião